Poster nr |
Nome |
Apelido |
Tema |
Instituição |
Autores |
titulo |
Resumo 1:
Introdução-Descrição-Conclusão |
sala dia hora |
Moderadores |
1 |
Patricia |
Torres
Piñero |
INTERSTÍCIO |
Hospital
Universitario de Salamanca |
P
Torres Piñero, A González Rosa, A Ríos Laguna, S Rodríguez Tardón, MJ Corbi
Cobo-Losey, AR Sánchez Serrano. |
CUANDO EL TÓRAX
HABLA CLARO: SARCOIDOSIS EN SU FORMA MÁS RECONOCIBLE |
INTRODUCCIÓN:
La sarcoidosis es una enfermedad granulomatosa multisistémica de etiología
autoinmune con componente genético, más prevalente en mujeres entre 20-40
años. El pulmón es el órgano más afectado, manifestándose como disnea, tos,
broncoespasmo y dolor torácico. La sospecha diagnóstica es radiológica, y el
diagnóstico de certeza histológico, objetivandose granulomas epitelioides no
caseificantes. Su pronóstico es favorable, y el tratamiento de elección es la
corticoterapia, que no evita la posible aunque infrecuente evolución a
fibrosis pulmonar.
CASO CLÍNICO:
Se expone el caso clínico de un paciente de 62 años con antecedente de
neumonía por COVID-19 (2022), no fumador, trabajador agrícola y ganadero, con
exposición laboral a herbicidas. Fue derivado al servicio de Neumología desde
Atención Primaria por cuadro clínico de disnea de esfuerzo desde hace 10
meses, con evolución progresiva hasta 2-4 mMRC, tos seca con episodios de
afonía intermitentes, e hiperreactividad bronquial con procesos catarrales.
En la exploración destacan una disminución global de los ruidos
respiratorios, con leves crepitantes finos en base derecha, y la palpación
del bazo 2-3 cm bajo el borde costal.
Se solicitan como pruebas complementarias:
Rx de tórax: patrón alveolo-intersticial bilateral de predominio en campos
medios, con imágenes lineales y micronodulares.
TACAR: numerosos nódulos milimétricos de distribución peribroncovascular
bilateral y perihiliar. Engrosamiento nodular de septos interlobulillares y
nódulos subpleurales que forman pseudoplacas. Adenopatías subcentimétricas,
algunas calcificadas, en mediastino, hilios y mesenterio. Paniculitis
mesentérica y esplenomegalia.
Pruebas de función respiratoria: FENO de 31 ppb (nivel intermedio).
Espirometría compatible con alteración ventilatoria restrictiva leve no
reversible y prueba broncodilatadora negativa.
CONCLUSIONES:
Es una patología crónica en el 30% de los pacientes, con una mortalidad del
1-5% debida a la fibrosis pulmonar.
La presencia de anomalías radiológicas sin clínica asociada no requiere
tratamiento con corticosteroides.
El diagnóstico requiere de un estudio de imagen de tórax y una broncoscopia
con biopsia de ganglios linfáticos. Además de completarse con analítica (Ca,
VSG, ECA y autoinmunidad) y serología de bacterias atípicas.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
2 |
Carolina |
Jardim |
INTERSTÍCIO |
Hospital
de Santa Marta ULS São josé |
CM
Jardim, AR Barreira, IM Torres1, J
Rodrigues, A Mineiro, A Miguel |
Esclerose
Sistémica Cutânea Limitada com envolvimento Pulmonar? |
Introdução:
A esclerose sistémica cutânea limitada (lcSS) é uma doença autoimune do
tecido conjuntivo, caracterizada por fibrose progressiva da pele, com
predomínio nas extremidades distais, face e pescoço. Cerca de 25% dos doentes
com lcSS desenvolvem doença pulmonar intersticial (DPI), sendo o padrão mais
comum o NSIP (pneumonia intersticial não específica). A presença de um padrão
histológico do tipo UIP (pneumonia intersticial usual), embora menos
frequente, associa-se a pior prognóstico. A avaliação e seguimento
multidisciplinar são fundamentais para a correta abordagem terapêutica e
prognóstica destes casos.
Descrição: Relata-se o caso de uma doente de 42 anos, não fumadora, com
antecedentes de lcSS diagnosticada aos 39 anos. Enviada à consulta por
alterações radiológicas sugestivas de NSIP. À data, sem clínica respiratória.
Em reunião multidisciplinar de patologia do interstício onde se decide pelo
início de terapêutica imunossupressora pelos achados pulmonares. Foi feita
avaliação periódica da doente e durante este período, verificou-se alteração
do padrão radiológico inicial, agora com alterações não enquadráveis em
qualquer padrão específico, pelo que em nova RMD, decide-se pela realização
de uma criobiópsia pulmonar que evidência alterações inflamatórias/fibróticas
não classificáveis em qualquer padrão histopatológico. Sem novas queixas
respiratórias associadas, pelo que se manteve terapêutica imunossupressora.
Conclusão: Este caso evidencia uma apresentação atípica de envolvimento
pulmonar em lcSS, com evolução para um padrão imagiológico e histológico não
classificável. Reforça-se a importância do seguimento multidisciplinar e da
reavaliação periódica nestes doentes, mesmo na ausência de clínica
respiratória, para uma intervenção terapêutica precoce e individualizada. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
3 |
Carolina |
Jardim |
INTERSTÍCIO |
Hospital
de Santa Marta ULS São José |
CM
Jardim, AR Barreira, IM Torres , J
Rodrigues, A Mineiro, A Miguel |
Uma Jornada
Clínica de Pneumonia Eosinofílica Crónica com Parasitose Associada |
Introdução:
A pneumonia eosinofílica crónica (PEC) é uma doença pulmonar rara e
idiopática caracterizada pela infiltração eosinofílica nos pulmões,
resultando em sintomas respiratórios progressivos. Embora a sua etiologia
seja predominantemente idiopática, diversos fatores têm sido implicados na
sua génese. Entre as causas identificadas, destacam-se as infeções
parasitárias, resultando na presença de eosinófilos nas vias respiratórias e
no parênquima pulmonar.
Descrição: Apresenta-se o caso de um homem de 69 anos, reformado de
inspetor sanitário agrícola, que se apresenta com quadro com meses de
evolução de tosse seca e irritativa refratária à terapêutica com mucolíticos,
anti-histamínico e corticoide oral. A tomografia computorizada (TC) de tórax
realizada em agosto de 2024 revelou reticulações subpleurais,
bronquiolectasias de tração e uma pequena condensação nodular sub-pleural
lobar inferior esquerda. A função pulmonar mostrou-se sem alterações com FEV1
de 3,32 L (115%) e DLCO de 99%. Analiticamente com IgE elevada (1568) e
eosinofilia (770/uL). Neste contexto, procedeu-se à realização de biópsia
pulmonar transtorácica guiada por TC, que evidenciou fibrose densa, elastose
e infiltração intersticial por linfócitos e eosinófilos, sem sinais de
pneumonia organizativa, granulomas ou neoplasia. Identificaram-se parasitas
nas fezes, tendo iniciado tratamento com albendazol, com subsequente
resolução dos sintomas respiratórios. O paciente também identificou possível
refluxo gastroesofágico (DRGE), tendo eliminado bebidas alcoólicas da dieta,
resultando em melhoria adicional. Em abril de 2025, realizou-se reavaliação
imagiológica, evidenciando, na TC torácica, alterações intersticiais
inespecíficas e resolução da lesão previamente biopsada. Do ponto de vista
analítico, observou-se uma redução da eosinofilia periférica.
Conclusão: Este caso clínico ilustra a complexidade diagnóstica da PEC,
especialmente quando associada a fatores como parasitose e DRGE. A abordagem
terapêutica deve ser abrangente, incluindo tratamento antiparasitário,
controle de sintomas gastrointestinais e monitorização regular da função
pulmonar e eosinofilia. A resposta ao tratamento e a estabilidade clínica
sugerem um prognóstico favorável, embora a vigilância contínua seja essencial
para detetar possíveis recidivas ou complicações. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
4 |
Beatriz |
Mendes
Almeida |
SONO
E VENTILAÇÃO |
Unidade
Local de Saúde Estuário do Tejo |
BM
Almeida, T Rodrigues, P Rosa |
Parotidite aguda
associada ao uso de ventilação não invasiva |
Introdução:
A parotidite aguda é uma inflamação da glândula parótida, que pode ter
diversas causas, nomeadamente infeções virais e bacterianas, obstrução
mecânica, desidratação e inflamação pós-radioterapia. A ventilação não
invasiva (VNI) pode predispor ao desenvolvimento de parotidite aguda por
perturbação do fluxo de saliva através do canal de Stenon (ducto parotídeo).
Isto pode resultar do aumento da pressão intraoral, que promove o fluxo
retrógrado de ar e saliva através do canal (pneumoparotidite), ou da sua
compressão pela máscara oronasal.
Caso Clínico:
Doente do sexo masculino, 88 anos, ex-fumador, com doença pulmonar
obstrutiva crónica (DPOC) GOLD 3E e síndrome de apneia obstrutiva do sono
(SAOS), sob VNI noturna e diurna por períodos. Internado no Serviço de
Pneumologia por exacerbação de DPOC e insuficiência respiratória global
crónica agudizada, com necessidade de VNI contínua. Ao 5.º dia, apresentou
como intercorrência tumefação, dor, calor e eritema na região da parótida
esquerda, associado a discreto aumento dos parâmetros inflamatórios. Realizou
ecografia das partes moles que evidenciou aumento volumétrico da glândula
parótida esquerda, heterogeneidade escoestrural fina, edema do tecido
conjuntivo e adiposo que circunda a parótida esquerda, sem dilatação do ducto
de Stenon ou lesões focais. Neste contexto, assumiu-se o diagnóstico de
parotidite aguda alitiásica associada ao uso de VNI. Atendendo à gravidade da
insuficiência respiratória e à impossibilidade de suspender a VNI, foi
alterada a interface da ventilação, reforçada a hidratação oral e iniciada
antibioterapia empírica com amoxicilina/ácido clavulânico, que cumpriu
durante 10 dias, com resolução do quadro.
Conclusão:
A parotidite aguda é uma complicação rara que pode surgir em doentes sob
VNI, particularmente naqueles que utilizam máscara oronasal e ventilação por
longos períodos. Este caso clínico pretende demonstrar a importância da
alteração da interface respiratória, quando a suspensão da ventilação não é
possível, aliada ao reforço hídrico e à antibioterapia.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
5 |
Catarina |
Garcez
Silva |
OUTRAS |
ULS
Oeste |
CG
Silva, S Pimentel, S Fontão, L Mateus, M Cavaco, CR Silvestre, N André, T
Falcão |
Nódulos Pulmonares
Múltiplos – a propósito de um caso raro |
Introdução:
Os nódulos pulmonares detetados de forma acidental em exames de imagem são
geralmente assintomáticos. As suas causas podem dividir-se em malignas
(neoplasias primárias ou secundárias pulmão) e benignas (infeciosas,
vasculares, e tumores benignos). A abordagem varia consoante o risco de
malignidade.
Caso clínico: Mulher, 67 anos, caucasiana. Auxiliar de ação educativa. Não
fumadora.
Foi enviada à consulta de Pneumologia, em Janeiro de 2006, para
esclarecimento de achados em TC torácica (múltiplos nódulos pulmonares
difusos, com diâmetros de 4 a 12 mm, contornos irregulares, sem cavitação ou
calcificação) sugestivos de secundarização. A doente estava
assintomática e com exame objetivo sem alterações.
Realizou broncofibroscopia (normal), sendo a citologia das secreções
brônquicas negativa para malignidade e os exames microbiológicos negativos.
Realizou endoscopia digestiva alta, colonoscopia, ecografia pélvica,
mamografia, ecografia da tiroide, sem evidência de alterações.
Face a ausência de diagnóstico, foi submetida a biópsia pulmonar cirúrgica
por Video Assisted Thoracic Surgery com resseção atípica do lobo superior
esquerdo. O estudo anátomo-patológico revelou hamartomas não
condromatosos.
Abandonou a Consulta de Pneumologia.
Em Junho de 2024 é referenciada de novo à consulta de pneumologia, por
suspeição de metastização pulmonar, sendo portadora de TC tórax com múltiplas
calcificações nodulares disseminadas, de distribuição sobreponível ao padrão
nodular descrito em TC tórax de 2006.
Face à evolução do padrão radiológico num horizonte temporal de 20 anos, em
doente assintomática e sem atingimento de outros órgãos ou sistemas,
concluiu-se por um processo normal de calcificação das lesões hamartomatosas
previamente diagnosticadas.
Conclusão: Este caso realça a importância de uma abordagem diagnóstica
sistematizada para exclusão de doença maligna. Trata-se de um caso raro, de
hamartomas pulmonares bilaterais, que levantaram a suspeição de
secundarização.
Os hamartomas correspondem a 75% dos tumores benignos do pulmão e a 8% dos
nódulos pulmonares solitários. Apenas 0,6% dos casos de hamartoma são
múltiplos. Podem ser condromatosos (mais comum), leiomiomatosos ou mistos.
Tipicamente são assintomáticos e encontrados de forma incidental como nódulos
solitários do pulmão.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
6 |
Adriana |
Dias |
OUTRAS |
ULS
Coimbra |
ADias,
JCouto, MAMarques, YMartins |
Nodulo pulmonar
hipercaptante: e se não for cancro? |
A
amiloidose é uma doença caracterizada pela acumulação de proteínas em forma
de
lâminas β insolúveis que, dependendo da proteína envolvida, afetam
diferentes
órgãos, inclusive o pulmão. A nível pulmonar a amiloidose pode
manifestar-se como
consequência de envolvimento sistémico ou como doença localizada, com
aparecimento de depósitos nodulares. A deteção de nódulos pulmonares de
natureza amiloide por PET é incomum. Neste trabalho, descrevemos um caso
incomum de nodulo
amiloide hipercaptante em PET.
Mulher de 79 anos, com antecedentes pessoais de doença coronária,
fibrilhação
auricular, diabetes mellitus e asma, foi referenciada a consulta de
Pneumologia por
achado em TC-torácica de nodulo com 29mm no lobo inferior do pulmão
direito, com
calcificações intrínsecas. A doente era não fumadora, sem exposição
ambiental de
risco e não apresenta sintomas constitucionais ou respiratórios. Realizou
PET-CT que
revelou o nodulo supracitado, com 28x14mm, com captação aumentada de
FDG-F18
(SUVmax:5.1), sem lesões suspeitas a outros níveis. Pela suspeição de
neoplasia, a
doente foi submetida a biopsia pulmonar guiada por TC cuja histopatologia
identificou
nódulo amiloide pulmonar caracterizado pela matriz amorfa com vermelho de
Congo
positivo com birrefringência verde e também PAS positivo.
A presença de amiloidose pulmonar nodular pode ser secundária à presença de
uma
doença linfoproliferativa, nomeadamente a linfomas MALT, pelo que a doente
se
encontra atualmente sob investigação complementar.
O envolvimento pulmonar por amiloidose é raro, mas pode representar uma
doença
sistémica significativa. Habitualmente a amiloidose nodular é um achado
incidental
sem repercussão clínica, no entanto, exige uma caracterização completa
para
identificar de forma inequívoca o tipo de proteína envolvida de forma a
fornecer um
tratamento eficaz. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
7 |
Alejandro |
Ríos
Laguna |
INTERSTÍCIO |
Hospital
Universitario de Salamanca |
A
Ríos Laguna, P Torres Piñero, A González Rosa, CM Llamas Alonso, EA Pérez
Velásquez, I Jiménez García |
Reflujo como causa
de osificación pulmonar dendriforme alternativa a neumopatía intersticial
usual |
Introducción:
La osificación pulmonar dendriforme es una entidad poco frecuente y se
caracteriza por pequeños nódulos calcificados agrupados en ramificaciones. No
se debe a la precipitación de calcio, sino a la formación de hueso por
osteoblastos.
Se ha asociado a la neumopatía intersticial usual (NIU), presente en un 7%
de estos pacientes, como respuesta a la acidosis local o lesión tisular. En
pacientes sin hallazgos sugestivos de NIU en la tomografía computarizada
(TC), se observa una alta prevalencia (75%) de condiciones vinculadas a
microaspiraciones crónicas, como apnea obstructiva del sueño, reflujo
gastroesofágico o deterioro cognitivo severo. Se cree que la acidez local y
la hipoxemia podría inducir a la
diferenciación de macrófagos pulmonares y fibroblastos en osteoclastos.
Caso clínico:
Paciente de 71 años, exfumador (IPA 60), con dislipidemia, HTA,
hiperuricemia y cardiopatía valvular leve-moderada. Presenta tos crónica, expectoración
no purulenta, disnea leve (mMRC 1) y episodios frecuentes de infecciones
respiratorias. Ronquidos intensos sin apneas observadas, sueño no reparador y
somnolencia diurna. La espirometría muestra patrón obstructivo leve sin
respuesta broncodilatadora (FEV1/FVC 62.86%).
La radiografía evidencia reticulación bibasal, por lo que se solicita TC
torácico. La TC muestra afectación intersticial reticulonodular bilateral,
predominante en lóbulos inferiores, con nódulos subpleurales y en septos
interlobulillares, algunos con patrón "árbol en brote" y alta
densidad, sugestivos de osificación pulmonar dendriforme. No se observan
bronquiectasias ni fibrosis avanzada.
Se recomienda evaluar la relación con microaspiraciones por reflujo
gastroesofágico. En seguimiento telefónico, el paciente reporta episodios
frecuentes de reflujo postprandial.
Conclusiones:
Reconocer la conexión entre las calcificaciones dendriformes y las
microaspiraciones es clave para guiar el manejo clínico, evitando
inmunosupresores innecesarios y priorizando estrategias enfocadas en el
control del reflujo gastroesofágico, lo que ha demostrado mejorar los
síntomas y la estabilidad radiológica a largo plazo.
La distribución predominante en segmentos posteriores y laterales de los
lóbulos inferiores refuerza la hipótesis del papel de las microaspiraciones
en su fisiopatología. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
8 |
Alejandro |
González
Rosa |
OUTRAS |
Complejo
Asistencial Universitario de Salamanca |
Alejandro
González Rosa, Patricia Torres Piñero, Alejandro Ríos Laguna, Claudia María
Llamas Alonso, Ana Gabriela Salazar Palacios, Engels Alexander Pérez,
Velasquez, María del Rocío Bartol Sánchez. |
DEBÚT ATÍPICO DE
CARCINOMA DE TIROIDES CON HEMOPTISIS |
Paciente
de 70 años que acude al servicio de urgencias en mayo de 2017 por presentar
hemoptisis franca, con antecedentes de HTA y DM además de un AIT en octubre
de 2016. Es valorado en primer lugar por ORL descartando sangrado a ese
nivel.
El paciente, junto con la hemoptisis contaba una pérdida de peso en los
últimos meses. Ingresó a cargo de Neumología para estudio de la
hemoptisis. En ningún momento hubo
inestabilidad hemodinámica ni anemización del paciente.
Entre las pruebas de imagen solicitadas destacamos una inicial radiografía
de tórax en la que se apreciaba una alteración del contorno tráquea cervical
con ligera compresión de la luz así como opacidades micronodulares
parenquimatosas pulmonares bilaterales. Se le realizó un TC de
cérvico-torácico en el que se objetivó una neoplasia de tiroides con
infiltración traqueal y con dudosa afectación de estructuras vasculares
adyacente, adenopatías subcentimétricas mediastínicas y metástasis pulmonares.
Al paciente se le da de alta con diversas citas para categorizar la masa
tiroidea así como una buena planificación terapeútica.
Se realizó PAAF de nódulo tiroideo derecho con crecimiento intratorácico de
al menos 28 x 27 mm, hipoecoico que infiltra tejidos extratiroideos, con
calcificaciones groseras, en la anatomía patológica se objetiva un carcinoma
papilar de tiroides.
Al ser un tumor no resecable (desestimándose por endocrino, cirugía
torácica y otorrino), se decidió dar sesiones de radioterapia (15 sesiones)
con acondicionamiento por hormonoterapia previo.
En PET-TC de control que se le realiza al paciente se evidencia enfermedad
metastásica ósea, así como aumento de tamaño y de captación de las metástasis
pulmonares.
El paciente acabó recibiendo sorafenib como última línea de tratamiento
debido a refractariedad a radioterapia y a terapia con iodo. Finalmente se
decide optar por la opción de cuidados paliativos, falleciendo el paciente el
junio de 2020 debido a una insuficiencia respiratoria secundaria al proceso
oocológico.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
9 |
Rita |
Santos
Martins |
TÉCNICAS |
Unidade
Local de Saúde da Região de Leiria |
RS
Martins, JN Machado, R Natal, AC Gameiro, B Santos, S Silva |
Estenose
subglótica idiopática: quando as opções terapêuticas são estreitas |
Introdução:
A estenose subglótica pode ser congénita, iatrogénica ou adquirida,
nomeadamente, devido a trauma, neoplasias, doenças auto-imunes ou infeções.
Raramente, é de causa desconhecida - estenose subglótica idiopática.
Caso Clínico: Mulher de 32 anos, sem antecedentes de relevo, foi
encaminhada à consulta de Pneumologia por estridor, dispneia para pequenos
esforços e tosse com expetoração mucosa em agravamento desde há 1 ano. Negava
febre, dor torácica, perda ponderal, infeções respiratórias prévias ou
antecedentes cirúrgicos. Ao exame físico destacava-se estridor, sem outras
alterações. Realizou espirometria a documentar alteração ventilatória
obstrutiva moderada, com curva débito-volume sugestiva de obstrução fixa das
vias aéreas centrais. Solicitou-se tomografia computorizada cervical e
torácica a revelar espessamento circunferencial da mucosa infraglótica, com
redução do calibre da via aérea, sem outras alterações. Perante estes achados, a doente foi
submetida a broncoscopia rígida com visualização de estenose subglótica em
anel com extensão longitudinal de 1 cm, condicionando redução do lúmen
traqueal para 7 mm. Realizaram-se biópsias e dilatação mecânica sequencial
(6,5 a 7,5 mm), sem intercorrências. A histologia revelou áreas de infiltrado
inflamatório e a citologia e microbiologia do aspirado brônquico foram
negativas. Na consulta de reavaliação três meses depois, a doente
encontrava-se assintomática. Do restante estudo etiológico realizado,
destaca-se ainda a positividade do anticorpo anti-topoisomerase I (Scl-70),
sem manifestações clínicas de doença autoimune, pelo que se assumiu o
diagnóstico de estenose subglótica idiopática. Seis meses após o tratamento
inicial, a doente referiu agravamento da dispneia, sendo novamente submetida
a broncoscopia rígida com dilatação mecânica por recidiva da estenose. Desde
então, mantém-se assintomática e em vigilância nas consultas de Pneumologia e
Reumatologia.
Conclusões: Este caso clínico representa os desafios inerentes ao
diagnóstico etiológico, tratamento e seguimento da estenose subglótica
idiopática. Apesar da boa resposta à
dilatação endoscópica, a possibilidade de recidiva exige uma vigilância
contínua, com reavaliação clínica, imagiológica e endoscópica periódicas,
sendo difícil a solução definitiva. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
10 |
Ana
Luís |
Correia |
PLEURA |
ULS
Viseu Dão-Lafões |
AL
Correia, T Abrantes, B Dias, T Belo, P
Fernandes, A Reis |
Quilotórax -
explorando a etiologia em 2 casos clínicos |
Introdução:
As causas de quilotórax podem dividir-se entre traumáticas e não traumáticas,
existindo uma miscelânea de etiologias descritas nestas últimas. Apresentamos
2 casos clínicos que ilustram esta variabilidade.
1º caso: Doente do sexo masculino de 58 anos. Recorreu ao SU após acidente
com trauma torácico. A TC-Tórax mostrava derrame pleural à direita, sem
alterações pulmonares ou adenomegalias. Foi realizada toracocentese
diagnóstica com saída de 40cc de líquido leitoso hemático, que apresentava pH
7.39, glicose 86 mg/dL, lactato 1.1 mmol/L, hematócrito <15%, predomínio
de mononucleares (97%), triglicerídeos 623 mg/dL e colesterol total 86 mg/dL.
Classificado como exsudato. Imunofenotipagem sem alterações. Colocado dreno
com drenagem total de 2800cc. Foi assumido quilotórax com etiologia mais
provável o trauma torácico. Realizou cinesioterapia com melhoria parcial do
derrame após 3 meses.
2º caso: Doente do sexo feminino de 81 anos. Antecedentes de doença
hepática crónica de etiologia alcoólica com varizes esofágicas. Múltiplas
vindas ao SU com queixas de dor abdominal e dispneia. Objetivada ascite de
pequeno volume, edema dos membros inferiores e derrame pleural esquerdo. A
toracocentese diagnóstica obteve um líquido amarelado opaco, com pH 7.52,
glicose 122 mg/dL, hematócrito>15%, predomínio de mononucleares,
colesterol total 59 mg/dL e triglicerídeos 317.8 mg/dL. Imunofenotipagem sem
alterações. Classificado como transudato, com critérios de quilotórax.
Manteve queixas que motivaram 2 internamentos no mês seguinte, com
agravamento do derrame pleural, tendo sido abordado novamente, com saída de
1500cc de líquido leitoso. Fez TC-TAP mostrou trombose parcial da veia
mesentérica superior e tributária, conflunte espleno portal e veia porta, com
extensão ao seu ramo esquerdo. Não realizou toracoscopia devido a
trombocitopenia. Iniciou anticoagulação e diuréticos em doses altas. A TC
abdominal de reavaliação mostrava apenas um pequeno trombo no confluente
esplenoportal, com resolução imagiológica do quilotórax. Assumiu-se a doença
hepática e a trombose venosa portal e mesentérica como causa do quilotórax.
Mantém seguimento, sem novas vindas ao SU.
Conclusão: O estudo etiológico do quilotórax pode ser desafiante. Tratamento
dirigido à causa pode ser necessário para a resolução do mesmo.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
11 |
Ana
Rita |
Pereira |
CANCRO |
ULSRA |
AP
Pereira, A Fonseca, A Alves, E Silva, A Barroso |
Deficiência de
SMARCA4 na Neoplasia do Pulmão: Implicações Clínicas e Terapêuticas |
Introdução
A ausência de expressão do marcador molecular SWItch/Sucrose
Non-Fermentable-related Matrix-Associated Actin-Dependent Regulator of
Chromatin Subfamily A Member 4 (SMARCA4) define um subtipo tumoral agressivo,
de progressão rápida e refratário à terapêutica convencional, que pode
influenciar o tratamento e prognóstico.
Descrição
Homem, 69 anos, ex-fumador (42 unidades maço-ano), referenciado em setembro
de 2023 por carcinoma do pulmão pouco diferenciado cT1cN0M0 (PD-L1 20–30%,
sem material disponível para next-generation sequencing). A revisão das
lâminas revelou carcinoma do pulmão pouco diferenciado e agressivo, com
morfologia e imunohistoquímica inconclusivas, com expressão de um só marcador
neuroendócrino. Realizou lobectomia inferior direita em fevereiro de 2024,
sem tumor na peça cirúrgica e com metástase ganglionar (11R) de etiologia
incerta, com características compatíveis com carcinoma neuroendócrino e uma
mutação no gene HER3 (pTxN1M0). Iniciou quimioterapia com carboplatina e
etoposido. Um mês depois apresentou recidiva com metastização bilateral nas
glândulas suprarrenais. Realizou biópsia da suprarrenal direita que foi
inconclusiva, não se excluindo primário da suprarrenal. Após revisão com
painel imunohistoquímico alargado à suprarrenal e, posteriormente, à amostra
anterior, confirmou-se metástase de tumor indiferenciado do pulmão deficiente
em SMARCA4. Completou cinco ciclos de quimioterapia com carboplatina e
etoposido (término em julho de 2024), com doença estável. Em agosto de 2024,
nova progressão com aumento das lesões suprarrenais e trombo tumoral na veia
cava inferior. Após revisão da literatura disponível e discussão
multidisciplinar, iniciou carboplatina, pemetrexed e pembrolizumab, e
manutenção posterior com pemetrexed e pembrolizumab. Em março de 2025, novo
aumento da lesão suprarrenal esquerda, com estabilidade das restantes lesões,
será discutida realização de radioterapia estereotáxica após exames de
reestadiamento.
Conclusão
Nas situações de tumores pouco diferenciados a identificação de
biomarcadores críticos, como a deficiência de SMARCA4 pode ser determinante
para uma melhor definição da terapêutica e prognóstico. Estão em curso
estudos com terapêuticas dirigidas a este tipo de tumores, o que poderá
resultar em novas e mais eficazes opções de tratamento no futuro. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
12 |
Ana
Rita |
Pereira |
CANCRO |
ULSRA |
AR
Pereira, A Fonseca, A Alves, A Barroso |
O desafio
diagnóstico das lesões cerebrais no doente com cancro do pulmão |
Introdução
O diagnóstico diferencial das lesões cerebrais no doente com cancro do
pulmão com metastização cerebral tornou-se progressivamente mais complexo.
Nos doentes submetidos a radioterapia e imunoterapia, são diagnósticos
diferenciais importantes a radionecrose e a pseudoprogressão. Quando a
ressonância magnética cranioencefálica (RMN CE) é insuficiente, a tomografia
por emissão de positrões com 18F-fluoro-L-DOPA (PET com 18F-FDOPA) tem
demonstrado utilidade neste diagnóstico diferencial com uma especificidade de
cerca de 84,3%, embora com risco de falsos positivos.
Descrição
Homem de 65 anos com carcinoma do pulmão não pequenas células pouco
diferenciado (PD-L1 70–80%; next-generation sequencing sem alterações
genéticas), estadio IVB (1 lesão cerebelosa e múltiplas ósseas) iniciou
pembrolizumab em primeira linha em maio de 2024. Em junho de 2024, a RMN CE
de planeamento detetou 4 lesões cerebelosas, sem sintomas neurológicos. Foi
submetido a radiocirurgia das 4 lesões. Em outubro de 2024, a RMN CE sugeriu
pseudoprogressão, doente sem sintomas neurológicos e sem progressão
extracraniana, pelo que manteve pembrolizumab. Dois meses depois, apresentou
sintomas neurológicos de novo e repetiu RMN CE que revelou aumento da lesão da
fossa posterior com alterações perfusionais. Iniciou dexametasona 8 mg/dia
com desmame até 2 mg/48h. O caso foi discutido em reunião multidisciplinar
com Neurocirurgia e Neurorradiologia, persistindo dúvida entre progressão,
pseudoprogressão e radionecrose. Realizou PET com 18F-FDOPA, que evidenciou
captação heterogénea de aminoácidos na lesão conhecida, sugerindo
persistência tumoral. Pela resolução sintomática e estabilidade
extracraniana, optou-se por vigilância imagiológica e manutenção de pembrolizumab.
A RMN CE de março de 2025 mostrou ligeiro agravamento do edema e melhoria da
lesão necroquística, excluindo evidência de progressão. Manteve-se vigilância
e tratamento com pembrolizumab, com doença estável até à data.
Conclusão
Este caso destaca a importância da seleção e interpretação criteriosa dos
exames de imagem, dado que a inflamação pós-radioterapia pode causar falsos
positivos, com aumento da captação de 18F-FDOPA em tecidos tumorais e não
tumorais. A reavaliação imagiológica e a discussão multidisciplinar são
cruciais na decisão da orientação terapêutica. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
13 |
Andreia |
Nunes |
CANCRO |
ULS
Guarda |
AF
Nunes, E. Almeida, M. Tavares, D. Mendonça, B. Bem, G. Lopes, G. Samouco, M.
Oliveira, L. Ferreira |
Nem Tudo o Que
Capta é o Que Parece: Um Caso de Linfoma MALT |
Introdução
Os linfomas primários do pulmão são achados raros, correspondendo a <1%
das neoplasias pulmonares. O subtipo mais frequente é o linfoma
extraganglionar da zona marginal do tipo tecido linfóide associado à mucosa
(MALT), com uma prevalência de cerca de 80%. Esta entidade é um tipo de
linfoma não Hodgkin indolente, com um curso favorável, associando-se muitas
vezes a processos inflamatórios crónicos ou infecciosos. O seu diagnóstico
pode ser um desafio, pela sua indolência e pela ausência de sintomatologia na
maioria dos casos.
Descrição
Doente do sexo masculino, 81 anos, com antecedentes pessoais de linfoma não
Hodgkin (LNH) da zona marginal, esplenectomizado (2003), e LNH folicular grau
2 estadio III-IV, diagnosticado e tratado (2009), encontrando-se em remissão
completa há 15 anos, mantendo vigilância anual pela hemato-oncologia.
Trata-se de um doente assintomático do ponto de vista respiratório, sem
sintomas constitucionais, com um Performance Status de 1, não fumador,
reformado de motorista e sem antecedentes pulmonares prévios. Em consulta de
seguimento realizou TC de tórax onde, para além de adenopatias no mediastino
anterior, hilares e subcarinais, foi documentada uma formação nodular
espiculada no segmento apical posterior do lobo superior esquerdo (LSE) com
22,5 mm de diâmetro. Posteriormente, realizou PET-CT que evidenciou no mesmo
segmento do LSE, uma formação nodular hipermetabólica de contornos
espiculados, com cerca de 21X18mm, sem descrição de outras lesões ou
adenopatias captantes. Pela suspeição de neoplasia pulmonar, em estadio IA3,
foi proposta abordagem da lesão por biópsia transtorácica guiada por TC, cujo
resultado histológico foi compatível com LNH extraganglionar da zona marginal
do tipo MALT. Após reunião em equipa com hemato-oncologia, optou-se por um
tratamento conservador, mantendo seguimento em consulta.
Conclusão
Os linfomas MALT pulmonares são, na sua maioria, indolentes e detetados de
forma acidental em exames imagiológicos de rotina. Apresentam-se
frequentemente sob a forma de uma opacidade pulmonar de margens mal
definidas, o que pode levantar múltiplas possibilidades aquando do seu
diagnóstico. Com este relato de caso pretende-se demonstrar uma entidade
clínica rara, devendo-se considerar como diagnóstico diferencial em lesões
pulmonares suspeitas.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
14 |
André |
Pina
Monteiro |
OUTRAS |
ULS
São José - Hospital Santa Marta |
AP
Monteiro, J Freitas, C Figueiredo, A Miguel |
Além da tosse |
Introdução:
A tosse crónica é um dos sintomas mais frequentes na consulta de
Pneumologia, podendo refletir uma ampla variedade de etiologias e
representando frequentemente um desafio diagnóstico. Nos casos persistentes e
sem causa evidente, é fundamental considerar etiologias menos comuns,
incluindo doenças neurológicas. A síndrome de ataxia cerebelar com neuropatia
e areflexia vestibular (CANVAS) é uma doença neurodegenerativa rara, na qual
a tosse seca paroxística pode constituir a manifestação inicial, antecedendo
em décadas os sintomas neurológicos. Apresenta-se o caso de um doente em que
a tosse foi o sintoma inaugural desta síndrome.
Caso clínico:
Homem de 58 anos, sem antecedentes patológicos relevantes, com queixas de
tosse seca, paroxística e refratária a múltiplas abordagens terapêuticas, com
mais de duas décadas de evolução. A tosse era precipitada por estímulos como
falar, comer ou rir, sem associação a dispneia, sibilância, expectoração ou
outros sintomas respiratórios. Foi avaliado em consulta de Pneumologia, tendo
realizado provas de função respiratória, estudo imagiológico torácico e
avaliação analítica alargada, sem alterações significativas. Durante a
investigação, referiu também instabilidade da marcha e dificuldade crescente
na coordenação motora fina, como agarrar pequenos objetos. Foi então
referenciado para avaliação neurológica. O exame objetivo revelou ataxia da
marcha, dismetria ligeira e arreflexia dos membros inferiores. A ressonância
magnética cerebral evidenciou atrofia cerebelar, e os estudos
neurofisiológicos demonstraram uma ganglionopatia sensitiva. Após exclusão de
outras causas adquiridas e genéticas de ataxia, a correlação clínica com a
tosse crónica motivou a suspeita de síndrome CANVAS, confirmada por análise
genética.
Conclusões:
Este caso clínico evidencia a complexidade do diagnóstico diferencial da
tosse crónica e a importância de uma abordagem multidisciplinar. Destaca-se a
necessidade de considerar doenças sistémicas e neurológicas como causa de
tosse persistente, sobretudo quando os estudos iniciais são inconclusivos. A
identificação precoce de síndromes como a CANVAS permite intervenção
atempada, orientação adequada e melhor prognóstico funcional para os doentes.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
15 |
André |
Pina
Monteiro |
MICOBACTERIAS |
ULS
São José - Hospital Santa Marta |
AP
Monteiro, J Freitas, C Figueiredo, A Miguel |
O que esconde a
disfagia? Um caso de Tuberculose. |
Introdução:
A disfagia, embora rara, pode constituir uma manifestação atípica de
tuberculose, particularmente no contexto de envolvimento ganglionar
mediastínico. Nestes casos, a compressão extrínseca do esófago por
adenopatias pode originar sintomatologia sugestiva de patologia esofágica
primária, apesar da sua origem extraluminal. O diagnóstico exige uma
abordagem multidisciplinar, na qual a Pneumologia tem um papel central,
assegurando o diagnóstico através de técnicas como o crio-EBUS e conduzindo a
abordagem terapêutica.
Caso Clínico:
Mulher de 28 anos, natural do Paquistão, sem antecedentes patológicos
relevantes, recorre ao serviço de urgência por disfagia progressiva com duas
semanas de evolução, para sólidos e líquidos, associada a odinofagia e tosse
seca não produtiva. Dado o quadro, foi submetida a endoscopia digestiva, que
evidenciou abaulamento do esófago compatível com compressão extrínseca. A
tomografia computorizada cervical e torácica revelou uma massa subcarinal com
43 mm de maior eixo, condicionando alargamento da carina, abaulamento
anterior do ramo direito da artéria pulmonar, da parede posterior do brônquio
principal esquerdo, e desvio do esófago para a esquerda.
Perante o quadro clínico e após discussão multidisciplinar, realizou-se
broncofibroscopia com Crio-EBUS, com colheita de amostras da estação
ganglionar 7. O estudo histológico demonstrou processo inflamatório
granulomatoso necrotizante, e o teste de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN)
foi positivo para Mycobacterium tuberculosis. Foi assumido o diagnóstico de
tuberculose ganglionar, tendo iniciado terapêutica antibacilar com boa
evolução, posteriormente.
Conclusão:
Este caso ilustra uma forma de apresentação rara de tuberculose, sob a
forma de disfagia. Salienta-se ainda o
papel da criobiópsia mediastínica
guiada por EBUS, que se assume como uma alternativa menos invasiva à mediastinoscopia,
permitindo a obtenção de amostras de maior dimensão e qualidade, com superior
rendimento diagnóstico face ao EBUS-TBNA, sendo uma técnica avançada com um
papel cada vez mais importante no diagnóstico de doenças pulmonares e
mediastínicas.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
16 |
André |
Soveral |
INTERSTÍCIO |
ULS
Lisboa Ocidental |
A
Soveral, R Borrego, S André, JM Correia |
ARDS: uma evolução
catastrófica, a propósito de um caso clínico |
Introdução:
A ARDS é uma condição potencialmente fatal que requer diagnóstico e abordagem
precoces. A sua etiologia pode ser multifatorial, exigindo investigação
cuidadosa. Apresenta-se o caso de uma doente com ARDS aparentemente
infeciosa, mas com estigmas de etiologia adicional.
Descrição: Mulher de 67 anos, saudável, recorreu ao serviço de urgência por
dispneia com 1 mês de evolução, inicialmente com tosse produtiva e febre,
resolvidas com antibioterapia empírica mas com recrudescência após 3 dias.
Apresentava insuficiência respiratória aguda parcial, PCR 9.7 mg/dL,
procalcitonina 0.13 ng/mL, eosinofilia 360 células/uL e sem leucocitose.
Radiografia com condensações bibasais e testes para SARS-CoV-2, Influenza,
VSR, VIH e antigenúrias negativos. TC torácica mostrou consolidações extensas
bilaterais com broncograma aéreo. Ecocardiograma sem disfunção ventricular.
Iniciou levofloxacina e oxigenoterapia de alto fluxo (paO2/FiO2 108), com
posterior entubação por exaustão, assumindo-se ARDS. Broncofibroscopia com
secreções hemáticas e lavado broncoalveolar com linfocitose de 38%, CD4/CD8
0.22 e isolamento de Lophomonas spp., tendo iniciado antibioterapia dirigida,
com melhoria analítica mas eosinofilia de 1130 células/uL. Autoimunidade no
lavado negativa. Por manutenção da hipoxémia, realizou Angio-TC, sem
tromboembolismo pulmonar, mantendo consolidações. Por ausência de melhoria
clínica, iniciou corticoterapia sistémica com resposta francamente favorável,
permitindo extubação e redução progressiva de corticóide. TC de controlo
mostrou melhoria, sendo assumida pneumonia organizativa após discussão
multidisciplinar. Transferida para
Pneumologia onde, por novo agravamento após suspensão da
corticoterapia, foi entubada e reiniciou terapêutica imunossupressora.
Faleceu 5 dias após nova admissão em cuidados intensivos.
Conclusão:Apesar do quadro infeccioso sugestivo, a dependência de
corticoterapia e os achados imagiológicos apontavam para pneumonia organizativa.
A eosinofilia marcada, rara nesta entidade, assim como os achados no lavado
broncoalveolar, sugerem possível doença intersticial subjacente. A gravidade
da expressão e evolução da doença permite traçar conclusões emergentes na
literatura sobre terapêutica imunossupressora na ARDS e sobre a discussão
multidisciplinar, particularmente com evolução incerta.
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Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
17 |
André |
Soveral |
INFEÇÃO |
ULS
Lisboa Ocidental |
A Soveral, R Borrego, S André, K Lopes, E
Brysch, M Raposo, JM Correia |
Hemoptises por
Neisseria meningitidis: uma etiologia inesperada |
Introdução:Neisseria
meningitidis é um dos agentes mais prevalentes de meningite bacteriana acima
dos cinco anos e o único patógeno com potencial de gerar uma epidemia de
meningite, mas apenas 5-10% dos casos da sua infeção se manifestam por
pneumonia, sendo particularmente rara a sua expressão por hemoptises.
Descrição: Mulher de 52 anos, autónoma, fumadora ativa e profissional
hospitalar, recorreu ao serviço de urgência por episódios de hemoptises
(<100 mL/24h) sem outra sintomatologia respiratória associada. À
auscultação pulmonar não apresentava alterações, e os exames laboratoriais,
incluindo pesquisa de antigénios de SARS-CoV-2, Influenza e VSR, foram
negativos. A angio-TC torácica revelou opacificação em vidro despolido no
lobo superior esquerdo (LSE), sugestiva de hemorragia alveolar localizada,
além de fibrose pleuroapical bilateral compatível com sequelas inflamatórias
antigas e áreas de enfisema parasseptal e centrolobular em ambos os pulmões.
Iniciou terapêutica anti-fibrinolítica e foi internada em enfermaria de
Pneumologia. Realizou broncofibroscopia com aspiração de coágulo no LSE, sem
alterações da arquitetura brônquica. O lavado broncoalveolar e as secreções
colhidas evidenciaram isolamento de Neisseria meningitidis, tendo iniciado
ceftriaxone 1 g de 8/8h. TC torácica de reavaliação ao 10.º dia mostrou
regressão significativa da opacificação. Após resolução clínica e término da
antibioterapia, teve alta com seguimento programado em consulta de
Pneumologia.
Conclusão: Este caso sublinha a relevância de uma abordagem diagnóstica
estruturada em hemoptises, mesmo em doentes sem sinais infecciosos
sistémicos. O isolamento de Neisseria meningitidis num contexto de hemorragia
alveolar localizada constitui uma ocorrência rara, reforçando a necessidade
de vigilância microbiológica e de terapêutica dirigida, com impacto direto no
prognóstico. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
18 |
Ana
Isabel |
Santos |
ASMA |
ULS
Coimbra |
AI
Santos, C Loureiro |
Tezepelumab na
Asma Grave: Uma Nova Perspetiva Terapêutica |
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de terapias biológicas direcionadas a mecanismos
imunológicos específicos revolucionou o tratamento da asma grave. O
tezepelumab, um anticorpo monoclonal humano que bloqueia a linfopoietina do
estromal tímico(TSLP), foi aprovado pelo Infarmed em janeiro de 2025 para o
tratamento da asma grave. Ao atuar numa fase inicial da cascata inflamatória,
mostra eficácia em múltiplos fenótipos sem limitação de biomarcadores
específicos. No ensaio clínico NAVIGATOR, o tratamento com tezepelumab
reduziu significativamente a taxa anual de exacerbações, melhorou a função
pulmonar (aumento médio de 0,13L no FEV₁ basal) e potenciou o controlo da
asma e a qualidade de vida dos doentes com asma grave não controlada.
CASO CLÍNICO
Homem de 56 anos com diagnóstico de asma desde a infância, fenótipo não
eosinofílico alérgico tipo 2, seguido em consulta de asma grave. Estava sob
terapêutica otimizada com inaloterapia tripla com corticoide inalado de alta
dose e tratamento biológico com omalizumab (anti-IgE) desde 2017, mantendo
razoável controlo sintomático, sem exacerbações recentes ou corticoides
sistémicos de resgate. Contudo, evidenciava declínio funcional progressivo
com agravamento da obstrução brônquica, encarceramento aéreo e perda de
resposta broncodilatadora. Os parâmetros analíticos revelavam 100
eosinófilos/µL no sangue periférico, IgE total 386 UI/mL e FeNO 43 ppb. Dada
a deterioração funcional, procedeu-se ao switch terapêutico para tezepelumab
(210 mg, de 4 em 4 semanas). Após a primeira administração, houve melhoria
sintomática significativa, com ganhos de 1,71 L no FVC e 0,59 L no FEV₁
basais, e 0,67 L no FEV₁ pós-broncodilatação, e redução do FeNO para 30
ppb.
CONCLUSÃO
O caso ilustra o benefício clínico do tezepelumab em doentes com asma grave
previamente tratados com terapêuticas biológicas, mas com má progressão
funcional. A rápida e substancial melhoria da função pulmonar, aliada à
redução dos marcadores inflamatórios, reforça o papel do bloqueio da TSLP
como estratégia terapêutica inovadora. Estes resultados suportam a utilização
do tezepelumab em cenários de asma grave heterogénea e sublinham a
necessidade de investigações futuras para definir critérios de otimização do
tratamento e identificar perfis de resposta ideais, nomeadamente no contexto
de remodelação da via aérea. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
19 |
Anita |
Lascasas
Trigueira |
MICOBACTERIAS |
ULS
de Entre Douro e Vouga, CRC-A Norte |
AL
Trigueira, A Carvalho, I Franco |
Tuberculose
Mamária: diagnóstico desafiante numa localização infrequente |
Introdução
A tuberculose mamária é uma forma rara de tuberculose extrapulmonar,
frequentemente confundida com carcinoma ou mastites, dificultando o
diagnóstico e atrasando o início de terapêutica dirigida.
Caso Clínico
Mulher de 48 anos, natural do Brasil e residente em Portugal desde 2022,
com antecedentes de tuberculose ganglionar tratada há mais de uma década, sem
registos disponíveis.
Em outubro de 2024, desenvolveu uma tumefação dolorosa e eritematosa na
mama direita, sem resolução após antibioterapia, o que motivou ida ao serviço
de urgência. À observação, apresentava massa endurecida e dolorosa no
quadrante superoexterno da mama direita, sem adenopatias axilares.
Realizou-se drenagem do abcesso, com exteriorização de conteúdo purulento.
Face à persistência das queixas, realizou ecografia mamária que revelou
espessamento cutâneo com alterações inflamatórias dos anexos mamários, sem
nódulos suspeitos. A biópsia excisional evidenciou inflamação granulomatosa
com necrose caseosa e raros BAAR positivos. Perante estes achados, foi
referenciada às Consultas Respiratórias na Comunidade.
O material da biópsia foi enviado ao Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge, sem identificação de M. tuberculosis por PCR. As amostras de
expetoração colhidas foram também negativas.
Em março de 2025, nova ecografia evidenciou loca residual do abcesso, sem
conteúdo líquido. Procedeu-se a core biópsia, com exame direto e PCR
negativos, estando a cultura em curso.
A tomografia torácica revelou adenomegalias mediastínicas calcificadas, sem
alterações do parênquima pulmonar.
Perante suspeição clínica e histopatológica forte, num contexto
epidemiológico sugestivo e sintomatologia persistente, iniciou tratamento
antituberculoso com isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol. Duas
semanas após o início da terapêutica, apresentava resolução completa da dor e
eritema, com cicatrização adequada.
Conclusão
Apesar de rara, a tuberculose mamária deve ser considerada no diagnóstico
de lesões inflamatórias persistentes, sobretudo em doentes provenientes de
áreas endémicas sem resposta à antibioterapia. Mesmo sem confirmação
microbiológica, a decisão terapêutica baseada nos achados histopatológicos e
na rápida resposta clínica foi decisiva para o sucesso terapêutico. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
20 |
Ana
Mª Martín Varillas |
Martín
Varillas |
CANCRO |
Hospital
Universitario de Salamanca |
AM
Martín-Varillas, AG Salazar, EC Prieto, L Gil, E Curto, J Ramos |
HIPERPLASIA DIFUSA
IDIOPÁTICA DE CÉLULAS NEUROENDOCRINAS PULMONARES: A PROPÓSITO DE UN CASO |
Caso clínico:
Mujer de 71 años vista en consulta de Neumología por tos de 3 años de
evolución.
Antecedentes: Hipotiroidismo. No antecedentes de alergia o atopia. No
hábitos tóxicos ni exposiciones de riesgo. No antecedentes familiares de
neumopatía. Anamnesis: la paciente
comentaba tos de larga evolución de predominio matutino y con esfuerzos,
asociada a expectoración blanquecina. Refería disnea 1 de la escala de disnea
modificada del Medical Research Council (mMRC). Exploración: murmullo
vesicular disminuido de forma generalizada. Evolución: en la primera consulta
se realizó espirometría con resultado de alteración ventilatoria obstructiva
con prueba broncodilatadora negativa, fracción exhalado de óxido nítrico
(FeNO) 25 ppb. Radiografía de tórax sin alteraciones significativas. En ese
momento se propuso el diagnóstico de posible asma pautando tratamiento
inhalador. En la siguiente revisión la paciente refirió mejoría inicial con
el tratamiento, pero a los pocos meses comenzó de nuevo con tos y
expectoración blanquecina diaria predominantemente nocturna, asociada a
aumento de la disnea (2 mMRC). Se realiza nueva espirometría con resultado de
alteración ventilatoria obstructiva con prueba broncodilatadora negativa, se
continuó con el mismo diagnóstico y, ante la persistencia de síntomas, se
solicitaron pruebas intraepidérmicas, FeNO y test de metacolina. Las pruebas
intraepidérmicas a aeroalérgenos resultaron negativas, FeNO 23 pbb, pero el
test de provocación bronquial con metacolina fue positivo compatible con
hiperrespuesta bronquial marcada. Se continuó con el mismo tratamiento y se
solicitó un TACAR torácico para estudio de otras patologías. El TACAR
torácico se informó como compatible con hiperplasia difusa idiopática de
células neuroendocrinas pulmonares con tumorlets y tumores carcinoides. Se
comentó el caso en Comité Multidisciplinar de Cáncer de Pulmón, decidiéndose
intervención quirúrgica con segmentectomia anatómica en lóbulo inferior
izquierdo (segmento 6) y linfadenectomia sistemática. El resultado
anatomopatológico fue de tumor carcinoide típico con focos de hiperplasia
neuroendocrina sin evidencia de infiltración adenopática. La estadificación
fue pT1aN0M0. Tras el diagnóstico definitivo la paciente está en seguimiento
en consultas de Oncología sin precisar tratamiento actualmente.
|
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
21 |
Rita |
Freire
da Silva |
INTERVENÇÃO |
ULS
Santa Maria |
R
Freire-Silva; L Lopes-Mendes; C Durão; P Santos; J Eusébio |
Acidente Vascular
Cerebral criptogénico e a descoberta de uma malformação arteriovenosa apical |
As
malformações arteriovenosas pulmonares (MAVPs) são raras na população geral,
sendo mais frequentes no sexo feminino e habitualmente localizadas nos lobos
inferiores. Podem causar hipoxemia, abcessos cerebrais e eventos embólicos
paradoxais, sendo frequentemente diagnosticadas durante a investigação de
acidente vascular cerebral (AVC) criptogénico.
Homem de 87 anos, autónomo, ex-fumador (30 UMA), com antecedentes pessoais
de hipertensão arterial, dislipidemia e doença renal crónica. Em julho de
2024, recorreu ao Serviço de Urgência com quadro de ataxia e mioclonias de
início agudo. Suspeitando-se de AVC, foi internado para estudo. A TC-CE
inicial não revelou alterações agudas e posteriormente a RM encefálica
evidenciou três áreas milimétricas de isquemia recente em territórios distais
das artérias cerebrais médias. As lesões eram incompatíveis com o quadro
clínico agudo que foi posteriormente atribuído a iatrogenia medicamentosa com
base na história clínica (introdução recente de pregabalina). No entanto,
foram identificadas sequelas de um AVC prévio desconhecido. Devido aos
fatores de risco cardiovascular, iniciou-se estudo etiológico, incluindo
doppler dos vasos cervicais, ecocardiograma transtorácico e holter, todos sem
alterações relevantes. Na ausência de uma fonte embólica evidente, o caso foi
classificado como AVC criptogénico.
Em seguimento do estudo etiológico e
devido à persistente hipoxemia ligeira (pO₂ 55 mmHg), foi realizada angio-TC
torácica, que revelou uma MAV apical direita nutrida por três ramos
arteriais. A malformação foi então considerada como a possível causa de
embolização paradoxal e o paciente foi proposto para embolização. Em maio de
2025, foi realizada embolização endovascular eletiva por via femoral direita.
Foram utilizados plugs e coils (Azur e POD), com oclusão eficaz do nido
vascular, confirmada por angiografia de controle.
Assim, este caso destaca a importância de considerar o estudo de MAV em
pacientes com AVC criptogénico, embora seja uma condição rara. Além disso,
trata-se de uma MAV com características pouco comuns, dado que se apresenta
no sexo masculino, no ápice pulmonar e com grandes dimensões. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
22 |
Rita |
Freire
da Silva |
CANCRO |
ULS
Santa Maria |
R
Freire-Silva, L Lopes-Mendes, C Durão, P Santos |
Toxicidade
Pulmonar do tratamento do Adenocarcinoma Pulmonar |
Introdução:
O adenocarcinoma do pulmão, o tipo de neoplasia pulmonar mais comum, pode
ser tratado com uma combinação de várias modalidades de radioterapia e
terapias-alvo. A radioterapia é frequentemente usada para reduzir tumores
locais ou metastáticos, aliviando sintomas e controlando a progressão da
doença. O osimertinibe, um inibidor de tirosina quinase de terceira geração,
é eficaz em pacientes com mutações no gene EGFR, bloqueando a via de
sinalização tumoral e inibindo o crescimento das células neoplásicas. A
combinação dessas terapias visa aumentar a eficácia do tratamento, melhorando
o controle da doença e a qualidade de vida do paciente.
Descrição:
Mulher de 78 anos, autónoma, com antecedentes pessoais relevantes de artrite
reumatóide, cardiopatia isquémica e osteoporose, foi diagnosticada com
adenocarcinoma do pulmão em estadio IV, com metastização óssea (2.º e 5.º
arcos costais esquerdos) iniciando terapeutica com osimertinibe (TKI) e
radioterapia dirigida às metástases.
Aproximadamente dois meses após o início da radioterapia, apresentou
dispneia progressiva de novo, associado a alterações imagiológicas,
levantando suspeitas de pneumonia rádica e iniciado ciclo de corticosteroides,
sem melhorias. Por ausência de melhoria clínica, a doente foi internada, com
aumento das doses de corticosteroides e oxigenoterapia suplementar.
Por fraca resposta clínica à terapêutica instituída, foi proposta uma nova
hipótese diagnóstica: toxicidade do TKI, uma reação rara, sendo suspensa a
terapêutica alvo. Com isso,
observou-se uma melhoria clínica e imagiológica subsequente. Diante do
quadro, foi sugerido o início de tratamento com infliximab, visando o
controle da toxicidade induzida pelo osimertinibe e permitindo o progessivo
desmame de altas doses de corticoide.
Conclusão:
Este caso ilustra duas reações adversas ao osimertinibe, destacando a
importância de considerar toxicidade medicamentosa em pacientes com
adenocarcinoma de pulmão em tratamento com terapias-alvo,em declínio
clínico.. A abordagem terapêutica adaptada e a monitorização contínua foram
fundamentais para garantir a melhor evolução do quadro clínico. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
23 |
Beatriz |
Cunha |
MICOBACTERIAS |
FMUC |
B
Cunha, D Rodrigues |
Síndrome de DRESS
secundário a terapêutica tuberculostática - relato de caso |
A
tuberculose é uma doença infeciosa que representa um problema de saúde
pública
global, sendo a tuberculose pulmonar a apresentação mais comum desta
entidade. O tratamento de primeira linha recomendado consiste na associação
de quatro antibacilares - isoniazida,rifampicina , pirazinamida e etambutol
durante dois meses, seguindo-se uma fase de manutenção com HR durante quatro
meses. Apesar da elevada taxa de cura, este
esquema terapêutico associa-se a uma grande ocorrência de efeitos secundários,
com um
amplo espectro de gravidade. A Síndrome de DRESS (Drug Reaction with
Eosinophilia and
Systemic Symptoms), surge como uma complicação rara, mas potencialmente
fatal resultante da terapêutica antibacilar, que obriga à suspensão da mesma.
Muitas vezes e em
consequência, tem de ser implementado um esquema alternativo para
tratamento da TB,
utilizando fármacos de segunda linha.
Apresenta-se a caracterização detalhada do caso clínico raro de um doente
de 78 anos com
tuberculose pulmonar, que desenvolveu síndrome de DRESS secundária ao
tratamento antibacilar de primeira linha. Consequentemente o tratamento de
primeira linha foi suspenso, foi instituída corticoterapia sistémica e,
posteriormente, implementado esquema
tuberculostático alternativo. Após estabilização clínica e investigação
etiológica, procedeu-se à reintrodução gradual e faseada dos
tuberculostáticos de primeira linha em função da
probabilidade de reação imunomediada.
O diagnóstico célere, o envolvimento multidisciplinar e o tratamento
agressivo (suspensão
do fármaco suspeito, anti-histamínico e corticoterapia) têm forte impacto
prognóstico. Desta forma, dada a elevada taxa de mortalidade associada a esta
patologia (pode chegar aos 20%) e por poder ser desencadeada por fármacos tão
diversos e amplamente utilizados na prática clínica, o conhecimento sobre a
Síndrome de DRESS deve fazer parte do reportório de todos médico |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
24 |
Beatriz |
Baptista |
OUTRAS |
ULS
Santo António |
B
Baptista, B Ferraz, F Correia, HI Carvalho, MH Reis, N Faria |
Múltiplos nódulos
pulmonares: nem sempre metástases ou granulomas |
Introdução
A presença de múltiplos nódulos pulmonares em Tomografia Computadorizada
(TC)
torácica constitui um achado relativamente frequente e representa um
desafio diagnóstico importante. As causas mais comuns incluem metástases
pulmonares, geralmente de neoplasias extratorácicas, e doenças
granulomatosas. Porém nem todos os casos seguem este padrão. Um diagnóstico
etiológico rigoroso é determinante para prevenir erros diagnósticos e
garantir uma abordagem apropriada.
Caso clínico
Mulher de 80 anos, não-fumadora, com obesidade, fibrilhação auricular
e
insuficiência cardíaca, enviada à consulta de Pneumologia por tosse seca
com 6 meses de evolução, associada a pieira, com melhoria marcada após
Symbicort. Realizou espirometria, sem alterações. Analiticamente, com 270
eosinófilos/uL, sem défice de a1-antitripsina, IgE 5KU/L e phadiatop
negativo. Realizou TC torácica, tendo sido identificados 2 nódulos
microlobulados no lobo superior esquerdo, sem calcificações, um no segmento
ápico-posterior de 13 mm e outro no segmento superior da língula com 13 mm, e
múltiplas nodularidades pulmonares nos segmentos basais, com discreto
espessamento brônquico. Realizou PET-CT FDG, onde todos os nódulos
apresentavam ténue captação do radiofármaco. Após repetição da TC torácica e
discussão em grupo, verificou-se tratar-se de um caso sugestivo de DIPNECH.
Durante o período de seguimento de um ano, a imagem manteve-se sobreponível e
a doente apresentou melhoria clínica sob inaloterapia.
Conclusões
A DIPNECH corresponde a uma proliferação pré-maligna de células
neuroendócrinas
pulmonares. A forma mais comum de apresentação da doença consiste numa
história
prolongada de tosse, dispneia e sibilância, frequentemente diagnosticados
erroneamente como asma. A TC torácica é o exame de imagem mais útil para
sugerir o seu diagnóstico. No entanto, a confirmação é feita por biópsia. A
DIPNECH é uma doença crónica lentamente progressiva com progressão tanto
sintomática como do crescimento do tumor. Os análogos da somatostatina podem
melhorar os sintomas respiratórios assim como a função pulmonar, e
estabilizar o crescimento tumoral. Apesar de serem tipicamente benignos e
indolentes, podem evoluir para tumores neuroendócrinos malignos, pelo que é
recomendada vigilância imagiológica a cada 6 meses inicialmente, seguida de
vigilância anual. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
25 |
Beatriz |
Baptista |
OUTRAS |
ULS
Santo António |
B
Baptista, B Ferraz, F Correia, HI Carvalho, MH Reis, N Faria |
Nem todas as
estenoses subglóticas são iatrogénicas |
Introdução
As estenoses subglóticas adquiridas em doentes sem história de intubação
prévia representam um desafio clínico. Com apresentação insidiosa, são
frequentemente atribuídas a contextos pós-infecciosos ou trauma.
Caso clínico
Mulher de 53 anos, sem antecedentes relevantes, referida à consulta de
Pneumologia por dispneia para esforços moderados (mMRC 2) e pieira com
esforços mais intensos com mais de 10 anos de evolução, bem como estenose
subglótica identificada recentemente por ORL. Sem queixas constitucionais,
rinorreia ou tosse. O exame objetivo revelou discreto nariz em sela e
ausência de alterações à auscultação. Gasimetria e saturação em ar ambiente
normais.
Tomografia Computadorizada (TC) tórax a revelar espessamento concêntrico da
mucosa glótica e subglótica, ao nível de C7. Foi realizada broncoscopia
flexível, objetivando-se estenose de cerca de 40% da via aérea. EFR mostrava
padrão compatível com obstrução intratorácica. TC e Broncoscopia em 1 ano com
estabilidade.
Sem história de intubação ou trauma cervical, com anticorpos ANCA
positivos. Foi feito o diagnóstico de Síndrome Wegener e a doente iniciou
tratamento com corticóide sistémico e ciclofosfamida, seguida de manutenção
com azatioprina.
Conclusões
A estenose subglótica em doentes sem antecedentes traumáticos deve levantar
a suspeita de etiologias inflamatórias, incluindo vasculites sistémicas. O
seu diagnóstico exige elevada suspeição clínica e uma abordagem
multidisciplinar. O reconhecimento precoce permite intervenções dirigidas que
evitam complicações e preservam a função respiratória. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
26 |
Bárbara
G. |
de
Freitas Ramos |
OUTRAS |
ULSAM |
B
Ramos, F Muñoz, ML Bernardes, A Vasconcelos |
Diagnósticos
raros, apresentações típicas: histórias escritas pela Radiologia |
I:
Na prática clínica, doentes assintomáticos ou com sintomas respiratórios
crónicos representam desafios diagnósticos. Nestes contextos, a avaliação
imagiológica detalhada, em articulação com uma discussão multidisciplinar, é
crucial para a orientação diagnóstica e definição da estratégia
terapêutica.
D: Apresentam-se 4 casos clínicos onde a radiologia torácica foi decisiva
no diagnóstico de patologias raras.
1. Mulher de 71 anos, não fumadora (NF), referenciada por tosse crónica e
infeções respiratórias de repetição. A TC torácica (T) revelou corpo estranho
hiperdenso, parcialmente obstrutivo, no brônquio principal esquerdo,
estendendo-se até ao óstio do brônquio lobar superior. Verificou-se
hipovascularização do parênquima pulmonar esquerdo, sobretudo no lobo
superior, compatível com vasoconstrição reflexa secundária à obstrução
crónica. Submetida a broncoscopia rígida com remoção completa do corpo
estranho, confirmando o diagnóstico de aspiração.
2. Mulher de 76 anos, NF, referenciada por insuficiência respiratória tipo
1. Antecedentes de carcinoma da mama tratado com mastectomia, radioterapia e
hormonoterapia. A TC T identificou um nódulo hiperdenso de 6 mm na base
pulmonar esquerda. Em reavaliação, observou-se migração do nódulo para a
junção esofagogástrica, diagnóstico compatível com toracolitíase.
3. Homem de 51 anos, NF, assintomático, referenciado por alterações
imagiológicas. Antecedentes de tuberculose pulmonar (TP) e de cardiomiopatia
dilatada não isquémica. A TC T revela lesão difusa na gordura mediastinal
anterior caracterizada por estruturas dilatadas e tortuosas e pequena
calcificação sugerindo uma malformação de origem vascular, potencial
etiologia subjacente à cardiomiopatia.
4. Homem de 53 anos, fumador (20UMA) e ex-toxicodependente, referenciado
por alterações imagiológicas. Antecedentes de TP e endocardite com
substituição de válvula tricúspide por prótese biológica aos 27 anos e aos 50
anos por prótese mecânica. A TC T demonstra obstrução abrupta proximal da
artéria pulmonar esquerda, compatível com interrupção desta, provavelmente
congénita.
C: Estes casos reforçam o papel central da radiologia torácica no
diagnóstico de entidades raras em Pneumologia e destacam a importância da
colaboração estreita entre as especialidades envolvidas, numa abordagem
diagnóstica eficaz e dirigida.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
27 |
Beatriz |
Dias |
CANCRO |
ULS
Viseu |
B
Dias, AL Correia, T Belo, J Correia, AF Matos |
Deficiência de
SMARCA-4: Um Caso Clínico |
Introdução:
O tumor indiferenciado torácico com deficiência da SMARCA4, foi incluído como
tumor sólido recentemente descrito na 5ª edição da Classificação de
Neoplasias Torácicas da OMS. O nome foi alterado para SMARCA4-UT na
classificação de 2021. É geneticamente definida por uma deficiência de
SMARCA4/BRG1, um membro do complexo de remodelação da cromatina BRAF.
Descrição: Homem, 68 anos, ex-fumador 20UMA, com história de perda ponderal
nos últimos meses de 6kg, sem outros sintomas associados, pelo que realizou
TC toracoabdominopélvica com evidência de “No segmento apicoposterior do lobo
superior esquerdo, adjacente e limitada pela cissura e com extensão até a
região hilar, observa-se volumosa massa de contornos discretamente
irregulares, com captação heterogénea do produto de contraste, com prováveis
áreas necróticas, medindo 51x44mm, sugestiva de neoformação.” Seguidamente,
realizou PET-TC FDG-F18 que evidencia massa hipermetabólica (SUVmáx 17.5) no
LSE, justacisural e perihilar, com cerca de 5.5cm de maior eixo axial,
sugestiva de neoplasia maligna de alto grau e área de hipercaptação de 18FDG
(SUVmáx. 5.0) no hilo pulmonar esquerdo, sem evidentes planos de clivagem com
a massa pulmonar peri-hilar descrita, suspeita de foco tumoral.” O estudo de
função respiratória não apresentava alterações e pela suspeita de
metastização ganglionar realizou EBUS com biópsia de adenopatias 11R “sem
aspetos citológicos ou arquiteturais suspeitos de neoplasia de natureza
epitelial metastática.” Realizou biópsia pulmonar transtorácica da massa com
anatomia patológica a descrever “achados compatíveis com tumor indiferenciado
torácico com deficiência da SMARCA4, PD-L1 60%, NGS Gene KRAS (Gly12Arg)”.
Portanto, carcinoma de não pequenas células, com deficiência de SMARCA4,
estadio IIB, T3N0M0. Foi pedida consulta de cirurgia torácica e foi submetido
a lobectomia superior esquerda com linfadenectomia mediastínica por
Video-Assisted Thoracic Surgery, pTNM T3N2M0 R0 (envolvimento do grupo V) e
foi proposto para QT adjuvante.
Conclusão: Este tipo de tumores tem sido descrito em adultos, média de
idades 50-60 anos, associada a uma história de tabagismo, trata-se de uma
neoplasia maligna de alto grau com uma morfologia indiferenciada ou rabdoide,
que metastiza rapidamente. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
28 |
Beatriz |
Dias |
INFEÇÃO |
ULS
Viseu |
B
Dias, AL Correia, T Belo, T Abrantes, AF Matos |
Do Nódulo
Incidental ao Aspergiloma: Uma Jornada Diagnóstica |
Introdução:
A maioria dos nódulos de Aspergillus é diagnosticada através de biópsia ou
resseção cirúrgica efetuada por suspeita de malignidade.
Descrição: Homem, 70 anos, ex-fumador 60UMA, com DPOC e polimialgia
reumática sob corticoterapia, seguido em consulta de Pneumologia desde 2019
por alterações apicais e dois nódulos pulmonares incidentais em TC Tórax
(10mm LSE e 11mm LIE, não captantes em PET-TC FDG-F18). Em 11/2020 desenvolve
tosse matinal com expetoração hemoptoica, associada a dispneia e anorexia. TC
Tórax de reavaliação a descrever “de novo”, em área cicatricial prévia, no
LSE, cavitação de 23x13mm, com preenchimento muito sugestivo de aspergiloma,
mantendo restantes alterações sobreponíveis. Realizou VBF que não apresentou
alterações, LBA com linfocitose de 38% (CD4/CD8 0.34), micobacteriológico
negativo, galactomanano negativo; IgG específica aspergillus e IgE total
normais. Fez resseção em cunha da lesão cavitada em 09/2021 com histologia de
“inflamação granulomatosa centrada no brônquio e em relação com agregados de
fungos”, não tendo sido realizado cultural da peça; Houve melhoria clínica
pós cirurgia. Em TC Tórax de controlo em 2022 surge novo nódulo no LSE de
5mm. Uma vez que o doente apresentava um diagnóstico recente de carcinoma
espinocelular da língua (cirurgia e radioterapia adjuvante), optou-se por
manter vigilância por TC aos 6M, onde se evidenciou crescimento do nódulo
para 10mm. Realizou biópsia transtorácica (BTT) do nódulo sem evidência de
malignidade e cultura com desenvolvimento de aspergillus spp, pelo que
iniciou Itraconazol 200mg 2id. Em TC controlo 3M houve aumento dimensional e
surgimento de nódulos pulmonares dispersos, pelo que realizou PET-TC FDG-F18
que mostrou “nódulos pulmonares bilaterais hipermetabólicos (SUVmáx 5.9)” e
fez BTT a demonstrar “achados de carcinoma epidermoide invasor, PDL-1
positivo”. Em reunião de decisão terapêutica multidisciplinar do IPO Coimbra,
foi considerada progressão da doença com metastização pulmonar e iniciou
Pembrolizumab, contudo apresentou progressão em 09/2024 e iniciou QT com
Paclitaxel com estabilidade da doença.
Conclusões: Este caso descreve uma marcha diagnóstica e vigilância
exaustiva e sistematizada, de um doente com nódulos pulmonares, inicialmente por
Aspergillus e posteriormente de causa neoplásica. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
29 |
Carlos
Mendes |
Araújo |
CANCRO |
ULS
Almada Seixal - Hospital Garcia de Orta |
CM
Araújo, R Gomes, J Soares, MF Almeida, I Estalagem, S Quaresma, J Silva, M
Lopes |
Papilomatose
endobrônquica com Adenocarcinoma do pulmão concomitante: desafio diagnóstico |
Introdução
A papilomatose respiratória recorrente (PRR) é uma patologia rara,
caracterizada por lesões papilomatosas epiteliais benignas, com predilecção
pela laringe e traqueia. O envolvimento brônquico é muito raro, podendo
causar tosse seca, dispneia, obstrução e hemoptises. Está geralmente
associada à infecção por HPV, sendo benigna mas potencialmente agressiva
localmente.
Embora incomum, a transformação maligna — ou coexistência com cancro do
pulmão — ocorre em 1–5% dos casos, sobretudo com carcinoma pavimentocelular.
A associação com adenocarcinoma está descrita apenas em casos isolados.
Apresenta-se um caso raro de papilomatose endobrônquica associada a
adenocarcinoma pulmonar.
Caso clínico
Doente do sexo feminino, 66 anos, ex-tabagista (56 UMA), com asma. Recorreu
ao serviço de urgência por hemoptises, referindo também tosse seca e fadiga
com vários meses de evolução. Foi internada para investigação. Realizou
TC-Tórax que revelou massa subcarinal de 4 cm, a moldar a árvore brônquica
direita, com redução do calibre do brônquio principal direito e do segmento
inicial do intermédio.
Foi submetida a broncofibroscopia que evidenciou lesão exofítica nos
brônquios principal direito e intermédio, com redução acentuada do lúmen. As
biópsias revelaram proliferação papilar com displasia ligeira, compatível com
papiloma escamoso.
Foi submetida a broncoscopia rígida com ressecção parcial da lesão por
electrocoagulação. Do estudo adicional, a PET-CT revelou massa mediastínica
hipermetabólica (SUV máx 39,6) com compressão brônquica. Realizou-se EBUS com
biópsias transbrônquicas e criobiópsia, com diagnóstico de carcinoma
indiferenciado de não pequenas células, expressão PD-L1 90%, consistente com
adenocarcinoma do pulmão.
Após discussão multidisciplinar, foi proposta para quimiorradioterapia
concomitante. Contudo, evoluiu com pneumonia obstrutiva a condicionar
insuficiência respiratória grave, acabando por falecer.
Conclusão
A papilomatose endobrônquica é uma entidade rara. A coexistência com cancro
do pulmão deve ser considerada quando existe progressão rápida, captação
intensa na PET ou resposta inflamatória marcada. A abordagem
multidisciplinar, com repetição de biópsias e técnicas avançadas como EBUS ou
criobiópsia, é essencial para diagnóstico precoce e definição do plano
terapêutico.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
30 |
Carlos
Mendes |
Araújo |
PLEURA |
ULS
Almada-Seixal, Hospital Garcia de Orta |
CM
Araújo, R Gomes, J Soares, MF Almeida, I Estalagem, S Quaresma, J Silva, M
Lopes |
Pleurodese em
ambulatório através de cateter pleural de longa duração: a propósito de dois
casos clínicos |
Introdução:
O cateter pleural de longa duração
(IPC) constitui uma abordagem eficaz e minimamente invasiva na gestão de
derrames pleurais recorrentes, de etiologia maligna ou benigna. Através do
mesmo, é possível a realização de drenagem pleural em regime de ambulatório
até à realização de pleurodese química
com talco, reduzindo a necessidade de internamentos repetidos, com
impacto na qualidade de vida. Irão ser apresentados dois casos clínicos de
derrame pleural recidivante, abordados com cateter pleural de longa duração e
realização de pleurodese em ambulatório.
Desenvolvimento:
Caso 1: Doente do sexo feminino, 60 anos, nunca fumadora, com diagnóstico
de adenocarcinoma do pulmão (Estádio IVB – T2b N2 M1c), com metastização
pleural e óssea. Neste contexto, foi diagnosticado derrame pleural maligno à
direita, com várias toracocenteses evacuadoras para alívio sintomático. Por
documentação de pulmão expansível e possibilidade de gestão no domicílio, foi
proposta a colocação de IPC e foram prestados ensinos à doente e ao cuidador
para realização de drenagens diárias no domicílio. Manteve este regime
durante 4 semanas, até manter drenagens pleurais inferiores a 50 mL. Foi
realizada pleurodese com talco em regime de hospital de dia, com boa
tolerância, após a qual foi removido o
IPC. Após 9 meses, a doente mantém boa expansão pulmonar com um loca mínima
de derrame, sem novos episódios de recidiva.
Caso 2: Doente do sexo masculino, 70 anos, com diagnóstico de cirrose
hepática alcoólica complicada por hidrotórax à direita, de difícil controlo.
Submetido a múltiplas toracocenteses evacuadoras, para alívio sintomático.
Neste sentido, optou-se pela colocação de IPC, mantendo seguimento diário em
hospital de dia, durante 8 semanas, para drenagem pleural sistemática. Após
este período, foi possível a realização de pleurodese com talco, sem
evidência de recidiva do derrame. Como complicação associada ao IPC, a
salientar, celulite do orifício de entrada do cateter, resolvida com
antibioterapia dirigida.
Conclusão:
A utilização do IPC em regime de ambulatório demonstrou ser uma opção eficaz
e minimamente invasiva em diferentes contextos de derrame pleural
recidivante, permitindo controlo sintomático, realização de pleurodese e
redução do número de procedimentos invasivos e internamentos. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
31 |
Cláudia |
Martinho |
CANCRO |
Centro
Hospitalar e Universitário de Coimbra |
CA
Martinho, M Afonso, V Almeida, A Cunha, J Couto |
Tumor hepatoide no
pulmão: relato de caso clínico |
Introdução:
Os adenocarcinomas hepatoides (HACs) são neoplasias raras e agressivas,
caracterizadas histologicamente por diferenciação hepática, apesar de sua
localização extra-hepática. Com uma sobrevida mediana de apenas cinco meses,
esses tumores podem surgir em diferentes órgãos, como o trato digestivo, os
pulmões ou o útero.
A escassez de casos descritos na literatura, aliada às manifestações
clínicas e laboratoriais atípicas, impõe desafios diagnósticos
significativos, ressaltando a importância da análise anatomopatológica e
imunohistoquímica no diagnóstico. Neste contexto, relatamos um caso clínico
de um doente com HAC pulmonar.
Descrição:
Doente do sexo masculino, 54 anos, com histórico de tabagismo ativo e diagnóstico
de DPOC GOLD 2A, foi encaminhado à consulta de pneumologia para investigação
de um nódulo pulmonar. A tomografia computadorizada revelou um nódulo
espiculado de 1,9 cm no lobo superior direito, hipercaptante em PET-18FDG,
sem que esse exame ou a ressonância magnética cranioencefálica identificassem
outras alterações suspeitas.
O doente foi submetido a biópsia transtorácica, que confirmou carcinoma de
não pequenas células, sem expressão de TTF1, levantando a dúvida quanto à sua
origem primária ou secundária. Deste modo, optou-se por realizar lobectomia
superior direita associada a linfadenectomia mediastínica. A análise
anatomopatológica revelou tratar-se de um adenocarcinoma hepatoide (HAC). O
estudo imuno-histológico demonstrou positividade para o antígeno específico
de hepatócitos (HepPar1) e citoqueratina 7 (CK7), com negatividade para
alfafetoproteína (AFP). O estadio patológico foi definido como pT1bN0M0,
descartando-se a presença de neoplasia hepática primária. Na reavaliação clínica
três meses após a cirurgia, o paciente apresentava-se livre de sinais de
doença, tanto clínica quanto imagiologicamente.
Conclusão:
A escassez de casos reportados e a ausência de estudos em larga escala
dificultam a compreensão do HAC. A documentação contínua de casos clínicos,
como este, e a realização de estudos observacionais são essenciais para
aprimorar o diagnóstico e desenvolver tratamentos eficazes, visando melhorar
a sobrevida desses doentes. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
32 |
Catarina |
Lourenço
Rodrigues |
CANCRO |
Unidade
de Saúde Local Cova da Beira - Serviço de Pneumologia |
CL
Rodrigues, M Baptista, J Bento, S Lopes, D Sousa, MS Valente |
Rápido
respondedor, longo respondedor: o tumor transformou-se em ar |
Introdução:
O carcinoma epidermóide do pulmão é o segundo tipo mais frequente de
carcinoma de não pequenas células do pulmão. O fator de risco mais relevante
é o tabagismo. Devido ao diagnóstico em estadio avançado e à menor frequência
de alvos moleculares, o prognóstico é reservado.
Caso Clínico: Homem, 76 anos, autónomo, com antecedentes de tabagismo,
hipertensão arterial, dislipidemia e doença arterial periférica. Referenciado
à Consulta de Pneumologia pelo Médico de Família por queixas de tosse
produtiva de expetoração alaranjada, astenia e perda ponderal de 6 kg em 7
meses. A tomografia computorizada (TC) de tórax mostrava uma massa do lobo
superior direito (LSD) de 14x10 cm com extensão mediastínica e pleural,
envolvimento direto da artéria pulmonar lobar superior, veias pulmonares
superiores e brônquio lobar superior ipsilaterais, e um nódulo satélite de 13
mm no mesmo lobo. O estadiamento com tomografia por emissão de positrões de
corpo inteiro com 18-FDG e TC crânioencefálica com contraste revelou uma
metástase osteolítica mandibular esquerda. Na vídeobroncofibroscopia,
observou-se infiltração da mucosa com redução de calibre do brônquio do LSD,
onde foram realizadas biópsias brônquicas e escovado. Obteve-se o diagnóstico
de carcinoma epidermóide do pulmão, PD-L1 0%, com estadio TNM (8ª edição) cT4
N1 M1b – estadio IVA. Foi proposto para tratamento de 1ª linha com
quimioterapia e imunoterapia, com 4 ciclos de Carboplatino e Pembrolizumab
(3/3 semanas) e Nab-Paclitaxel (semanal), seguido de manutenção com
Pembrolizumab. Na primeira avaliação, após 2 ciclos, a lesão neoplásica deu
lugar a uma área de cavitação de paredes finas, com resposta parcial segundo
os critérios RECIST (redução de 78%). Ao longo do seguimento, o doente
manteve ótimo estado geral e critérios de doença estável, com perda
progressiva de volume do LSD. Completou 35 ciclos de imunoterapia, estando em
vigilância ativa desde há 7 meses. À data da última avaliação, com doença
estável, prefazendo 3 anos de sobrevida livre de progressão.
Conclusão: Apresentamos este caso pela resposta inicial rápida, apesar de
doença avançada, com transformação imagiológica surpreendente. Destacamos a
resposta sustentada à imunoterapia, com seguimento 3 anos após o diagnóstico,
mantendo benefício clínico e estabilidade mesmo após término do tratamento. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
33 |
Constança |
Durão |
MICOBACTERIAS |
ULS
Santa Maria |
C
Durão, L Lopes Mendes, P Santos, J Rodrigues Barbosa, J Costeira, P Pinto |
Coexistência de
Mycobacterium avium e carcinoma pleomórfico pulmonar: relato de um caso |
As
micobactérias não tuberculosas (MNT), como o complexo Mycobacterium avium
(MAC), têm registado uma incidência crescente, sobretudo em indivíduos com
doença pulmonar prévia. Embora seja rara, a coexistência com patologia
oncológica pulmonar prévia pode atrasar o diagnóstico e comprometer o
prognóstico, pelo que uma abordagem multidisciplinar é essencial.
Apresentamos o caso de um homem de 66 anos, natural do Brasil, fumador
ativo com carga tabágica de 50 UMA. Recorreu ao serviço de urgência em março
de 2024 por quadro com 3 semanas de evolução e de agravamento progressivo de
tosse seca, cansaço para pequenos esforços e perda ponderal não quantificada.
A TC torácica evidenciou consolidação retráctil 35x70mm no lobo superior
direito, bronquiectasias/áreas de cavitação. Foi internado para realização de
biópsia transtorácica (BATT) guiada por tomografia computadorizada, que
revelou processo inflamatório necrosado com BAAR positivos, sem evidência de
tecido neoplásico. Por suspeita de tuberculose pulmonar iniciou terapêutica
com HRZE. Dado o agravamento clínico e isolamento de M. avium no LBA iniciou
rifampicina 600mg, etambutol 1000mg e azitromicina 250mg. Ao 4.º mês de
terapêutica dirigida, manteve agravamento clínico com perda ponderal involuntária
e cansaço acentuado. A TC torácica de reavaliação demonstrou aumento da massa
no lobo superior direito (70x67mm) com importante componente necrótico.
Repetiu BATT compatível com carcinoma pleomórfico pulmonar. Os exames
micobacteriológicos subsequentes foram negativos. O doente teve alta com
seguimento em consulta de Pneumologia Oncológica e consulta de Micobactérias
Não Tuberculosas (MNT). Após 7 meses de tratamento dirigido a MNT manteve
evolução clínica desfavorável, com suspensão da terapêutica por ausência de
benefício. Nunca teve performance status para iniciar tratamento dirigido à
neoplasia, estando atualmente em seguimento nos Cuidados Paliativos.
A coexistência de Mycobacterium avium e carcinoma pleomórfico pulmonar é
rara, mas clinicamente relevante, com implicações prognósticas que exigem
estratégias multidisciplinares precoces. Este caso destaca a importância de
manter um elevado índice de suspeição clínica perante a ausência de melhoria
sob terapêutica dirigida, realçando a complexidade diagnóstica e necessidade
de vigilância e reavaliação constantes. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
34 |
Daniela |
Godinho |
INTERSTÍCIO |
Unidade
Local de Saúde de Santa Maria |
Godinho,
Daniela G. (Portugal)1; Eusébio, João (Portugal)1; Paula, Fernanda
(Portugal)1; Silva; Susana (Portugal)1 2; 1 - ULSSM; 2 - FMUL; |
Imunodeficiência
comum variável com doença pulmonar intersticial granulomatosa linfocítica e
envolvimento neurológico: a propósito de um caso clínico |
A
doença intersticial pulmonar granulomatosa linfocítica (GLILD) ocorre
sobretudo nos doentes com imunodeficiência comum variável (IDCV),
maioritariamente em jovens. Trata‐se da manifestação pulmonar de uma doença
multissistémica, frequentemente associada a citopenias autoimunes,
adenopatias, esplenomegalia e/ou doença granulomatosa extrapulmonar, afetando
na sua maioria gânglios linfáticos, baço, fígado, aparelho gastrointestinal
e, raramente, o sistema nervoso central (SNC).
Apresentamos o caso clínico de uma doente de 28 anos com o diagnóstico de
IDCV desde 2020, seguida em Imunoalergologia e referenciada à Pneumologia
após infeção respiratória prolongada em 2019, com alterações imagiológicas a
nível pulmonar com múltiplas formações nodulares bronquiolares e adenopatias.
A investigação etiológica, com realização de broncofibrofléxivel,
ecoendoscopia endobrônquica e tomografia por emissão de positrões, culminou
com o diagnóstico de provável GLILD em contexto de doença granulomatosa
multissistémica associada a IDCV em 2021, após realização de biópsia pulmonar
cirúrgica com achados de inflamação crónica granulomatosa, com granulomas de
células epitelioides não necrotizantes. Em Janeiro de 2022, a doente inicia
queixas intermitentes de cefaleia, com agravamento em Março com
características de alarme por causar despertar noturno, desequilíbrio da
marcha e ataxia do membro superior direito, com lesão estrutural cerebelosa
em exame de imagem, sendo internada na Neurologia para investigação do quadro.
Após realização de ressonância magnética crâneoencefálica, assumiu-se uma
meningocerebelite em provável contexto de doença granulomatosa, tendo
realizado pulsoterapia com metilprednisolona durante 3 dias e iniciado
imunoglobulina endovenosa, mantendo esquema de corticoterapia sistémica oral,
com redução progressiva da lesão cerebelosa e suspensão da corticoterapia em
Dezembro. Atualmente mantém administração de imunoglobulina subcutânea
semanalmente, sem corticoterapia sistémica associada, por recusa da doente,
mas mantendo estabilidade clínica e funcional.
Embora raramente, a GLILD pode apresentar acometimento simultâneo do SNC na
doença granulomatosa multissistémica associada a IDCV, o que deve estar
presente na avaliação destes doentes pelas especialidades envolvidas,
Pneumologia, Imunoalergologia e Neurologia. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
35 |
Daniela |
Godinho |
INTERSTÍCIO |
Unidade
Local de Saúde de Santa Maria |
Daniela
G. Godinho (Portugal)1; Júlio, Inês (Portugal)1; Mendes, Ana Cristina
(Portugal)1; Basto, Rita Pinto (Portugal)1; 1 - ULSSM; |
Um caso de
sarcoidose sistémica com apresentação ocular |
O
envolvimento ocular por sarcoidose sistémica é comum e foi relatado em até
78% dos pacientes. No entanto, entre os casos de uveíte, a sarcoidose é
diagnosticada numa pequena percentagem dos pacientes, apenas 5% dos casos são
confirmados por biópsia.
Apresentamos o caso de um doente de 34 anos que em 2021 inicia queixas de
visão turva bilateralmente e cefaleia frontal. Após observação oftalmológica
e realização de angiografia, que diagnosticou uveíte anterior e posterior,
com análises sanguíneas com elevação da enzima conversora de angiotensina,
foi solicitada tomografia computorizada (TC) de tórax por suspeita de
sarcoidose com envolvimento ocular. A mesma apresentou múltiplas adenopatias
nas cadeias ganglionares mediastínicas, infiltrados pulmonares micronodulares
e milimétricos focos de consolidação dispersos, aspetos que favoreciam o
diagnóstico de sarcoidose com envolvimento pulmonar e das cadeias
ganglionares mediastino-hilares. Por agravamento do edema macular, iniciou
corticoterapia tópica e sistémica com 60 miligramas (mg) de prednisolona,
previamente à realização da TC, com melhoria clínica ocular e possibilidade
de desmame da mesma até 15mg. Após evidência de envolvimento pulmonar
efectuou, lavado broncoalveolar com linfocitose e relação CD4/CD8 de 6, e
biópsia brônquica que evidenciou a presença de granulomas não necrotizantes,
com a confirmação do diagnóstico de sarcoidose em estadio II. Iniciou
terapêutica imunossupressora com metotrexato com tolerância até à dose de
12,5mg e redução consequente da corticoterapia para 5mg, mantendo melhoria
clínica sustentada. Após um ano e meio de doença, em 2023, apresentou
agravamento imagiológico reticulonodular, sobretudo nos lobos superiores, com
leucopenia e linfopenia associadas, com necessidade de aumento da dose de
metotrexato e prednisolona. Por ausência de melhoria radiológica aos 4 meses
após ajuste de terapêutica, iniciou Infliximab, em Outubro de 2024,
apresentando atualmente melhoria imagiológica significativa.
O envolvimento ocular é uma manifestação importante e comum da sarcoidose,
podendo constituir a manifestação inicial ou mesmo a única manifestação
clínica. É por isso relevante protocolar uma avaliação sistemática da doença
ocular na presença de sarcoidose. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
36 |
Daniel |
Lopes
Francisco |
CANCRO |
ULS
Viseu Dão-Lafões |
DL
Francisco, B Dias, A Correia, T Belo, M Conceição, A Reis. |
Disfarçado de
Abcesso Pulmonar: um Caso de Cancro do Pulmão. |
Introdução:
As lesões pulmonares cavitadas podem resultar de múltiplas etiologias,
nomeadamente infeciosa, inflamatória ou neoplásica.
Caso Clínico: Homem de 71 anos, ex-trabalhador na construção civil e
ex-fumador (30 UMA), foi admitido no SU por quadro de astenia, perda ponderal
(15 Kg), hipersudorese noturna, tosse produtiva mucopurulenta e
ocasionalmente hemoptoica com evolução progressiva nos últimos 10 meses.
Apresentava raio-X tórax com lesão arredondada e bem delimitada ao nível do
campo pulmonar inferior direito com nível hidroaéreo.
Ao exame objetivo encontrava-se hemodinamicamente estável, eupneico em ar
ambiente, febril (38.1ºC), sem alterações na auscultação. Analiticamente com
anemia, leucocitose e neutrofilia, e proteína C reativa elevada. Realizou
TC-Tórax que demonstrou uma massa de 10cm no lobo superior direito com
cavitação e extensão ao lobo médio. Iniciou antibioterapia empírica com
ceftriaxone e clindamicina e foi admitido em internamento.
Broncofibroscopia evidenciou lesão vascularizada à entrada do lobo médio e
sinais infiltrativos de toda a mucosa do lobo médio, realizou biópsias que
demonstraram displasia escamosa moderada. O aspirado brônquico isolou
Acinetobacter baumanii e o lavado broncoalveolar mostrou aspetos citológicos
suspeitos de malignidade.
Por manter picos febris diários e tosse hemoptoica, escalou-se
antibioterapia para meropenem, conforme TSA, e iniciou ácido aminocaproico.
Realizou biópsia transtorácica da massa que foi compatível com carcinoma
epidermoide invasor (PD-L1 90%). A PET-CT confirmou volumosa lesão tumoral
maligna hipermetabólica direita (Q.SUVmax = 33.3), com envolvimento pleural,
mediastínico e metastização ganglionar mediastino-hilar ipsilateral. TC-CE
sem alterações. Apresentou resolução de tosse hemoptoica, mas manteve febre e
parâmetros inflamatórios elevados apesar de antibioterapia dirigida
prolongada, tendo alta com antipirético fixo. Foi referenciado para consulta
de Oncologia Pneumológica e iniciou tratamento com Cemiplimab, apresentado
resposta imagiológica, clínica e analítica favorável.
Conclusões: Lesões malignas endobrônquicas podem condicionar o
desenvolvimento de um abcesso pulmonar. Um elevado nível de suspeição, bem
como o uso precoce de técnicas invasivas pneumológicas são fundamentais para
um diagnóstico definitivo.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
37 |
Daniel |
Lopes
Francisco |
INTERSTÍCIO |
ULS
Viseu Dão-Lafões |
DL
Francisco, B Dias, A Correia, T Belo, C António, M Conceição, A Reis. |
Um desafio no
diagnóstico diferencial: Síndrome de Caplan e Tuberculose. |
Introdução:
A Síndrome de Caplan apresenta-se em doentes com Artrite Reumatoide (AR)
associada a pneumoconioses, nomeadamente a Silicose.
Caso Clínico: Homem de 75 anos, trabalhador da construção civil durante 56
anos sem uso de EPI e com AR controlada com leflunomida e prednisolona
5mg/dia. Referenciado por tosse seca noturna, pieira e dispneia para esforços
com 9 meses de evolução e TC-Tórax a revelar micronódulos dispersos
bilateralmente de predomínio nos lobos superiores. Provas funcionais respiratórias,
estudo analítico e auto-imune extenso sem alterações. Aspirado brônquico e
lavado broncoalveolar (LBA) apresentava celularidade 130/mm3 (Neutrofilos
20%, Macrofagos 62%, Linfocitos 15%) sem outros achados relevantes. Repetiu
TC-tórax com contraste demonstrando o mesmo padrão micronodular difuso de
predomínio nos lobos superiores, tendo sido realizado o diagnostico de
Silicose. Iniciou tratamento com Budesonido/Formoterol e aumento de
prednisolona para 20mg/dia, com melhoria sintomática e suspensão progressiva
do corticoide oral ao fim de 5 meses.
TC-Tórax de reavaliação após 3 e 7 meses demonstraram aumento de
nodularidade, sobretudo nos lobos inferiores, e cavitação de vários nódulos
previamente sólidos. Repetiu aspirado brônquico e LBA sem novas alterações
citológicas ou culturais. Realizaram-se biopsias a 2 nódulos que revelaram
áreas de tecido pulmonar substituído por fibrose densa, com elastose,
associado a processo inflamatório crónico granulomatoso e necrotizante, sem
sinais de malignidade e com pesquisa de BAAR negativa.
Reavaliado 12 meses após suspensão de prednisolnona apresentava nova
clinica de expectoração mucoide, astenia, sudorese noturna e perda ponderal
de 4Kg com 2 meses de evolução. Iniciou tratamento antibacilar e repetiu
pesquisa de BAAR em colheitas de expectoração que se mantiveram negativas,
assumindo-se o diagnóstico de Tuberculose Pulmonar possível, dado as
alterações imagiologicas, histologicas e clinicas. Iniciou esquema HRZE que
cumpriu com tolerância, apresentando melhoria clínica e imagiológica.
Encontra-se atualmente em 2ª fase do tatamento.
Conclusões: Este caso realça a dificuldade do diagnóstico diferencial de
patologias que podem apresentar sobreposição clínica, imagiológica e
histológica, nomeadamente em doentes imunodeprimidos com AR, Silicose ou
pneumoconiose.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
38 |
Diana |
Moreira
Sousa |
CANCRO |
ULS
Cova da Beira |
D
Moreira-Sousa, C Rodrigues, JM Bento, AS Lopes, M Baptista, MS Valente |
Amivantamab e
toxicidade cutânea exuberante, um desafio na oncologia personalizada |
Introdução:
O tratamento do cancro do pulmão tem evoluído com o surgimento de
terapêuticas alvo modificadoras de prognóstico. Estes agentes apresentam
frequentemente perfis de toxicidade distintos da quimioterapia convencional,
representando novos desafios.
Caso Clínico: Homem de 66 anos, autónomo e ex-fumador, com historial de
patologia cardiovascular, hipocoagulado com varfarina. Diagnosticado com
adenocarcinoma pulmonar estádio IVB em 2022, com expressão de PD-L1 de 40% e
identificação de mutação inserção do exão 20 do EGFR. Após progressão sob
primeira linha com dupleto de platino, iniciou amivantamab. Surgiram
precocemente alguns dos efeitos adversos frequentes - exantema acneiforme,
paroníquia e edema periférico - geridos com terapêutica médica. Aos três
meses confirmou-se a resposta parcial da doença oncológica, mas apresentou
agravamento das lesões acneiformes na face, couro cabeludo e tronco, e
surgiram lesões ulceradas perineais indolores de novo, motivando a
articulação com Dermatologia. Procedeu-se à biópsia das lesões ulceradas, com
exclusão de etiologia infeciosa, assumindo-se como reação adversa. Instituída
terapêutica antibiótica e corticosteroide tópicos, com melhoria transitória.
Após um ano de tratamento, apesar de redução de dose do amivantamab,
verificou-se um agravamento progressivo da toxicidade (grau 3), com extensão
das lesões ulceradas perineais, evolução da dermatite pustulosa a nível axial
e membros, edema exsudativo dos membros inferiores, e surgimento de úlceras linguais,
com necessidade de internamento. Com o apoio de Dermatologia,
intensificaram-se cuidados de penso e o tratamento tópico, e iniciou
antibioterapia sistémica. Realizou nova biópsia das lesões perineais, que foi
positiva para HSV-1, tendo iniciado valaciclovir. Ao longo do internamento,
apresentou melhoria progressiva global das lesões, com cicatrização das
úlceras perineais e linguais. Durante o tratamento, manteve resposta parcial
da doença oncológica.
Conclusão: Este caso evidencia os desafios no tratamento dos efeitos
adversos de terapêuticas alvo, salientando a importância do equilíbrio entre
a eficácia terapêutica e gestão de toxicidade. A simultaneidade da toxicidade
cutânea grave ao amivantamab e outros diagnósticos diferenciais, exigiram uma
abordagem multidisciplinar, garantindo uma gestão eficaz do caso. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
39 |
Diogo |
Mendonça |
CANCRO |
Unidade
Local de Saúde da Guarda |
D
Mendonça, G Samouco, A Nunes, G Lopes, B Bem, M Tavares, É Almeida, L
Ferreira |
Hiperplasia Difusa
Idiopática de Células Neuroendócrinas: Quando Dois Carcinoides Não Bastam |
A
hiperplasia difusa idiopática de células neuroendócrinas do pulmão (DIPNECH)
é uma entidade que afeta predominantemente mulheres não fumadoras, a partir
da meia-idade, caracterizada pela proliferação de células neuroendócrinas nas
paredes brônquicas, sendo considerada uma lesão pré-invasiva para tumores
carcinoides. Os doentes podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas
inespecíficos, como dispneia, tosse crónica ou pieira.
Mulher, 72 anos, não fumadora, referenciada à consulta de Pneumologia
Oncológica por nódulo pulmonar de 23 mm e dois esboços nodulares
peri-centimétricos no LIE identificados em TC-AP. Apresentava cansaço fácil e
tosse seca, sem outros sintomas. TC-tórax evidenciou múltiplos nódulos,
sobretudo nos LIs, maiores no LIE (23mm) e LM (18mm). PET-CT F18-FDG revelou
hipermetabolismo nas lesões nos LM e LIE, compatíveis com lesões neoplásicas
malignas, sugestivas de tumores carcinoides; identificou ainda nódulos
inespecíficos infracentimétricos, dispersos bilateralmente. BATT das duas
lesões confirmou neoplasias neuroendócrinas de baixo grau, tipo tumor
carcinoide (Ki-67 <5%, PD-L1 negativo) síncronas. RM-CE não evidenciou
metástases endocranianas; PFR e ecocardiograma dentro da normalidade.
Admitido o diagnóstico de DIPNECH e em reunião multidisciplinar foi proposta
PET-CT 68Ga-DOTA-TOC, que confirmou hipercaptação nos tumores do LM e LIE, e
identificou múltiplos nódulos menores, sem captação. A doente foi submetida a
cirurgia torácica em dois tempos: resseção em cunha do tumor do LIE, seguida
de lobectomia média e linfadenectomia mediastínica. A anatomia patológica
confirmou carcinoides típicos e no restante parênquima pulmonar da peça de
lobectomia evidenciou hiperplasia de células neuroendócrinas com características
imunofenotípicas presentes nas neoplasias, e bronquiolite constritiva,
achados compatíveis com DIPNECH. Doente mantem seguimento em consulta de
Pneumologia Oncológica.
Apesar de rara, a DIPNECH é frequentemente subdiagnosticada, podendo levar
a atraso diagnóstico superior a 10 anos, sendo mais frequentemente
identificada em peças pulmonares excisadas por tumores carcinoides. Os
nódulos evoluem lentamente em número e dimensão, podendo evoluir para tumores
neuroendócrinos malignos de baixo grau. Assim, é essencial vigilância clínica
e imagiológica prolongada.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
40 |
Emanuel
David |
Carção |
PLEURA |
ULS
TMAD Vila Real |
ED
Carção, S Raimundo, JP Correia, B Conde |
Endometriose
torácica: uma surpresa em idade atípica |
INTRODUÇÃO
A endometriose torácica é uma entidade rara que afeta mulheres
pré-menopausa e maioritariamente jovens. A doença pélvica está presente na
maioria (50 a 84%) dos casos. Não está claro se fatores de risco clássicos
para endometriose pélvica o são também para endometriose torácica. Este
diagnóstico deve ser equacionado em casos de hemotórax ou pneumotórax
catameniais, sobretudo em mulheres com manipulação uterina prévia; uma
percentagem significativa de casos aparece sem relação com a menstruação e é
diagnosticada em contexto de pneumotórax espontâneo recidivante.
CASO CLÍNICO
Apresenta-se o caso de uma mulher de 57 anos, não fumadora, com
antecedentes de 2 polipectomias histeroscópicas por hemorragia uterina
anómala. Recorre ao serviço de urgência em outubro de 2022 por toracalgia
pleurítica esquerda com uma semana de evolução. Não estava menstruada. Ao
exame objetivo, encontrava-se eupneica em ar ambiente e hemodinamicamente
estável. Na telerradiografia de tórax, apresentava pneumotórax de grande
volume à esquerda com atelectasia total do pulmão.
Procedeu-se à colocação de dreno torácico e internamento; durante o mesmo,
a doente apresentou fuga aérea prolongada, resolvida com aspirador de baixa
pressão, mantendo fina lâmina de pneumotórax à data de alta. A doente foi
referenciada à consulta de cirurgia torácica e manteve-se sob seguimento. Em
TC torácica, em junho de 2024, verifica-se presença de lâmina de pneumotórax
esquerdo e, em setembro de 2024, a doente realiza toracoscopia
vídeo-assistida (VATS) uniportal esquerda, com ressecção atípica de ápex e
língula, pleurodese mecânica e química com talco.
No estudo histológico da peça cirúrgica, além de extensa fibrose e
alterações reativas da pleura, fibrose e elastose do parênquima subpleural,
observou-se positividade imuno-histoquímica para marcadores consistentes com
o diagnóstico de endometriose pleural.
Dado a doente estar provavelmente em pós-menopausa não iniciou supressão
hormonal.
CONCLUSÃO
Pela baixa acuidade diagnóstica da radiografia de tórax e da TC no estudo
dos tecidos moles, a endometriose torácica continua a ser um desafio
diagnóstico, dependente de alta suspeição clínica, e que requer uma
articulação multidisciplinar na abordagem terapêutica e na diminuição do
risco de recidiva de novos eventos. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
41 |
Fátima
Manuela |
Ferreira
Barbosa |
CANCRO |
ULS
Coimbra |
F
Barbosa, N Lopes; F Henriques; J Pereira; M Afonso; C Pissarro; D Madama; A
Figueiredo; F Barata |
“Adeus”
Epidermoide, “Olá” SCLC: Um Caso Insólito de Dupla Neoplasia Pulmonar |
A
remissão espontânea, definida pela regressão parcial ou completa de uma
neoplasia sem tratamento eficaz, é um fenómeno raro. Na literatura, há apenas
alguns relatos de regressão espontânea em cancro de pulmão não pequenas
células. Ainda mais invulgar é o aparecimento subsequente de um segundo tumor
primário. Este relato descreve uma paciente que, após regressão espontânea de
carcinoma epidermoide-CPE, desenvolveu um carcinoma de pequenas células-CPPC,
ilustrando os desafios e impacto psicológico desta marcha diagnóstica.
Mulher de 58 anos, fumadora, com antecedentes de DPOC e artrite reumatoide
sob infliximab. Uma TC torácica revelou um nódulo pulmonar suspeito de 19 mm
no lobo médio. A PET/CT-FDG mostrou aumento da captação de FDG e adenopatias
homolaterais, assim como alterações dispersas no parênquima sugestivas de
alterações inflamatórias vs linfangite carcinomatosa. A biópsia transtorácica
identificou um CEP. O estadiamento ganglionar por EBUS não evidenciou
metástases ganglionares. De forma a esclarecer as dúvidas na PET/TC-FDG,
repetiu-se e documentou-se redução do tamanho e metabolismo da lesão,
compatíveis com regressão espontânea. Perante isto, manteve-se em vigilância
ativa.
Na TC torácica subsequente surgiu um novo nódulo no lobo superior direito,
hipermetabólico e de crescimento rápido na PET/TC FDG. Devido à sua
localização, realizou se EBUS radial, diagnosticando CPPC, confirmado em
revisão histológica como tumor distinto do inicial. Procedeu se a lobectomia
superior direita com linfadenectomia mediastínica, confirmando um CPPC,
estadio IIIA e margens R1. A paciente iniciou quimioterapia e radioterapia
adjuvantes.
Ao longo de mais de 15 meses, a doente foi sujeita a múltiplos
procedimentos invasivos e incertezas diagnósticas, desencadeado um quadro de
ansiedade intensa e elevado desgaste emocional.
Este caso de regressão espontânea de carcinoma epidermoide seguida de
carcinoma de pequenas células sublinha que, mesmo fenómenos extraordinários,
não dispensam vigilância rigorosa. A sequência diagnóstica e terapêutica
prolongada, aliada ao elevado desgaste emocional, reforça a necessidade de
equipas multidisciplinares que integrem suporte psicológico, garantindo uma
abordagem holística ao doente oncológico. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
42 |
Fátima
Manuela |
Ferreira
Barbosa |
INFEÇÃO |
ULS
Coimbra |
F.
Barbosa; A. Catarino; F. Gamboa |
Actinomicose
Pulmonar: Quando a Infeção Imita o Cancro |
A
actinomicose pulmonar é uma infeção crónica rara causada por bacilos
gram-positivos anaeróbios do género Actinomyces, comensais da orofaringe,
trato gastrointestinal e geniturinário. A infeção geralmente resulta da
aspiração de conteúdo orofaríngeo e apresenta-se com sintomas e achados
radiológicos inespecíficos, podendo simular tuberculose, abcessos pulmonares
ou neoplasia. O diagnóstico é frequentemente complexo e requer elevado grau
de suspeição clínica. Apresentamos um caso de actinomicose pulmonar cuja
suspeita diagnóstica inicial foi de neoplasia do pulmão.
Doente do sexo masculino, de 58 anos, com antecedentes de hipertensão
arterial e diabetes tipo 2, ex-fumador, recorreu ao serviço de urgência por
dor torácica esquerda de características pleuríticas, associada a tosse
produtiva crónica e cansaço para médios esforços. Não apresentava alterações
analíticas significativas, revelando a radiografia torácica uma opacidade no
lobo superior esquerdo. A angio-TC torácica excluiu tromboembolia pulmonar
mas identificou lesão subpleural com contornos irregulares, sugerindo
neoplasia pulmonar. Foi internado para estudo, tendo realizado
broncofibroscopia, cujos estudos microbiológicos, micobacteriológicos,
citológicos e histológicos, foram negativos, e a PET/TC- FDG que reforçou a
suspeita de neoplasia. Após a alta, manteve seguimento em ambulatório, tendo
realizado biópsia transtorácica e EBUS que revelaram processo inflamatório
crónico sem evidência de neoplasia. O diagnóstico foi finalmente confirmado
através de uma nova biópsia transtorácica, que revelou tecido necrótico com
abundantes bacilos compatíveis com Actinomyces spp no exame histológico,
confirmando o diagnóstico de actinomicose pulmonar. Iniciou antibioterapia
dirigida com amoxicilina, com evolução clínica e radiológica favorável ao
longo de 6 meses.
Este caso evidencia a dificuldade diagnóstica da actinomicose pulmonar, uma
entidade rara cuja apresentação pode mimetizar neoplasia pulmonar,
frequentemente conduzindo a investigação extensa e invasiva. O reconhecimento
precoce e a consideração desta infeção no diagnóstico diferencial de massas
pulmonares é essencial para evitar procedimentos desnecessários e iniciar
terapêutica adequada. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
43 |
Filipa |
Menezes
Freitas |
CANCRO |
Fundação
Champalimaud |
FM
Freitas, P Garrido, L Carreiro, N Gil |
Pneumatose
intestinal após quimioterapia com etoposido - uma condição rara |
A pneumatose intestinal é uma condição
rara, cuja patofisiologia permanece pouco conhecida. Algumas terapêuticas tem
sido associadas a esta patologia como metotrexato, paclitaxel, docetaxel,
etoposido endovenoso, inibidores do fator de crescimento endotelial vascular,
entre outros. As manifestações clínicas variam desde achados incidentais até
complicações potencialmente fatais, como isquemia intestinal.
Salienta-se o caso de uma
mulher de 67 anos, com antecedentes de enfarte agudo do miocárdio,
hipertensão arterial, fumadora (CT 80UMA), que em janeiro de 2023 recorreu a
uma consulta de pneumologia por queixas de tosse seca persistente com vários
meses de evolução. Realizou exames complementares de diagnóstico que
revelaram uma massa no LSE e cuja marcha diagnóstica revelou tratar-se de
Carcinoma Pulmonar de Pequenas Células estádio IVB (T4N3M1c).
Foi submetida a diferentes
linhas de tratamento sistémico, bem como a tratamentos de radioterapia.
Durante o retratamento com etoposido em 5ª linha de terapêutica realiza
reavaliação imagiológica programada, sem sintomas relacionados, que revelou
extensa infiltração enfisematosa mediastínica com extensão abdominal
intraperitoneal e retroperitoneal. Após exclusão de outras possíveis causas
para este achado e revisão da literatura,
assumiu-se o tratamento com etoposido como causa mais provável para os
achados.
Visto que a doente
encontrava-se estável e assintomática, optou-se por tratamento conservador
apenas com vigilância, suspensão do tratamento com etoposido e após 3 semanas,
em reavaliação imagiológica, verificou-se melhoria significativa com
resolução da grande maioria das alterações.
Com este caso pretende-se
alertar para o facto de doentes a fazer quimioterapia poderem desenvolver
pneumatose intestinal, apesar de se tratar de uma complicação rara descrita
na literatura. A apresentação clinica deve ser cuidadosamente avaliada para
se optar pela melhor abordagem terapêutica.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
44 |
Filipe |
Modesto |
INTERSTÍCIO |
Centro
Hospitalar de Setúbal |
F
Modesto, CS Moura, S Guimarães, A Carvalho, A Alexandre, D Coelho, N Melo, HN
Bastos, PC Mota, A Morais |
Pneumonite de
Hipersensibilidade com Apresentação Quística Pulmonar: relato de 2 casos |
A
pneumonite de hipersensibilidade (PH) é uma doença intersticial caracterizada
por resposta imunológica exagerada a antigénios inalados. O diagnóstico é
complexo, podendo mimetizar outras doenças pulmonares intersticiais ou das
pequenas vias aéreas. A apresentação imagiológica exclusivamente por doença
quística pulmonar é rara.
Caso 1: Homem, 67 anos, ex-fumador de 24 Unidades Maço Ano (UMA), com
exposição a minas de quartzo e aviária e antecedentes de tuberculose tratada.
Iniciou seguimento por dispneia de esforço (mMRC 1) e TC de Alta Resolução
(TCAR) com quistos pulmonares bilaterais. Provas funcionais respiratórias
apenas com diminuição moderada de difusão para o monóxido de carbono. Lavado
broncoalveolar (LBA) com linfocitose intensa e criobiópsia pulmonar
transbrônquica inconclusiva. A biópsia pulmonar cirúrgica (BPC) revelou
infiltrado linfocitário, granulomas não necrotizantes peribronquiolares e
lesões de silicoantracose. Assumiu-se o diagnóstico de pneumonite de
hipersensibilidade não fibrótica em reunião multidisciplinar. Após evicção
antigénica manteve vigilância, com estabilidade clínica, funcional e
imagiológica. Caso 2: Homem, 59 anos, ex-fumador de 15 UMA, com exposição a
cortiça e aviária, referenciado por dispneia mMRC 3-4, agravada no trabalho.
TCAR com quistos pulmonares heterogéneos e sinais de air-trapping. Provas
funcionais com síndrome ventilatório obstrutivo ligeiro. LBA com alveolite linfocítica. Biópsia
transtorácica inconclusiva. A biópsia pulmonar cirúrgica revelou enfisema,
inflamação linfocitária bronquiolocêntrica subpleural e septal, células
gigantes multinucleadas e bronquiolite constritiva. Assumiu-se o diagnóstico
de pneumonite de hipersensibilidade não fibrótica, em contexto de suberose e
exposição aviária. O doente cessou as exposições e iniciou terapêutica
inalatória com melhoria sintomática. Ambos os casos mantiveram vigilância com
estabilidade clínica, funcional e imagiológica durante 4 e 13 anos,
respetivamente, sem necessidade de iniciar terapêutica imunossupressora.
A sua apresentação atípica pode levar a atraso ou subdiagnóstico, com
impacto no tratamento e prognóstico. O caso ilustra a importância da abordagem
multidisciplinar destes casos, incluindo a PH no diagnóstico diferencial de
doenças pulmonares quísticas. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
45 |
Francisca |
Guimarães |
INTERSTÍCIO |
Hospital
Vila Franca de Xira |
F
Guimarães, A Alexandre, D Coelho, P Mota H Novais e Bastos, N Melo, A
Carvalho, O Sokhatska, M Beltrão, L Delgado, A Morais |
Pneumonite de
Hipersensibilidade secundária a mesalazina : a propósito de um caso clínico |
Introdução
A doença intersticial pulmonar (DIP) é uma complicação rara da terapêutica
para a doença inflamatória intestinal, incluindo aminosalicilatos (mesalazina
e sulfassalazina). A DIP secundária à mesalazina manifesta-se tipicamente por
pneumonia eosinofílica, pneumonia organizativa ou pneumonia intersticial não
específica.
Descrição do Caso Clínico
Caso clínico de um homem, 39 anos, não fumador, agricultor. Residente a
cerca de 50 metros de viveiro com dezenas de aves, incluindo pombas, rolas e
agapones, mas sem contacto direto com as mesmas. Diagnosticado com colite
ulcerosa, para a qual iniciou mesalazina. Cerca de um mês depois foi avaliado
no SU por dispneia. Analiticamente com eosinofilia (1030 células x 10⁹/L),
PCR 53,4 mg/L, PCR SARS-CoV-2 positivo e radiografia torácica com padrão
reticulonodular bilateral. Em consulta três meses depois referia dispneia
(mMRC 1), tosse e pieira. Funcionalmente com obstrução grave (FEV1 36%) e com
défice moderado da difusão (DLCO 42%). TC torácica a evidenciar exuberante
padrão nodular centrilobular em vidro despolido bilateral. LBA com alveolite
linfocítica (43%) e eosinofílica (32%) intensas. Por suspeita de pneumonite
de hipersensibilidade (PH) não fibrótica secundária a mesalazina ou a aves
suspendeu tratamento com mesalazina e iniciou corticoterapia sistémica. Após
dois meses de tratamento apresentava melhoria clínica, funcional e
imagiológica marcadas – assintomático, espirometria normal, DLCO 68%, TC torácica
com padrão micronodular menos exuberante . Analiticamente com redução da
eosinofilia para 80 células x 10⁹/L. Manteve-se assintomático ao longo do
desmame de corticoterapia e iniciou infliximab para controlo da colite
ulcerosa.
Conclusões
Este caso descreve uma apresentação pouco comum de toxicidade pulmonar por
mesalazina. Embora a hipótese de PH secundária ao contacto (ainda que
indireto) com aves não possa ser formalmente excluída, os autores acreditam
que a eosinofilia periférica e no LBA, aliados à óbvia relação temporal com a
introdução do fármaco, tornam esta a etiologia mais provável. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
46 |
Gonçalo |
Lopes |
INFEÇÃO |
ULS
Guarda |
G
Lopes, A Nunes, B Bem, D Mendonça, G Samouco, M Reis, L Ferreira |
Tuberculose
extra-pulmonar: uma série de casos |
Introdução
Em 2023, Portugal notificou 1584 casos de tuberculose (TB), dos quais 463
(29,2 %) corresponderam a formas extrapulmonares resultantes de disseminação
hematogénica e linfática dos bacilos. As formas mais comuns são ganglionar,
pleural e osteoarticular.
Descrição
Apresentamos cinco casos de TB extrapulmonar seguidos na Consulta
Respiratória na Comunidade (CRC) Guarda: pleural, ganglionar, peritoneal,
intestinal e tiroideia.
Caso1
Homem, 72 anos, com queixas de dispneia, raio-x tórax com derrame pleural
direito, e PCR e baciloscopias postivas para Mycobacterium Tuberculosis (MT).
Excluída TB pulmonar. Iniciou tratamento com HRZE, encontrando-se em fase de
manutenção.
Caso2
Homem, 78 anos, referenciado por astenia e adenopatias
supraclaviculares, a maior com
50x27x15 mm. A biópsia excisional revelou linfadenite granulomatosa
necrotizante. PCR negativa, baciloscopia negativas e culturas positivas.
Excluída tuberculose pulmonar. Iniciou terapêutica com HRZE.
Caso3
Mulher, 26 anos, Angolana, com dor abdominal, perda ponderal de 28 % e
ascite com 3 meses de evolução. TC TAP com massa anexial direita e implantes
peritoneais. A PCR do líquido ascítico foi positiva para MT, com resistência
à rifampicina e resultado indeterminado para isoniazida. Excluída TB
pulmonar. Iniciou tratamento de multirresistência com bedaquilino,
levofloxacina, linezolide, cicloserina e clofazamina em articulação com CRC-A
de Vila Nova de Gaia. Foi requisitada genotipagem e teste de suscetibilidade
para antibacilares de segunda linha.
Caso4
Homem, 42 anos, Timorense, com TB pulmonar cavitada em tratamento com HRZE.
Por queixas de dor abdominal difusa mantida, refratária ao tratamento médico,
realizou colonoscopia com biópsia de lesões ulceradas, com culturas positivas
para MT.
Caso5
Mulher, 66 anos, seguida em consulta de Endocrinologia por bócio
multinodular. Por massa cervical dolorosa de novo, realizou punção aspirativa
da tiróide que revelou material necrótico, com isolamento de MT. Excluída TB
pulmonar. Realizou tratamento com HRZE, com melhoria clínica e
imagiológica.
Conclusão
Estes casos realçam a importância de um elevado grau de suspeição clínica
para TB extrapulmonar, especialmente em populações de risco. O reconhecimento
precoce, a confirmação microbiológica e início de terapêutica atempados são fundamentais.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
47 |
Guilherme |
Santos
Luís |
INTERSTÍCIO |
ULS
da Região de Leiria |
GS
Luís, A Daniel |
Síndrome de
Erasmus: Sobreposição Rara entre Silicose e Esclerose Sistémica |
Introdução:
O síndrome de Erasmus é uma entidade rara que se caracteriza pela
associação entre esclerose sistémica e exposição prévia à sílica. Foi
descrito pela primeira vez em 1957, ao se observar maior incidência de
esclerose sistémica em mineiros expostos à sílica. Estima-se que esta
associação esteja presente em apenas 0.9% dos doentes com esclerose
sistémica.
Caso Clínico:
Homem de 73 anos, reformado da construção civil e ex-fumador (13 UMA), foi
referenciado à consulta de Reumatologia por suspeita de sarcoidose.
Apresentava fenómeno de Raynaud bifásico desde os 40 anos, dispneia para
médios esforços e tosse seca ocasional. Ao exame objetivo, notava-se
espessamento cutâneo digital (Rodnan = 4) e telangiectasias faciais e
fervores crepitantes bibasais discretos à auscultação.
Analiticamente, apresentava ANA positivos com doseamento de anti-Scl-70 em
alto título (388 UQ; N <20 UQ) e SACE ligeiramente aumentado (104,1 U/L; N
<70 U/L). Hemograma, parâmetros inflamatórios e eletroforese de proteínas
séricas sem alterações.
A TC tórax de alta resolução revelava adenopatias mediastínicas e
micronódulos com distribuição predominantemente nos lobos superiores.
O lavado broncoalveolar (LBA) mostrou aumento de linfócitos T com CD4+/CD8+
<3.5; a biópsia brônquica (BB) não revelou granulomas, excluindo
sarcoidose.
A capilaroscopia evidenciou padrão esclerodérmico precoce.
Estabeleceu-se o diagnóstico de esclerose sistémica com base na presença de
fenómeno de Raynaud, espessamento digital, telangiectasias faciais, ANA
positivos com anti-Scl-70 em alto título e padrão esclerodérmico precoce em
capilaroscopia.
O caso foi discutido em reunião multidisciplinar – o envolvimento pulmonar
foi atribuído à silicose, sustentado pelo padrão radiológico e pela história
profissional, não sendo compatível com o envolvimento pulmonar típico da
esclerose sistémica.
Iniciou terapêutica com hidroxicloroquina 400mg id, metotrexato 12,5mg/semana,
ácido fólico 10mg/semana e prednisolona 5mg id, mantendo estabilidade clínica
atual.
Conclusão:
Embora ambas as patologias compartilhem a inalação de sílica como fator de
risco, a coexistência de esclerose sistémica com silicose é uma associação
rara.
Este caso clínico destaca a importância da abordagem multidisciplinar para
a correta orientação diagnóstica e terapêutica destes doentes. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
48 |
Helena
Isabel |
Carvalho |
DPOC |
Unidade
Local de Saúde de Santo António |
HI
Carvalho, F Correia, M Sucena, I Rodrigues, J Gomes |
Défice de alfa-1
antitripsia e vasculite c-ANCA: a propósito de um caso clínico |
Introdução:
O défice de alfa-1 antitripsina (A1AT) é uma condição genética rara que afeta
predominantemente os pulmões e o fígado. Embora menos frequente, alguns
estudos
referem uma possível associação entre o défice de A1AT e vasculite
associada a anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (c-ANCA), sobretudo
anti-proteinase 3 (PR3), particularmente na presença do alelo Z. Por outro
lado, c-ANCA, sobretudo em padrão atípico, têm sido descritos noutras doenças
respiratórias, como a fibrose quística, embora o seu significado patológico
permaneça por esclarecer.
Caso clínico: Mulher de 70 anos, com A1AT fenótipo ZZ, DPOC,
bronquiectasias extensas com colonização crónica por Pseudomonas aeruginosa e
história prévia de tuberculose pulmonar. Em junho de 2024 recorreu ao serviço
de urgência por agravamento da dispneia habitual, aumento da produção de
expetoração e febre. Foi internada por exacerbação infeciosa da patologia
respiratória de base, tendo iniciado cefazolina/tazobactam com posterior
switch para imipenem. Durante o internamento foram observadas máculas
purpúricas nos membros inferiores, com vários anos de evolução e agravamento
recente. A avaliação dermatológica foi sugestiva de vasculite cutânea,
possivelmente associada ao défice de A1AT, exacerbada por infeção ou
antibioterapia. O estudo imunológico revelou
ANCA positivo (1/160) com padrão c-ANCA atípico, e PR3 e MPO negativos. As
crioglobulinas eram negativas. Não havia parâmetros inflamatórios elevados,
nem sinais de disfunção orgânica além da respiratória, nem manifestações
sistémicas sugestivas de vasculite, como na granulomatose com
poliangeíte.
Conclusão: Trata-se de um caso raro de vasculite cutânea em doente com A1AT
fenótipo ZZ, bronquiectasias e c-ANCA atípico positivo. A etiologia das
bronquiectasias foi atribuída ao défice de A1AT, embora com extensão
invulgar. A presença de c-ANCA atípico,
abitualmente associada à fibrose
quística, poderá sugerir um possível papel autoimune na formação de
bronquiectasias em doentes sem esta patologia. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
49 |
Inês |
Torres |
PLEURA |
ULS
São José |
I
Torres, J Freitas, A Pina, R Barreira, C Jardim, I Duarte, B Mendes, N
Murinello, A Magalhães |
Fibrinólise
através de cateter de longa duração em derrame neoplásico infetado: A propósito de um caso clínico |
Os
cateteres de longa duração (CLD) são utilizados na gestão de derrames
pleurais neoplásicos. Com a sua utilização mais frequente, e maior sobrevida
dos doentes oncológicos, surgem também relatos das complicações tardias desta
técnica. Entre estas destaca-se o empiema.
A fibrinólise intrapleural é utilizada na presença de infeção pleural
mulitloculada. A sua utilização em derrames neoplásicos através de CLD
encontra-se pouco descrita.
Apresenta-se o caso de um homem, 50 anos, autónomo com antecedentes de
adenocarcinoma do pulmão (PDL-1 1-5%), estadio IV por metastização pleural,
pericárdica, óssea. Iniciou quimioterapia, contudo com progressão de doença,
estando atualmente sob entrecitinib.
Por derrame pleural maligno desde o diagnóstico, foi colocado CLD, com boa
tolerância e gestão. Após 10 meses, iniciou quadro de dor torácica direita
com 3 dias de evolução, com agravamento do cansaço e febre. Sem insuficiência
respiratória. Analiticamente apresentava elevação dos parâmetros
inflamatórios e imagiologicamente aumento do derrame pleural direito com
hipercaptação pleural compatível com processo infecioso. O exame cultural do
líquido pleural isolou Staphylococcus aureus meticilina sensível. Iniciou
antibioterapia que manteve durante 21 dias. Os débitos de drenagem do CLD
verificaram-se residuais e não apresentou melhoria do derrame após 1 semana
de antibioterapia. Repetiu TC torácica com contraste que demonstrou derrame
multiloculado. Optou-se pela realização de fibrinólise intrapleural com
uroquinase e dornase alfa através do CLD. Não se verificaram complicações e
houve resolução total do derrame permitindo remoção do CLD e alta.
Os CLD são efetivamente uma opção na gestão sintomática dos doentes com
derrame pleural noeplásico, contudo associam-se a um aumento do risco
infecioso, nomeadamente a Staphilococos aureus. Não existe evidência de
superioridade da cirurgia relativamente à fibrinólise nestes derrames. A
maioria destes doentes têm um elevado risco cirúrgico pelo que este tipo de
procedimento se torna uma opção e oferece melhoria na qualidade de vida.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
50 |
Inês |
Torres |
INFEÇÃO |
ULS
São José |
I
Torres, J Freitas, A Pina, R Barreira, C Jardim, B Mendes, N Murinello, A
Magalhães |
Importância do
diagnóstico diferencial nas bronquiectasias: a propósito de um caso clínico |
As bronquiectasias resultam de inflamação crónica da via aérea, levando à
dilatação irreversível e acumulação de muco, com repercussões na qualidade de
vida. A identificação da etiologia é essencial para orientar o tratamento e
evitar progressão. A aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) é uma causa
rara de bronquiectasias, habitualmente associada a asma ou fibrose
quística.
Apresentamos o caso de um homem de 41 anos, natural da Índia, sem
antecedentes relevantes, que recorre ao serviço de urgência por dor
abdominal, obstipação, vómitos, tosse produtiva e perda ponderal. Sem
insuficiência respiratória. Analiticamente apresentava leucocitose,
eosinofilia (2000/μL) e PCR elevada. Serologias virais e pesquisa de
parasitas nas fezes foram negativas. TAC toracoabdominopélvica revelou
bronquiectasias preenchidas nos lobos superiores, adenopatias hilares
mediastínicas e nodularidade de 5 cm no lobo inferior direito, com aspeto
infecioso. IgE total significativamente elevada (15 000 KUI/L) e IgE
específica para Aspergillus fumigatus positiva. Broncofibroscopia mostrou
rolhões mucosos amarelados e o lavado broncoalveolar isolou uma Klebsiella
pneumoniae. TAAN, culturas micobacteriológicas e micológicas foram
negativas.
Com base nos critérios clínicos, imagiológicos e laboratoriais, foi feito o
diagnóstico de ABPA, contudo com sobreinfeção bacteriana de bronquiectasias.
Iniciou-se assim antibioterapia dirigida e corticoterapia com melhoria
clínica.
Este caso representa uma apresentação não típica de ABPA, numa pessoa sem
asma conhecida ou fibrose quística.
A ABPA deve ser considerada no diagnóstico diferencial de bronquiectasias,
mesmo em doentes não clássicos, pois o seu reconhecimento precoce permite abordagem
terapêutica dirigida e melhor prognóstico.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
51 |
Inês |
Mendes
Júlio |
INTERSTÍCIO |
Unidade
Local de Santa Maria |
IM
Júlio, A Almendra, C Bárbara |
Pneumonia
Organizativa como Manifestação Pulmonar Atípica na Arterite de Células
Gigantes: Um Caso Clínico |
Introdução:
A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite de grandes vasos,
classicamente associada a sintomas sistémicos, mas as manifestações
pulmonares são raras. A pneumonia organizativa (PO) é uma condição
inflamatória do parênquima pulmonar, que pode surgir em associação com
doenças autoimunes, incluindo vasculites.
Caso Clínico: Mulher de 82 anos, autónoma, sem antecedentes pessoais
relevantes. Em janeiro de 2024, iniciou quadro constitucional marcado por
sudorese noturna, febre, perda ponderal, cefaleia, claudicação mandibular,
toracalgia pleurítica, cansaço para médios esforços e tosse seca. Após estudo
analítico alargado, com elevação de parâmetros inflamatórios e exclusão de
causas infecciosas, realizou a 01/04/2024 ecodoppler temporal que evidenciou
halos vasculares bilaterais em fase subaguda. O diagnóstico de ACG foi
assumido com base em critérios clínicos, tendo-se prescindido de biópsia.
Após o diagnóstico e por persistência de sintomas respiratórios, realizou TC torácica,
que revelou densificação do retículo pulmonar periférico, com consolidações
confluentes e áreas de morfologia nodular, sugestivas de PO. O lavado
broncoalveolar foi negativo para etiologia infecciosa ou neoplásica. Iniciou
de imediato terapêutica com Prednisolona 1mg/Kg/dia com posterior resolução
total do quadro clínico e parcial das alterações imagiológicas - nova TC em
agosto mostrou predomínio de alterações fibróticas intersticiais subpleurais
bilaterais, associando-se um espessamento e densificação difusa do
interstício. Por nova recidiva da doença, com envolvimento ocular (neuropatia
ótica isquémica anterior), iniciou posteriormente tocilizumab a
26/08/2024, como terapêutica poupadora
de corticoides. Atualmente mantém-se em remissão, após desmame total de
corticoterapia, mantendo a ausência de queixas do foro respiratório e
estabilidade das alterações imagiológicas.
Conclusões: Este caso destaca uma forma rara de apresentação da arterite de
células gigantes, com pneumonia organizativa associada, salientando a
importância de considerar manifestações pulmonares atípicas em vasculites
sistémicas. A resposta favorável à corticoterapia e o papel do tocilizumab na
prevenção de recidivas reforçam a necessidade de uma abordagem
multidisciplinar e individualizada, com vigilância clínica e imagiológica
rigorosa. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
52 |
Inês |
Spencer |
INTERVENÇÃO |
Unidade
Local de Saúde Santa Maria |
I
Spencer, D Godinho, T Abreu, L Mota, J Semedo |
Tuberculose
endobrônquica - revisão de 4 casos clínicos |
Introdução:
A tuberculose endobrônquica (TEB) é uma manifestação da infeção por
Mycobacterium tuberculosis, com envolvimento direto da árvore
traqueobrônquica. Representa 6–54% dos casos de tuberculose pulmonar, embora
possa ser subdiagnosticada sem tomografia de alta resolução e broncoscopia. É
mais comum em mulheres adultas. Pode resultar de extensão de lesões
pulmonares, disseminação hematogénea, linfática ou inoculação direta. O
quadro clínico é inespecífico, com tosse produtiva, pieira e hemoptises,
podendo simular infeções comuns, doenças obstrutivas crónicas ou neoplasias.
A broncoscopia tem maior sensibilidade diagnóstica, permitindo visualização
direta e colheita para exames microbiológicos e histológicos. As formas
endoscópicas incluem variantes edematosa-hiperemiada, caseosa,
granular/nodular, tumoral, ulcerativa e fibroestenótica. O tratamento
baseia-se na terapêutica antibacilar, sendo o uso precoce de corticosteroides
controverso na prevenção de fibrose e estenose brônquica. As principais
complicações incluem pneumonia obstrutiva e estenose brônquica, podendo
surgir poucos meses após o início da infeção.
Casos clínicos: Apresentam-se quatro casos de TEB, três em mulheres (75%),
com idade mediana de 34 anos. Todos os doentes eram imunocompetentes e sem
antecedentes relevantes; dois eram fumadores. Os sintomas mais comuns foram
tosse e expectoração mucopurulenta; um doente apresentava apenas astenia e
toracalgia. As videobroncofibroscopias revelaram necrose caseosa em três
casos e necrose caseosa granular no outro. Os lavados broncoalveolares foram
positivos para bacilos álcool-ácido resistentes, com PCR e culturas positivas
para Mycobacterium tuberculosis complex sensível a fármacos de primeira
linha, sem mutações nos genes rpoB, katG e inhA. As biópsias brônquicas,
realizadas em dois doentes, mostraram granulomas sugestivos. Uma doente
desenvolveu estenose brônquica grave com redução do volume pulmonar esquerdo,
sendo indicada colocação de prótese endobrônquica.
Conclusão: Estes casos representam a diversidade clínica da TEB e reforçam
a importância da suspeita e diagnóstico precoce por broncoscopia, fundamental
para iniciar tratamento precoce e prevenir sequelas irreversíveis.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
53 |
João |
Couto |
OUTRAS |
Unidade
Local de Saúde de Coimbra - S. de Pneumologia |
J
Couto; A Dias; D Canhoto; Y Martins |
Jogo da imitação:
Amiloidose nodular pulmonar com hipercaptação em PET-CT |
A
amiloidose nodular pulmonar associada a hipercaptação em tomografia de
emissão de positrões (PET-CT) é bastante rara, mimetizando frequentemente
doença neoplásica. A investigação destes diagnósticos diferenciais passa
invariavelmente pela biópsia das lesões nodulares. Apresentamos 3 casos
ilustrativos desta apresentação atípica e ilusória:
Caso 1: Sexo feminino, 87 anos, antecedentes de MGUS, com nódulos
localizados ao lobo inferior direito (28x13mm) e justa-hilar esquerdo
(49x42mm) com sinais de calcificação, em tomografia torácica (TC-Tórax).
Hipercaptação em PET-CT (SUVmax: 5,6 e 8,4). Após biópsia transtorácia (BTT)
do nódulo justa-hilar esquerdo, avaliação histopatológica com birrefringência
verde após coloração Vermelho do Congo, firmando diagnóstico de nódulo
amiloide (AL). Optou-se por vigilância atendendo à fragilidade clínica.
Caso 2: Sexo masculino, 79 anos, sem
antecedentes de relevo. Seguido por nódulo do lobo superior esquerdo (32x25mm)
irregular, heterogéneo e hipercaptante em PET-CT (SUVmax 6,5), sem outras
lesões suspeitas. Realizou ressecção pulmonar atípica por cirurgia
toracoscópica vídeo-assistida. Histopatologia confirmou nódulo pulmonar
amilóide com coloração Vermelho do Congo positiva. Estudo complementares
(autoimune, eletroforese/imunofixação, ressonância magnética (RM) cardíaca)
sem alterações. Aguarda imunomarcação da proteína amiloide.
Caso 3: Sexo feminino, 80 anos, antecedentes de asma alérgica. Seguimento por
nódulo no lobo superior esquerdo com aumento dimensional de 53% (19mm para
29mm de maior eixo em 12 meses) em TC-Tórax comparativa. PET-CT com
hipercaptação (SUVmax: 5,1), sem outras lesões. Após BTT, avaliação
histopatológica com coloração vermelho de Congo positivo com firmando o
diagnóstico de nódulo amiloide. Sem alterações na serologia infeciosa,
eletroforese/imunofixação, encontrando-se a aguardar autoimunidade e
RM-cardíaca.
Os nódulos amiloides pulmonares são um diagnóstico diferencial raro de
patologia nodular, sobretudo quando hipercaptantes em PET-CT. Devido ao seu
mimetismo com malignidade, a biópsia é indispensável para diagnóstico
definitivo e essencial para definir o plano terapêutico e prognóstico. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
54 |
João |
Marques
Macedo |
OUTRAS |
ULS
Entre Douro e Vouga |
JM
Macedo, ML Silva, AL Trigueira, C Cruz, FT Lopes, J Ferreira |
Dispneia no Adulto
por Anomalia Congénita: Um Diagnóstico Inesperado |
Introdução:
As anomalias pulmonares do desenvolvimento são raras e geralmente
diagnosticadas na infância.
A hipoplasia pulmonar unilateral, uma forma de anomalia pulmonar do
desenvolvimento, é caracterizada por desenvolvimento incompleto do tecido
pulmonar, ocorre em 1 a 2 em cada 10 000 nascimentos, sendo geralmente
diagnosticada na infância, com elevada mortalidade perinatal nos casos mais
graves, pelo que diagnósticos na vida adulta são incomuns.
Caso Clínico:
Sexo feminino, 19 anos, não fumadora, enviada à consulta de Pneumologia por
alterações em TC Tórax, que realizou por dispneia para médios esforços e
toracalgia indefinida à direita. A TC mostrou ausência do ramo direito da
artéria pulmonar, rarefação da vasculatura em todo o pulmão direito,
hipoplasia do pulmão direito, comparativamente ao contralateral, desvio
direito do mediastino e pneumatocelos infra-centimétricos à direita, sem
imagens prévias.
Quando revistos os antecedentes pessoais e familiares, para além de
diagnóstico associado de síndrome depressivo, identificamos descolamento
prematuro da placenta e pneumonia adquirida na comunidade durante a gravidez
e, na infância, seguimento prévio na consulta de cirurgia plástica por
dismorfia dentofacial classe 3 com hipoplasia maxilar e prognatismo, tendo
sido submetida a cirurgia neste contexto, e infeções respiratórias de
repetição. Foi negado qualquer outra complicação ou diagnóstico prévio na
gravidez ou na infância. Nega doenças de caráter heredofamiliar.
Já em ambiente hospitalar, realizou ecocardiograma transtorácico e
pletismografia, sem qualquer alteração de relevo.
Conclusões:
Trouxemos este caso, para sublinhar uma rara forma de dispneia no adulto.
De acordo com a classificação proposta por Boyden, esta doente possui uma
agenesia pulmonar tipo 3, e, após revisão da literatura, propusemos para
vacinação, iniciamos broncodilatadores e referenciamos para reabilitação
respiratória, dado que o clearance deficiente e ângulos anómalos da via aérea
podem levar a acumulação de secreções displásticas e conduzir a infeções de
repetição e degeneração cística. Mais ainda, propusemos um limiar mais baixo
para início de antibioterapia.
A discussão deste caso torna-se relevante, não só pela importância no seu
reconhecimento, como também pela ausência de guidelines no adulto. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
55 |
João
Miguel |
Santos
Freitas |
PLEURA |
Hospital
Santa Marta |
J
Freitas, A Monteiro, N Murinello, M Emiliano, A Miguel |
Sarcoma de Kaposi
e quilotórax: os desafios de uma associação improvável |
INTRODUÇÃO
O envolvimento extracutâneo no Sarcoma de Kaposi tornou-se raro após a
introdução da terapêutica antirretroviral para o HIV. Quando presente, o
atingimento pulmonar pode manifestar-se como derrame pleural, sendo o
quilotórax uma forma muito rara.
CASO CLÍNICO
Homem de 60 anos, autónomo, ex-auxiliar de ação médica, ex-fumador, com
antecedentes de DPOC GOLD E, aspergiloma cavitado no lobo inferior direito,
adenocarcinoma pulmonar (estadio IA) submetido a lobectomia superior direita
em 2011, infeção VIH-1 diagnosticada em 2009 sob TARV com bom controlo
imunológico e virológico e sarcoma de Kaposi desde 2011.
Após alguns meses de dor no pé esquerdo, acompanhada de edema e lesões
cutâneas suspeitas de Kaposi, efetuou-se biópsia óssea e de tecidos moles que
confirmaram esse diagnóstico. Em março de 2024, fez uma PET-CT que revelou
uma lesão de novo no lobo superior direito suspeita de malignidade; derrame
pleural bilateral estável e sem captação; e lesões nos dedos do pé esquerdo
sugestivas de malignidade. Iniciou quimioterapia com doxorrubicina até agosto
de 2024, com boa resposta clínica.
Um mês após o término da QT apurou-se agravamento respiratório franco.
Encontrava-se hipoxémico e com murmúrio vesicular globalmente diminuído na
auscultação. Realizou RX e TC torácica que revelaram derrame pleural
bilateral, mais acentuado e com agravamento à esquerda. Prosseguiu-se com a
realização de uma toracocentese, drenando-se 1000cc de líquido turvo, com
características de quilotórax e exames citológico e microbiológico negativos.
Cumpriu 10 dias de dieta pobre em gorduras e octreotido, sem apresentar
agravamento do derrame nas radiografias de controlo. Fez nova PET-CT que
evidenciou estabilidade das alterações pulmonares previamente descritas e
melhoria das lesões ósseas, mas com derrame pleural esquerdo persistente e de
moderado volume.
CONCLUSÃO
Apenas 50% dos doentes com envolvimento pulmonar por Sarcoma de Kaposi
desenvolvem derrame pleural, sendo o quilotórax extremamente raro. Neste
caso, a raridade e o facto de ter surgido após boa resposta à quimioterapia
tornaram o diagnóstico desafiante, levantando dúvidas quanto à sua verdadeira
etiologia. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
56 |
Joana |
Santos
Guerreiro |
OUTRAS |
Unidade
Local de Saúde Lisboa Ocidental - Hospital Egas Moniz |
JS
Guerreiro, A Soveral, JM Correia |
Sonhos em Fumaça:
Como o Tabagismo Prejudica a Qualidade do sono |
Introdução
e Objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre o
tabagismo e a qualidade do sono, com especial atenção à apneia obstrutiva do
sono (AOS) e os benefícios da cessação tabágica.
Metodologia: Através de pesquisa na base de dados SciELO, foram
selecionados artigos dos últimos dez anos com as palavras-chave "smoking
sleep quality," "sleep apnea tobacco," "nicotine sleep
effects" e "smoking cessation sleep." Aplicaram-se critérios
de exclusão para remover estudos que não abordassem diretamente a relação
entre tabagismo e sono, resultando em 12 artigos selecionados entre 34
inicialmente identificados.
Resultados: Oito estudos sugerem que o tabagismo afeta negativamente a
qualidade do sono, enquanto quatro não observaram associação estatisticamente
significativa. Os fumadores demonstraram maior latência para adormecer,
despertares frequentes e menor eficiência do sono. A nicotina, devido ao seu
efeito estimulante sobre o sistema nervoso central, inibe a progressão do
sono para as fases mais profundas (NREM) e para o sono REM. A inflamação e o
edema nas vias aéreas superiores, associados ao tabagismo crónico, contribuem
para uma maior resistência respiratória, agravando a instabilidade durante o
sono e elevando o risco de AOS.
Conclusão: Os achados reforçam a evidência de que o tabagismo afeta
adversamente a qualidade do sono, exacerbando a AOS e outros distúrbios
respiratórios. As limitações dos estudos incluem variabilidade metodológica e
falta de controle rigoroso de potenciais fatores de confusão. Contudo, as
implicações clínicas são claras: integrar a cessação tabágica nos protocolos
de tratamento dos distúrbios do sono pode oferecer benefícios substanciais
para a saúde dos pacientes. É essencial que pesquisas futuras se concentrem
em avaliar os efeitos de longo prazo da cessação tabágica e desenvolvam
intervenções mais eficazes para fumadores com distúrbios do sono. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
57 |
Lara |
Mendes |
OUTRAS |
ULS
Santa Maria |
L
Mendes; C Durão; P Santos; J Nascimento; P Pinto |
Do pneumotórax
espontâneo à resseção em cunha |
Introdução:
A Linfagioleiomiomatose é uma doença rara, caracterizada pela proliferação
anómala de células musculares lisas nos pulmões. A presença de quistos
pulmonares bilaterais nos lobos inferiores são achados que aumentam a
suspensão clínica. Ainda assim, o seu diagnóstico é desafiante sendo que este
apenas é definitivo se confirmado histologicamente. O Pneumotórax espontâneo
pode ser manifestação inaugural de doença, principalmente em mulheres
jovens.
Descrição: Mulher, 40 anos, autónoma, ex-fumadora de 15 UMA. Recorre ao
serviço de urgência por dispneia e cansaço com 1 semana de evolução. À
admissão encontrava-se eupneica, com murmúrio vesicular abolido no hemitórax
direito. Analiticamente e gasometricamente sem alterações de relevo. Radiografia
de tórax a demonstrar pneumotórax volumoso à direita. Colocada drenagem
torácica, que decorreu sem intercorrências, verificando-se expansão parcial
do pulmão direito. Realiza Tomografia Computorizada (TC) de tórax
identificando-se atelectasia passiva dependente dos segmentos basais do lobo
inferior direito, quistos pulmonares redondos justa centimétricos de parede
fina dispersos pelo parênquima pulmonar bilateral, de forma difusa e
pneumotórax direito de grande volume. Apesar de drenagem pleural funcionante,
persistência de pneumotórax volumoso, sem expansibilidade pulmonar, em doente
não tolerante a drenagem ativa. Após discussão multidisciplinar, proposta
para ressecção em cunha do lobo superior direito e lobo médio que realizou
sem intercorrências. Evolução clínica favorável após intervenção cirúrgica
com referenciação a consulta de pneumologia para seguimento. O estudo
anatomopatológico da peça cirúrgica confirmou o diagnóstico de
Linfagioleiomiomatose. Realizada TC abdominal e pélvica com exclusão de
afeção de outros órgãos.
Conclusão: O pneumotórax espontâneo, na maioria das vezes, resolve com
medidas conservadoras ou colocação de dreno pleural, no entanto, em algumas
situações, como a observada neste caso clínico, a abordagem cirúrgica pode
ser a única solução. Assim, a abordagem cirúrgica, neste caso, não se revelou
apenas fundamental para a resolução do pneumotórax como também para o
diagnóstico etiológico da patologia subjacente permitindo uma abordagem
dirigida de forma precoce, evitando potenciais complicações e progressão da
doença. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
58 |
Laura |
Lopes |
INFEÇÃO |
ULS
Coimbra |
L
Lopes, G Morais, L Graça, R Lopes, S Lareiro, R Pancas |
A pneumectomia no
tratamento de hemoptise maciça - um
caso clínico |
INTRODUÇÃO:
O aspergiloma é uma das apresentações de doença pulmonar causada por
Aspergillus e surge habitualmente em doentes imunocompetentes com história de
doença pulmonar cavitária. A hemoptise é uma complicação grave e indicação
comum para cirurgia.
CASO CLÍNICO: Homem, 65 anos, com história pessoal de tuberculose pulmonar
extensa tratada há 4 anos, recorreu ao serviço de urgência por 2 episódios de
hemoptises de moderado volume. À admissão estava hemodinamicamente estável,
eupneico e com roncos no terço inferior do hemitórax esquerdo à auscultação
pulmonar. Analiticamente apresentava anemia normocítica normocrómica e
aumento de parâmetros inflamatórios. A angio-TC torácica evidenciou extensas
alterações estruturais no pulmão esquerdo, com presença de áreas cavitadas
contendo componente nodular, sendo a maior de 6 cm. Durante a permanência no
SU apresentou agravamento do estado geral tendo sido admitido na sala de
emergência em paragem cardiorespiratória, revertida em dois minutos.
Observou-se abundante presença de sangue na cavidade oral, o que motivou a
entubação orotraqueal para proteção da via aérea. A broncoscopia flexível não
identificou focos de hemorragia ativa, mas a cultura do aspirado brônquico
foi positiva para Aspergillus fumigatus. Durante o internamento na unidade de
cuidados intensivos iniciou voriconazol em dose ajustada ao peso e ácido
aminocapróico 2.5mg 8/8h endovenoso. Evoluiu com melhoria clínica, permitindo
a suspensão do antifibrinolítico, extubação ao terceiro dia de internamento e
posterior transferência para a enfermaria de Pneumologia. Ao D5, novo
episódio de hemoptises maciças com hipotensão e dessaturação. Diante deste
quadro, foi proposto para pneumectomia esquerda que contou com apoio da
Pneumologia na entubação seletiva que permitiu a identificação endoscópica da
hemorragia no lobo inferior esquerdo e o seu controlo. O procedimento e o
período pós-operatório decorreram sem intercorrências.
CONCLUSÃO: Este caso destaca aquela que é a complicação mais devastadora do
aspergiloma - a hemoptise maciça - e a dificuldade no seu controlo, realçando
a extrema relevância de uma abordagem multidisciplinar célere para mitigar a
morbimortalidade associada. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
59 |
Leonor |
Roseta |
MICOBACTERIAS |
Unidade
Local de Saúde de Gaia/Espinho |
L
Roseta, P Viegas, A Carvalho, I Ladeira, I Franco |
Tuberculose
primária da tiroide: um diagnóstico inesperado num bócio multinodular |
Introdução:
A tuberculose primária da tiroide é uma entidade rara, sobretudo em regiões
não endémicas. O seu diagnóstico é desafiante e negligenciado, dada a
semelhança clínica e imagiológica com neoplasias, tiroidites e bócios, com ou
sem disfunção tiroideia.
Caso clínico: Mulher de 76 anos, não fumadora, com antecedentes de
adenocarcinoma gástrico (pT1bN0) submetida a gastrectomia parcial. Foi
avaliada no serviço de urgência devido a hemoptises ligeiras, com dois dias
de evolução. A avaliação analítica e radiográfica não evidenciou alterações.
Na reavaliação em consulta aberta, encontrava-se assintomática, sem novos
episódios. Negava sintomas constitucionais, respiratórios, cervicais ou de
disfunção tiroideia, bem como história de viagens ou contacto com
tuberculose. A tomografia computorizada torácica identificou um bócio
tiroideu multinodular a condicionar compressão e desvio da traqueia. Ao exame
objetivo, apresentava bócio mole e indolor e, analiticamente, função
tiroideia e velocidade de sedimentação normais. O estudo ecográfico
evidenciou, na hemitiroide direita, um conglomerado nodular de 5cm com
macrocalcificações (TI-RADS3), e um outro de 2cm, predominantemente sólido,
sem outras alterações (TI-RADS4). Não se observaram adenopatias suspeitas.
Seguiu-se a realização de citologia aspirativa por agulha fina, sugestiva de
tumor folicular, que motivou hemitiroidectomia direita com istmectomia.
Surpreendentemente, a histologia da peça cirúrgica evidenciou granulomas
com células gigantes multinucleadas e necrose focal. A PCR confirmou
positividade para Mycobacterium tuberculosis complex e o teste molecular de
resistências foi negativo para rifampicina (R) e inconclusivo para isoniazida
(H), fluoroquinolonas e aminoglicosídeos.
Foi posteriormente excluído envolvimento pulmonar com radiografia torácica,
micobacteriológico da expetoração e lavado brônquico/broncoalveolar
negativos, tendo iniciado terapêutica antibacilar com H, R, Pirazinamida e
Etambutol (E), durante 2 meses, e encontrando-se em tratamento de manutenção
com HRE, com boa tolerância.
Conclusões: Este caso ilustra uma forma atípica de tuberculose
extrapulmonar, diagnosticada de forma inesperada após cirurgia por suspeita
de neoplasia folicular. Sublinha-se a importância de considerar etiologias
infeciosas mesmo em apresentações tumorais. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
60 |
Letícia |
Balanco |
OUTRAS |
ULS
Coimbra |
L
Balanco, C Cortesão |
Oxigenoterapia
nasal de alto fluxo em cuidados paliativos |
Introdução:
A oxigenoterapia nasal de alto fluxo (ONAF) é uma terapêutica de referência
no tratamento sintomático da insuficiência respiratória (IR) que não responde
a oxigenoterapia convencional. Além de reduzir a necessidade de intubação em
doentes com IR grave, a ONAF constitui, a par com a VNI, o teto terapêutico
de muitos doentes com critérios de DNR (“do not ressuscitate”, ordem de não
reanimar). Aqui, é relatada a experiência de ONAF em contexto de cuidados
paliativos num hospital central durante 18 meses.
Metodologia:
Este é um estudo restrospetivo longitudinal. Foram analisados todos os
óbitos ocorridos na enfermaria de Pneumologia de um hospital central entre
janeiro de 2023 e junho de 2024 (18 meses) e selecionados os doentes com
critérios de “ordem de não reanimar” que utilizaram ONAF nos 20 dias que
antecederam a morte. Foram avaliados dados demográficos, clínicos, analíticos
e de tratamento dos doentes.
Resultados:
Foram incluídos no estudo 18 doentes, sendo 83,3% (n=15) do género
masculino e a média de idades de 70,8 ± 12,8 anos. Dos doentes analisados,
44,4% (n=8) tinham neoplasia pulmonar e 38,9% (n=7) tinham patologia
intersticial. Verificou-se que 88,9% (n=16) dos doentes tinham IR parcial e
38,9% (n=7) apresentavam agudização de IR crónica. Em 22,2% (n=4) a ONAF foi
iniciada nos 4 dias que antecederam a morte. A maioria dos doentes necessitou
de terapêutica opióide concomitante (88,9%, n=16) para gestão de dispneia
e/ou dor.
Conclusões:
A ONAF é uma estratégia com grande utilidade em contexto paliativo em
pneumologia, sendo principalmente utilizada em doentes com patologia
oncológica e com patologia intersticial.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
61 |
Luís |
Santos
Silva |
INTERSTÍCIO |
Pneumologia
- ULS Entre Douro e Vouga |
LFS
Silva, JM Macedo, AL Trigueira, JC Coutinho, V Santos, J Ferreira |
Um inimigo
silencioso: um caso atípico de Fibrose Pulmonar Idiopática |
Introdução:
A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma doença pulmonar crónica e
progressiva caraterizada pelo espessamento e fibrose do tecido pulmonar. Os
fatores de risco para o seu desenvolvimento incluem o tabagismo, antígenos
ambientais, infecções, aspiração crónica e fármacos.
Os autores apresentam um caso clínico de isolamento de uma micobactéria
atípica num doente com FPI.
Caso clínico: Doente do sexo masculino, 80 anos, ex-fumador (30 UMA),
referenciado à consulta de Pneumologia por dispneia para mínimos esforços,
tosse seca diária e cansaço fácil, de longa data. Sem sintomas
constitucionais. Sem intercorrências infeciosas. Sem exposição a aves,
humidade ou biomassa. À auscultação pulmonar, eram audíveis crepitações nos dois
terços inferiores de ambos os campos pulmonares. A Radiografia torácica
revelava ligeira acentuação do retículo e a TC torácica descrevia reticulação
subpleural com gradiente ápicobasal e bronquiectasias de tração, em relação
com padrão de usual interstitial pneumonia (UIP).
Do estudo realizado, salienta-se alteração ventilatória restritiva, no
estudo funcional respiratório. Broncofibroscopia sem alterações endoscópicas,
com lavado broncoalveolar com alveolite neutrofílica (N 26.6%), citologia
negativa para células malignas, exame bacteriológico negativo; no entanto, o
exame micobacteriológico identificou a presença de micobactéria não
tuberculosa – mycobacterium intracellulare.
Tendo em conta, homem ex-fumador, TC com padrão UIP, LBA com alveolite
neutrofílica e isolamento de MAC foi assumido em reunião multidisciplinar o
diagnóstico de FPI e infeção por MAC, tendo iniciado terapêutica
antifibrótica e dirigida à infeção por MAC.
Discussão: Infeções secundárias, como a de mycobacterium intracellulare,
podem complicar o curso clínico e o prognóstico da FPI. Consequentemente, é
necessário um aumento da vigilância clínica, um diagnóstico oportuno e a
realização de terapêutica dirigida para melhorar o prognóstico nesta
população de doentes. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
62 |
Manuel |
d'Almeida |
INTERSTÍCIO |
Unidade
Local de Saúde do Médio Tejo |
M
d'Almeida, S Ferreira, MP Valério, J Duarte, O Santos |
Provas funcionais
respiratórias em doentes com CPFE. O normal e a DLCO. |
Introdução
Combined Pulmonary Fibrosis and Emphysema (CPFE) é uma síndrome
caracterizada por dispneia de esforço em fumadores, particularmente homens,
em que se identifica fibrose pulmonar de predomínio inferior e enfisema de
predomínio superior. As alterações contribuem para a redução acentuada da
capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLCO). A existência de um
componente restritivo e obstrutivo em simultâneo é refletido na normalização
de vários parâmetros funcionais.
Casos Clínicos
Caso 1: Homem, 70 anos, ex-fumador 30 UMA, maquinista reformado, iniciou
seguimento na consulta de Pneumologia por suspeita de SAOS que foi confirmado
com polissonografia nível I. Todavia, manifestava cansaço fácil após pequenos
esforços que motivaram estudo adicional. A espirometria e a pletismografia
eram normais. Contudo, apresentava uma diminuição severa da DLCO (37% do
previsto). A TC Tórax mostrou enfisema exuberante centrolobular e
parasseptal, fibrose subpleural nos segmentos inferiores dos lobos
superiores, lobo médio, língula e lobos inferiores. Após três anos, a
espirometria e a pletismografia mantêm-se dentro da normalidade, e a DLCO é
35% do previsto. Verificaram-se outros critérios de progressão e foi iniciado
nintedanib.
Caso 2: Homem, 83 anos, ex-fumador 40 UMA, pintor reformado, iniciou
seguimento na consulta de Doenças do Interstício após internamento por
exacerbação de doença pulmonar intersticial fibrótica. A TC Tórax revelou
extensas alterações de enfisema centrolobular e parasseptal e áreas de
densificação estriada e padrão em favo de mel nas bases. As provas funcionais
respiratórias realizadas à data de alta foram compatíveis com obstrução
ligeira, com FEV1 126%, FVC 149% e TLC 100% do previsto. À semelhança do caso
1, apresentava uma diminuição severa da DLCO (23% do previsto).
Conclusão
Os casos apresentados ilustram o perfil funcional descrito na CPFE, com
alteração significativa da DLCO e preservação relativa dos volumes e débitos
pulmonares. A DLCO destaca-se como um bom indicador na avaliação funcional,
enquanto a espirometria e a pletismografia não parecem refletir a gravidade
da doença. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
63 |
Maria
Olívia |
Aureliano
Ramos |
OUTRAS |
Hospital
da Luz Lisboa |
MO
Ramos, AM Gerardo; CB Forte, J Montês, VS Martins, ST Furtado |
Síndrome da
Platipneia-Ortodeoxia: quando o shunt é a causa da hipoxémia |
Introdução:
A síndrome da platipneia-ortodeoxia (SPO) é uma entidade clínica rara,
caracterizada por dispneia e dessaturação arterial na mudança da posição
supina para ortostática, como consequência de um shunt intracardíaco ou
intrapulmonar. O foramen ovale patente (FOP) é o defeito anatómico mais
frequente desta síndrome e, quando associada uma alteração funcional que
altera o gradiente de pressão, associa-se a um shunt direito-esquerdo
hemodinamicamente significativo durante a verticalização do doente. Embora
pouco descrita na literatura, a cirurgia abdominal é uma das potenciais
causas que pode precipitar ou agravar a SPO.
Caso Clínico: Mulher, 51 anos, não fumadora, com antecedentes de diabetes
mellitus, internada por quadro de dispneia progressiva aos esforços (mMRC 4)
com duas semanas de evolução após adrenalectomia laparoscópica esquerda por
síndrome de Cushing secundária a adenoma suprarrenal. Apresentava polipneia
em repouso, cianose periférica e SpO2 de 89% em ar ambiente na posição supina,
agravada para SpO2< 80% em ortostatismo. Gasimetria arterial demonstrou
insuficiência respiratória parcial (pO2 49 mmHg). Exames laboratoriais
excluíram infeção ativa e descompensação cardíaca. Angiotomografia de tórax
não evidenciou tromboembolismo pulmonar ou outras alterações
pleuropulmonares. Perante a hipoxémia refratária, realizou ecocardiograma
transtorácico (ETT) e transesofágico identificando-se FOP com aneurisma do
septo interauricular e shunt direito-esquerdo significativo, confirmado após
manobra de Valsalva com soro agitado. Assumido diagnóstico de SPO secundária
ao FOP e agravada por aumento da pressão intra-abdominal em contexto
cirúrgico. Teve alta com oxigenoterapia em repouso e deambulação e,
posteriormente, realizou encerramento percutâneo do FOP, com resolução dos
sintomas e da hipoxémia. Em reavaliação em consulta, apresentava SpO2 de 95%
em ortostatismo, boa tolerância ao esforço e ausência de shunt residual no
ETT.
Discussão: Perante um quadro de hipoxemia refratária, agravada em
ortostatismo e sem evidência de patologia pulmonar, deve-se considerar o
shunt direito-esquerdo na investigação de diagnósticos diferenciais. O FOP é
uma causa potencialmente tratável e sua correção pode melhorar a qualidade de
vida do doente e prevenir complicações da hipoxémia crónica. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
64 |
Clara |
Maricoto
Monteiro |
MICOBACTERIAS |
ULS
Coimbra |
CM
Monteiro, J Cemlyn-Jones |
Doentes com
Síndrome de Lady Windermere: Quem São e Como Identificá-las? |
Introdução-
A Síndrome de Lady Windermere é uma entidade rara, que se caracteriza pela
infeção crónica do lobo médio e/ou língula por micobactérias não
tuberculosas, especificamente do complexo Mycobacterium avium, com o
surgimento de bronquiectasias e de um padrão micronodular em exames de
imagem. Descrição- Objetivos: O objetivo deste estudo foi descrever o perfil
clínico de doentes com esta síndrome e comparar os achados com a literatura
existente. Métodos: Realizou-se um estudo observacional retrospetivo com a
identificação dos doentes seguidos por Síndrome de Lady Windermere, durante o
ano de 2024, na Consulta de Bronquiectasias da ULS Coimbra. Obtiveram-se
dados sociodemográficos, da sintomatologia e do exame objetivo, achados
imagiológicos, terapêutica efetuada e comorbilidades. Resultados: Foram
identificadas 3 doentes do sexo feminino, com idades entre os 63 e os 85
anos. Uma doente apresentava bronquiolite folicular, nenhuma apresentava
imunodeficiência, todas iniciaram sintomas após a menopausa. Uma doente tinha
escoliose, nenhuma apresentava Pectus excavatum ou prolapso da válvula
mitral. Um terço relatava anorexia e sudorese noturna, todas apresentavam
astenia e expectoração diárias. Nenhuma reportava supressão voluntária da
tosse. Duas doentes tinham IMC baixo (<18,5 Kg/m2). Todas apresentavam
bronquiectasias no lobo médio e micronodulação centrilobular com morfologia
em tree-in-bud. O esquema terapêutico utilizado foi um macrólido
(azitromicina ou claritromicina), rifampicina e etambutol, durante 12 meses,
com melhoria clínica. A reabilitação respiratória, não demonstrou benefício.
Duas doentes tinham aspergilose pulmonar, uma estava colonizada com
Pseudomonas aeruginosa. Conclusões- Tal como na literatura, as doentes eram
do sexo feminino, imunocompetentes, com início da doença após a menopausa,
com IMC baixo e expectoração diária. Não se identificaram doentes com Pectus
excavatum ou prolapso da válvula mitral, que são comorbilidades frequentes,
nem relatos de supressão voluntária da tosse, implicada na fisiopatologia. O
tratamento combinado por 12 meses, permitiu ausência de isolamentos
posteriores e melhoria clínica. Dado o caracter inespecífico da
sintomatologia e evolução insidiosa, torna-se fulcral o conhecimento desta
doença, para identificação do padrão clínico e radiológico típicos. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
65 |
Clara |
Maricoto
Monteiro |
OUTRAS |
ULS
Coimbra |
CM
Monteiro, SB Teixeira, T Alfaro, J
Cemlyn-Jones, P Lopes, S Freitas |
Proteinose
Alveolar: A Complexidade Diagnóstica de uma Doença Rara |
Introdução:
A proteinose alveolar pulmonar (PAP) é uma entidade rara caracterizada pela
acumulação de lipoproteínas e disfunção macrofágica a nível alveolar. O
diagnóstico baseia-se em achados clínicos e imagiológicos, podendo cursar com
achados típicos no lavado broncoalveolar (LBA). Pode ter etiologia primária,
associada a alteração na sinalização do fator estimulante de colónias de
granulócitos e macrófagos (GM-CSF), ou secundária, nomeadamente a infeções,
como Pneumocystis jirovecii ou SARS-CoV-2. Caso clínico: Homem de 51 anos,
ex-fumador (10 UMA), com exposição profissional a poeiras de madeira e
antecedente de pneumonia por SARS-CoV-2 no ano anterior. Recorreu à consulta
de Pneumologia por dispneia (mMRC 2) e tosse produtiva com um ano de evolução.
A TCAR torácica evidenciou opacidades em “vidro despolido” com espessamento
septal e padrão em "crazy paving". O LBA revelou aspeto leitoso,
aumento da celularidade com predomínio linfocitário (75%), um oocisto de P.
jirovecii e citologia compatível com pneumonia por este agente. Foi também
confirmado DNA de P. jirovecii no aspirado brônquico. Apresentava estudo
autoimune negativo, com exclusão de infeção por VIH e LDH sérica elevada (320
U/L). Após tratamento com trimetoprim-sulfametoxazol, manteve sintomas e
hipoxémia (pO2 60,3 mmHg). Um novo LBA mostrou predomínio de macrófagos (51%)
e linfócitos (42%), sem evidência de P. jirovecii ou de material proteináceo
pela coloração com ácido periódico de Schiff (PAS). A biópsia transbrônquica foi
inconclusiva, mas biópsias pulmonares cirúrgicas confirmaram PAP, com
material hialino PAS positivo nos espaços alveolares. Provas funcionais
revelaram diminuição moderada da DLCO (60%, Z-score -2,91). Foi submetido a
lavagem pulmonar total (LPT) do pulmão direito, com melhoria clínica e
radiológica. Está proposto para LPT do pulmão contralateral e aguarda
doseamento dos anticorpos anti-GM-CSF. Conclusões: A etiologia da PAP
permanece indefinida. O doseamento dos anticorpos anti-GM-CSF é fundamental
para esclarecer a possibilidade de uma forma autoimune, a mais prevalente.
Considera-se também a hipótese de PAP secundária associada a infeção prévia
por P. jirovecii ou SARS-CoV-2. Destaca-se a importância da abordagem
multidisciplinar e da LPT em casos selecionados. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
66 |
Margarida
Isabel |
Pereira |
CANCRO |
ULS
Amadora Sintra |
MI
Pereira, JL Rosa, AD Mendes, S Braga |
Um tumor raro com
mau prognóstico: mesotelioma pleural maligno |
Introdução:
O mesotelioma pleural maligno (MPM) é um tumor raro e agressivo. Tem como
principal fator de risco a exposição a asbestos. É tipicamente diagnosticado
em homens depois dos 50 anos, apresentando mau prognóstico.
Caso clínico:
Sexo masculino, 70 anos, fumador (50 UMA), com DPOC e doença ulcerosa
péptica, ECOG PS 1, recorreu ao SU por quadro com duas semanas de dispneia,
toracalgia pleurítica esquerda, tosse produtiva (expetoração mucosa),
anorexia, perda ponderal não quantificada e pico febril isolado. Negava
exposição ocupacional relevante, mas referia possível exposição a asbestos na
infância. Apresentava-se taquipneico e hipoxémico em ar ambiente. A
radiografia de tórax mostrava uma hipotransparência heterogénea na região
hilar esquerda e derrame pleural esquerdo. Analiticamente, apresentava
leucocitose com neutrofilia e PCR 24mg/dL. Realizou TC de tórax que
documentou: à esquerda, massa necrosada no lobo inferior (origem pulmonar vs
pleural?), derrame pleural, espessamento pleural com nodularidades;
adenomegálias hilares esquerdas e mediastínicas; adenomegálias necrosadas
retrocural e cardiofrénica esquerdas e do tronco celíaco; massa na glândula
supra-renal direita e nódulo na esquerda. A biópsia pulmonar foi compatível
com mesotelioma sarcomatóide. Dado manter hipoxémia em agravamento, foi
excluído TEP e, por suspeita de infeção respiratória concomitante, cumpriu
antibioterapia empírica sem melhoria. O doente evoluiu desfavoravelmente com
necessidade de oxigenoterapia de alto fluxo. Ao 22º dia de internamento, por
episódio de hematemese, realizou endoscopia digestiva alta com identificação
de lesão vegetante friável no corpo gástrico, cuja biópsia foi compatível com
mesotelioma. A fragilidade clínica do doente e o agravamento rápido da doença
não permitiu o início de terapêutica sistémica, tendo-se privilegiado best
supportive care. O doente faleceu em poucos dias.
Conclusão:
O MPM é um tumor raro e agressivo, em que a inespecificidade da clínica
pode condicionar atrasos no diagnóstico e início de terapêutica. Este caso
destaca-se pela raridade da metastização gástrica e diferenciação
sarcomatóide.
|
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
67 |
Maria
Inês |
Fonseca |
PLEURA |
ULS
Região de Aveiro |
MI
Fonseca, V Fernandes, C Costa, B Rodrigues, AR Prata, A Andrade, L Andrade |
Dispneia e derrame
pleural na gravidez: Infeção ou algo mais? |
A
abordagem de sintomas respiratórios e sistémicos e o respetivo diagnóstico
diferencial constituem um desafio, sobretudo durante a gravidez, uma vez que
algumas manifestações podem ser atribuídas a alterações fisiológicas da
gestação. Contudo, a persistência dos sintomas deve motivar uma investigação
aprofundada.
Mulher de 46 anos, grávida de 15 semanas, com antecedentes pessoais de
tabagismo (CT: 28 UMA), rinite alérgica e síndrome do intestino irritável. Da
medicação habitual salienta-se toma de AAS, durante 19 dias. Recorreu ao
serviço de urgência por artralgias, temperatura máxima 38ºC, sudorese,
náuseas, vómitos, dispneia para pequenos esforços e dor torácica tipo
pleurítica à direita, com 3 semanas de evolução. Analiticamente, apresentava
leucocitose (21,7x10E9), neutrofilia (10,4x10E9), eosinofilia marcada
(8,1x10E9) e PCR de 4,80mg/dL. Na radiografia torácica, era visível
hipotransparência homogénea no terço inferior do campo pulmonar direito com
concavidade superior, sugestiva de derrame pleural.
Por persistência dos sintomas, recorreu novamente ao hospital. Verificou-se
edema articular da mão direita, agravamento da leucocitose por eosinofilia
marcada (9.1x10E9), e aumento do derrame pleural. Foi realizada toracocentese
com saída de líquido pleural citrino turvo, exsudativo: pH 7,31, glicose
3mg/dL, lactato desidrogenase 6835,2U/L, 78% de eosinófilo e fator reumatóide
(FR) 123U/mL. Cultura negativa e não se observaram células neoplásicas. Na
análise sérica o FR era de 438U/mL e o anticorpo anti-peptídeo citrulinado
cíclico (anti-CCP) de 8,6UI/mL. A broncofibroscopia não revelou alterações
endobrônquicas. Contudo, foi isolada Klebsiella pneumoniae, tendo cumprido 7
dias de ceftriaxona, segundo antibiograma.
Após discussão multidisciplinar, com base nas manifestações articulares
(artralgias inflamatórias e edema) e serologia positiva, foi feito o
diagnóstico de artrite reumatóide (AR) inaugural com envolvimento
pleural.
O envolvimento pleural é uma manifestação extra-articular conhecida da AR,
ocorrendo numa percentagem variável entre 5% e 10%. Este caso ilustra a
importância de um estudo aprofundado na presença de alterações analíticas
significativas associadas a sintomas sistémicos persistentes, no contexto
particular da gravidez. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
68 |
Mariana |
Lagarto |
OUTRAS |
ULS
Coimbra |
M
Lagarto, T Pais, E Paiva, C Rodrigues |
Síndrome
Hepatopulmonar: reversão da hipoxemia grave com transplante hepático |
A
síndrome hepatopulmonar (SHP) é uma complicação da doença hepática crónica,
caracterizada por hipoxemia arterial devido a dilatações vasculares
intrapulmonares. Afeta até 25% dos doentes com hepatopatia avançada e tem um
prognóstico reservado. Está associada a fatores vasoativos como aumento do
óxido nítrico e endotelina-1. Os sintomas incluem cianose, hipocratismo
digital, telangiectasias, platipneia e ortodeoxia. O diagnóstico faz-se por
ecocardiograma com contraste ou cintigrafia pulmonar com macroagregados de
albumina marcada com tecnécio-99m. O único tratamento curativo é o
transplante hepático, sendo a oxigenoterapia e o controlo da doença
essenciais no alívio sintomático.
-
Doente do sexo masculino, 53 anos, com diagnóstico de cirrose hepática
alcoólica (Child-Pugh B e MELD 17) complicada com hipertensão portal e
episódios de hemorragia digestiva alta, tendo sido submetido a colocação de
uma derivação portossistémica intra-hepática transjugular. Internado por
clínica de platipneia, ortodeoxia, dispneia e cianose periférica, com
insuficiência respiratória do tipo 1 de agravamento progressivo tendo alta
com oxigenoterapia de longa duração (5L/min, 24h/dia).
A investigação revelou poliglobulia secundária à hipoxemia, redução da DLCO
e índice de shunt 26% na cintigrafia de perfusão pulmonar. O ecocardiograma
com contraste confirmou SHP, evidenciando com visualização de microbolhas no
ventrículo esquerdo após cinco ciclos cardíacos e pressão sistólica na artéria
pulmonar de 38 mmHg. A TC torácica corroborou aumento do calibre da artéria
pulmonar.
Foi submetido a transplante hepático, tendo iniciado ONAF contínua no
pós-operatório, devido à hipoxemia grave. O internamento decorreu sem
intercorrências de relevo. Na reavaliação em consulta, seis meses após o
transplante, não se observaram alterações clínicas, analíticas ou
radiográficas. Ecocardiograma e TC torácica normais, sem sinais de shunt ou
hipertensão pulmonar. O doente refere melhoria significativa da qualidade de
vida, sem necessidade de oxigenoterapia.
-
O presente caso ilustra uma complicação pulmonar grave da doença hepática
crónica, a síndrome hepatopulmonar, na qual a oxigenoterapia pode
proporcionar alívio sintomático e retardar a progressão da doença, sendo o
transplante hepático a única abordagem com potencial curativo. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
69 |
Mariana |
Lagarto |
OUTRAS |
ULS
Coimbra |
M
Lagarto, J Couto, E Paiva, T Pais, C Rodrigues |
Traqueobroncomalácia
como causa rara de dispneia refratária num adulto com doença pulmonar
obstrutiva crónica |
A
traqueobroncomalácia (TBM) é uma alteração estrutural da parede
traqueobrônquica que resulta em colapso excessivo da via aérea, especialmente
em expiração. Frequentemente subdiagnosticada, pode simular ou coexistir com
a DPOC. Manifesta-se por dispneia desproporcional à função ventilatória,
tosse crónica, pieira, broncorreia e infeções respiratórias de repetição. O
diagnóstico baseia-se na broncofibroscopia ou TC dinâmica torácica, com
índice de colapsibilidade da via aérea superior a 50%. O tratamento depende
da gravidade, podendo incluir medidas conservadoras, ventilação com CPAP,
intervenções endoscópicas ou cirúrgicas nos casos mais graves.
-
Homem de 69 anos, ex-fumador, com antecedentes de DPOC GOLD2B, SAOS grave
sob CPAP, fibrilhação auricular, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade.
Referenciado à consulta hospitalar por dispneia (mMRC 2) refratária à
terapêutica otimizada com broncodilatadores de longa duração. Referia também
broncorreia crónica e episódios de aspiração alimentar, sobretudo com
alimentos sólidos. Teve dois internamentos no último ano por pneumonias de
aspiração com insuficiência respiratória tipo 1, necessitando de vários
ciclos de antibioterapia e oxigenoterapia. A broncofibroscopia revelou
colapso significativo da traqueia e brônquios principais na expiração,
sugerindo TBM, confirmada por TC torácica dinâmica com índice de
colapsibilidade superior a 60%. O lavado broncoalveolar evidenciou flora
bacteriana diversificada. A videofluoroscopia da deglutição foi normal. A
função respiratória mostrou síndrome ventilatória obstrutiva moderada sem
reversibilidade. A endoscopia digestiva alta revelou lesão subepitelial
esofágica, com encaminhamento para Gastrenterologia.
Optou-se por terapêutica conservadora: fracionamento das refeições,
alimentação triturada, hidratação reforçada, acetilcisteína, controlo de
infeções, elevação da cabeceira e CPAP noturno, com melhoria sintomática
significativa e ausência de novos episódios de aspiração.
-
Este caso destaca a TBM como causa rara e subdiagnosticada de dispneia
refratária em doentes com DPOC, especialmente quando associada a infeções
respiratórias de repetição e aspiração. A suspeita clínica, seguida de
confirmação por TC dinâmica e broncofibroscopia, é essencial para o
tratamento e prognóstico. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
70 |
Maria
Jesus |
Corbi
Cobo-Losey |
INTERSTÍCIO |
Hospital
Universitario de Salamanca |
MJ
Corbi Cobo-Losey, AG Salazar Palacios, AM Martin Varillas, EC Prieto Maillo,
S Rodriguez Tardon, P Torres Piñero, A Gonzalez Rosa, MJ Mora Simon |
Enfermedad
anti-membrana basal glomerular atípica |
Varón
de 39 años bombero forestal, IPA 20. Sin antecedentes personales. Como
antecedente familiar, la madre padece síndrome antisintetasa y
polimiositis.
Ingresa en noviembre 2024 por fiebre de 38°C, síntomas catarrales, y
hemoptisis leve, sin insuficiencia respiratoria ni repercusión hemodinámica.
A la exploración física sin alteraciones cutáneas ni vasculares, no ruidos
sobreañadidos en la auscultación. En la radiografía de tórax muestra imágenes
compatibles con hemorragia alveolar por lo que se solicita un TC de tórax
donde se describen opacidades multifocales en vidrio deslustrado con patrón
en árbol en brote distribuidas en ambos campos pulmonares sin condensaciones
definidas, confirmando el diagnóstico de hemorragia alveolar.
Se realiza broncoscopia donde no se observan signos de sangrado activo con
mucosa bronquial preservada. Se realiza lavado broncoalveolar y aspirado
bronquial. La microbiología es negativa y la anatomía patológica muestra
hemosiderófagos con escasas células epiteliales escamosas y ciliadas sin
atipia.
Durante su estancia, no realiza nuevos episodios de hemoptisis, pero
desarrolla una hematuria asintomática autolimitada, sin deterioro de la
función renal y escasa proteinuria. Se realiza panel de autoinmunidad
incluyendo; inmunoglobulinas, proteinograma y anticuerpos anti-celulares,
anti-fosfolípido, anti-péptido cíclico citrulinado, y
anti-vasculitis/glomerulonefritis, siendo negativos. La ecografía del aparato
urinario no evidencia alteraciones estructurales y la citología de orina es
negativa.
Dada estabilidad clínica se da de alta y se sigue el estudio de forma
ambulatoria.
En consulta externa refiere episodios de micro hematuria autolimitados, se
presenta caso en comité multidisciplinar y se decide realizar biopsia renal.
En dicha biopsia se observan cambios compatibles con glomerulopatía
anti-membrana basal glomerular que además se ve reforzado por la
inmunofluorescencia, mostrando depósitos lineales de IgG capilar global y
difuso. Advierten que no posee signos de actividad ni otros cambios asociados
al síndrome Goodpasture.
Debido a estos hallazgos se inicia tratamiento corticoideo en pauta
descendente. Posterior a esto el
paciente se encuentra asintomático, sin nuevos episodios de hematuria ni
hemoptisis. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
71 |
Mariana |
Antunes |
CANCRO |
ULSLO |
AM
Antunes; R Flores; A Soveral; M Seixas; G Lérias; I Madruga |
Um padrão atípico,
uma doença comum |
Introdução:
O Carcinoma de Não Pequenas Células subdivide-se em carcinoma de grandes
células, espinhocelular e adenocarcinoma, o mais comum. Radiologicamente
podem-se manifestar de uma forma muito heterogénea. Apresentamos um caso de
uma alteração do estado de consciência, com uma alteração imagiológica
atípica e pouco comum.
Caso Clínico: Homem de 74 anos, trabalhador da construção civil, ex fumador
(30 UMAs), abstinente há trinta anos, com antecedentes pessoais de
dislipidemia, hipertrofia benigna da próstata e esteatose hepática ligeira.
Recorreu ao serviço de urgência por alteração do estado de consciência com um
mês de evolução, caracterizado por discurso confuso e alterações mnésicas, de
agravamento progressivo, notada por terceiros, sem limitação funcional, com
agravamento na semana prévia. Associadamente, perda de peso não intencional
(5 kg num mês, 7%) e queixas de toracalgia à direita, intermitente, de
intensidade ligeira, autolimitada, sem trauma associado. Analiticamente, sem
alterações de relevo. Tomografia computadorizada (TC) cranioencefálica com
múltiplas hipodensidades, a maior, cortico-subcortical esquerda. Radiografia
torácica com opacidades dispersas em padrão miliar e TC torácica com
evidência de incontáveis formações nodulares, adenopatias mediastínicas e
hilares direitas, bem como lesões osteolíticas e osteoblásticas da grelha
costal. Em internamento, realizou broncofibroscopia com sinais inflamatórios
inespecíficos, com lavado broncoalveolar sugestivo de células neoplásicas
(“algumas células com anisonucleose; citologia positiva”). Complementou o
estudo com TC toracoabdominopélvico com múltiplas lesões focais ósseas, tendo
sido submetido a biópsia óssea que confirmou metástase óssea de
adenocarcinoma compatível com primário do pulmão, positivo para PD-L1 e com
mutação L858R no exão 21 do gene EGFR. Foi proposto para tratamento com
inibidores da tirosina cinase EGFR (osimertinib 80mg/dia) e realizou
radioterapia cerebral (10 sessões).
Conclusão: Apesar do padrão miliar ser uma manifestação rara do carcinoma
pulmonar primário, este deve ser sempre considerado uma vez que o atraso no
diagnóstico pode ter impacto deletério no prognóstico. O diagnóstico
diferencial assenta numa história clínica pormenorizada, nomeadamente com
contexto epidemiológico, social e comportamentos de risco. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
72 |
Margarida |
Martins
Guerreiro |
CANCRO |
ULSLO
- Hospital Egas Moniz |
MM
Guerreiro, C Cristóvão, JM Correia |
Simulando
aspergiloma: uma apresentação atípica de linfoma pulmonar |
Introdução:
Massas cavitadas com conteúdo intracavitário são frequentemente atribuídas
a aspergilomas, sobretudo em doentes com antecedentes de tuberculose.
Contudo, outras etiologias, incluindo neoplasias, devem ser consideradas,
especialmente quando a evolução clínica é atípica ou os estudos
microbiológicos são negativos. O linfoma pulmonar primário é raro e pode
mimetizar infeções fúngicas crónicas, dificultando o diagnóstico
precoce.
Caso Clínico:
Homem de 59 anos, ex-fumador, com tuberculose pulmonar tratada na
juventude, realizou TC torácica que identificou cavitação no lobo superior
direito com massa interna sugestiva de aspergiloma. Referia tosse seca,
hemoptises ocasionais e emagrecimento de 5 kg nos últimos três meses. Não
apresentava febre ou suores noturnos. Analiticamente, verificou-se anemia
leve e aumento discreto dos marcadores inflamatórios. A serologia para
Aspergillus fumigatus mostrou IgG positiva com títulos baixos. A TC Tórax
confirmou lesão cavitada com conteúdo denso e o PET revelou captação
moderada, sem outras localizações suspeitas. O estudo microbiológico do
lavado broncoalveolar foi negativo para agentes infecciosos e células
malignas. Perante a persistência clínica e ausência de confirmação
laboratorial, realizou-se lobectomia por risco de hemoptise. O exame
histopatológico revelou proliferação difusa de células linfóides grandes, com
expressão de CD20 e Ki-67 elevado, compatível com linfoma B de grandes
células. Não foram encontradas estruturas fúngicas. O doente foi encaminhado
para hematoncologia e iniciou tratamento com boa resposta.
Conclusão:
Este caso destaca a importância de manter uma abordagem diagnóstica
abrangente perante lesões cavitadas com imagem típica de aspergiloma. Em
contextos sugestivos mas sem confirmação microbiológica, deve-se considerar
biópsia ou excisão, uma vez que neoplasias como o linfoma podem simular
infeções crónicas.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
73 |
Nuno |
Lopes |
CANCRO |
ULS
Algarve |
N
Lopes, J Pereira, M Afonso, A Figueiredo |
A propósito de um
caso de Adenocarcinoma mucinoso com padrão de crescimento lepídico |
O
Adenocarcinoma mucinoso com padrão de crescimento lepídico (CBA) é um tipo
raro de adenocarcinoma pulmonar caracterizado pela produção abundante de
mucina e um padrão lipídico de crescimento, preservando a arquitetura
pulmonar.
A melhor abordagem terapêutica deste tipo de tumores não está bem
estabelecida e pode incluir cirurgia e tratamentos sistémicos. Ao contrário
de outros tumores de não pequenas células do pulmão, estão menos associados a
disseminação linfática ou metastática. Este caso demonstra a orientação
terapêutica de uma jovem com um CBA invasivo.
Mulher de 41 anos, antecedentes de pneumonia em 2018 tratada em
ambulatório. Por manter tosse produtiva, realizou TC Torácica que revelou
extensa área consolidativa heterogénea no LSE e lesões nodulares do LSE e
LIE.
Realizou biópsia transtorácica a
23/01/23: CBA PD-L1 negativo, Ki67<30%, NGS negativo. Estadiado como
T4N0M0 (IIIa).
Iniciou Carboplatino, Pemetrexed e Pembrolizumab. Após o 4º ciclo manteve
tratamento com pemetrexed e Pembrolizumab até 11/01/2024, altura em que
se admitiu progressão da doença por
aumento da lesão principal e aumento da dimensão e número de lesões homolaterais,
estadio T4N0M0.
Iniciou 2ª linha com Docetaxel de 04/04/2024 a 19/06/2024.BTT para
repetição de NGS voltou a ser negativo.
PET FDG a 25/06/2024 com progressão de todas as lesões e micro-nódulo no
segmento anterior do LSD com aumento dimensional relativamente a estudos
prévios. Admitiu-se progressão da doença, agora estadio IVa (T4N0M1a).
Optou-se por iniciar novamente quimioterapia com Carboplatina e etoposido
com início a 09/10/2024 com efeitos adversos, sobretudo supressão medular.
Dado tratar-se de uma jovem com doença essencialmente localizada ao campo
pulmonar esquerdo, apenas com um micronódulo contralateral com discreta
captação, discutiu-se a possibilidade de cirurgia com RT da lesão
contralateral.
Pneumectomia a 22/11, sem intercorrências.
TC Torácica a 16/01/2025 com o aparecimento de dois nódulos no segmento
anterior do lobo superior direito, suspeitos de traduzir lesões secundárias.
Submetida a SBRT desses nódulos com início a 17/02/2025.
Atualmente, clinicamente bem com estabilidade das lesões em TC de
14/05/2025.
Este caso com evolução atípica destaca as diferentes abordagens
terapêuticas que podem ser usadas neste tipo de tumores |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
74 |
Natalina
Nunes |
Varandas |
INTERSTÍCIO |
ULS
São João - Porto |
NN
Varandas, IV Bessa, A Lima, N Melo, MT Boncoraglio, FV Machado, PC Mota |
Doença pulmonar
intersticial na miopatia inflamatória: relevância dos autoanticorpos no
diagnóstico e caracterização da doença |
Introdução:
As miopatias inflamatórias (MI) constituem um grupo heterogéneo de doenças
autoimunes que afetam primariamente o músculo com possibilidade de
envolvimento de múltiplos órgãos. A doença pulmonar intersticial (DPI) é uma
manifestação extramuscular frequente e potencialmente grave. A detecção de
autoanticorpos específicos de miosite ou associados a miosite, presentes em
mais de 80% dos doentes, constituem uma ferramenta de diagnóstico e
estratificação da DPI nas MI, mesmo na ausência de doença muscular
evidente.
Caso Clínico: Descreve-se o caso de uma mulher, 68 anos, ex-trabalhadora na
confeção têxtil, seguida em Pneumologia por DPI em estudo. Não apresentava
sinais e sintomas de doença autoimune e patologia muscular. Do estudo efetuado
a destacar: TC de alta resolução com padrão de NSIP-like, lavado
broncoalveolar com neutrofilia e eosinofilia, provas de função respiratória
compatíveis com síndrome ventilatório restritivo ligeiro e DLCO diminuída,
autoimunidade com título de ANAs ligeiramente elevado e fator reumatóide
positivo. Fez criobiópsia com achados compatíveis com pneumonia intersticial
fibrosante, mantendo vigilância (diagnóstico provisório de pneumonia
intersticial com características auto-imunes). Posteriormente, foi iniciado
estudo para avaliar a possibilidade de doença imunomediada a integrar a
patologia pulmonar pelo que foi expandido o estudo imunológico com painel de
miosites, onde se documentou positividade para anti-SRP, anti-Ro52,
anti-Mi-2β. Analiticamente com elevação significativa da aldolase. Fez RMN
corporal a mostrar edema difuso das massas musculares do membro inferior
esquerdo, sem significativa atrofia ou infiltração adiposa, em provável
relação com miopatia inflamatória. Decidida a realização de biópsia muscular
que mostrou alterações compatíveis com miopatia inflamatória necrotizante.
Deste modo, foi assumido diagnóstico de DPI fibrosante associada a doença do
tecido conjuntivo.
Conclusão: O caso ilustra que é crucial o conhecimento do perfil serológico
pormenorizado da MI em doentes com DPI de causa não esclarecida. Atualmente,
é amplamente reconhecido que os autoanticorpos circulantes podem auxiliar no
diagnóstico e caracterização da DPI e a sua integração com a clínica e
achados imagiológicos constitui uma ferramenta crucial na orientação clínica. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
75 |
Natalina
Nunes |
Varandas |
CANCRO |
ULS
São João - POrto |
NN
Varandas, AT Alexandre, J Pinto, A Araújo, AR Santos, FV Machado, C Sousa |
Pneumonite
induzida por osimertinib: reação adversa rara mas potencialmente grave |
Introdução:
Os avanços moleculares no cancro do pulmão de não pequenas células permitiram
a incorporação de terapêuticas alvo no tratamento, nomeadamente os inibidores
de tirosina-quinase (TKIs) do receptor de fator de crescimento epidérmico
(EGFR), como uma estratégia eficaz. O osimertinib tem eficácia superior
quando comparado com outros TKIs, apresentando, de forma geral, um perfil de
segurança favorável. Entre 1 a 4% dos casos pode surgir pneumonite induzida
pelo fármaco, cuja patogénese permanece incerta e o diagnóstico representa um
desafio dada a inespecificidade dos sintomas.
Caso clínico: Relata-se o caso de um homem, 69 anos, com adenocarcinoma
pulmonar estádio IVb, (PD-L1 de 30-40%, NGS mutação c.2573T>G
p.(Leu858Arg), no exão 21 do gene EGFR), tratado em 1ª linha com osimertinib
em associação a quimioterapia (dupleto de platina com pemetrexedo). Foi
internado por suspeita de pneumonia adquirida na comunidade com insuficiência
respiratória hipoxémica. Ao 4º dia de internamento, verificou-se agravamento
clínico com acidemia respiratória e necessidade de admissão no serviço de
medicina intensiva (SMI) para instituição de VNI. Na avaliação imagiológica,
observaram-se opacidades em vidro despolido pelo que foi colocada a hipótese
de pneumonite associada à terapêutica anti-neoplásica. O fármaco foi suspenso
e iniciou-se corticoterapia em alta dose. Durante o tempo de permanência no
SMI, diagnosticado tromboembolismo pulmonar de novo e insuficiência cardíaca
descompensada. Observou-se melhoria das trocas gasosas, da dinâmica
respiratória e das alterações imagiológicas em vidro despolido em ambos os
pulmões. Foi assumida pneumonite associada ao osimertinib. À data da alta,
queixas de dispneia em esforço, sob corticoterapia em desmame e prescrição de
O2 de deambulação. A melhoria clínica permitiu a restituição de quimioterapia
com pemetrexedo, que mantém até ao momento.
Conclusão: Este caso ilustra a complexidade diagnóstica da pneumonite
induzida por terapêuticas alvo, sobretudo perante a presença de manifestações
clínicas e radiológicas inespecíficas. Sublinha ainda a importância da
identificação precoce da toxicidade pulmonar induzida por TKIs, suspensão
precoce do fármaco e o início atempado de corticoterapia, medidas estas
essenciais para evitar desfechos desfavoráveis. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
76 |
João
Nuno |
Mascarenhas |
CANCRO |
Hospital
Nossa Senhora do Rosário, Barreiro |
JN
Mascarenhas, A Ribeiro, JT Felgueiras, J Diogo, H Marques, C Alves, MJ Simões |
Vigilância ou
biópsia? - série de casos de nódulo pulmonar |
Introdução:
Os nódulos pulmonares constituem uma entidade cada vez mais prevalente e mais
precocemente detectada, dado o crescente acesso à tomografia computorizada
(TC). O diagnóstico diferencial é extenso e a abordagem nem sempre é linear.
Nos doentes com fatores de risco para neoplasia, esta é tendencialmente mais
agressiva, sendo, no entanto, essencial considerar o risco de cada
intervenção diagnóstica.
Casos Clínicos:
Caso 1: Homem de 69 anos, ex-fumador (50 UMA), é observado em consulta de
Pneumologia 2 meses após ida ao Serviço de Urgência por quadro de dispneia e
hemoptises, onde foi realizada TC Tóracica (TC-T), que revelou nódulo
espiculado com 14mm no lobo inferior esquerdo. Dado os antecedentes do doente
e aspeto imagiológico do nódulo, foi pedida broncoscopia com navegação
electromagnética para avaliação histológica. Neste contexto, realizou
broncofibroscopia virtual duas semanas depois, na qual já não era visualizado
o nódulo na localização em causa. Manteve vigilância, com novas TC realizadas
aos 6 e 12 meses, sem alterações de novo.
Caso 2: Mulher de 63 anos,
ex-fumadora (30 UMA), seguida em consulta de Pneumologia por DPOC, com
enfisema grave e necessidade de oxigenoterapia de deambulação. Realizou TC
Tórax em contexto de vigilância de micronódulo pulmonar sólido de 8mm, no
lobo inferior direito (LID). O micronódulo encontrava-se estável aos 6 meses.
No entanto, verificou-se lesão de novo com 25mm e de contornos irregulares no
LID. Dado presença de enfisema grave e insuficiência respiratória, optou-se
por avaliação com PET-TC previamente a quaisquer exames invasivos. Esta foi
realizada um mês depois, revelando redução das dimensões da lesão, que
apresentava SUVmáx=1,4. Realizou TC-T de reavaliação 3 meses depois, que
mostrou resolução quase completa da lesão nodular do LID.
Conclusão: Estes casos evidenciam as dificuldades associadas à abordagem
dos nódulos pulmonares, já que os doentes com elevado risco de neoplasia são
frequentemente aqueles que simultaneamente apresentam maior risco de
iatrogenia. É importante manter sempre em mente as outras etiologias de
nódulos pulmonares, nomeadamente infeciosas, e ponderar a reavaliação
imagiológica precoce nos doentes com risco/benefício desfavorável à
realização de exames invasivos. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
77 |
Patrícia |
Romão |
SONO
E VENTILAÇÃO |
Hospital
Vila Franca de Xira | ULS Estuário do Tejo |
P
Romão, C Couto, S Alves, J Borges, M Drummond |
Síndrome de
Joubert: o desafio do sono numa doença rara |
Introdução:
A Síndrome de Joubert é uma doença genética rara do neurodesenvolvimento,
associada a malformações do tronco cerebral e vermis cerebeloso. A
apresentação clínica é heterogénea, podendo incluir distúrbio respiratório
central, nomeadamente apneia do sono, cuja abordagem terapêutica permanece
pouco definida devido à raridade da condição.
Caso Clínico:
Sexo masculino, com diagnóstico clínico de Síndrome de Joubert aos 31 anos
– hipoplasia renal esquerda, sinal do “dente molar” em RM encefálica,
episódios de apneia/taquipneia, estrabismo, dismorfismo facial e história
familiar positiva (irmã com o mesmo diagnóstico; pais consanguíneos). Outros
antecedentes relevantes: asma, cifoescoliose com pectus carinatum, atraso
cognitivo, baixa estatura e macroglossia.
Encaminhado para consulta de Pneumologia em 2009 por episódios de apneia do
sono testemunhados pelos pais. A primeira polissonografia tipo III (2014)
revelou apneia do sono grave (IAH 46/h), sem monitorização do esforço
respiratório por ausência de bandas de esforço/indutância, impedindo a
diferenciação entre eventos obstrutivos e centrais. Dada a presença de padrão
respiratório irregular semelhante em vigília (taquipneia e/ou apneia
episódica), ausência de hipersonolência e CO₂ transcutâneo normal, optou-se
por vigilância clínica anual.
Em 2018, a repetição da polissonografia demonstrou manutenção da apneia do
sono grave (IAH 43,8/h), com predomínio de eventos centrais (72,6%),
hipoxemia ligeira (T90 4,6%) e elevação do CO₂ transcutâneo diurno para 43
mmHg, já com sintomatologia compatível. Iniciou-se ventilação não invasiva em
modo binível nocturno, com resolução dos eventos respiratórios, melhoria
clínica e correção da hipercapnia.
Conclusões:
Este caso ilustra a relevância do seguimento prolongado em doenças
genéticas raras com manifestações respiratórias centrais. A evolução do
quadro reforça a necessidade de reavaliação clínica e polissonográfica
periódica e demonstra a eficácia da ventilação não invasiva na apneia central
do sono, mesmo em contextos de disfunção neurológica estrutural. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
78 |
Patrícia |
Santos |
INTERSTÍCIO |
Unidade
Local de Saúde de Santa Maria - Hospital de Santa Maria |
PG
Santos¹, P Esteves¹, RP Câmara¹, C Durão¹, L Mendes¹, P Pinto¹ |
Letrozol e o
pulmão: quando o tratamento se torna complicação |
Introdução:
Letrozol é um inibidor da aromatase usado no tratamento do cancro da mama
positivo para recetores hormonais em mulheres pós-menopáusicas. A toxicidade
pulmonar a letrozol é rara, exigindo um diagnóstico diferencial adequado.
Caso clínico: Mulher, 76 anos, ex-fumadora (50 UMA) com DPOC GOLD 2E e
adenocarcinoma da mama metastizado, submetida a cirurgia e quimioterapia em
2017 com recidiva ganglionar e pulmonar em 2022. Sob letrozol há 4 meses. No
mês prévio à admissão desenvolveu tosse produtiva (expetoração mucosa),
dispneia e cansaço, sem febre. Iniciou empiricamente amoxicilina-ácido
clavulânico e levofloxacina. Por agravamento clínico, passados 5 dias,
realizou TC torácica que mostrou extensas áreas em vidro despolido bilaterais,
espessamento septal e consolidações periféricas e peribroncovasculares. Foi
internada admitindo-se pneumonia atípica e medicada com
piperacilina-tazobactam, azitromicina, cotrimoxazol e corticoterapia. Exames
microbiológicos e serológicos negativos. Teve alta após 16 dias, em desmame
de corticoterapia (prednisolona 10 mg), com oxigénio suplementar (2L/min).
Re-internada 2 dias depois por agravamento da dispneia e hipoxemia. A
angio-TC torácica revelou agravamento imagiológico com padrão “crazy paving”,
sugestivo de pneumonia organizativa induzida por fármacos. Realizou
broncofibroscopia, LBA com predomínio de células mononucleadas (macrófagos
53%), microbiologia, pesquisa de Galactomanan e exame citológico do LBA
negativas. Suspendeu-se o letrozol sendo substituído por fulvestrant e
iniciou-se metilprednisolona 80 mg/dia, sem antibioterapia. Verificou-se
melhoria clínica progressiva, sendo possível posterior transferência para
unidade de reabilitação respiratória.
Conclusão: A toxicidade pulmonar a fármacos deve ser considerada perante
sintomas respiratórios persistentes, ausência de agente infecioso
identificado e de resposta a antibioterapia. A pneumonia organizativa por
letrozol é uma manifestação rara, potencialmente grave de toxicidade
pulmonar. A identificação precoce, baseada na correlação de dados clínicos,
imagiológicos e histológicos, se disponíveis, é essencial para orientação e
prevenção de complicações. A suspensão do fármaco e a corticoterapia podem
levar à resolução, salientando a importância da vigilância ativa em doentes
sob letrozol. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
79 |
Paula |
Teixeira
Pinto |
CANCRO |
Serviço
de Pneumologia - ULS Algarve, Unidade de Faro |
PT
Pinto, D Neves, U Brito |
Uma localização
rara de metástase de Adenocarcinoma do Pulmão |
Introdução:
As metástases tiroideias com origem no adenocarcinoma do pulmão são
extremamente raras, com uma incidência de 0.1%.
Caso Clínico: Mulher de 76 anos, não fumadora, doméstica. Antecedentes de
neoplasia da mama esquerda em 1995 e da mama direita em 2005, submetida a
quimioterapia e radioterapia. Em Dezembro de 2018 apresentava tosse seca
persistente com 6 meses de evolução. Por elevação do CEA (7.6 ng/ml),
realizou TC toracoabdominal, que revelou uma massa paramediastínica (40x40x30
mm) infra-hilar direita, um nódulo sólido de 5 mm no mesmo lobo e bócio
nodular direito. Realizou biópsia por broncofibroscopia cujo exame
histológico revelou um adenocarcinoma do pulmão, PDL1 20%. Foi submetida a
lobectomia inferior direita na qual se observou invasão da pleura pelo
adenocarcinoma a 1 mm do coto brônquico, estadiado como cT2bN0. Realizou
quimioterapia adjuvante com carboplatina e pemetrexede, seguida de
radioterapia que foi interrompida por esofagite rádica grave, tendo ficado
com ligeira disfagia permanente. Após 5 anos de follow-up sem recidiva, foi
detetado um foco hipermetabólico no polo superior direito da tiroide numa PET
TC 18F-FDG. A biópsia aspirativa do nódulo foi inconclusiva. Realizou
tiroidectomia total e a histologia da peça operatória revelou nódulo no lobo
direito correspondente a neoplasia de padrão papilar e glandular com
morfologia sugestiva de metástase de adenocarcinoma com expressão de CK7 e
TTFI, negativa para CK20, GATA3 e sinaptofisina. O estudo imunohistoquímico
adicional revelou PAX8 negativo, favorecendo o diagnóstico de metástase de
adenocarcinoma do pulmão, estadio pT1a(m). Após a identificação da mutação do
gene EGFR no exão 19, iniciou Osimertinib com boa tolerância e sem evidência
de recidiva há 10 meses.
Conclusões: As metástases da tiroide com origem no adenocarcinoma do pulmão
podem surgir meses ou anos após o seu diagnóstico. As semelhanças
microscópicas e imunohistoquímicas com o carcinoma papilar da tiroide podem
dificultar a sua distinção.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
80 |
Pedro |
Catarino
Varandas |
MICOBACTERIAS |
Unidade
Local de Saúde de Santa Maria |
PC
Varandas, R Oliveira, D Organista |
Uma hemiparésia
com atingimento pulmonar |
Introdução:
A tuberculose disseminada define-se pelo atingimento de 2 ou mais órgãos não
contíguos, correspondendo a uma forma de doença relativamente rara e que
atinge principalmente crianças ou imunocomprometidos.
Caso Clínico: Mulher de 67 anos, natural da Guiné-Bissau, a residir em
Portugal há cerca de 30 anos, sem antecedentes de relevo, que recorre ao
Serviço de Urgência (SU) por quadro com meses de evolução de lombalgia com
irradiação para os membros inferiores, associada a diminuição de força
muscular no hemicorpo esquerdo, maioritariamente a nível do membro inferior
esquerdo. Agravamento significativo do quadro nas 24h que precedem a ida ao
SU com incapacidade para a marcha.
À observação, com hemiparésia esquerda de predomínio crural, para além de
acessos de tosse seca desvalorizados pela doente. Quando questionada, refere
queixas arrastadas de tosse, perda ponderal não quantificada, febre
vespertina e hipersudorese noturna.
Analiticamente com elevação de LDH e PCR, com PCR VIH negativo.
Telerradiografia de tórax com hipotransparência no lobo superior esquerdo.
Posteriormente, realizou tomografia computorizada (TC) de tórax que
identificou: opacidades micronodulares com áreas de confluência e consolidação
multifocais com disseminação endobrônquica, além de esboço de cavitação no
lobo superior esquerdo. Foi ainda submetida a estudo com TC de neuro-eixo
complementada com ressonância magnética que deteta disseminação granulomatosa
a nível encefálico, lesão expansiva na região fronto-parietal direita e
espondilodiscite em L3-L4.
Por elevada suspeita de tuberculose, a doente foi submetida a exame
micobacteriológico de expectoração, com exame direto positivo, iniciando
terapêutica antibacilar com isoniazida, rifampicina, pirazinamida e
etambutol, com suplementação com piridoxina e internamento posterior.
Conclusão: Este caso demonstra a importância de considerar a tuberculose
como uma doença sistémica, com variadas apresentações extrapulmonares, e cujo
diagnóstico nem sempre é linear, exigindo um elevado nível de suspeição de
modo a permitir diagnóstico precoce e início de tratamento dirigido. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
81 |
Pedro |
Almeida |
PLEURA |
Unidade
Local de Saúde da Região de Aveiro |
PV
Almeida, A Andrade, B Rodrigues, G Teixeira, L Andrade |
Pleurodese com
Sangue Autólogo: entre evidência e pragmatismo |
Introdução:
A pleurodese com sangue autólogo tem sido descrita como uma opção
terapêutica segura e eficaz para fuga aérea persistente. No entanto, a sua
aplicação clínica permanece limitada pela ausência de orientações formais
para o procedimento. Apresentaremos dois casos clínicos distintos nos quais
esta técnica foi utilizada com sucesso.
Descrição:
Caso 1: Mulher de 57 anos recorre ao serviço de urgência (SU) por dispneia
e dor torácica pleurítica. Tem antecedentes de carcinoma da mama tratado com
cirurgia, quimioterapia e radioterapia sete anos antes da admissão. A
radiografia e Tomografia Computorizada (TC) torácicas evidenciaram um derrame
pleural direito extenso. Foi decidida colocação de dreno torácico, após a qual
se verificou fuga aérea persistente. A TC de reavaliação mostrou pneumotórax
e densificações parenquimatosas suspeitas de lesões secundárias. Optou-se por
realizar pleurodese com sangue autólogo (cerca de 150 mL), com resolução
completa da fuga aérea. A doente teve alta sem outras intercorrências.
Caso 2: Mulher de 79 ano, com antecedentes de pneumonite de
hipersensibilidade fibrótica, recorre ao SU por dispneia. Foi identificado
pneumotórax esquerdo na radiografia torácica, tendo sido colocado um dreno
torácico, com fuga aérea persistente após colocação. Inviabilizada a
abordagem cirúrgica, realizaram-se duas tentativas de pleurodese com sangue
(com 50 mL e 60 mL), sem sucesso. Uma terceira tentativa, com 120 mL,
resultou em resolução completa da fuga aérea. A doente teve alta com
resolução do pneumotórax.
Conclusão:
A pleurodese com sangue autólogo revela-se uma estratégia eficaz e com um
perfil de segurança favorável no tratamento da fuga aérea persistente,
sobretudo em doentes não elegíveis para intervenção cirúrgica. Deve ser
considerada precocemente no algoritmo terapêutico, e não apenas como medida
de último recurso. São necessárias recomendações formais quanto à sua
aplicação ideal. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
82 |
Pedro |
Almeida |
TÉCNICAS |
Unidade
Local de Saúde da Região de Aveiro |
PV
Almeida, DC Oliveira, A Andrade, V Fernandes, B Rodrigues |
Um dreno
"intrabolhoso" - um caso clínico |
Introdução:
As áreas de enfisema bolhoso apresentam um risco de infeção com formação de
material purulento, um diagnóstico que se pode tornar desafiante pelas
dificuldades de acesso e controlo de foco infeccioso. A colocação de um dreno
guiada por Tomografia Computorizada (TC) ou ecografia surge como uma
estratégia terapêutica promissora para o manejo destas complicações.
Descrição:
Um doente do sexo masculino, de 63 anos, dá entrada no Serviço de Urgência
(SU) com quadro de dispneia e febre com 1 dia de evolução.
O doente tem antecedentes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica de
predomínio enfisematoso, já proposto para bulectomia direita, com
contraindicação cirúrgica por estenose aórtica severa (a aguardar
substituição de válvula).
Os exames laboratoriais realizados no SU revelaram aumento de parâmetros
inflamatórios (leucocitose com neutrofilia, Proteína-C-Reativa 4.43 mg/dL)
com insuficiência respiratória do tipo 1. Realizou TC torácica para
esclarecimento do quadro, que revelou preenchimento de regiões bolhosas à
direita, a condicionar atelectasia do parênquima adjacente. O doente iniciou
antibioterapia com Meropenem por história de infeção prévia e foi internado
para continuação de cuidados.
Por manutenção de febre, foi decidida a colocação de um dreno tipo Rocket
para evacuação do conteúdo purulento da bolha, com auxílio do ecógrafo. O
dreno exteriorizou-se acidentalmente passado dois dias, tendo-se colocado
novo dreno, desta vez do tipo Pigtail. Não foram identificados microrganismos
nas pesquisas microbiológicas do líquido pleural. A TC tórax de reavaliação
evidenciava redução volumétrica da coleção. O doente fez lavagens pelo dreno
diariamente e cumpriu 21 dias de Meropenem, tendo apresentado boa evolução
clínica, analítica e radiológica. O dreno foi removido e o doente teve alta
para o domicílio.
Conclusões:
A colocação de drenos intraparenquimatosos é uma opção terapêutica com
pouca evidência científica. Este caso clínico pretende demonstrar que a
utilização de drenos "intrabolhosos" em casos específicos poderá
ser uma opção segura e eficaz. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
83 |
Ana
Rita |
Fernandes |
CANCRO |
Unidade
Local de Saúde Algarve, Hospital de Faro |
A
Fernandes, C Guerreiro, I Ruivo, U Brito |
Doença neoplásica,
mas será do pulmão? |
Introdução
A pneumonia extensa, desencadeia um estudo alargado, permitindo não
raramente, o diagnóstico de entidades mais complexas e particulares.
Descrição de Caso Clínico
Mulher de 59 anos, não fumadora, sem antecedentes relevantes. Recorre ao SU
a 10/06/2024 por febre, tosse seca, toracalgia pleurítica na face anterior do
hemotórax direito, anorexia a astenia com 24h. Ao exame objetivo Ttimp 38ºC,
polipneia e auscultação pulmonar com murmúrio vesicular diminuído na base esquerda
com broncofonia. GSA pO2 58,6 mmHg. Analiticamente leucócitos 16900 com
neutrofilia, PCR 283mg/dL, VIH negativo. Radiografia torácica
hipotransparências na metade inferior campo pulmonar esquerdo e base campo
pulmonar direito. Teste COVID-19 positivo. Foi internada na Pneumologia por
Pneumonia Adquirida na Comunidade, Infeção COVID-19 e Insuficiência
Respiratória Parcial, tendo iniciado ceftriaxona e azitromicina e
dexametasona. Do estudo inicial hemoculturas positivas para MRSA que
implicaram alteração de antibioterapia para linezolide e metronidazol (14
dias) e protocolo de descontaminação.
Evolução clínica e laboratorial favorável, contudo identificado pico
monoclonal IgG/lambda e sem melhoria imagiológica. TC torácica (18/06/2024) revelou
consolidações com broncograma aéreo no lobo inferior esquerdo (LIE) e
segmento anterior do lobo inferior direito (LID) [com áreas líquidas
intrínsecas]. Realizou broncoscopia a (25/06/2024) que mostrou edema da
mucosa na entrada da divisão superior e na entrada do segmento apical do
brônquio lobar inferior esquerdo, cujas biopsias revelaram neoplasia maligna
pouco diferenciada (CD45+, TTF1-, p40-, CD56-). PET-TC (12/07/2024)
hipercaptação anómala em condensações do LIE (SUV 7,5) e do LID (SUV 12,3).
Teve alta ao 35º dia de internamento, medicada com naproxeno fixo por
manutenção de hipertermia. Efetuou biópsia transtorácica em ambulatório que
revelou infiltração por celularidade B (CD45+, CD20+), sugerindo doença
linfoproliferativa.
Conclusões
Em quadros clínicos semelhantes à pneumonia, a sua evolução determina a
decisão de prosseguir com a investigação, especificamente se a “pneumonia” se
apresenta de forma arrastada.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
84 |
Ana
Rita |
Fernandes |
CANCRO |
Unidade
Local de Saúde Algarve, Hospital de Faro |
A
Fernandes, C Guerreiro, U Brito |
Síndrome
Paraneoplásica – Um indício de desenvolvimento de doença |
Introdução
A síndrome paraneoplásica pode apresentar-se através de alterações
neurológicas e constituir a primeira manifestação de uma neoplasia
pulmonar.
Descrição de Caso Clínico
Mulher de 63 anos, ex-fumadora há 10 anos (30 UMA), múltiplos antecedentes
neoplásicos, nomeadamente, carcinoma endometrióide do ovário em 2008
(submetida a cirurgia e QT), carcinoma epidermóide do pulmão [Pancoast à
esquerda] em 2013 (estadio IIB, efetuou RT+QT neoadjuvante
cisplatino+etopósido, cirurgia e QT adjuvante cisplatino+vinorrelbina),
adenocarcinoma do pulmão direito em 2021 (estadio IA/II [pT1b], submetida a
segmentectomia do LSE, QT adjuvante carboplatino+pemetrexed).
Em 2021 quadro de perda de sensibilidade no pé direito com evolução
bilateral na semana seguinte, parestesias com progressão ascendente até à
cintura pélvica, sem alteração de esfíncteres. Foi internada na Neurologia,
ao exame físico apresentava hipostesia álgica até ao joelho, marcha atáxica,
Romberg+ e arreflexia miotática.
Eletromiografia revelou polineuropatia sensitiva axonal distal,
simétrica, de tipo dependente do comprimento, moderada-grave. Serologias
infeciosas, anticorpos antineunonais e estudo de autoimunidade negativos. TC
e RM neuro-eixo sem alterações. Tendo sido diagnosticada polineuropatia
secundária a QT.
Em 2023 é reavaliada em Consulta de Neurologia, e no estudo do LCR é
identificado aumento de IgG intratecal e anticorpos antineuronais CV2 fortemente
positivos, favorecendo o diagnóstico de síndrome paraneoplásica.
Concomitantemente surge novo carcinoma epidermóide da nasofaringe (estadio
II, realizou RT+QT com cisplatino). Não obstante do tratamento em curso
iniciou também imunoglobulina endovenosa, com discreta melhoria. Contudo,
houve resolução neoplásica, mas manutenção da síndrome paraneoplásica.
Em 2024 em Consulta de Pneumologia Oncológica, TC-Tórax identificou aumento
de adenopatia hilar direita (16->24mm), PET-TC confirmou lesão única,
tendo sido abordada por EBUS, que veio a revelar carcinoma pulmonar de
pequenas células (TxN2M0), de momento, sob RT+QT
(Carboplatino+Etopósido).
Conclusões
A síndrome paraneoplásica é frequentemente associada à neoplasia pulmonar,
particularmente, ao carcinoma pulmonar de pequenas células, podendo surgir
cerca 2 anos antes do diagnóstico.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
85 |
Sara |
Ferreira |
ASMA |
ULS
Médio Tejo |
SP
Ferreira, E Almeida, JM Silva |
Consequências da
corticoterapia sistémica crónica - a propósito de um caso clínico |
Introdução
A disponibilização dos corticosteroides sistémicos veio proporcionar um
tratamento eficaz no controlo sintomático e exacerbações da asma. Contudo, a
sua utilização generalizada rapidamente levou ao reconhecimento de que, a
longo prazo, estão associados a eventos adversos significativos. Apesar da
introdução de estratégias de tratamento atualizadas e da terapêutica
biológica na asma, estudos revelam que a corticoterapia sistémica continua a
ser utilizada frequente e excessivamente.
Caso Clínico
Homem, 44 anos, mecânico. Antecedentes de asma, medicado com budesonida
400mg+formoterol 12µg, aminofilina 225mg e deflazacort 15mg há vários anos.
Internado no serviço de Pneumologia por pneumonia adquirida na comunidade e
insuficiência respiratória parcial. À data de alta, foi otimizado tratamento,
com início de terapêutica inalatória tripla e antagonista dos recetores dos
leucotrienos, sendo referenciado para a consulta de asma grave. Realizou
provas de função respiratória (FEV1 28%, FeNO 33ppb) e estudo analítico
(eosinofilia de 410/µL, IgE total 67kUIgE/L e Phadiatop negativo). Mediante a
apresentação de uma asma eosinofílica não alérgica grave, foi proposto para
terapêutica biológica com anti-interleucina 5 (mepolizumab). Após iniciar
biológico, o doente referiu melhoria clínica significativa, com diminuição do
número de exacerbações. Iniciou-se tentativa de redução de corticoide oral,
não sendo possível suspender por apresentar insuficiência da suprarrenal (cortisol
indoseável <0.8µg/dL), consequência do tratamento prolongado com
corticoterapia. De facto, o doente apresentava sinais compatíveis com efeitos
secundários associados aos corticoides, nomeadamente hiperpigmentação da pele
e fragilidade capilar. Além disso, foram solicitados exames complementares de
diagnóstico para avaliar outros possíveis efeitos secundários, tendo o estudo
osteodensitométrico revelado osteoporose com elevado risco de fratura.
Conclusões
Os autores apresentam este caso com o intuito de alertar para os efeitos
secundários associados à corticoterapia de longa duração. Efetivamente,
trata-se de um doente jovem, que apresenta consequências graves, como é o
caso da osteoporose e da insuficiência da suprarrenal. Atualmente, dispomos
de várias opções de terapia biológica, que devem ser consideradas e iniciadas
de forma atempada. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
86 |
Sara |
Costa |
PLEURA |
Unidade
Local de Saúde de Matosinhos |
S
Costa, M Abreu, R Pereira, MJ Moura, J Lourenço, AL Costa, H Pereira, D Reis,
J Amado |
Derrame pleural -
dois desfechos inesperados |
Introdução:
A análise do líquido pleural (LP) é um pilar no diagnóstico das doenças
pleurais, contudo existem situações em que as suas características não são
sugestivas do diagnóstico final.
Caso1:Homem, 86 anos, internado por sépsis secundária a pneumonia e derrame
pleural (DP) esquerdo. O LP era exsudativo, com predomínio de
polimorfonucleares (PMN), sem isolamentos microbiológicos e citologia
negativa. Assumido DP parapneumónico com resolução após antibioterapia
empírica. Três meses depois, novo internamento por recidiva do DP esquerdo; o
LP manteve as características prévias. Prosseguiu-se estudo com tomografia
computorizada que revelou densificações suprajacentes à hemicúpula
diafragmática esquerda. A biópsia transtorácica mostrou pleurite fibrosante
crónica. Dada a indefinição diagnóstica, realizou toracoscopia médica que
evidenciou pleura diafragmática irregular e espessamento difuso da pleura
costal com lesões nodulares milimétricas, irregulares e duras, compatíveis
com mesotelioma maligno epitelióide. Iniciou tratamento com
nivolumab/ipilimumab.
Caso2:Homem, 76 anos, antecedentes de carcinoma epidermoide do pulmão, sob
durvalumab de consolidação. Durante o seguimento, identificado DP direito
recidivante com LP com critérios de exsudado, predomínio de mononucleares,
citologia negativa e sem isolamentos microbiológicos. Optou-se por vigilância
clínica, verificando-se melhoria do DP. Dois anos depois apresentou quadro de
dispneia, tosse mucopurulenta, febre, PCR elevada e radiografia torácica com
hipotransparência sugestiva de DP loculado à direita. O LP apresentava pH
7.05 e glicose 37mg/dL, sendo assumido DP complicado, colocado dreno torácico
e iniciada de antibioterapia empírica. O LP tinha características de
exsudado, predomínio de PMN, ADA 62U/L, exame direto micobacteriológico
positivo e PCR Mycobacterium tuberculosis complex positiva. Foi isolada
Moraxella catarrhalis na expectoração. Assim, diagnosticada tuberculose
pleural com infeção bacteriana concomitante, iniciados antibacilares e
mantida antibioterapia, com evolução favorável.
Conclusão: Estes casos ilustram a complexidade do diagnóstico diferencial
do DP, especialmente quando os dados do LP não apontam diretamente para a
etiologia. A monitorização, evolução clínica e o alargamento do estudo foram
cruciais para o diagnóstico definitivo. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
87 |
Sofia |
Botelho
Teixeira |
INFEÇÃO |
ULS
COIMBRA |
S
Botelho Teixeira, J Oliveira Pereira |
Actinomicose
pulmonar: um desafio diagnóstico |
Introdução
A actinomicose pulmonar é uma infeção rara e constitui um desafio
diagnóstico, dada a mimetização de outras patologias infeciosas e
neoplásicas, e a difícil identificação cultural deste género de bactérias
anaeróbias de crescimento lento.
Caso clínico
Sexo feminino, 51 anos, ex-fumadora, com antecedentes de asma e neoplasia
da mama, referenciada ao serviço de urgência (SU) por TC-torácica revelando
massa do lobo superior do pulmão direito (LSD) sugestiva de malignidade.
Apresentava quadro de sudorese noturna profusa, febrícula vespertina, perda
ponderal, astenia e dispneia com um mês de evolução. Ao exame objetivo não
apresentava alterações de relevo e o estudo analítico realizado no SU
demonstrou-se normal.
Após referenciação a consulta, realizou PET-CT que confirmou a presença de
massa espiculada justa pleural do LSD com 30x37 mm e de uma adenopatia
broncohilar direita, ambas hipermetabólicas e suspeitas de etiologia maligna,
bem como de uma lesão lítica da omoplata com discreta captação de 18F-FDG.
Realizou videobroncofibroscopia (VBF), biópsia transtorácica (BTT), biópsia
óssea e citologia aspirativa por ecoendoscopia brônquica (EBUS), sem
identificação de células neoplásicas ou microorganismos nas amostras.
Após discussão multidisciplinar, repetiu PET, BTT e biópsia óssea, que
revelaram, respetivamente, redução dimensional e metabólica da lesão pulmonar
e histologias compatíveis com pneumonia organizativa e um provável
endocondroma/condrossarcoma da omoplata. A repetição de VBF revelou aspirado
brônquico com flora microbiana abundante e características citológicas
sugestivas de infeção por Actinomyces. Apurou-se a história de granuloma
dentário, procedendo-se à extração da peça dentária em causa. A doente
iniciou antibioterapia com amoxicilina e ácido clavulânico, que cumpriu
durante 4 meses, com resolução dos sintomas e melhoria imagiológica.
Conclusões
A actinomicose pulmonar permanece um desafio diagnóstico pela
inespecificidade da apresentação clinico-imagiológica e a baixa sensibilidade
do estudo microbiológico. O tratamento prolongado com antibioterapia,
tipicamente penincilina ou betalactâmico, por semanas a meses após a
resolução dos sintomas é essencial para a resolução do quadro e prevenção de
recidivas. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
88 |
Sofia |
Botelho
Teixeira |
OUTRAS |
ULS
COIMBRA |
S
Botelho Teixeira, J Oliveira Pereira |
Agenesia
unilateral da artéria pulmonar |
Introdução
A agenesia unilateral da artéria pulmonar (AUAP) é uma malformação rara,
podendo associar-se a malformações cardíacas, nomeadamente arco aórtico
direito (AAD). A idade ao diagnóstico é bimodal, ocorrendo na infância ou em
idade adulta, e a apresentação clínica variada, desde assintomática até
hemoptise massiva.
Caso clínico
Sexo masculino, 21 anos, sem antecedentes pessoais ou familiares de relevo,
recorreu ao serviço de urgência (SU) por tosse de início súbito, epistáxis
anterior e hemoptises de volume aproximado a 200 mL (1 copo). Apresentava
hábitos alcoólicos compatíveis com binge drinking e era consumidor de cigarro
eletrónico há 2 meses. À auscultação apresentava fervores no hemitórax
esquerdo e sibilos bilaterais. No SU realizou angioTC-torácica. que revelou
AUAP, AAD, redução do volume do pulmão esquerdo, desvio do mediastino
ipsilateral e pulmão direito vicariante. Por ecocardiograma confirmou-se AAD
e redução do fluxo venoso pulmonar à esquerda. Analiticamente não apresentava
alterações de relevo.
Durante o internamento apresentou vários episódios de hemoptise de volume
moderado. Realizou videobroncofibroscopia (VBF), interrompida por hemorragia
ativa grave proveniente da árvore brônquica esquerda, optando-se pela
realização de arteriografia brônquica terapêutica, com embolização da artéria
brônquica esquerda e objetivação de anastomose desta com ramos da artéria
pulmonar.
Nos dois dias seguintes, apresentou vários episódios de hemoptise de
moderado e grande volume, tendo realizado nova arteriografia brônquica que
mostrou dilatação marcada das artérias intercostais posteriores esquerdas e
da artéria brônquica esquerda, tendo-se procedido à sua embolização.
Por hemoptises refratárias a esta terapêutica, após discussão com equipa
cirúrgica, foi submetido a pneumectomia esquerda sem intercorrências.
Conclusões
A hemoptise grave é uma complicação tardia da AUAP, associada
predominantemente ao desenvolvimento de circulação colateral extensa. O
tratamento cirúrgico é geralmente considerado após falência da terapêutica
médica e minimamente invasiva/endovascular. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
89 |
Sofia |
Quaresma |
TÉCNICAS |
Hospital
Garcia de Orta |
S
Quaresma, C Araújo, I Estalagem, M Almeida, R Gomes, I Oliveira, J Soares, M
Lopes |
Prótese
Traqueobrônquica em “J” Autoexpansível em Obstrução Maligna das Vias Aéreas
Centrais |
A
obstrução maligna das vias aéreas centrais é uma complicação frequente em
neoplasias pulmonares avançadas, com elevada morbilidade e mortalidade. A
intervenção broncoscópica, incluindo colocação de próteses traqueobrônquicas
autoexpansíveis, é uma estratégia eficaz na restauração da permeabilidade de
vias aéreas, alívio sintomático e melhoria da qualidade de vida.
Um homem de 59 anos, fumador (45 UMA), com história conhecida de DPOC e
carcinoma pleomórfico do pulmão direito estádio III, PDL1 70%, sem alterações
moleculares, com envolvimento de todos os lobos do hemitórax direito e
oclusão completa do brônquio principal direito (BPD). Doente foi internado
por empiema loculado à direita tendo realizado drenagem pleural e
antibioterapia dirigida por isolamento de Streptococcus anginosus e
Pseudomonas aeruginosa. Durante o internamento, previamente a iniciar
imunoterapia com pembrolizumab, por queixas subjetivas de corpo estranho
traqueal, realizou-se broncofibroscopia (BFO) que evidenciou tumor
endobrônquico com obstrução significativa da traqueia e brônquio principal
esquerdo (BPE), além da oclusão completa do BPD já conhecida. Foi realizada
broncoscopia rígida com debulking tumoral e eletrocoagulação, permitindo
restabelecer a patência da traqueia e do BPE. Contudo, por recidiva precoce
das queixas e surgimento de estridor em menos de uma semana foi novamente
submetido a BFO com remoção de pedículo tumoral traqueobrônquico. Posto isto,
decidiu-se por broncoscopia rígida para colocação urgente de prótese em
"J" metálica autoexpansível de nitinol revestida (Leufen®), com
ramo traqueal de 40mm/18mm e ramo brônquico esquerdo de 40mm/14mm, garantindo
a estabilidade e patência da traqueia e do BPE. Nove dias depois, o doente desenvolveu
quadro de obstrução funcional da prótese por impactação de secreções
purulentas espessas, resolvida com aspiração broncoscópica. Iniciou
nebulização com soro fisiológico e acetilcisteína, sem recorrência.
Este caso ilustra a complexidade da gestão de obstruções traqueobrônquicas
extensas por carcinoma pulmonar localmente avançado onde a utilização de
prótese em "J" permitiu uma abordagem eficaz e segura, restaurando
a permeabilidade das vias aéreas e permitindo continuidade terapêutica. O
acompanhamento precoce pós-prótese é essencial para prevenir complicações
obstrutivas. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
90 |
Sofia |
Quaresma |
OUTRAS |
Hospital
Garcia de Orta |
S
Quaresma, C Araújo, I Estalagem, M Almeida, I Oliveira, M Lopes |
Um caso raro de
heMMoptises |
As
hemoptises representam uma manifestação clínica potencialmente grave,
habitualmente associada a etiologias respiratórias como infeções,
bronquiectasias, tromboembolismo pulmonar ou neoplasias do trato
respiratório. No entanto, em casos mais raros, pode ser a manifestação
inicial de doenças sistémicas ou hematológicas.
Um homem de 53 anos, fumador, sem antecedentes relevantes, inicia sensação
de farfalheira seguida de hemoptises em moderada quantidade,
hemodinamicamente estável, apirético e com SpO₂>95% em ar ambiente. Á
admissão, apresentava anemia (Hb 10,5 g/dL) e a TAC torácica revelou
infiltrados peribroncovasculares/centrilobulares multifocais e densificações
peribroncovasculares em vidro despolido no segmento ápico-posterior do lobo
superior esquerdo, na região lingular, pirâmide basal esquerda, lobo médio e
ténue densificação no segmento laterobasal do lobo inferior direito,
compatíveis com preenchimento endoluminal das vias aéreas distais, não se
excluindo focos de hemorragia alveolar.
A investigação etiológica para causas infecciosas, cardíacas e autoimunes
foi negativa. A broncofibroscopia evidenciou hemorragia ativa proveniente da
língula e a citologia do aspirado brônquico e do lavado broncoalveolar foi
negativa para malignidade e para microorganismos patogénicos. No entanto, a
eletroforese de proteínas e a imunofixação sérica revelaram um pico
monoclonal IgG lambda, sugerindo Mieloma Múltiplo (MM), confirmado por
mielograma e biópsia óssea.
Após a realização do estudo medular, iniciou corticoterapia com
dexametasona. As perdas hemáticas persistiram até ao dia seguinte, com
hemoglobina mínima de 7,7 g/dL. 3 dias depois teve alta, tendo sido submetido
a embolização arterial brônquica em ambulatório, sem recorrência de
hemoptises.
Hemoptises como manifestação inicial de MM é rara. Mecanismos possíveis
incluem hemorragia alveolar difusa associada a síndrome de hiperviscosidade
ou infiltração pulmonar por células plasmáticas. Este caso destaca a
importância de uma abordagem diagnóstica abrangente perante hemoptises
inexplicadas, considerando etiologias hematológicas, para um diagnóstico
precoce e tratamento adequado. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
91 |
Sara |
Rodríguez
Tardón |
CANCRO |
Complejo
Asistencial Universitario de Salamanca |
S
Rodríguez Tardón, AG Salazar Palacios, EC Prieto Maillo, AM Martín Varillas,
MJ Corbí Cobo-Losey, A González Rosa, P Torres Piñero, JM González Ruiz |
LAS APARIENCIAS
ENGAÑAN, NO TODA MASA PULMONAR ES TUMORAL: EL TEXTILOMA |
Introducción.
Se presenta el caso de un varón de 54 años, fumador (índice paquetes/año 35),
con antecedente de neumotórax espontáneos de repetición por lo que fue
intervenido quirúrgicamente hace más de 30 años.
Caso clínico. El paciente acudió a Urgencias por cuadro de tos con
expectoración purulenta de dos días de evolución, manteniendo buenas
saturaciones basales. En la exploración física destacó disminución de
murmullo vesicular en hemitórax derecho. En radiografía de tórax se objetivó
masa en lóbulo pulmonar superior izquierdo (LSI) y signos de hiperinsuflación
de pulmón derecho, y se remitió a consultas de Vía Clínica de Cáncer de
Pulmón con diagnóstico de masa pulmonar a estudio.
En consulta, el paciente niega clínica constitucional o a otros niveles. Se
solicita tomografía computarizada de tórax donde aparece lesión quística de
11 centímetros en LSI, con componente de partes blandas calcificadas y
plegadas en su interior, y áreas de enfisema paraseptal y bulla gigante en
hemitórax derecho que provoca atelectasia del pulmón adyacente y
desplazamiento mediastínico. Así, se emite el diagnóstico de textiloma en LSI
y enfisema pulmonar con bulla gigante en hemitórax derecho. En pruebas de
función respiratoria (PFR) se objetiva patrón no obstructivo grave, con
capacidad vital forzada (FVC) del 46%, y capacidad de difusión de monóxido de
carbono (DLCO) disminuida (59%). Se remite el caso a comité de tumores donde
se decide realización de segmentectomía atípica de la bulla de mayor tamaño y
pleurodesis mecánica por VATS por Cirugía Torácica, sin intervención sobre el
textiloma. En radiografía de tórax
postoperatoria se evidencia desaparición de signos de hiperinsuflación en
hemitórax derecho.
En seguimiento posterior en consultas, en PFR se obtuvo una FVC del 87%,
manteniendo DLCO disminuida, y a día de hoy estas permanecen estables. El
textiloma también permanece estable y el paciente asintomático sin
tratamiento ni complicaciones.
Conclusión. El textiloma es una lesión que puede producirse por el olvido
de material quirúrgico en el interior del cuerpo. En nuestro caso, el
paciente acude con sospecha de una masa pulmonar que resulta no ser maligna.
En lugar de la resección de la misma, se opta por una cirugía de reducción de
volumen del pulmón contralateral, con mejoría funcional posterior. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
92 |
Teresa |
Belo |
PLEURA |
CHTV |
T
Belo, C António, J Correia, A Correia,
B Dias , A Reis |
Quilotoráx após
linfoma: Quando a suspeita não se confirma |
Introdução:
O quilotoráx deve-se a uma acumulação de linfa no espaço pleural,
geralmente provocada por lesão/obstrução do ducto torácico. As principais
etiologias a considerar são: traumática, iatrogénica (após procedimentos),
infecciosa e neoplásica
Caso Clínico
Descrevemos o caso de uma jovem do sexo feminino de 25 anos, com
antecedentes de linfoma de Hodgkin mediastínico estadio IV-A (diagnóstico em
2021, e em remissão completa após quimioterapia desde 2022), em vigilancia,
medicada cronicamente com contraceptivo oral, que se apresentou no SU por
dispneia de agravamento progressivo com 1 semana de evolução. À observação
apresentava murmúrio vesicular abolido no hemitorax esquerdo. Analiticamente
destacava-se PCR 8.45, DD 3098, sem outras alterações. O RXT mostrava
hipotransparencia de todo o campo pulmonar esquerdo. Foi submetida a
toracocentese diagnóstica e evacuadora, constatando-se macrsocopicamente
conteudo leitoso (tendo sido drenados aproximadamente 2L). A análise do
liquido pleural apresentava predominio de mononucleares, pesquisa de
quilomicrones positiva e triglicerideos de 1113. A citologia foi negativa
para células neoplásicas.
Fez TC toráx que mostrava uma massa mediastinica (dimensões 60 mmx 40 mm)
em crescimento com calcificações no seu interior, mas metabolicamente pouco ativa em PET (SUV máx
4.3). Foi submetida a biópsia cirurgica da respetiva massa e talcagem da
cavidade pleural. A biópsia cirurgica foi negativa para envolvimento por
linfoma. A doente mantém-se atualmente em seguimento sem recidiva de
quilotorax nem evidencia de recidiva de doença por linfoma.
Conclusão
Está descrita a ocorrência de massas inflamatórias após tratamento de uma
doença linfoproliferativa, salientando que tal achado não implica
necessariamente a recidiva. Pretendemos com este exemplo reforçar a
importância de uma avaliação cuidadosa e dos possiveis diagnósticos
diferenciais, lembrando que, por vezes, a suspeita mais provável não se
confirma — traduzindo um desfecho mais favorável. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
93 |
Teresa |
Machado |
SONO
E VENTILAÇÃO |
Unidade
Local de Saúde Gaia e Espinho |
T
Machado; N Fernandes; A Fonseca; M Sá Marques; S Ferreira; R Marçôa; I
Franco; R Monteiro; I Sanches; C Nogueira; D Machado; D Ferreira |
Apneia Obstrutiva
do Sono e Movimentos Periódicos dos Membros: um desafio clínico |
Introdução:
A apneia obstrutiva do sono (SAOS) é uma condição prevalente, associada a
múltiplas comorbilidades, cuja gestão e monitorização contínuas representam
um desafio clínico.
Descrição: Doente masculino, 48 anos, antecedentes de hipertensão arterial
e excesso ponderal (IMC de 27.4 kg/m²), foi referenciado à consulta de Apneia
do Sono por roncopatia, apneias presenciadas durante o sono e hipersonolência
diurna (escala de sonolência de Epworth de 13).
Realizou polissonografia nível III, inconclusiva por falhas nos registos,
pelo que se avançou para polissonografia nível I. Esta confirmou SAOS grave
(índice de apneia-hipopneia de 43.7/h) e revelou movimentos periódicos dos
membros (PLMS) com índice de 55.6/h (com microdespertares 3.2/h; sem
microdespertares 52.3/h).
Iniciou auto-CPAP (pressão entre 6–12 cmH₂O) com máscara nasal.
Verificou-se adesão intermédia (~62%), sem benefício sintomático evidente,
com queixas de desconforto com a interface, sintomas nasais e episódios de remoção
inadvertida da interface durante a noite. A pressão foi reduzida, a interface
alterada para máscara facial, iniciou corticosteroide nasal e realizou TC dos
seios perinasais, que revelou hipertrofia inflamatória das mucosas.
Apesar das intervenções, a adesão agravou-se (~3%) e a hipersonolência
diurna persistiu. O tratamento com auto-CPAP foi suspenso.
O doente foi avaliado em Estomatologia para possível adaptação de
dispositivo de avanço mandibular (DAM), que foi contraindicada pelo risco de
perda de peças dentárias. Foi também avaliado por Otorrinolaringologia, sem
indicação cirúrgica.
Após revisão do caso, iniciou tratamento com gabapentina com aumento
gradual da dose, devido ao elevado índice de PLMS. O doente tem cumprido a
medicação e relata uma perceção de sono mais tranquilo, com melhoria na
adesão ao auto-CPAP e redução das queixas de hipersonolência diurna.
Conclusão: Este caso clínico evidencia que os PLMS sintomáticos podem
comprometer a adesão à terapêutica ventilatória, sendo que o seu tratamento
adequado pode contribuir para a melhoria dessa adesão. Reforça ainda a
importância de uma abordagem multidisciplinar na gestão da síndrome de apneia
obstrutiva do sono (SAOS) com comorbilidades associadas. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
94 |
Tiago |
Frias
Pais |
OUTRAS |
ULS
de Coimbra |
TF
Pais, M Lagarto, E Paiva, C António, T Alfaro |
Granulomas,
parasitas e bactérias: as 3 faces de uma batalha imunológica |
Introdução:
A sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistémica, com distribuição
global. As manifestações clínicas resultam da acumulação de granulomas não
necrotizantes, com aparecimento de sintomas ou achados incidentais, podendo
evoluir para fibrose, principalmente pulmonar. A abordagem terapêutica
baseada na corticoterapia tem sido a principal arma terapêutica usada para
controlo progressivo desta patologia e estabilização sintomática, mas os
imunossupressores têm sido cada vez mais usados.
Caso clínico: Homem de 78 anos com diagnóstico de sarcoidose pulmonar
estadio IV há 10 anos sob terapêutica com deflazacorte e metotrexato que
apresentou disfonia, disfagia para líquidos e sólidos e sensação de corpo
estranho com cerca de 5 anos de evolução. Foi observado por ORL e
identificada uma lesão suspeita na epiglote, pelo que foi internado
eletivamente para realização de biópsia dirigida em 2021. O estudo revelou
pesquisa de DNA de Leishmania positivo, com o diagnóstico de Leishmaniose da
corda vocal direita e epiglote. Dois meses depois, foi internado eletivamente
para início de terapêutica com anfotericina B lipossómica e, durante esse
internamento, foram realizadas biópsias incisionais de lesões cutâneas do
membro superior direito, cujo exame histológico e cultura da amostra
revelaram Botriomicose a Staphylococcus aureus. Iniciou tratamento com
flucloxacilina oral, mas por agravamento das lesões com aumento dos sinais
inflamatórios, foi necessário novo internamento para terapêutica endovenosa.
Após estabilização clínica, foi decidida suspensão de metotrexato, mantendo
corticoterapia oral. Apesar dessa medida, apresentou recidiva de Leishmaniose
laríngea três anos depois, com necessidade de terapêutica de manutenção
mensal com Anfotericina B. Mantem seguimento multidisciplinar em consultas de
Pneumologia, ORL, Dermatologia e Infeciologia.
Conclusão: Apesar do recurso crescente a imunosupressores no tratamento da
sarcoidose, com bom controlo da inflamação e progressão da doença é
fundamental manter a vigilância e suspeita clínica para o aparecimento de
infeções oportunistas tendo em conta o grau de imunossupressão condicionado
por estas terapêuticas. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
95 |
Tiago |
Frias
Pais |
MICOBACTERIAS |
ULS
de Coimbra |
TF
Pais, J Couto, M Lagarto, E Paiva, T Alfaro |
Tuberculose
pulmonar: diagnóstico definitivo de uma lesão neoformativa “suspeita” |
Introdução:
A tuberculose (TB) afeta milhões de pessoas a nível mundial, sendo a
principal causa de morte infeciosa. É de primordial importância o diagnóstico
precoce da doença para início célere do tratamento e redução da transmissão
na comunidade e da morbimortalidade associadas.
Caso clínico: Homem de 68 anos com antecedentes pessoais de pneumonia
necrotizante à direita e derrame pleural parapneumónico em 2014 e
gastrectomia por neoplasia gástrica em 2001, que foi encaminhado à consulta
de Pneumologia Geral por clínica prolongada de tosse seca, anorexia e
astenia. A TC-Tórax revelou opacidade no lobo superior direito (LSD), já
presente em 2014 mas com aumento dimensional, podendo traduzir patologia
neoformativa intraparenquimatosa. Face à suspeita de tumor da cicatriz, foi
pedida PET-18-FDG com identificação de densificação espiculada
hipermetabólica no LSD com características de malignidade. Uma biópsia
transtorácica (BTT) da lesão apresentava características de pleura
hialinizada e fibroelastose, sem representação neoplásica. Posteriormente,
face ao estudo analítico IGRA+, repetiu a BTT, novamente sem identificação de
neoplasia ou microorganismos e exame cultural sem bacilos ácido-álcool
resistentes (BAAR). Doente com agravamento clínico progressivo, com
desenvolvimento de tosse produtiva mucopurulenta, dispneia para pequenos
esforços e hipersudorese noturna. Mais tarde, o estudo bacteriológico de
expetoração revelou-se novamente sem BAAR mas a pesquisa PCR de Mycobacterium
turberculosis complex foi positiva. Contactado o CDP, foi dada indicação para
realizar nova pesquisa invasiva por videobroncofibroscopia (VBF), tendo o
aspirado brônquico sido finalmente positivo (>10/campo) para M.
tuberculosis complex. Iniciou esquema anti-tuberculose com Isoniazida,
Rifampicina, Pirazinamida e Etambutol, com boa evolução clínica e
imagiológica.
Conclusão: A clínica e resultados imagiológicos da tuberculose podem
mimetizar outras patologias, nomeadamente neoplasias ou outras doenças
infeciosas. É necessário manter um alto nível de suspeição, mesmo na ausência
de diagnóstico numa primeira abordagem, pois detetar e tratar precocemente a
TB pode minimizar a cadeia de transmissão e salvar vidas. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
96 |
Tiago
Jorge |
Antunes
de Sá |
CANCRO |
ULS
Gaia-Espinho |
Sá
T., Fernandes N., Machado T., Coutinho D., Silva E. |
Efeitos adversos
imunomediados secundários ao Nivolumab com atingimento multiorgânico do trato
gastro-intestinal |
Introdução
A imunoterapia, nomeadamente os inibidores de “checkpoint” (IC) como o
nivolumab, têm sido cada vez mais usada no tratamento da neoplasia do pulmão.
Apesar da sua eficácia, os IC estão associados a vários efeitos adversos
imunomediados (EAI), com potencial de atingir qualquer órgão com níveis
diferentes de gravidade.
Descrição
Individuo de 72 anos do sexo masculino com diagnóstico de carcinoma de
células escamosas estadio IIIA em 2023, com progressão de doença após 2
ciclos quimioterapia e radioterapia prévia, encontrando-se sob esquema de 2º
linha de tratamento com nivolumab, desde Fevereiro de 2024.
Em Setembro de 2024, o doente apresentou-se no serviço de urgência com
queixas de anorexia, perda ponderal de 3kg em 2 meses e dejeções diarreicas
sem sangue ou muco.
Constatou-se elevação das enzimas hepáticas com padrão colestático
(aspartato transaminase [AST] 116 U/L, alanina transaminase [ALT] 111 U/L,
fosfatase alcalina [FA] 1402 U/L, gama glutamil-transferase [GGT] 1866 U/L,
bilirrubina total 1.3 mg/dL), elevação de INR de 2.02, associado a dilatação
da via biliar comum e vias biliares intra-hepáticas com espessamento difuso e
realce das suas paredes, edema periportal e ascite de pequeno volume, em TC
abdominal.
Do estudo etiológico da diarreia, realizaram-se coproculturas, como também
testes por PCR para deteção de vírus (incluindo citomegalovírus) e pesquisa
de toxinas de Clostridium difficile, todos com resultado negativo. A colonoscopia
não revelou lesões macroscópicas e a endoscopia digestiva alta com biópsias
gástricas mostrou gastrite linfocítica com apoptose das criptas, sugestiva de
gastrite imune-mediada secundária ao nivolumab.
Mediante a suspeita de efeitos adversos secundários ao nivolumab, este foi
suspenso e iniciada prednisolona 40mg/dia e ácido ursodesoxicólico, com
melhoria dos sintomas e alterações analíticas supracitadas. Assim, segundo os
Critérios Comuns de Terminologia para Efeitos Adversos constatou-se
atingimento multiorgânico com colangite imuno-mediada de grau 3, acompanhada
de hepatite, colite e gastrite de grau 1.
Conclusão
O atingimento multiorgânico por EAIs é raro, como também a colangite
induzida por IC. A ocorrência de EAIs pode ser grave e condicionar a
utilização dos IC, pelo que o seu reconhecimento precoce e tratamento são
essenciais.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
97 |
Tiago
Jorge |
Antunes
de Sá |
PLEURA |
ULS
Gaia-Espinho |
Sá
T., Machado T., Fernandes N., Mesquita P., Alves C., Ribeiro C., Shiang
T.,Vanzeller M., Conde S., Silva E. |
Fistula
esófago-pleural espontânea - uma entidade rara |
Introdução
A fístula esófago-pleural é uma entidade incomum, habitualmente de
etiologia neoplásica ou infeciosa, podendo raramente ocorrer
espontaneamente.
Descrição
Sexo feminino, 89 anos, apresentou-se ao serviço de urgência com quadro
subagudo de astenia, anorexia, tosse produtiva e agravamento do grau de
dependência. Do estudo complementar constatou-se aumento dos parâmetros
inflamatórios e hidropneumotórax de grande volume à direita com trajeto
associado para o esófago torácico distal na tomografia computorizada (TC)
torácica.
Neste contexto realizou-se endoscopia digestiva alta que confirmou a
presença de fístula esofágica, sem evidência de neoplasia associada,
procedendo-se à colocação de prótese metálica. Foi também realizada
toracocentese diagnostica, com documentação de empiema, tendo-se colocado
dreno torácico pigtail e iniciada piperacilina-tazobactan empiricamente.
Inicialmente verificou-se isolamento de Candida albicans sensível ao
fluconazol, pelo que este foi iniciado. Não se verificaram outros
isolamentos, como também achados sugestivos de malignidade no líquido
pleural. Foi documentada fuga peri-prótese em TC com contraste oral,
motivando colocação de 2º prótese. Constatou-se melhoria progressiva do
empiema e ausência de fuga esofágica, permitindo a remoção do dreno torácico
e conclusão do esquema de antibioterapia.
Apesar da evolução positiva descrita, verificou-se recorrência do derrame
pleural direito e de fuga peri-prótese, pelo que se procedeu a nova colocação
de dreno torácico, com constatação de novo empiema, com isolamento de Candida
albicans e de Campylobacter Curvus sensível à ciprofloxacina, motivando
reinício de antibioterapia dirigida. Face à recorrência da fístula peri-prótese,
realizou-se remoção das próteses previamente colocadas, com posterior
colocação de nova prótese esofágica em 2º tempo. Com as medidas descritas e
antibioterapia dirigida, verificou-se melhoria progressiva, com resolução da
infeção pleural e da fístula esófago-pleural.
Conclusão
Este caso reflete uma etiologia rara de fistula esófago-pleural, com
isolamento microbiológico raro e demonstra a complexidade e necessidade de
gestão multidisciplinar destes casos.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
98 |
Valeria |
Maione |
ASMA |
ULS
Santa Maria |
V
Maione, H Cabrita, C Lopes, A Mendes, P Pinto |
Asthma Controlled,
Psoriasis Unleashed: A Tale of Two Cytokine Pathways |
Introduction:
Dupilumab, an IL-4Rα antagonist, is effective for severe type 2 asthma but
may rarely induce paradoxical immune reactions such as psoriasis exacerbation
and inflammatory arthritis. Management of these complications remains
challenging. We report a case of paradoxical psoriasis worsening and new
inflammatory arthralgia following dupilumab initiation, with clinical
improvement after switching to tezepelumab.
Clinical Case: A 55-year-old woman with a history of allergic eosinophilic
asthma, atopic dermatitis, gastroesophageal reflux disease, and psoriasis
presented with poorly controlled asthma despite treatment with Enerzair
Breezhaler®, desloratadine, montelukast, pantoprazole, and topical psoriasis
therapies. Diagnosed with severe type 2 asthma, she started dupilumab in
November. Within two months, she developed progressive worsening of psoriatic
plaques and inflammatory arthralgia involving knees, elbows, and ankles. She
also reported intermittent temporal headaches. Rheumatology assessment
excluded giant cell arteritis. Laboratory evaluation suggested a seronegative
inflammatory arthropathy. Given the temporal relationship and symptom
profile, dupilumab was discontinued, and treatment with tezepelumab was
initiated. Following the switch, the patient experienced improvement in both
cutaneous and joint symptoms, with better asthma control.
Conclusion: This case illustrates the potential for paradoxical psoriasis
exacerbation and inflammatory arthralgia in patients treated with dupilumab
for severe asthma, particularly those with pre-existing psoriatic disease.
Switching to tezepelumab may offer a therapeutic alternative that mitigates
these immune-mediated adverse effects while maintaining asthma control.
Multidisciplinary evaluation is essential for optimal management of such
complex cases. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 2 |
Marcos Oliveira |
Cristina Costa |
99 |
Ana
Gabriela |
Salazar
Palacios |
OUTRAS |
Hospital
de Salamanca |
AG
Salazar, AM Martin, EC Prieto, T Clavero, J Moreiras, A Sánchez, E Curto, S
Cadenas |
CARACTERÍSTICAS
DIFERENCIALES EN LA EVALUACIÓN DEL RIESGO EN PACIENTES CON HIPERTENSIÓN
ARTERIAL PULMONAR ASOCIADA A ENFERMEDAD DEL COLÁGENO |
Introducción:
Los pacientes con hipertensión arterial pulmonar (HAP) asociada a
enfermedades del tejido conectivo (HAP-ETC) tienen peor pronóstico que otros
subtipos del grupo 1.
El objetivo de este estudio fue analizar las diferencias en la
estratificación del riesgo entre los pacientes con HAP-ETC y el resto (HAP no
ETC) al diagnóstico y durante el seguimiento.
Materiales y Métodos:
Estudio retrospectivo con reclutamiento consecutivo de pacientes con HAP,
confirmado mediante cateterismo cardíaco derecho, desde enero de 2012 a
diciembre de 2017.
Los pacientes con diagnóstico previo de esclerosis sistémica y formas
relacionadas fueron sometidos a cribado de HAP.
Para la evaluación del riesgo se empleó el modelo de 3 estratos (guías
ESC/ERS 2015).
Resultados
Se incluyeron 55 pacientes con HAP:
62% mujeres; edad media 59± 16 años; 23 tenían HAP-ETC (9 esclerosis
sistémica limitada, 6 esclerosis sistémica difusa, 4 lupus eritematoso
sistémico, 1 artritis reumatoide, 1 enfermedad mixta del tejido conectivo,1
síndrome antisintetasa y 1 síndrome de Sjögren).
En la evaluación basal (tabla 1), solo se encontraron diferencias
significativas en el tiempo hasta el diagnóstico (HAP-ETC 8,39 meses ± 8,36;
HAP no ETC 17,16 meses ± 16,47; p = 0,024) y la DLCO (HAP-ETC 48,2% ± 18,48;
HAP no ETC 60,07% ± 17,77; p = 0,011).
Los cambios de nivel de riesgo detectados durante el seguimiento se
muestran en el Gráfico 1. Durante el seguimiento fallecieron 8 pacientes,
(21.7% HAP-ETC y 9.4% HAP no ETC), 4 por enfermedad pulmonar intersticial
difusa concomitante y 2 por HAP avanzada.
CONCLUSIONES
• En esta serie, los pacientes con HAP-ETC se diagnostican más precozmente
fruto del cribado sistemático y presentan una
peor capacidad de difusión.
• La presencia de enfermedad pulmonar concomitante puede haber contribuido
a una mayor mortalidad en el grupo de HAP-ETC.
• La mayoría de los pacientes con HAP-ETC en situación basal de riesgo
intermedio mejoran o mantienen su situación, lo que puede atribuirse a una
intervención terapeútica más precoz fruto del cribado. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
100 |
Ana
Gabriela |
Salazar
Palacios |
SONO
E VENTILAÇÃO |
Hospital
Universitario de Salamanca |
AG
Salazar, S Rodríguez, EC Prieto, AM Martín, T Oria, MR Bartol, A Sánchez, E
Curto, S Jodra |
TRASLADO
INTRAHOSPITALARIO DE PACIENTES CON ASISTENCIA RESPIRATORIA |
Introducción
El transporte intrahospitalario (TIH) de pacientes con soporte respiratorio
(SR) continuo, puede ser necesario para pruebas diagnósticas o
intervenciones, e implica riesgos de complicaciones o deterioro clínico, lo
que puede prolongar la estancia hospitalaria. Los eventos adversos (EA) más
comunes son el aumento del trabajo respiratorio y la inestabilidad
hemodinámica. Para prevenirlos, se requiere una planificación adecuada,
monitorización continua, equipamiento necesario y personal capacitado.
Objetivo: Analizar los TIH de los pacientes con SR, los motivos más
frecuentes y la incidencia de EA durante los mismos.
Metodología
Análisis descriptivo retrospectivo de los pacientes de la Unidad de
Ventilación del Hospital Universitario de Salamanca que han precisado TIH con
SR entre octubre de 2024 y marzo de 2025.
Resultados
Se realizaron 36 TIH en 24 pacientes diferentes: 18 pacientes (75%)
precisaron un solo desplazamiento y 6 pacientes (25%) dos o más. Las
patologías de base más frecuentes de los 36 TIH fueron: neuromuscular (n=12,
33.3%), oncohematológica (n=10, 27.7%), infecciosa (n=5, 13.8%) y agudización
de EPOC (n=4, 11.1%). El origen más habitual fue el Servicio de Neumología
(n=22, 61%) seguido por Hematología (n=10, 27%). Los destinos y motivos de
TIH se exponen en la Tabla 1.
En todos los TIH el SR fue el mismo que ya recibía el paciente. El más
frecuentemente empleado fue la oxigenoterapia de alto flujo (n=21, 58.3%),
siendo preciso en todos estos casos cambiar el equipo por uno con batería
disponible. El segundo más utilizado fue la ventilación no invasiva (n= 9,
25%) y en último lugar la ventilación por traqueostomía (n=6, 16.6%).
Hubo 7 EA totales entre todos los TIH (19,4%). La desaturación grave se
produjo en 6 pacientes (85,7%) que se resolvió con ajuste de parámetros del
dispositivo, y en algunos casos con acciones adicionales, como cambiar el
tipo de SR. Además, en uno de los TIH (14,3%) se dio un caso de taquicardia.
La información acerca de los EA se resume en la Tabla 2. En ningún caso fue
preciso suspender el procedimiento a realizar.
Todos los TIH contaron con la presencia de un médico de la Unidad de
Ventilación.
Conclusiones
El TIH del paciente con SR es habitual en esta Unidad de Ventilación y
supone un consumo importante de tiempo y recursos materiales y humanos. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
101 |
Andreia |
Andrade |
DPOC |
ULS
Região de Aveiro |
A
Andrade, PV Almeida, AR Pereira, V Fernandes |
Caracterização do
FEV₁Q na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica |
Introdução:
O FEV₁Q é um índice espirométrico obtido pela razão do FEV₁ pelo valor
estandardizado dependente do sexo correspondente ao primeiro percentil da
distribuição do FEV₁ em doentes com doença respiratória crónica.
O FEV₁Q parece ser superior que o FEV₁ e FVC em prever o declínio da função
pulmonar, mortalidade e exacerbações, principalmente em doentes com doença
pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Valores próximos de 1 apresentam maior
risco de mortalidade.
Objetivo: Caracterizar o FEV₁Q de uma amostra de doentes com DPOC; avaliar
a relação entre FEV₁Q e o risco de exacerbações.
Métodos: Análise retrospetiva de parâmetros demográficos e função
respiratória de 39 doentes com DPOC seguidos em consulta de Pneumologia de um
hospital distrital. Foram incluídos doentes com DPOC de etiologia ambiental
(FEV₁/FVC pós broncodilatação < 0.7). Foram contabilizadas as exacerbações
ocorridas nos 24 meses subsequentes às provas de função respiratória.
Resultados: A idade média foi 69.5 anos (± 10), com predomínio do sexo
masculino (n=33, 84.6%). Relativamente aos hábitos tabágicos, 41% dos doentes
mantinha hábitos tabágicos e 46.2% eram ex-fumadores. A maioria dos doentes
apresentava gravidade de obstrução GOLD 2 (n=24, 61.5%), seguindo-se GOLD 3
(n=10, 25.6%), GOLD 1 (n=4, 10.3%) e GOLD 4 (n=1, 2.6%).
O FEV₁Q médio foi 3.3 (mínimo 1.48; máximo 7.14). Verificou-se um FEV₁Q
médio inferior nos doentes com exacerbações (2.8 vs. 3.6 nos doentes não
exacerbadores; p=0.024). O mesmo se verificou nas exacerbações com
necessidade de hospitalização (FEV₁Q médio de 2.5 nos doentes com
hospitalização por exacerbação de DPOC vs. 3.6 nos não hospitalizados - sem
exacerbações ou com exacerbação sem necessidade de hospitalização; p=0.006).
O tempo médio de seguimento em meses foi semelhante (23 vs. 22.9 nos doentes
não exacerbadores; p=0.95), 7 doentes (18%) não completaram 24 meses de
seguimento.
Conclusão: Verificou-se que valores mais baixos de FEV₁Q estão associados a
maior risco de exacerbações, tal como já descrito na literatura.
Apresentam-se como principais limitações a amostra reduzida e o tempo
variável de seguimento. No entanto, o FEV₁Q parece ser uma ferramenta útil na
estratificação de risco e decisão terapêutica, permitindo medidas
terapêuticas mais robustas e seguimento mais rigoroso em doentes
selecionados. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
102 |
Andressa |
Lira
Whitehurst |
INTERSTÍCIO |
Hospital
d eSanta Marta |
A
Lira, F Guimarães, M Lúcio, F Modesto, N Melo, P Mota, H Novais-Bastos, A
Terras, D. Coelho, S Guimarães, C Souto-Moura, A carvalho, A Morais |
Pneumonia Lipóide:
A experiência de um centro |
A
pneumonia lipóide é uma entidade rara, definida pela acumulação de lípidos
nos espaços alveolares. Pode ser classificada como: exógena, por inalação ou
aspiração de substâncias lipídicas; ou endógena, por acúmulo de lipídios
produzidos localmente, geralmente associado a obstrução brônquica, neoplasias
pulmonares ou doenças pulmonares crónicas.
A apresentação clínica é inespecífica, variando com a etiologia, o tipo e a
quantidade de lípido, a extensão do envolvimento pulmonar e a presença de infeção
secundária. Casos assintomáticos não são incomuns, sendo o diagnóstico, por
vezes, incidental, através do estudo histopatológico de peças cirúrgicas
ressecadas por outras indicações.
Neste estudo, foram analisadas todas as biópsias pulmonares com diagnóstico
histológico de pneumonia lipóide, registadas na base de dados do centro
hospitalar entre 1997 e 2024. Identificaram-se 10 biópsias correspondentes a
8 doentes (3 homens e 5 mulheres), com idades entre 19 e 75 anos.
Cinco apresentavam sintomatologia respiratória (dispneia e tosse seca),
associada a alterações imagiológicas sugestivas: áreas de consolidação,
opacidades em vidro despolido de distribuição difusa ou multilobar, por vezes
com atenuação de gordura, e espessamento septal. Nestes casos, a biópsia foi
realizada no contexto de investigação de doença pulmonar difusa.
Dois casos foram diagnosticados incidentalmente em peças cirúrgicas
ressecadas por neoplasia pulmonar (forma endógena pós-obstrutiva). Um doente
apresentava pneumonia lipóide endógena associada a doença genética de
depósito (Doença de Niemann-Pick). Em três casos foi identificada uma
etiologia exógena, relacionada com exposição a substâncias oleosas ou refluxo
gastroesofágico crónico. Em dois destes, o LBA revelou conteúdo lipídico
abundante.
Conclusão: O diagnóstico de pneumonia lipóide requer elevado grau de
suspeição clínica, bem como a identificação de fatores predisponentes e
alterações imagiológicas. A confirmação diagnóstica depende do exame
histológico. A distinção entre formas endógena e exógena tem implicações
etiopatogénicas e terapêuticas. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
103 |
Sofia |
R.
Lopes |
SONO
E VENTILAÇÃO |
ULS
Cova da Beira |
S
Lopes; M van Zeller ; H Silva; M Fonseca; R Ribeiro; D Ferrão; M Capelas; L
Silva; M Drummond |
Insights into OSA
Diagnosis and Treatment Decision Making in a hypertension population |
BACKGROUND:
OSA is an independent risk factor for cardiovascular disease and a recognized
cause of hypertension, in a dose–response fashion. Current hypertension
guidelines suggest that OSA should be considered in the diagnosis work up of
difficult to control hypertension.
OBJECTIVES: To characterize patients with hypertension referred to sleep
clinics and to analyse the relation between symptoms, cardiovascular risk,
polysomnographic variables and treatment decision.
METHODS: Patients followed in an hypertension clinic and to sleep clinics,
between January 2022 and June 2023, were retrospectively analysed. Clinical
and polysomnographic data were revised from medical records. OSA typical
presentation was defined as having: snoring and witnessed apneas with an
Epworth score of ≥ 11; cardiovascular risk was calculated using the SCORE2
algorithm. Decision to initiate treatment and treatment options were
collected. Data was conducted in SPSS Statistics version 29.
RESULTS: Seventy-six hypertensive patients were analysed (53.9% female)
with a mean age of 55.8 years and mean BMI of 30.8 kg/m2 (53.9% obese; 30.8%
overweight). The most frequent symptoms were snoring (92.1%), morning
headache (43.4%) and nocturia (34.2%). Overall, 14.5% of patients had typical
presentation and 2.6% were asymptomatic. The three most frequent
comorbidities were dyslipidaemia (59.2%), diabetes (25%) and respiratory
diseases (15.8%). OSA was diagnosed in 80.3%, 44.8% moderate to severe grade.
Median ODI was 14.0/h and mean T90 was 1.3%. A T90 0.50% and an ODI 5.5/h predicted OSA diagnosis. Patients
with obesity presented lowest oxygen saturation and highest T90 and ODI.
Treatment was initiated in 57.8% patients, 46% with PAP and 11.8% with
positional therapy. 51.3% of patients had a high to very high cardiovascular
risk, using the SCORE2 algorithm. This variable, as well as typical
presentation, did not have an impact on the treatment decision, but the IAH
index did.
CONCLUSION: Almost all hypertension patients referred for sleep clinics
were diagnosed and treated for OSA.
The most common symptoms were snoring, morning headaches and nocturia. In
this population of hypertensive patients, the respective cardiovascular risk
or any other comorbidity did not impact the decision to treat. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
104 |
Dina
Isabel |
Campos |
INFEÇÃO |
Unidade
Local de Saúde de Braga |
DI
Campos, L Lobo, MJ Barbosa, CF Marques |
Doença invasiva
pneumocócica: notificação e vacinação num concelho do norte de Portugal |
Introdução:
A doença invasiva pneumocócica (DIP) é uma entidade grave, de notificação
obrigatória, que apresenta elevadas taxas de mortalidade e custos associados
ao seu tratamento. Afeta sobretudo crianças e indivíduos com mais de 65 anos
e/ou com condições de risco para a doença. A vacinação afigura-se como a
principal estratégia de prevenção.
Objetivos: Descrição de casos notificados de DIP em adultos residentes num
concelho do norte de Portugal e avaliação da respetiva cobertura vacinal antipneumocócica.
Métodos: Estudo retrospetivo das notificações do Sistema Nacional de
Vigilância Epidemiológica entre 2022 e 2024. Análise descritiva, com base no
inquérito epidemiológico (IE) e avaliação da cobertura vacinal de acordo com
as recomendações atuais.
Resultados: Foram notificados 38 casos de DIP (8 em 2022 e 2023 e 22 em
2024). 57,9% tinham idade ≥65 anos e 94,7% necessitaram de internamento. No
total, 25 casos (65,8%) apresentavam pelo menos uma condição de risco para a
doença. Relativamente ao estado vacinal, 11 casos (28,9%) tinham registo de
uma ou mais doses de vacina antipneumocócica e pelo menos 7 (63,6%)
apresentavam esquema vacinal incompleto, de acordo com os registos do IE.
Destaca-se que 4 dos 6 indivíduos elegíveis para vacinação gratuita não
tinham registo de qualquer inoculação.
Conclusões: O aumento substancial dos casos notificados de DIP no ano de
2024 pode estar parcialmente associado à atual monitorização das bacteriemias
pelo hospital de referência, sugerindo uma provável subnotificação da doença
e da sua magnitude. A análise descritiva vai de encontro ao descrito na
literatura, evidenciando maior incidência nos idosos, associação a condições
de risco e necessidade de internamento. Apesar da ampla evidência
relativamente às recomendações e eficácia da vacinação, a cobertura vacinal
antipneumocócica permanece baixa. Salientam-se como limitações do estudo o
tamanho amostral reduzido bem como um viés de informação, já que o uso
estrito da informação dos IE terá, provavelmente, implicações na qualidade e
completude da informação obtida. Este estudo sublinha a importância da DIP e
de um sistema de vigilância epidemiológico robusto. Evidencia também a
relevância da promoção de estratégias de adesão à vacinação, especialmente
nos grupos de risco, de forma a mitigar o impacto da doença. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
105 |
Élin |
Almeida |
REABILITAÇÃO |
Unidade
Local de Saúde da Guarda |
E
Almeida, F Fernandes, M Tavares, B Bem, JM Silva, L Ferreira |
Fall risk in
chronic respiratory patients: implications for pre-rehabilitation screening |
Background:
Chronic respiratory patients (CRP) often exhibit deconditioning and muscle
weakness, leading to balance, coordination, and mobility limitations that
increase fall risk. Falls are common and have a serious impact, making it
essential to identify individuals at risk. Functional mobility and fall risk
can be efficiently assessed using the validated Timed Up and Go (TUG) test; a
TUG time >13.5 seconds is commonly used to define high fall risk.
Methods: We conducted a retrospective cohort study of adult CRP assessed
before starting an outpatient pulmonary rehabilitation program. The aim was
to evaluate balance and explore clinical and functional differences between
patients with and without high fall risk. Data were extracted from medical
records and included demographic and clinical variables, as well as
functional assessments: exercise capacity via six-minute walk distance
(6MWD), respiratory symptoms via the St. George’s Respiratory Questionnaire
(SGRQ), and anxiety and depression symptoms via the Hospital Anxiety and
Depression Scale (HADS). Balance was assessed using the TUG test, with high
fall risk defined as TUG >13.5 seconds. Patients were categorized by fall
risk status. Descriptive and inferential statistics were applied to compare
groups comparisons and to identify predictors of TUG time. Significance was
set at p<0.05.
Results: Fifty patients were enrolled (38 male, mean age 69.7 ± 9.1 years);
70% had COPD. Mean TUG time was 10.2 ± 4.6 seconds, and 36% (n=18) had high
fall risk. At-risk patients were older (72.7 vs. 68.1 years, p=0.04) and had
lower 6MWD (309m vs. 420m, p=0.004). No differences were found for sex,
long-term oxygen therapy (LTOT), SGRQ, or HADS scores. Regression analysis
identified 6MWD as the only significant predictor of TUG time (B = –0.023, p
< 0.001). The model was significant (F=3.27, p = 0.005) and explained
42.4% of the variance in TUG. Other variables were not significant
predictors.
Conclusion: In this cohort, over one-third of CRP had high fall risk. Lower
exercise capacity was the only independent predictor of impaired mobility,
highlighting the importance of maintaining physical performance to reduce
fall risk, thus supporting the integration of balance assessments into
pre-rehabilitation program evaluations. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
106 |
Élin |
Almeida |
REABILITAÇÃO |
Unidade
Local de Saúde da Guarda |
E
Almeida, F. Fernandes, M Tavares, G. Lopes, JM Silva, L Ferreira |
Functional gains
after pulmonary rehabilitation in chronic respiratory disease |
Background:
Chronic respiratory diseases such as COPD and interstitial lung disease (ILD)
are associated with reduced exercise tolerance, impaired mobility, and
decreased quality of life. Pulmonary rehabilitation (PR) is an intervention
that improves functional status and symptoms, yet practical tools remain
essential to assess its effectiveness on everyday functional tasks. Simple
field-tests like the 1-minute Sit-to-Stand (STS) and Timed Up and Go (TUG)
offer practical measures of lower-limb strength and mobility, but their
responsiveness to PR in mixed respiratory populations warrants further
investigation. The present study aimed to evaluate changes in functional
mobility, measured by the 1-minute STS and TUG tests, before and after a
12-week hospital-based outpatient PR program in patients with chronic
respiratory disease.
Methods: We conducted a retrospective analysis of adult patients with
chronic respiratory disease referred to a 12-week PR program. Functional
mobility was assessed before and after the program using the 1-minute STS and
TUG tests. Wilcoxon signed-rank tests were used for paired comparisons.
Statistical significance was set at p<0.05.
Results: Fifty patients completed the program (38 male, mean age 69.7 ± 9.1
years) Diagnoses included COPD (70%) and ILD (30%, mainly silicosis).
Sit-to-Stand performance improved by a median of 2 repetitions (IQR 1–3, Z =
4.84, p < .001, r = 0.69); while below the minimal clinically important
difference threshold of 3, this change was clinically meaningful in a
substantial proportion of patients. TUG time reduced by a median of 1.39
seconds (IQR -4.40 to -0.34, Z = –5.40, p < .001, r=0.76), exceeding the
minimal clinically important difference. Both results indicate large,
clinically relevant functional gains.
Conclusion: Pulmonary rehabilitation led to statistically and clinically
meaningful improvements in functional capacity among patients with chronic
respiratory disease. Improvements in mobility and lower-limb strength were
evident through changes in simple field tests such as the 1-minute STS and
TUG, highlighting their utility in assessing rehabilitation outcomes in
routine clinical practice. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
107 |
Francisco |
Henriques |
SONO
E VENTILAÇÃO |
ULS
Região de Leiria |
F
Henriques, JJ Ribeiro, C Costa, C Santos, AR Martins, AC Gameiro, S. Silva |
Do AI Chatbots
have a readable speech on Narcolepsy questions? |
Introduction
Narcolepsy is characterized by excessive daytime sleepiness, frequent
uncontrollable sleep attacks, sleep fragmentation and can be associated with
cataplexy, sleep paralysis, and hypnagogic hallucinations. This pathology is
poorly recognized by the general population. The integration of large
language models in sleep medicine may improve patient access to
information.
Objective
Evaluate readability of answers given by ChatGPT, Gemini and Perplexity on
narcolepsy-related questions.
Methods
The authors elaborated 28 questions about narcolepsy and presented them to
ChatGPT, Gemini and Perplexity. Six validated readability measures were used:
Gunning Fog Index (GFI), Coleman-Liau Index (CLI), Flesch-Kincaid Grade Level
(FKGL), Automated Readability Index (ARI), SMOG Index, and Flesch Reading
Ease (FRE).
Results
Significant differences were found in the GFI and SMOG scores between
ChatGPT and Perplexity (GFI: 15.46, SD 1.90, vs 17.83, SD 3.62, p=0.003;
SMOG: 14.07, SD 1.29, vs 15.29, IQR 4.00; p=0.027), as well as between Gemini
and Perplexity (GFI: 14.91, SD 1.87, vs 17.83, SD 3.62, p<0.001; SMOG:
13.79, SD 1.30, vs 15.29, IQR 4.00, p=0.003), with Perplexity's content
requiring a more advanced reading level. For FKGL and ARI, there was a
significative difference between Gemini and Perplexity (FKGL: 11.89, SD 1.73,
vs 14.44, IQR 4.85, p=0.002; ARI: 11.80, SD 2.23, vs 13.39, IQR 6.85,
p=0.011), with the text of Perplexity requiring a higher reading level. In
contrast, no statistically significant differences were observed between the
chatbots for the CLI (p = 0.094). Based on FRE, the texts produced by the
chatbots were generally categorized as difficult to very difficult to read.
There were significative differences between ChatGPT and Perplexity (32.65,
SD 8.08, vs 24.72, SD 12.42, p=0.010), and Gemini and Perplexity (35.48, SD
8.41, vs, 24.72, SD 12.42, p<0.001), with Perplexity showing lower
readability.
Conclusion
Based on GFI, CLI, FKGL, ARI, and SMOG, all chatbots required an advanced
reading level (ranging from high school to college) to understand the
response texts, with Perplexity showing lower readability in five metrics. A
limitation was identified regarding text accessibility, as the readability of
the responses did not align with the recommended standards for health
information.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
108 |
Marta |
Monteiro
de Castro |
SONO
E VENTILAÇÃO |
ULSGE |
MM
Castro, D Ferreira; F Nascimento; A Barroso; D Ferreira; A Fonseca, I Sanches |
Qualidade do Sono
em Doentes com Cancro do Pulmão: Aplicação do Índice de Pittsburgh |
Introdução:
A má qualidade de sono é altamente prevalente entre os doentes com cancro do
pulmão. O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) é um instrumento
validado e amplamente utilizado para avaliar subjetivamente a qualidade do
sono, permitindo identificar padrões de perturbação e orientar intervenções
clínicas.
Objetivo: Avaliar a qualidade do sono numa amostra de doentes com cancro do
pulmão e identificar fatores associados a pior qualidade de sono.
Métodos: Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, doentes seguidos em
consulta de Pneumologia Oncológica foram convidados a preencher o PSQI.
Considerou-se baixa qualidade de sono uma pontuação >5. Os dados clínicos
foram recolhidos posteriormente. A associação entre variáveis categóricas e a
pontuação média do PSQI foi analisada com o teste t de Student
(p<0,05).
Resultados: A amostra incluiu 84 doentes, maioritariamente do sexo
masculino (70,2%), com idade média de 67,5 anos (±10,39). A maioria dos
doentes era ex-fumadora (72,6%) e apresentava um ECOG <2 (92,9%). O
adenocarcinoma foi o subtipo mais frequente (70,2%), seguido do CPNPC não
diferenciado (8,3%). Mais de metade apresentava doença avançada (53,6%).
Quanto ao tratamento, 66,7% estavam sob terapêutica ativa, 23,8% em
vigilância, 8,3% aguardavam início de tratamento e 1,2% recebiam cuidados de
suporte. As terapêuticas mais utilizadas foram quimioterapia (20,2%),
imunoterapia (17,9%), TKI (10,9%) e quimioterapia + imunoterapia (10,9%).
Cerca de 9,5% tinham diagnóstico de patologia do sono e 32,1% estavam sob
medicação hipnótica.
Verificou-se que 72,6% apresentavam má qualidade de sono, destacando-se os
componentes “distúrbios do sono” e “latência do sono” como os mais afetados.
A pontuação média do PSQI foi de 7,88. Não se observaram associações
significativas entre a qualidade do sono e sexo, idade (<65 vs. ≥65 anos),
ECOG (<2 vs. ≥2), extensão da doença (avançada vs. não avançada),
tratamento ativo ou diagnóstico prévio de patologia do sono. Os doentes sob
medicação hipnótica apresentaram qualidade de sono significativamente
inferior.
Conclusão: A má qualidade do sono é altamente prevalente nesta população.
Destaca-se a importância da avaliação sistemática da qualidade do sono e da
revisão regular das estratégias terapêuticas, sobretudo em doentes sob
hipnóticos. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
109 |
Raquel |
Armindo |
INTERSTÍCIO |
ULS
E TEJO |
R
Armindo, T Freitas, P Ferreira, F Regateiro, A Todo Bom, E Faria |
Doença
intersticial pulmonar na Imunodeficiência comum variável |
Introdução:
A imunodeficiência comum variável (IDCV) é a forma mais prevalente de
imunodeficiência primária de anticorpos. A percentagem de doentes com IDCV
que apresentam Doença Pulmonar Intersticial (DPI) ronda os 10 a 20%. A mais
frequente é a Doença pulmonar intersticial
granulomatosa linfocítica (GLILD), seguida de outras, como a Pneumonia
organizativa (OP).
Descrição: Caracterização dos
doentes com IDCV e suspeita/diagnóstico de DPI observados regularmente no
Serviço de Imunoalergologia da Unidade Local de Saúde Coimbra. Estudo
retrospectivo do registo clínico, radiológico e imunológico dos doentes com
IDCV e DPI.
Dos 37 doentes com IDCV, 6 doentes (16%), foram identificados com possível
quadro de DPI (4 doentes com GLILD e 2 com OP), tendo 3 deles diagnóstico
efetivo (2 com GLILD e 1 com OP). A idade de diagnóstico variou dos 6 meses
até aos 73 anos (média 31 anos) e 4 são mulheres. À data do diagnóstico 4
doentes apresentavam fenótipo linfoproliferativo, dois bronquiectasias, três
citopenias e dois com infeção por H. pylori e/ou Campylobacter. As provas de
função respiratória apresentavam-se maioritariamente normais, mas com a
capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO) diminuída, média 62%. Um
doente com OP realizou tratamento com corticoterapia e imunossupressão, 2 doentes efetuaram ciclo de
corticoterapia, encontrando-se
estáveis e sem recorrência da DPI. Dois encontram-se ainda em
estudo.
Conclusões: Destaca-se a importância do diagnóstico precoce de IDCV pelo
seu envolvimento multissistémico, particularmente o envolvimento pulmonar
pela sua elevada prevalência. É também relevante sublinhar a importância da
monitorização de DPI, através do controlo periódico de DLCO e tomografia
computorizada torácica nos doentes com o diagnóstico de IDCV. Foi
identificada uma percentagem de doentes com doença pulmonar condizente com a
literatura atual.
|
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
110 |
Raquel |
Armindo |
SONO
E VENTILAÇÃO |
ULS
COIMBRA |
R
Armindo, N Lopes, T Costa |
Sarcoidose
Pulmonar e Apneia do Sono: Impacto da Terapêutica com Pressão Positiva |
Introdução:
A sarcoidose é uma doença inflamatória crónica, caracterizada pela formação
de
granulomas não caseosos, que afeta predominantemente o parênquima pulmonar.
O
envolvimento pulmonar continua a ser a principal causa de morbilidade a
longo prazo. Nos
últimos anos, tem-se reconhecido a elevada prevalência de Síndrome de
Apneia Obstrutiva do
Sono (SAOS) nestes doentes, o que levanta questões sobre a abordagem
respiratória
integrada.
Objetivo: Analisar a influência da terapia da pressão positiva na evolução
da função pulmonar
nos doentes com sarcoidose, acompanhados num Centro de Medicina do Sono e
em Consulta
de Doença do Interstício num período de tempo de 12 meses (ano de 2024).
Métodos: Estudo retrospectivo por análise dos processos dos doentes com
diagnósticos
concomitantes de sarcoidose e SAOS, a cumprir terapia de pressão positiva
com adesão acima
de 4 horas/noite e, pelo menos 6 meses de terapia. Foram analisadas as
espirometrias
(nomeadamente através do FEV1) realizadas antes da instituição de terapia
de pressão
positiva e as últimas espirometrias disponíveis no follow-up.
Resultados: Foram analisados os dados de 32 doentes, com média etária de 58
anos e
predomínio do sexo masculino (n=55%). Os doentes apresentavam
maioritariamente
sarcoidose em estádio II (41%) e todos se encontravam a cumprir terapia de
pressão positiva
dentro dos critérios estabelecidos. A gravidade da SAOS variou entre
ligeira (34%), moderada
(28%) e grave (38%), com um índice de Apneia-Hipopneia (IAH) médio de 23,4
eventos/hora. A
análise dos valores de FEV1 antes e apa implementação da terapêutica (média
de 6 meses, até
1 ano) revelou uma diferença estatisticamente significativa (p=0,0096), com
valores médios de
2,66 L e 2,52 L, respetivamente. A estratificação por estádio de sarcoidose
e gravidade da
SAOS não revelou diferenças funcionais.
Conclusões: Globalmente verificou-se um agravamento da função pulmonar.
Embora os
valores revelem uma diminuição, é importante considerar que se trata de
medições realizadas
em contexto clínico variável, não tendo sido avaliada sintomatologia ou
intercorrências. Mais
estudos são necessários para clarificar o impacto desta intervenção. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
111 |
Patrícia |
Carreira |
INTERSTÍCIO |
ULS
Matosinhos |
PV
Carreira, MJ Pacheco |
Desafiar os
Limites: Pirfenidona na Fibrose Pulmonar Idiopática com Função
Conservada |
Introdução
A Pirfenidona está aprovada para tratamento da FPI com FVC [50%,80%[. O
Formulário Nacional do Medicamento indica a suspensão aquando do declínio da
FVC ≥10% em 12 meses.
Contudo, há vantagem do tratamento de doentes com FVC≥80% e, mesmo após
declínio ≥ 10%, a manutenção conduz a menor risco de queda da FVC.
Pretende-se perceber se os doentes da nossa instituição, com função
pulmonar conservada e sob Pirfenidona, tiveram eficácia terapêutica e os
motivos da sua interrupção.
Descrição
Fez-se uma análise observacional retrospetiva aos doentes com FPI e FVC
≥80% sob Pirfenidona, de 2017 até abril de 2025, recorrendo ao SGICM e
SClinico.
Foram recolhidos idade, sexo, data de início e fim do tratamento, FVC,
efeitos adversos e parâmetros relacionados com lesão hepática (LH), ALT, AST
e BT.
Foram incluídos 16 doentes, com média de 76 anos, 13 deles do sexo
Masculino. Da amostra, onze mantiveram o tratamento.
Os principais efeitos adversos foram anorexia 26,7%(n=4), náuseas
26,7%(n=4), tonturas 20%(n=3), fotossensibilidade 20%(n=3), perda ponderal
13,3%(n=2), diarreia 13,3%(n=2) e astenia 13,3%(n=2). Houve declínio da FVC
em 12 meses em 53,33% dos doentes (n=8), nos restantes o tratamento foi
inferior a um ano.
Foi considerada resposta favorável aquando de declínio da FVC inferior a
10%, estabilização ou melhoria funcional.
Os efeitos adversos foram o motivo de descontinuação terapêutica e a
incidência inferior à descrita no RCM, com exceção da fotossensibilidade.
Durante este período, houve dois casos de elevação das enzimas hepáticas, sem
LH.
Dos doentes, 75%(n=6) tiveram eficácia terapêutica no primeiro ano e no balanço
total da função respiratória 50%(n=4) registou um declínio ≥10% da FVC.
Constatamos que 62.5%(n=5) tiveram nalgum momento queda FVC ≥10% e no ano
subsequente apresentaram melhoria da função respiratória ou declínio ligeiro.
Os resultados corroboram os de Albera et al e Nathan et al, sugerindo benefício em doentes com
FVC ≥80% e vantagem na sua continuação após declínio ≥10%.
Conclusão
A monitorização e gestão dos efeitos adversos é crucial para evitar
eventuais suspensões terapêuticas.
Nos doentes da nossa instituição com FVC ≥80%, a maioria beneficiou da
Pirfenidona, mesmo após declínio funcional ≥10%. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
112 |
Pedro |
Fernandes |
ASMA |
ULS
Viseu Dão Lafões |
P
Fernandes, R Ferro, M Dias, JP Silva, A Reis |
Resultados do
mundo real com mepolizumab na asma eosinofílica grave |
Introdução:
A asma eosinofílica grave (AEG) é caracterizada por um fenómeno inflamatório
eosinofílico persistente, com exacerbações frequentes e compromisso da
qualidade de vida, apesar de terapêutica otimizada com corticóides inalados
e/ou sistémicos. O mepolizumab, anticorpo monoclonal humanizado dirigido à
interleucina-5, tem demonstrado benefício clínico significativo em ensaios
clínicos.
Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança do mepolizumab em doentes com AEG
em contexto clínico real.
Métodos: Estudo de coorte retrospetivo e observacional, incluindo 45
doentes com AEG tratados com mepolizumab (100 mg SC a cada 4 semanas), dos
quais 41 completaram 12 meses de seguimento. Foram recolhidos dados clínicos,
funcionais e laboratoriais (taxa anual de exacerbações, FEV1, scores ACT e
CARAT e contagem de eosinófilos).
Resultados: Observou-se uma redução significativa de 81% na taxa anual de
exacerbações (2,68 vs. 0,51; p<0,001), um aumento médio de 21,6% no VEF1
(1,71 L para 2,08 L; p<0,001) e uma melhoria do ACT de 11,9 para 21,3
(p<0,001), com 73,2% dos doentes a atingirem controlo adequado da asma
(ACT ≥20). O score CARAT total aumentou de 10,6 para 20,5, refletindo
melhoria sintomática na asma e rinite. A eosinofilia periférica foi reduzida
em 64% (526 vs. 189 células/µL; p<0,001). O fármaco revelou-se seguro e
bem tolerado, com uma única descontinuação por cefaleia ligeira.
Conclusões: Em contexto de prática clínica, o mepolizumab demonstrou
eficácia significativa na redução de exacerbações, melhoria da função
respiratória e controlo sintomático, com perfil de segurança favorável. Estes
dados reforçam o seu papel na abordagem terapêutica da AEG. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
113 |
Estela
Cristina |
Prieto
Maillo |
OUTRAS |
Hospital
Universitario de Salamanca |
EC
Prieto, AM Martin, AG Salazar, E Curto, A Sanchez, J Ramos, MA Hernández, J
García, MJ Corbi, S Rodríguez, P Torres, A González, R Cordovilla |
Utilidad de la
oscilometría en la valoración pulmonar de pacientes con esclerosis lateral
amiotrófica y correlación con otras pruebas de función pulmonar |
Introducción
La debilidad muscular respiratoria
de los pacientes con esclerosis lateral amiotrófica (ELA) da lugar
morbimortalidad respiratoria y dificulta la realización de pruebas de función
pulmonar (PFP), especialmente la espirometría forzada. La oscilometría de
impulsos (IOS), por la escasa colaboración que requiere y su realización a
volumen corriente podría ser una alternativa válida para la evaluación de la
función pulmonar en ELA.
El objetivo de este estudio es demostrar la utilidad de IOS en ELA mediante
la evaluación de la correlación entre la oscilometría y otras PFP.
Material y métodos:
Estudio observacional transversal en el que se realizó espirometría,
gasometría arterial y oscilometría en visita única pacientes con ELA. Se
recogieron datos clínicos y necesidad de terapias respiratorias
domiciliarias. La oscilometría se realizó mediante dispositivo
Jaeger-Carefusion modelo MasterScreen Diff RT y los datos se analizaron
mediante SPSS versión 30.
Resultados:
Se analizaron 15 pacientes cuyos datos clínico-funcionales pueden verse en
la tabla 1. Se analizó la correlación entre espirometría, gasometría arterial
e IOS, observándose significación estadística en los valores que se muestran
en la tabla 2. No se encontraron diferencias estadísticamente significativas
entre los pacientes que recibían CPAP o VNI y los que no, ni tampoco entre
los pacientes con IOS normal (valores dentro de los límites de normalidad) y
patológica.
Conclusiones:
Es técnicamente factible realizar oscilometría en pacientes con ELA y es
posible detectar correlaciones significativas con otras mediciones de función
pulmonar, aunque son necesarios más estudios para comprender su utilidad e
interpretación. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 3 |
Vânia Fernandes |
João Silva |
114 |
Raquel |
Borrego |
DPOC |
ULS
Lisboa Ocidental |
R
Borrego, I Santos, J Balaia, I Mogárrio, Z Cruz, A Inácio, C Moita, P
Calvinho |
Riscos e
Benefícios da Cirurgia de Redução de Volume Pulmonar |
Introdução
O enfisema, pela destruição da arquitetura alveolar, condiciona dificuldade
nas trocas gasosas, hiperinsuflação e limitação ao fluxo de ar. Nos doentes
com enfisema grave e sem controlo adequado da sua doença mesmo após
terapêutica médica otimizada, a cirurgia de redução de volume pulmonar (LVRS)
pode ter um papel importante.
Objetivo
Este trabalho tem como objetivo analisar as cirurgias de redução de volume
pulmonar tendo em conta as complicações e benefícios clínicos no período
pós-operatório.
Métodos
Estudo observacional retrospetivo recorrendo à consulta dos processos
clínicos dos doentes submetidos a LVRS entre 01/01/2020 a 30/04/2025.
Resultados
A amostra estudada é composta por quatro doentes, com um total de sete
cirurgias, isto porque três doentes foram submetidos a duas intervenções
cirúrgicas em internamentos diferentes e o outro doente aguarda nova
cirurgia. Dos quatro doentes, dois
eram mulheres e apresentavam idade média de 59,6 anos. Todas as cirurgias
realizadas foram por VATS. No período pós-operatório dois doentes
apresentaram complicações infeciosas, um com infeção respiratória nosocomial
e outro com empiema. A demora média de internamento foi 9,6 dias com uma
média de 6,7 dias de dreno torácico. De salientar que um doente manteve fuga
aérea durante mais de 6 dias (24 dias). Dos doentes em que foi possível
comparar as provas de função respiratória estas reforçam o benefício desta
intervenção com redução da hiperinsuflação pulmonar. Para além dos parâmetros
analisados foi possível perceber que todos os doentes após a abordagem
cirúrgica referiram melhoria sintomática da dispneia. A avaliação destes
doentes é sempre feita em equipa multidisciplinar, existindo uma relação de
proximidade entre a Pneumologia e a Cirurgia Torácica.
Conclusões
Na amostra estudada percebemos que embora três doentes tenham tido
complicações no período pós-operatório, todos os doentes apresentaram
benefício sintomático com melhoria da tolerância ao esforço, melhoria da
dispneia com consequente melhoria na qualidade de vida. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 1 |
Ana Norte | Mariana
Mendes |
115 |
Helena
Isabel |
Carvalho |
OUTRAS |
Unidade
Local de Saúde de Santo António |
HI
Carvalho, I Rodrigues, F Correia, AM Alves |
Swyer-James-MacLeod
Syndrome in Adults: A Retrospective Case Series |
Introduction:
Swyer-James syndrome, or Swyer-James-MacLeod syndrome, is a rare pulmonary
condition characterized by unilateral functional hypoplasia of the pulmonary
vasculature and emphysema, with or without associated bronchiectasis. On
computed tomography (CT), it typically presents as a hyperlucent appearance
of one lung or lobe. It is considered a postinfectious complication of
bronchiolitis obliterans in childhood.
Aim: To describe the characteristics of adult patients diagnosed with this
rare syndrome, focusing on lobe distribution and presence of
bronchiectasis.
Methods: Retrospective analysis of all adults who underwent a chest CT at a
tertiary hospital in Portugal (January 2020-December 2024) and whose
radiology reports included the terms “Swyer-James” or “Swyer-James-MacLeod.”
Only patients with these terms were included.
Results: Seventeen adults (9 men, 8 women; mean age 64.7) were identified.
In three cases, more than one lobe was affected. The left lower lobe was most
frequently involved (n=6), followed by the right and left upper lobes (n=4
each), and the middle and right lower lobes (n=3 each). Although the left
lower lobe is frequently reported as the most affected site, this was not
statistically significant in our sample (p=0.83). Bronchiectasis was present
in 14 patients. Three had tuberculosis (TB), one had primary ciliary
dyskinesia, four had asthma, one had COPD, and four were current or former
smokers. Twelve had no recent microbiological data, two had negative
cultures, and one patient had chronic colonization by Pseudomonas aeruginosa,
along with isolated infections caused by Klebsiella pneumoniae and
Staphylococcus aureus. The patient with ciliary dyskinesia had sputum
cultures showing Haemophilus influenzae type II or Moraxella catarrhalis.
Apart from patients with TB or ciliary dyskinesia, no data were available
regarding childhood infections. Ten patients reported respiratory symptoms
and were followed in Pulmonology (n=8) or Internal Medicine (n=2). In the
remaining cases, findings were incidental on imaging.
Conclusion: Swyer-James-MacLeod syndrome remains an important differential
diagnosis in cases of unilateral lung hyperlucency. Recognizing its imaging
features and frequent association with bronchiectasis is essential for
accurate diagnosis and management. |
Dia
26 Jun. 16.30 – SALA 2 |
María Bartol Sanchez
| Joana Duarte |
116 |
João |
Marques
Macedo |
INTERSTÍCIO |
ULS
Entre Douro e Vouga |
JM
Macedo, LF Silva, AL Trigueira, JC Costa, FT Lopes, J Ferreira |
Desafios na
Fibrose Pulmonar Progressiva: Questionando Decisões Terapêuticas |
Introdução:
Com o ímpeto do conhecimento sobre doenças pulmonares fibrosantes, cresce
complexidade. Sobre terapêutica, estudos como o INBUILD demonstraram eficácia
de Nintedanib na fibrose pulmonar progressiva (FPP).
Objetivos:
Caracterizar uma coorte de doentes com FPP, sob Nintedanib de um hospital
distrital.
Métodos:
Incluiu-se todos os doentes seguidos na consulta de doenças do interstício
do nosso hospital, sob Nintedanib, 22 cumpriam critérios para FPP. Todos foram
caracterizados pelos registos clínicos.
Resultados:
A idade mediana foi 65,7 anos, dos quais 59,1% eram homens. Os diagnósticos
compreenderam 59,1% (n=13) com pneumonite de hipersensibilidade, 27,3% (n=6)
doença pulmonar intersticial associada a doença do tecido conjuntivo, 9,1%
(n=2) fibrose pulmonar inclassificável e 4,5% (n=1) sarcoidose. Mais ainda,
9,1% faziam terapêutica concomitante com Azatioprina, 36,4% Micofenolato
mofetil (MMF) (todos simultaneamente sob corticoterapia), 4.5%
costicosteróides, e 4.5% Leflunomida e Rituximab. 45,5% fazia unicamente
Nintedanib.
9 doentes (40,9%) reportaram efeitos adversos, sendo os gastrointestinais
mais frequentes (6 vezes), seguidos de perda de peso (3 vezes) e 1 reporte de
toxicidade hepática. Observamos ainda 5 interrupções: uma por má adesão, uma
por toxicidade hepática, duas por efeitos gastrointestinais intoleráveis, um
dos quais sob MMF simultaneamente, e as restantes por perda de peso
significativo, também neste grupo um sob MMF.
O tempo médio de sobrevida após início de antifibrótico foi de 26,5 meses
(IC 95%: 19,9–33,1, análise de sobrevivência de Kaplan-Meier). Mais ainda,
não só se observou uma associação estatisticamente significativa entre morte
e menor DLCO (em percentagem do previsto) à data de início de antifibrótico
(p=0,007), como também significância estatística borderline (p=0,066) entre
óbito e doses médias superiores de corticoterapia sistémica.
Conclusões:
Podemos então inferir que a maioria destes doentes, num setting de vida
real, estão sob antifibrótico e outros fármacos simultaneamente, sem
significativos efeitos secundários ou interrupções. Pela associação entre
óbito e menor DLCO e doses superiores de corticoterapia, queremos sublinhar,
não só a nossa experiência, questionando decisões terapêuticas, como também a
oportunidade de intervenção precoce nestes doentes. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
117 |
Leonor |
Roseta |
PLEURA |
Unidade
Local de Saúde de Gaia/Espinho |
L
Roseta, P Viegas, J Miranda, S Conde, AC Ferreira, E Silva, T Shiang, M
Vanzeller, C Ribeiro |
Fibrinólise
intrapleural vs VATS no tratamento do derrame pleural parapneumonónico
complicado/empiema |
Introdução:
O derrame pleural parapneumónico (DPP) complicado e o empiema representam
formas avançadas de infeção pleural, que frequentemente exigem intervenções
para além da antibioterapia e drenagem pleural. Entre as opções disponíveis,
destacam-se a fibrinólise intrapleural (FI) e a cirurgia toracoscópica
assistida por vídeo (VATS) para desbridamento e/ou descorticação pleural.
Este estudo teve como objetivo comparar os resultados clínicos das duas
abordagens.
Métodos: Análise retrospetiva de doentes internados entre abril de 2016 e
abril de 2025 com diagnóstico de DPP complicado ou empiema, que apresentaram
resposta inadequada à antibioterapia e drenagem pleural. Foram recolhidos
dados demográficos, clínicos, laboratoriais e referentes aos desfechos
clínicos. Procedeu-se à comparação dos doentes tratados com FI e submetidos a
VATS.
Resultados: Foram incluídos 27 doentes tratados com FI e 39 submetidos a
VATS. A maioria era do sexo masculino (n=53; 80,3%), com uma idade média
significativamente superior no grupo FI (61,7 vs 52,1 anos; p=0,016). Não se
observaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos quanto
às características do derrame pleural, score RAPID ou presença de isolamentos
microbiológicos. O tempo de antibioterapia prévia ao procedimento foi
significativamente superior no grupo VATS (14 vs 10 dias; p=0,009). A duração
do internamento e da drenagem pós-procedimento não diferiu significativamente
entre os grupos. O mesmo se verificou para a ocorrência de efeitos adversos
(n=12 FI vs n=16 VATS; p=0,782) e para a taxa de reintervenção, definida como
necessidade de novo dreno torácico ou VATS (n=5 FI vs n=3 VATS; p=0,256).
Registaram-se 4 reinternamentos/episódios de observação no serviço de
urgência após VATS e 1 caso de mortalidade intra-hospitalar no grupo FI,
associado a uma infeção nosocomial. Os resultados encontram-se sumarizados na
Tabela 1.
Conclusão: FI e VATS apresentaram resultados clínicos semelhantes no
tratamento do DPP complicado ou empiema, sem diferenças estatisticamente
significativas em termos de complicações, duração de internamento ou
necessidade de reintervenção. A decisão entre as opções terapêuticas deve ser
individualizada. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
118 |
Luís |
Santos
Silva |
INFEÇÃO |
Pneumologia
- ULS Entre Douro e Vouga |
LFS
Silva, AL Trigueira, JM Macedo, ML Silva, L Mendez, V Santos, J Ferreira |
Além das
exacerbações: experiência na gestão de doentes com Bronquiectasias |
Introdução
As bronquiectasias (BQ) representam uma doença respiratória crónica
caracterizada por uma síndrome clínica de tosse, expetoração e consequentes
infeções respiratórias, frequentemente associadas a recurso ao serviço de
urgência (SU) e necessidade de internamento. Este estudo pretendeu avaliar a
abordagem terapêutica e a gestão de doentes com BQ.
Métodos
Foi analisado retrospetivamente doentes com diagnóstico de BQ, entre janeiro
de 2024 e janeiro de 2025. Foram recolhidos dados clínicos e demográficos de
doentes com indicação para início de antibioterapia inalada. Foram comparados
os seguintes parâmetros, antes e após introdução terapêutica: número de
internamentos, episódios de SU e isolamentos microbiológicos. No subgrupo de
doentes submetidos ao dispositivo SimeoxÒ, foi realizado estudo funcional
respiratório antes e 15 dias após o mesmo e foi avaliado o volume de
secreções.
Resultados
Foram incluídos 14 doentes, com idade média de 67 anos, 57,1% (n=8) do sexo
feminino, todos com isolamento de Pseudomonas aeruginosa, em exame
bacteriológico de expetoração. 50% cumpria critérios de infeção crónica por
Pseudomonas aeruginosa. Após 6 meses de terapêutica, verificou-se uma
redução, estatisticamente significativa, do número de idas ao SU (p= 0,021) e
de internamentos (p= 0,008), além de ausência de isolamentos microbiológicos
em novo exame bacteriológico de expetoração. No subgrupo que utilizou o dispositivo
SimeoxÒ, (n=8), demonstrou-se diminuição objetiva do volume de secreções e
melhoria dos parâmetros funcionais respiratórios, embora este sem
significância estatística.
Conclusão
A gestão de doentes com BQ continua a representar um importante desafio
clínico. A introdução de antibioterapia inalada demonstrou um impacto
positivo na redução de recurso ao SU e internamentos hospitalares. Para além
disso, a implementação do SimeoxÒ, revelou uma diminuição no volume de
secreções e uma tendência na melhoria de parâmetros funcionais respiratórios,
ainda que sem significância estatística, sugerindo o seu potencial benefício
adicional. Estes resultados reforçam a complexidade patológica e a
necessidade de cuidados individualizados prestados neste grupo de
doentes. |
dia
26 Jun. 16.30 – SALA 3 |
Cláudia Santos | Ana
Craveiro |
119 |
Nuno |
Lopes |
SONO
E VENTILAÇÃO |
ULS
Algarve |
N
Lopes, R Armindo, T Costa |
Utilização do STOP
BANG em doentes com patologia do interstício |
A
apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma das comorbilidades mais frequentes em
indivíduos com doenças pulmonares intersticiais (DPI), e pode estar associada
a redução da qualidade de vida e pior prognóstico. A AOS pode estar
subdiagnosticada em doentes com DPI devido à apresentação atípica dos
sintomas e à menor eficácia dos scores mais utilizados.
Este trabalho pretende avaliar a sensibilidade do STOP BANG na avaliação do
risco de AOS em doentes com DPI e a sua correlação com os valores de
IAH.
Foram selecionados doentes que eram seguidos em consultas de patologia do
sono e do interstício na ULS Coimbra no último ano. Foi também selecionada
uma amostra de individuos sem DPI com idade, sexo e indíce de apneia
hipopneia (IAH) semelhantes. Para cada doente foram registados o IAH e a
pontuação do STOP BANG. A análise estatística foi realizada com o Wilcoxon
Ranked Sum Test para comparação dos valores de STOP BANG entre os 2 grupos e
com o teste de correlação de Pearson para avaliar a sua correlação com o
IAH.
Foram incluidos 32 doentes com DPI e AOS e 32 apenas com AOS. As patologias
dos doentes com DPI eram sarcoidose (15), pneumonite de hiperssensibilidade
(5), RB-ILD (4), fibrose pulmonar
idiopática (2), granulomatose com poliangeite (1), silicose (1). Quatro doentes têm a patologia intersticial
em estudo.
Dos doentes com AOS e DPI, 21.9% apresentava um STOP BANG menor ou igual a
2. Nos doentes com DPI e AOS moderada ou grave, 20,8% apresentava um STOP
BANG igual ou inferior a 2, sendo que 29,2% tinham uma pontuação entre 3 e 4
e 50% superior a 4.
Dos doentes sem DPI, 3,1% apresentava apresentava um STOP BANG menor ou
igual a 2. Nenhum doente sem DPI com AOS moderada ou grave apresentava um
STOP BANG igual ou inferior a 2, sendo que 14,2% tinham uma pontuação entre 3
e 4 e 85,8% superior a 4.
O IAH apresentou uma correlação significativa com o STOP BANG no grupo dos
doentes sem DPI (r=0.52 e p=0.001935) mas não nos doentes com DPI (r=0.31 e
p=0.0877). A média do STOP BANG nos doentes sem DPI foi superior à dos
doentes com DPI (p = 0.0009019)
Devido à clinica mais atípica, o STOP BANG tem menor sensibilidade na
deteção de AOS e menor correlação com o IAH nos indivíduos com DPI. Devem,
por isso, ser utilizadas outras ferramentas no cálculo do risco de AOS nestes
doentes |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
120 |
Paula |
Teixeira
Pinto |
INTERSTÍCIO |
Unidade
Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro |
PT
Pinto, MN Pereira, C Guerreiro, V Areias, A Martins |
Rituximab no
tratamento das Doenças Intersticiais Pulmonares associadas a Conectivites –
Série de Casos |
Introdução
e objetivos: Pretendemos avaliar a eficácia e o perfil de segurança do
Rituximab em doentes com conectivites com envolvimento pulmonar
intersticial.
Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu doentes tratados com Rituximab
(RTX) por doença intersticial pulmonar (DPI) associada a conectivites entre
janeiro de 2014 e dezembro de 2024, no Hospital de Faro. Utilizou-se o
programa Microsoft Excel versão 365 para a análise estatística.
Resultados: Avaliaram-se 8 doentes, 62.5% do sexo feminino, com uma idade
média de 63.5 ± 96 anos. A doença do tecido conjuntivo de base mais comum foi
a artrite reumatoide (n=4; 50%), seguida da esclerose sistémica (n=3; 37.5%),
observando-se 1 caso de doença mista do tecido conjuntivo. Na TC inicial, observou-se
o padrão pneumonia intersticial não específica (n=4; 50%), pneumonia
intersticial usual (n=2; 25%) e 2 casos inespecíficos de vidro despolido. Os
doentes realizaram uma mediana de 3 ciclos de RTX (mínimo 1 e máximo de 12).
Previamente, os tratamentos realizados consistiram na azatioprina (n=4; 50%),
micofenolato mofetil (n=4; 50), metotrexato (n=2; 25%) e ciclofosfamida (n=2;
25%). Durante o tratamento com RTX, 1 doente manteve a leflonomida e 1 a
azatioprina, encontrando-se todos a realizar concomitantemente prednisolona.
Como intercorrências, durante o tratamento com RTX observou-se 1 caso de
pneumonia e 1 caso de neutropenia tardia, sem exacerbações da doença pulmonar
intersticial identificadas. Um doente suspendeu o RTX por diagnóstico de
carcinoma epidermoide do pulmão e outro por declínio do estado geral.
Relativamente à dispneia, verificou-se uma melhoria média de 0.63 na escala
mMRC após o tratamento com RTX. A função pulmonar manteve-se estável na
maioria dos doentes (n=5; 62.5%), observando-se melhoria no estudo funcional
respiratório dum doente e agravamento num caso. Verificou-se uma mortalidade
de 12.5%, correspondendo a 1 caso de pneumonia após 3 meses do diagnóstico da
DPI.
Conclusões: Apesar da dimensão reduzida da amostra, os dados sugerem que o
Rituximab é eficaz na DPI associada a conectivites, com ligeira melhoria da
dispneia e estabilidade da função pulmonar, associado a um bom perfil de
segurança. São necessários estudos adicionais para sustentar estas observações. |
dia
27 Jun. 08.30 – SALA 1 |
Diogo Canhoto |
Mariana Conceição |
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