Poster nr | Nome | Apelido | Tema | Instituição | Autores | titulo | Resumo 1: Introdução-Descrição-Conclusão | sala dia hora | Moderadores |
1 | Patricia | Torres Piñero | INTERSTÍCIO | Hospital Universitario de Salamanca | P Torres Piñero, A González Rosa, A Ríos Laguna, S Rodríguez Tardón, MJ Corbi Cobo-Losey, AR Sánchez Serrano. | CUANDO EL TÓRAX HABLA CLARO: SARCOIDOSIS EN SU FORMA MÁS RECONOCIBLE | INTRODUCCIÓN:
La sarcoidosis es una enfermedad granulomatosa multisistémica de etiología autoinmune con componente genético, más prevalente en mujeres entre 20-40 años. El pulmón es el órgano más afectado, manifestándose como disnea, tos, broncoespasmo y dolor torácico. La sospecha diagnóstica es radiológica, y el diagnóstico de certeza histológico, objetivandose granulomas epitelioides no caseificantes. Su pronóstico es favorable, y el tratamiento de elección es la corticoterapia, que no evita la posible aunque infrecuente evolución a fibrosis pulmonar. CASO CLÍNICO: Se expone el caso clínico de un paciente de 62 años con antecedente de neumonía por COVID-19 (2022), no fumador, trabajador agrícola y ganadero, con exposición laboral a herbicidas. Fue derivado al servicio de Neumología desde Atención Primaria por cuadro clínico de disnea de esfuerzo desde hace 10 meses, con evolución progresiva hasta 2-4 mMRC, tos seca con episodios de afonía intermitentes, e hiperreactividad bronquial con procesos catarrales. En la exploración destacan una disminución global de los ruidos respiratorios, con leves crepitantes finos en base derecha, y la palpación del bazo 2-3 cm bajo el borde costal. Se solicitan como pruebas complementarias: Rx de tórax: patrón alveolo-intersticial bilateral de predominio en campos medios, con imágenes lineales y micronodulares. TACAR: numerosos nódulos milimétricos de distribución peribroncovascular bilateral y perihiliar. Engrosamiento nodular de septos interlobulillares y nódulos subpleurales que forman pseudoplacas. Adenopatías subcentimétricas, algunas calcificadas, en mediastino, hilios y mesenterio. Paniculitis mesentérica y esplenomegalia. Pruebas de función respiratoria: FENO de 31 ppb (nivel intermedio). Espirometría compatible con alteración ventilatoria restrictiva leve no reversible y prueba broncodilatadora negativa. CONCLUSIONES: Es una patología crónica en el 30% de los pacientes, con una mortalidad del 1-5% debida a la fibrosis pulmonar. La presencia de anomalías radiológicas sin clínica asociada no requiere tratamiento con corticosteroides. El diagnóstico requiere de un estudio de imagen de tórax y una broncoscopia con biopsia de ganglios linfáticos. Además de completarse con analítica (Ca, VSG, ECA y autoinmunidad) y serología de bacterias atípicas. |
Dia 26 Jun. 16.30 – SALA 1 | Ana Norte | Mariana Mendes |
2 | Carolina | Jardim | INTERSTÍCIO | Hospital de Santa Marta ULS São josé | CM Jardim, AR Barreira, IM Torres1, J Rodrigues, A Mineiro, A Miguel | Esclerose Sistémica Cutânea Limitada com envolvimento Pulmonar? | Introdução:
A esclerose sistémica cutânea limitada (lcSS) é uma doença autoimune do
tecido conjuntivo, caracterizada por fibrose progressiva da pele, com
predomínio nas extremidades distais, face e pescoço. Cerca de 25% dos doentes
com lcSS desenvolvem doença pulmonar intersticial (DPI), sendo o padrão mais
comum o NSIP (pneumonia intersticial não específica). A presença de um padrão
histológico do tipo UIP (pneumonia intersticial usual), embora menos
frequente, associa-se a pior prognóstico. A avaliação e seguimento
multidisciplinar são fundamentais para a correta abordagem terapêutica e
prognóstica destes casos. Descrição: Relata-se o caso de uma doente de 42 anos, não fumadora, com antecedentes de lcSS diagnosticada aos 39 anos. Enviada à consulta por alterações radiológicas sugestivas de NSIP. À data, sem clínica respiratória. Em reunião multidisciplinar de patologia do interstício onde se decide pelo início de terapêutica imunossupressora pelos achados pulmonares. Foi feita avaliação periódica da doente e durante este período, verificou-se alteração do padrão radiológico inicial, agora com alterações não enquadráveis em qualquer padrão específico, pelo que em nova RMD, decide-se pela realização de uma criobiópsia pulmonar que evidência alterações inflamatórias/fibróticas não classificáveis em qualquer padrão histopatológico. Sem novas queixas respiratórias associadas, pelo que se manteve terapêutica imunossupressora. Conclusão: Este caso evidencia uma apresentação atípica de envolvimento pulmonar em lcSS, com evolução para um padrão imagiológico e histológico não classificável. Reforça-se a importância do seguimento multidisciplinar e da reavaliação periódica nestes doentes, mesmo na ausência de clínica respiratória, para uma intervenção terapêutica precoce e individualizada. |
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3 | Carolina | Jardim | INTERSTÍCIO | Hospital de Santa Marta ULS São José | CM Jardim, AR Barreira, IM Torres , J Rodrigues, A Mineiro, A Miguel | Uma Jornada Clínica de Pneumonia Eosinofílica Crónica com Parasitose Associada | Introdução:
A pneumonia eosinofílica crónica (PEC) é uma doença pulmonar rara e
idiopática caracterizada pela infiltração eosinofílica nos pulmões,
resultando em sintomas respiratórios progressivos. Embora a sua etiologia
seja predominantemente idiopática, diversos fatores têm sido implicados na
sua génese. Entre as causas identificadas, destacam-se as infeções
parasitárias, resultando na presença de eosinófilos nas vias respiratórias e
no parênquima pulmonar. Descrição: Apresenta-se o caso de um homem de 69 anos, reformado de inspetor sanitário agrícola, que se apresenta com quadro com meses de evolução de tosse seca e irritativa refratária à terapêutica com mucolíticos, anti-histamínico e corticoide oral. A tomografia computorizada (TC) de tórax realizada em agosto de 2024 revelou reticulações subpleurais, bronquiolectasias de tração e uma pequena condensação nodular sub-pleural lobar inferior esquerda. A função pulmonar mostrou-se sem alterações com FEV1 de 3,32 L (115%) e DLCO de 99%. Analiticamente com IgE elevada (1568) e eosinofilia (770/uL). Neste contexto, procedeu-se à realização de biópsia pulmonar transtorácica guiada por TC, que evidenciou fibrose densa, elastose e infiltração intersticial por linfócitos e eosinófilos, sem sinais de pneumonia organizativa, granulomas ou neoplasia. Identificaram-se parasitas nas fezes, tendo iniciado tratamento com albendazol, com subsequente resolução dos sintomas respiratórios. O paciente também identificou possível refluxo gastroesofágico (DRGE), tendo eliminado bebidas alcoólicas da dieta, resultando em melhoria adicional. Em abril de 2025, realizou-se reavaliação imagiológica, evidenciando, na TC torácica, alterações intersticiais inespecíficas e resolução da lesão previamente biopsada. Do ponto de vista analítico, observou-se uma redução da eosinofilia periférica. Conclusão: Este caso clínico ilustra a complexidade diagnóstica da PEC, especialmente quando associada a fatores como parasitose e DRGE. A abordagem terapêutica deve ser abrangente, incluindo tratamento antiparasitário, controle de sintomas gastrointestinais e monitorização regular da função pulmonar e eosinofilia. A resposta ao tratamento e a estabilidade clínica sugerem um prognóstico favorável, embora a vigilância contínua seja essencial para detetar possíveis recidivas ou complicações. |
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4 | Beatriz | Mendes Almeida | SONO E VENTILAÇÃO | Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo | BM Almeida, T Rodrigues, P Rosa | Parotidite aguda associada ao uso de ventilação não invasiva | Introdução: A parotidite aguda é uma inflamação da glândula parótida, que pode ter diversas causas, nomeadamente infeções virais e bacterianas, obstrução mecânica, desidratação e inflamação pós-radioterapia. A ventilação não invasiva (VNI) pode predispor ao desenvolvimento de parotidite aguda por perturbação do fluxo de saliva através do canal de Stenon (ducto parotídeo). Isto pode resultar do aumento da pressão intraoral, que promove o fluxo retrógrado de ar e saliva através do canal (pneumoparotidite), ou da sua compressão pela máscara oronasal. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 88 anos, ex-fumador, com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) GOLD 3E e síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS), sob VNI noturna e diurna por períodos. Internado no Serviço de Pneumologia por exacerbação de DPOC e insuficiência respiratória global crónica agudizada, com necessidade de VNI contínua. Ao 5.º dia, apresentou como intercorrência tumefação, dor, calor e eritema na região da parótida esquerda, associado a discreto aumento dos parâmetros inflamatórios. Realizou ecografia das partes moles que evidenciou aumento volumétrico da glândula parótida esquerda, heterogeneidade escoestrural fina, edema do tecido conjuntivo e adiposo que circunda a parótida esquerda, sem dilatação do ducto de Stenon ou lesões focais. Neste contexto, assumiu-se o diagnóstico de parotidite aguda alitiásica associada ao uso de VNI. Atendendo à gravidade da insuficiência respiratória e à impossibilidade de suspender a VNI, foi alterada a interface da ventilação, reforçada a hidratação oral e iniciada antibioterapia empírica com amoxicilina/ácido clavulânico, que cumpriu durante 10 dias, com resolução do quadro. Conclusão: A parotidite aguda é uma complicação rara que pode surgir em doentes sob VNI, particularmente naqueles que utilizam máscara oronasal e ventilação por longos períodos. Este caso clínico pretende demonstrar a importância da alteração da interface respiratória, quando a suspensão da ventilação não é possível, aliada ao reforço hídrico e à antibioterapia. |
Dia 26 Jun. 16.30 – SALA 1 | Ana Norte | Mariana Mendes |
5 | Catarina | Garcez Silva | OUTRAS | ULS Oeste | CG Silva, S Pimentel, S Fontão, L Mateus, M Cavaco, CR Silvestre, N André, T Falcão | Nódulos Pulmonares Múltiplos – a propósito de um caso raro | Introdução:
Os nódulos pulmonares detetados de forma acidental em exames de imagem são
geralmente assintomáticos. As suas causas podem dividir-se em malignas
(neoplasias primárias ou secundárias pulmão) e benignas (infeciosas,
vasculares, e tumores benignos). A abordagem varia consoante o risco de
malignidade. Caso clínico: Mulher, 67 anos, caucasiana. Auxiliar de ação educativa. Não fumadora. Foi enviada à consulta de Pneumologia, em Janeiro de 2006, para esclarecimento de achados em TC torácica (múltiplos nódulos pulmonares difusos, com diâmetros de 4 a 12 mm, contornos irregulares, sem cavitação ou calcificação) sugestivos de secundarização. A doente estava assintomática e com exame objetivo sem alterações. Realizou broncofibroscopia (normal), sendo a citologia das secreções brônquicas negativa para malignidade e os exames microbiológicos negativos. Realizou endoscopia digestiva alta, colonoscopia, ecografia pélvica, mamografia, ecografia da tiroide, sem evidência de alterações. Face a ausência de diagnóstico, foi submetida a biópsia pulmonar cirúrgica por Video Assisted Thoracic Surgery com resseção atípica do lobo superior esquerdo. O estudo anátomo-patológico revelou hamartomas não condromatosos. Abandonou a Consulta de Pneumologia. Em Junho de 2024 é referenciada de novo à consulta de pneumologia, por suspeição de metastização pulmonar, sendo portadora de TC tórax com múltiplas calcificações nodulares disseminadas, de distribuição sobreponível ao padrão nodular descrito em TC tórax de 2006. Face à evolução do padrão radiológico num horizonte temporal de 20 anos, em doente assintomática e sem atingimento de outros órgãos ou sistemas, concluiu-se por um processo normal de calcificação das lesões hamartomatosas previamente diagnosticadas. Conclusão: Este caso realça a importância de uma abordagem diagnóstica sistematizada para exclusão de doença maligna. Trata-se de um caso raro, de hamartomas pulmonares bilaterais, que levantaram a suspeição de secundarização. Os hamartomas correspondem a 75% dos tumores benignos do pulmão e a 8% dos nódulos pulmonares solitários. Apenas 0,6% dos casos de hamartoma são múltiplos. Podem ser condromatosos (mais comum), leiomiomatosos ou mistos. Tipicamente são assintomáticos e encontrados de forma incidental como nódulos solitários do pulmão. |
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6 | Adriana | Dias | OUTRAS | ULS Coimbra | ADias, JCouto, MAMarques, YMartins | Nodulo pulmonar hipercaptante: e se não for cancro? | A
amiloidose é uma doença caracterizada pela acumulação de proteínas em forma
de lâminas β insolúveis que, dependendo da proteína envolvida, afetam diferentes órgãos, inclusive o pulmão. A nível pulmonar a amiloidose pode manifestar-se como consequência de envolvimento sistémico ou como doença localizada, com aparecimento de depósitos nodulares. A deteção de nódulos pulmonares de natureza amiloide por PET é incomum. Neste trabalho, descrevemos um caso incomum de nodulo amiloide hipercaptante em PET. Mulher de 79 anos, com antecedentes pessoais de doença coronária, fibrilhação auricular, diabetes mellitus e asma, foi referenciada a consulta de Pneumologia por achado em TC-torácica de nodulo com 29mm no lobo inferior do pulmão direito, com calcificações intrínsecas. A doente era não fumadora, sem exposição ambiental de risco e não apresenta sintomas constitucionais ou respiratórios. Realizou PET-CT que revelou o nodulo supracitado, com 28x14mm, com captação aumentada de FDG-F18 (SUVmax:5.1), sem lesões suspeitas a outros níveis. Pela suspeição de neoplasia, a doente foi submetida a biopsia pulmonar guiada por TC cuja histopatologia identificou nódulo amiloide pulmonar caracterizado pela matriz amorfa com vermelho de Congo positivo com birrefringência verde e também PAS positivo. A presença de amiloidose pulmonar nodular pode ser secundária à presença de uma doença linfoproliferativa, nomeadamente a linfomas MALT, pelo que a doente se encontra atualmente sob investigação complementar. O envolvimento pulmonar por amiloidose é raro, mas pode representar uma doença sistémica significativa. Habitualmente a amiloidose nodular é um achado incidental sem repercussão clínica, no entanto, exige uma caracterização completa para identificar de forma inequívoca o tipo de proteína envolvida de forma a fornecer um tratamento eficaz. |
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7 | Alejandro | Ríos Laguna | INTERSTÍCIO | Hospital Universitario de Salamanca | A Ríos Laguna, P Torres Piñero, A González Rosa, CM Llamas Alonso, EA Pérez Velásquez, I Jiménez García | Reflujo como causa de osificación pulmonar dendriforme alternativa a neumopatía intersticial usual | Introducción: La osificación pulmonar dendriforme es una entidad poco frecuente y se caracteriza por pequeños nódulos calcificados agrupados en ramificaciones. No se debe a la precipitación de calcio, sino a la formación de hueso por osteoblastos. Se ha asociado a la neumopatía intersticial usual (NIU), presente en un 7% de estos pacientes, como respuesta a la acidosis local o lesión tisular. En pacientes sin hallazgos sugestivos de NIU en la tomografía computarizada (TC), se observa una alta prevalencia (75%) de condiciones vinculadas a microaspiraciones crónicas, como apnea obstructiva del sueño, reflujo gastroesofágico o deterioro cognitivo severo. Se cree que la acidez local y la hipoxemia podría inducir a la diferenciación de macrófagos pulmonares y fibroblastos en osteoclastos. Caso clínico: Paciente de 71 años, exfumador (IPA 60), con dislipidemia, HTA, hiperuricemia y cardiopatía valvular leve-moderada. Presenta tos crónica, expectoración no purulenta, disnea leve (mMRC 1) y episodios frecuentes de infecciones respiratorias. Ronquidos intensos sin apneas observadas, sueño no reparador y somnolencia diurna. La espirometría muestra patrón obstructivo leve sin respuesta broncodilatadora (FEV1/FVC 62.86%). La radiografía evidencia reticulación bibasal, por lo que se solicita TC torácico. La TC muestra afectación intersticial reticulonodular bilateral, predominante en lóbulos inferiores, con nódulos subpleurales y en septos interlobulillares, algunos con patrón "árbol en brote" y alta densidad, sugestivos de osificación pulmonar dendriforme. No se observan bronquiectasias ni fibrosis avanzada. Se recomienda evaluar la relación con microaspiraciones por reflujo gastroesofágico. En seguimiento telefónico, el paciente reporta episodios frecuentes de reflujo postprandial. Conclusiones: Reconocer la conexión entre las calcificaciones dendriformes y las microaspiraciones es clave para guiar el manejo clínico, evitando inmunosupresores innecesarios y priorizando estrategias enfocadas en el control del reflujo gastroesofágico, lo que ha demostrado mejorar los síntomas y la estabilidad radiológica a largo plazo. La distribución predominante en segmentos posteriores y laterales de los lóbulos inferiores refuerza la hipótesis del papel de las microaspiraciones en su fisiopatología. |
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8 | Alejandro | González Rosa | OUTRAS | Complejo Asistencial Universitario de Salamanca | Alejandro González Rosa, Patricia Torres Piñero, Alejandro Ríos Laguna, Claudia María Llamas Alonso, Ana Gabriela Salazar Palacios, Engels Alexander Pérez, Velasquez, María del Rocío Bartol Sánchez. | DEBÚT ATÍPICO DE CARCINOMA DE TIROIDES CON HEMOPTISIS | Paciente
de 70 años que acude al servicio de urgencias en mayo de 2017 por presentar
hemoptisis franca, con antecedentes de HTA y DM además de un AIT en octubre
de 2016. Es valorado en primer lugar por ORL descartando sangrado a ese
nivel. El paciente, junto con la hemoptisis contaba una pérdida de peso en los últimos meses. Ingresó a cargo de Neumología para estudio de la hemoptisis. En ningún momento hubo inestabilidad hemodinámica ni anemización del paciente. Entre las pruebas de imagen solicitadas destacamos una inicial radiografía de tórax en la que se apreciaba una alteración del contorno tráquea cervical con ligera compresión de la luz así como opacidades micronodulares parenquimatosas pulmonares bilaterales. Se le realizó un TC de cérvico-torácico en el que se objetivó una neoplasia de tiroides con infiltración traqueal y con dudosa afectación de estructuras vasculares adyacente, adenopatías subcentimétricas mediastínicas y metástasis pulmonares. Al paciente se le da de alta con diversas citas para categorizar la masa tiroidea así como una buena planificación terapeútica. Se realizó PAAF de nódulo tiroideo derecho con crecimiento intratorácico de al menos 28 x 27 mm, hipoecoico que infiltra tejidos extratiroideos, con calcificaciones groseras, en la anatomía patológica se objetiva un carcinoma papilar de tiroides. Al ser un tumor no resecable (desestimándose por endocrino, cirugía torácica y otorrino), se decidió dar sesiones de radioterapia (15 sesiones) con acondicionamiento por hormonoterapia previo. En PET-TC de control que se le realiza al paciente se evidencia enfermedad metastásica ósea, así como aumento de tamaño y de captación de las metástasis pulmonares. El paciente acabó recibiendo sorafenib como última línea de tratamiento debido a refractariedad a radioterapia y a terapia con iodo. Finalmente se decide optar por la opción de cuidados paliativos, falleciendo el paciente el junio de 2020 debido a una insuficiencia respiratoria secundaria al proceso oocológico. |
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9 | Rita | Santos Martins | TÉCNICAS | Unidade Local de Saúde da Região de Leiria | RS Martins, JN Machado, R Natal, AC Gameiro, B Santos, S Silva | Estenose subglótica idiopática: quando as opções terapêuticas são estreitas | Introdução:
A estenose subglótica pode ser congénita, iatrogénica ou adquirida,
nomeadamente, devido a trauma, neoplasias, doenças auto-imunes ou infeções.
Raramente, é de causa desconhecida - estenose subglótica idiopática. Caso Clínico: Mulher de 32 anos, sem antecedentes de relevo, foi encaminhada à consulta de Pneumologia por estridor, dispneia para pequenos esforços e tosse com expetoração mucosa em agravamento desde há 1 ano. Negava febre, dor torácica, perda ponderal, infeções respiratórias prévias ou antecedentes cirúrgicos. Ao exame físico destacava-se estridor, sem outras alterações. Realizou espirometria a documentar alteração ventilatória obstrutiva moderada, com curva débito-volume sugestiva de obstrução fixa das vias aéreas centrais. Solicitou-se tomografia computorizada cervical e torácica a revelar espessamento circunferencial da mucosa infraglótica, com redução do calibre da via aérea, sem outras alterações. Perante estes achados, a doente foi submetida a broncoscopia rígida com visualização de estenose subglótica em anel com extensão longitudinal de 1 cm, condicionando redução do lúmen traqueal para 7 mm. Realizaram-se biópsias e dilatação mecânica sequencial (6,5 a 7,5 mm), sem intercorrências. A histologia revelou áreas de infiltrado inflamatório e a citologia e microbiologia do aspirado brônquico foram negativas. Na consulta de reavaliação três meses depois, a doente encontrava-se assintomática. Do restante estudo etiológico realizado, destaca-se ainda a positividade do anticorpo anti-topoisomerase I (Scl-70), sem manifestações clínicas de doença autoimune, pelo que se assumiu o diagnóstico de estenose subglótica idiopática. Seis meses após o tratamento inicial, a doente referiu agravamento da dispneia, sendo novamente submetida a broncoscopia rígida com dilatação mecânica por recidiva da estenose. Desde então, mantém-se assintomática e em vigilância nas consultas de Pneumologia e Reumatologia. Conclusões: Este caso clínico representa os desafios inerentes ao diagnóstico etiológico, tratamento e seguimento da estenose subglótica idiopática. Apesar da boa resposta à dilatação endoscópica, a possibilidade de recidiva exige uma vigilância contínua, com reavaliação clínica, imagiológica e endoscópica periódicas, sendo difícil a solução definitiva. |
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10 | Ana Luís | Correia | PLEURA | ULS Viseu Dão-Lafões | AL Correia, T Abrantes, B Dias, T Belo, P Fernandes, A Reis | Quilotórax - explorando a etiologia em 2 casos clínicos | Introdução:
As causas de quilotórax podem dividir-se entre traumáticas e não traumáticas,
existindo uma miscelânea de etiologias descritas nestas últimas. Apresentamos
2 casos clínicos que ilustram esta variabilidade. 1º caso: Doente do sexo masculino de 58 anos. Recorreu ao SU após acidente com trauma torácico. A TC-Tórax mostrava derrame pleural à direita, sem alterações pulmonares ou adenomegalias. Foi realizada toracocentese diagnóstica com saída de 40cc de líquido leitoso hemático, que apresentava pH 7.39, glicose 86 mg/dL, lactato 1.1 mmol/L, hematócrito <15%, predomínio de mononucleares (97%), triglicerídeos 623 mg/dL e colesterol total 86 mg/dL. Classificado como exsudato. Imunofenotipagem sem alterações. Colocado dreno com drenagem total de 2800cc. Foi assumido quilotórax com etiologia mais provável o trauma torácico. Realizou cinesioterapia com melhoria parcial do derrame após 3 meses. 2º caso: Doente do sexo feminino de 81 anos. Antecedentes de doença hepática crónica de etiologia alcoólica com varizes esofágicas. Múltiplas vindas ao SU com queixas de dor abdominal e dispneia. Objetivada ascite de pequeno volume, edema dos membros inferiores e derrame pleural esquerdo. A toracocentese diagnóstica obteve um líquido amarelado opaco, com pH 7.52, glicose 122 mg/dL, hematócrito>15%, predomínio de mononucleares, colesterol total 59 mg/dL e triglicerídeos 317.8 mg/dL. Imunofenotipagem sem alterações. Classificado como transudato, com critérios de quilotórax. Manteve queixas que motivaram 2 internamentos no mês seguinte, com agravamento do derrame pleural, tendo sido abordado novamente, com saída de 1500cc de líquido leitoso. Fez TC-TAP mostrou trombose parcial da veia mesentérica superior e tributária, conflunte espleno portal e veia porta, com extensão ao seu ramo esquerdo. Não realizou toracoscopia devido a trombocitopenia. Iniciou anticoagulação e diuréticos em doses altas. A TC abdominal de reavaliação mostrava apenas um pequeno trombo no confluente esplenoportal, com resolução imagiológica do quilotórax. Assumiu-se a doença hepática e a trombose venosa portal e mesentérica como causa do quilotórax. Mantém seguimento, sem novas vindas ao SU. Conclusão: O estudo etiológico do quilotórax pode ser desafiante. Tratamento dirigido à causa pode ser necessário para a resolução do mesmo. |
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11 | Ana Rita | Pereira | CANCRO | ULSRA | AP Pereira, A Fonseca, A Alves, E Silva, A Barroso | Deficiência de SMARCA4 na Neoplasia do Pulmão: Implicações Clínicas e Terapêuticas | Introdução A ausência de expressão do marcador molecular SWItch/Sucrose Non-Fermentable-related Matrix-Associated Actin-Dependent Regulator of Chromatin Subfamily A Member 4 (SMARCA4) define um subtipo tumoral agressivo, de progressão rápida e refratário à terapêutica convencional, que pode influenciar o tratamento e prognóstico. Descrição Homem, 69 anos, ex-fumador (42 unidades maço-ano), referenciado em setembro de 2023 por carcinoma do pulmão pouco diferenciado cT1cN0M0 (PD-L1 20–30%, sem material disponível para next-generation sequencing). A revisão das lâminas revelou carcinoma do pulmão pouco diferenciado e agressivo, com morfologia e imunohistoquímica inconclusivas, com expressão de um só marcador neuroendócrino. Realizou lobectomia inferior direita em fevereiro de 2024, sem tumor na peça cirúrgica e com metástase ganglionar (11R) de etiologia incerta, com características compatíveis com carcinoma neuroendócrino e uma mutação no gene HER3 (pTxN1M0). Iniciou quimioterapia com carboplatina e etoposido. Um mês depois apresentou recidiva com metastização bilateral nas glândulas suprarrenais. Realizou biópsia da suprarrenal direita que foi inconclusiva, não se excluindo primário da suprarrenal. Após revisão com painel imunohistoquímico alargado à suprarrenal e, posteriormente, à amostra anterior, confirmou-se metástase de tumor indiferenciado do pulmão deficiente em SMARCA4. Completou cinco ciclos de quimioterapia com carboplatina e etoposido (término em julho de 2024), com doença estável. Em agosto de 2024, nova progressão com aumento das lesões suprarrenais e trombo tumoral na veia cava inferior. Após revisão da literatura disponível e discussão multidisciplinar, iniciou carboplatina, pemetrexed e pembrolizumab, e manutenção posterior com pemetrexed e pembrolizumab. Em março de 2025, novo aumento da lesão suprarrenal esquerda, com estabilidade das restantes lesões, será discutida realização de radioterapia estereotáxica após exames de reestadiamento. Conclusão Nas situações de tumores pouco diferenciados a identificação de biomarcadores críticos, como a deficiência de SMARCA4 pode ser determinante para uma melhor definição da terapêutica e prognóstico. Estão em curso estudos com terapêuticas dirigidas a este tipo de tumores, o que poderá resultar em novas e mais eficazes opções de tratamento no futuro. |
Dia 26 Jun. 16.30 – SALA 1 | Ana Norte | Mariana Mendes |
12 | Ana Rita | Pereira | CANCRO | ULSRA | AR Pereira, A Fonseca, A Alves, A Barroso | O desafio diagnóstico das lesões cerebrais no doente com cancro do pulmão | Introdução O diagnóstico diferencial das lesões cerebrais no doente com cancro do pulmão com metastização cerebral tornou-se progressivamente mais complexo. Nos doentes submetidos a radioterapia e imunoterapia, são diagnósticos diferenciais importantes a radionecrose e a pseudoprogressão. Quando a ressonância magnética cranioencefálica (RMN CE) é insuficiente, a tomografia por emissão de positrões com 18F-fluoro-L-DOPA (PET com 18F-FDOPA) tem demonstrado utilidade neste diagnóstico diferencial com uma especificidade de cerca de 84,3%, embora com risco de falsos positivos. Descrição Homem de 65 anos com carcinoma do pulmão não pequenas células pouco diferenciado (PD-L1 70–80%; next-generation sequencing sem alterações genéticas), estadio IVB (1 lesão cerebelosa e múltiplas ósseas) iniciou pembrolizumab em primeira linha em maio de 2024. Em junho de 2024, a RMN CE de planeamento detetou 4 lesões cerebelosas, sem sintomas neurológicos. Foi submetido a radiocirurgia das 4 lesões. Em outubro de 2024, a RMN CE sugeriu pseudoprogressão, doente sem sintomas neurológicos e sem progressão extracraniana, pelo que manteve pembrolizumab. Dois meses depois, apresentou sintomas neurológicos de novo e repetiu RMN CE que revelou aumento da lesão da fossa posterior com alterações perfusionais. Iniciou dexametasona 8 mg/dia com desmame até 2 mg/48h. O caso foi discutido em reunião multidisciplinar com Neurocirurgia e Neurorradiologia, persistindo dúvida entre progressão, pseudoprogressão e radionecrose. Realizou PET com 18F-FDOPA, que evidenciou captação heterogénea de aminoácidos na lesão conhecida, sugerindo persistência tumoral. Pela resolução sintomática e estabilidade extracraniana, optou-se por vigilância imagiológica e manutenção de pembrolizumab. A RMN CE de março de 2025 mostrou ligeiro agravamento do edema e melhoria da lesão necroquística, excluindo evidência de progressão. Manteve-se vigilância e tratamento com pembrolizumab, com doença estável até à data. Conclusão Este caso destaca a importância da seleção e interpretação criteriosa dos exames de imagem, dado que a inflamação pós-radioterapia pode causar falsos positivos, com aumento da captação de 18F-FDOPA em tecidos tumorais e não tumorais. A reavaliação imagiológica e a discussão multidisciplinar são cruciais na decisão da orientação terapêutica. |
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13 | Andreia | Nunes | CANCRO | ULS Guarda | AF Nunes, E. Almeida, M. Tavares, D. Mendonça, B. Bem, G. Lopes, G. Samouco, M. Oliveira, L. Ferreira | Nem Tudo o Que Capta é o Que Parece: Um Caso de Linfoma MALT | Introdução Os linfomas primários do pulmão são achados raros, correspondendo a <1% das neoplasias pulmonares. O subtipo mais frequente é o linfoma extraganglionar da zona marginal do tipo tecido linfóide associado à mucosa (MALT), com uma prevalência de cerca de 80%. Esta entidade é um tipo de linfoma não Hodgkin indolente, com um curso favorável, associando-se muitas vezes a processos inflamatórios crónicos ou infecciosos. O seu diagnóstico pode ser um desafio, pela sua indolência e pela ausência de sintomatologia na maioria dos casos. Descrição Doente do sexo masculino, 81 anos, com antecedentes pessoais de linfoma não Hodgkin (LNH) da zona marginal, esplenectomizado (2003), e LNH folicular grau 2 estadio III-IV, diagnosticado e tratado (2009), encontrando-se em remissão completa há 15 anos, mantendo vigilância anual pela hemato-oncologia. Trata-se de um doente assintomático do ponto de vista respiratório, sem sintomas constitucionais, com um Performance Status de 1, não fumador, reformado de motorista e sem antecedentes pulmonares prévios. Em consulta de seguimento realizou TC de tórax onde, para além de adenopatias no mediastino anterior, hilares e subcarinais, foi documentada uma formação nodular espiculada no segmento apical posterior do lobo superior esquerdo (LSE) com 22,5 mm de diâmetro. Posteriormente, realizou PET-CT que evidenciou no mesmo segmento do LSE, uma formação nodular hipermetabólica de contornos espiculados, com cerca de 21X18mm, sem descrição de outras lesões ou adenopatias captantes. Pela suspeição de neoplasia pulmonar, em estadio IA3, foi proposta abordagem da lesão por biópsia transtorácica guiada por TC, cujo resultado histológico foi compatível com LNH extraganglionar da zona marginal do tipo MALT. Após reunião em equipa com hemato-oncologia, optou-se por um tratamento conservador, mantendo seguimento em consulta. Conclusão Os linfomas MALT pulmonares são, na sua maioria, indolentes e detetados de forma acidental em exames imagiológicos de rotina. Apresentam-se frequentemente sob a forma de uma opacidade pulmonar de margens mal definidas, o que pode levantar múltiplas possibilidades aquando do seu diagnóstico. Com este relato de caso pretende-se demonstrar uma entidade clínica rara, devendo-se considerar como diagnóstico diferencial em lesões pulmonares suspeitas. |
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14 | André | Pina Monteiro | OUTRAS | ULS São José - Hospital Santa Marta | AP Monteiro, J Freitas, C Figueiredo, A Miguel | Além da tosse | Introdução: A tosse crónica é um dos sintomas mais frequentes na consulta de Pneumologia, podendo refletir uma ampla variedade de etiologias e representando frequentemente um desafio diagnóstico. Nos casos persistentes e sem causa evidente, é fundamental considerar etiologias menos comuns, incluindo doenças neurológicas. A síndrome de ataxia cerebelar com neuropatia e areflexia vestibular (CANVAS) é uma doença neurodegenerativa rara, na qual a tosse seca paroxística pode constituir a manifestação inicial, antecedendo em décadas os sintomas neurológicos. Apresenta-se o caso de um doente em que a tosse foi o sintoma inaugural desta síndrome. Caso clínico: Homem de 58 anos, sem antecedentes patológicos relevantes, com queixas de tosse seca, paroxística e refratária a múltiplas abordagens terapêuticas, com mais de duas décadas de evolução. A tosse era precipitada por estímulos como falar, comer ou rir, sem associação a dispneia, sibilância, expectoração ou outros sintomas respiratórios. Foi avaliado em consulta de Pneumologia, tendo realizado provas de função respiratória, estudo imagiológico torácico e avaliação analítica alargada, sem alterações significativas. Durante a investigação, referiu também instabilidade da marcha e dificuldade crescente na coordenação motora fina, como agarrar pequenos objetos. Foi então referenciado para avaliação neurológica. O exame objetivo revelou ataxia da marcha, dismetria ligeira e arreflexia dos membros inferiores. A ressonância magnética cerebral evidenciou atrofia cerebelar, e os estudos neurofisiológicos demonstraram uma ganglionopatia sensitiva. Após exclusão de outras causas adquiridas e genéticas de ataxia, a correlação clínica com a tosse crónica motivou a suspeita de síndrome CANVAS, confirmada por análise genética. Conclusões: Este caso clínico evidencia a complexidade do diagnóstico diferencial da tosse crónica e a importância de uma abordagem multidisciplinar. Destaca-se a necessidade de considerar doenças sistémicas e neurológicas como causa de tosse persistente, sobretudo quando os estudos iniciais são inconclusivos. A identificação precoce de síndromes como a CANVAS permite intervenção atempada, orientação adequada e melhor prognóstico funcional para os doentes. |
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15 | André | Pina Monteiro | MICOBACTERIAS | ULS São José - Hospital Santa Marta | AP Monteiro, J Freitas, C Figueiredo, A Miguel | O que esconde a disfagia? Um caso de Tuberculose. | Introdução:
A disfagia, embora rara, pode constituir uma manifestação atípica de tuberculose, particularmente no contexto de envolvimento ganglionar mediastínico. Nestes casos, a compressão extrínseca do esófago por adenopatias pode originar sintomatologia sugestiva de patologia esofágica primária, apesar da sua origem extraluminal. O diagnóstico exige uma abordagem multidisciplinar, na qual a Pneumologia tem um papel central, assegurando o diagnóstico através de técnicas como o crio-EBUS e conduzindo a abordagem terapêutica. Caso Clínico: Mulher de 28 anos, natural do Paquistão, sem antecedentes patológicos relevantes, recorre ao serviço de urgência por disfagia progressiva com duas semanas de evolução, para sólidos e líquidos, associada a odinofagia e tosse seca não produtiva. Dado o quadro, foi submetida a endoscopia digestiva, que evidenciou abaulamento do esófago compatível com compressão extrínseca. A tomografia computorizada cervical e torácica revelou uma massa subcarinal com 43 mm de maior eixo, condicionando alargamento da carina, abaulamento anterior do ramo direito da artéria pulmonar, da parede posterior do brônquio principal esquerdo, e desvio do esófago para a esquerda. Perante o quadro clínico e após discussão multidisciplinar, realizou-se broncofibroscopia com Crio-EBUS, com colheita de amostras da estação ganglionar 7. O estudo histológico demonstrou processo inflamatório granulomatoso necrotizante, e o teste de amplificação de ácidos nucleicos (TAAN) foi positivo para Mycobacterium tuberculosis. Foi assumido o diagnóstico de tuberculose ganglionar, tendo iniciado terapêutica antibacilar com boa evolução, posteriormente. Conclusão: Este caso ilustra uma forma de apresentação rara de tuberculose, sob a forma de disfagia. Salienta-se ainda o papel da criobiópsia mediastínica guiada por EBUS, que se assume como uma alternativa menos invasiva à mediastinoscopia, permitindo a obtenção de amostras de maior dimensão e qualidade, com superior rendimento diagnóstico face ao EBUS-TBNA, sendo uma técnica avançada com um papel cada vez mais importante no diagnóstico de doenças pulmonares e mediastínicas. |
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16 | André | Soveral | INTERSTÍCIO | ULS Lisboa Ocidental | A Soveral, R Borrego, S André, JM Correia | ARDS: uma evolução catastrófica, a propósito de um caso clínico | Introdução:
A ARDS é uma condição potencialmente fatal que requer diagnóstico e abordagem
precoces. A sua etiologia pode ser multifatorial, exigindo investigação
cuidadosa. Apresenta-se o caso de uma doente com ARDS aparentemente
infeciosa, mas com estigmas de etiologia adicional. Descrição: Mulher de 67 anos, saudável, recorreu ao serviço de urgência por dispneia com 1 mês de evolução, inicialmente com tosse produtiva e febre, resolvidas com antibioterapia empírica mas com recrudescência após 3 dias. Apresentava insuficiência respiratória aguda parcial, PCR 9.7 mg/dL, procalcitonina 0.13 ng/mL, eosinofilia 360 células/uL e sem leucocitose. Radiografia com condensações bibasais e testes para SARS-CoV-2, Influenza, VSR, VIH e antigenúrias negativos. TC torácica mostrou consolidações extensas bilaterais com broncograma aéreo. Ecocardiograma sem disfunção ventricular. Iniciou levofloxacina e oxigenoterapia de alto fluxo (paO2/FiO2 108), com posterior entubação por exaustão, assumindo-se ARDS. Broncofibroscopia com secreções hemáticas e lavado broncoalveolar com linfocitose de 38%, CD4/CD8 0.22 e isolamento de Lophomonas spp., tendo iniciado antibioterapia dirigida, com melhoria analítica mas eosinofilia de 1130 células/uL. Autoimunidade no lavado negativa. Por manutenção da hipoxémia, realizou Angio-TC, sem tromboembolismo pulmonar, mantendo consolidações. Por ausência de melhoria clínica, iniciou corticoterapia sistémica com resposta francamente favorável, permitindo extubação e redução progressiva de corticóide. TC de controlo mostrou melhoria, sendo assumida pneumonia organizativa após discussão multidisciplinar. Transferida para Pneumologia onde, por novo agravamento após suspensão da corticoterapia, foi entubada e reiniciou terapêutica imunossupressora. Faleceu 5 dias após nova admissão em cuidados intensivos. Conclusão:Apesar do quadro infeccioso sugestivo, a dependência de corticoterapia e os achados imagiológicos apontavam para pneumonia organizativa. A eosinofilia marcada, rara nesta entidade, assim como os achados no lavado broncoalveolar, sugerem possível doença intersticial subjacente. A gravidade da expressão e evolução da doença permite traçar conclusões emergentes na literatura sobre terapêutica imunossupressora na ARDS e sobre a discussão multidisciplinar, particularmente com evolução incerta. |
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17 | André | Soveral | INFEÇÃO | ULS Lisboa Ocidental | A Soveral, R Borrego, S André, K Lopes, E Brysch, M Raposo, JM Correia | Hemoptises por Neisseria meningitidis: uma etiologia inesperada | Introdução:Neisseria
meningitidis é um dos agentes mais prevalentes de meningite bacteriana acima
dos cinco anos e o único patógeno com potencial de gerar uma epidemia de
meningite, mas apenas 5-10% dos casos da sua infeção se manifestam por
pneumonia, sendo particularmente rara a sua expressão por hemoptises. Descrição: Mulher de 52 anos, autónoma, fumadora ativa e profissional hospitalar, recorreu ao serviço de urgência por episódios de hemoptises (<100 mL/24h) sem outra sintomatologia respiratória associada. À auscultação pulmonar não apresentava alterações, e os exames laboratoriais, incluindo pesquisa de antigénios de SARS-CoV-2, Influenza e VSR, foram negativos. A angio-TC torácica revelou opacificação em vidro despolido no lobo superior esquerdo (LSE), sugestiva de hemorragia alveolar localizada, além de fibrose pleuroapical bilateral compatível com sequelas inflamatórias antigas e áreas de enfisema parasseptal e centrolobular em ambos os pulmões. Iniciou terapêutica anti-fibrinolítica e foi internada em enfermaria de Pneumologia. Realizou broncofibroscopia com aspiração de coágulo no LSE, sem alterações da arquitetura brônquica. O lavado broncoalveolar e as secreções colhidas evidenciaram isolamento de Neisseria meningitidis, tendo iniciado ceftriaxone 1 g de 8/8h. TC torácica de reavaliação ao 10.º dia mostrou regressão significativa da opacificação. Após resolução clínica e término da antibioterapia, teve alta com seguimento programado em consulta de Pneumologia. Conclusão: Este caso sublinha a relevância de uma abordagem diagnóstica estruturada em hemoptises, mesmo em doentes sem sinais infecciosos sistémicos. O isolamento de Neisseria meningitidis num contexto de hemorragia alveolar localizada constitui uma ocorrência rara, reforçando a necessidade de vigilância microbiológica e de terapêutica dirigida, com impacto direto no prognóstico. |
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18 | Ana Isabel | Santos | ASMA | ULS Coimbra | AI Santos, C Loureiro | Tezepelumab na Asma Grave: Uma Nova Perspetiva Terapêutica | INTRODUÇÃO O desenvolvimento de terapias biológicas direcionadas a mecanismos imunológicos específicos revolucionou o tratamento da asma grave. O tezepelumab, um anticorpo monoclonal humano que bloqueia a linfopoietina do estromal tímico(TSLP), foi aprovado pelo Infarmed em janeiro de 2025 para o tratamento da asma grave. Ao atuar numa fase inicial da cascata inflamatória, mostra eficácia em múltiplos fenótipos sem limitação de biomarcadores específicos. No ensaio clínico NAVIGATOR, o tratamento com tezepelumab reduziu significativamente a taxa anual de exacerbações, melhorou a função pulmonar (aumento médio de 0,13L no FEV₁ basal) e potenciou o controlo da asma e a qualidade de vida dos doentes com asma grave não controlada. CASO CLÍNICO Homem de 56 anos com diagnóstico de asma desde a infância, fenótipo não eosinofílico alérgico tipo 2, seguido em consulta de asma grave. Estava sob terapêutica otimizada com inaloterapia tripla com corticoide inalado de alta dose e tratamento biológico com omalizumab (anti-IgE) desde 2017, mantendo razoável controlo sintomático, sem exacerbações recentes ou corticoides sistémicos de resgate. Contudo, evidenciava declínio funcional progressivo com agravamento da obstrução brônquica, encarceramento aéreo e perda de resposta broncodilatadora. Os parâmetros analíticos revelavam 100 eosinófilos/µL no sangue periférico, IgE total 386 UI/mL e FeNO 43 ppb. Dada a deterioração funcional, procedeu-se ao switch terapêutico para tezepelumab (210 mg, de 4 em 4 semanas). Após a primeira administração, houve melhoria sintomática significativa, com ganhos de 1,71 L no FVC e 0,59 L no FEV₁ basais, e 0,67 L no FEV₁ pós-broncodilatação, e redução do FeNO para 30 ppb. CONCLUSÃO O caso ilustra o benefício clínico do tezepelumab em doentes com asma grave previamente tratados com terapêuticas biológicas, mas com má progressão funcional. A rápida e substancial melhoria da função pulmonar, aliada à redução dos marcadores inflamatórios, reforça o papel do bloqueio da TSLP como estratégia terapêutica inovadora. Estes resultados suportam a utilização do tezepelumab em cenários de asma grave heterogénea e sublinham a necessidade de investigações futuras para definir critérios de otimização do tratamento e identificar perfis de resposta ideais, nomeadamente no contexto de remodelação da via aérea. |
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19 | Anita | Lascasas Trigueira | MICOBACTERIAS | ULS de Entre Douro e Vouga, CRC-A Norte | AL Trigueira, A Carvalho, I Franco | Tuberculose Mamária: diagnóstico desafiante numa localização infrequente | Introdução
A tuberculose mamária é uma forma rara de tuberculose extrapulmonar, frequentemente confundida com carcinoma ou mastites, dificultando o diagnóstico e atrasando o início de terapêutica dirigida. Caso Clínico Mulher de 48 anos, natural do Brasil e residente em Portugal desde 2022, com antecedentes de tuberculose ganglionar tratada há mais de uma década, sem registos disponíveis. Em outubro de 2024, desenvolveu uma tumefação dolorosa e eritematosa na mama direita, sem resolução após antibioterapia, o que motivou ida ao serviço de urgência. À observação, apresentava massa endurecida e dolorosa no quadrante superoexterno da mama direita, sem adenopatias axilares. Realizou-se drenagem do abcesso, com exteriorização de conteúdo purulento. Face à persistência das queixas, realizou ecografia mamária que revelou espessamento cutâneo com alterações inflamatórias dos anexos mamários, sem nódulos suspeitos. A biópsia excisional evidenciou inflamação granulomatosa com necrose caseosa e raros BAAR positivos. Perante estes achados, foi referenciada às Consultas Respiratórias na Comunidade. O material da biópsia foi enviado ao Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, sem identificação de M. tuberculosis por PCR. As amostras de expetoração colhidas foram também negativas. Em março de 2025, nova ecografia evidenciou loca residual do abcesso, sem conteúdo líquido. Procedeu-se a core biópsia, com exame direto e PCR negativos, estando a cultura em curso. A tomografia torácica revelou adenomegalias mediastínicas calcificadas, sem alterações do parênquima pulmonar. Perante suspeição clínica e histopatológica forte, num contexto epidemiológico sugestivo e sintomatologia persistente, iniciou tratamento antituberculoso com isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol. Duas semanas após o início da terapêutica, apresentava resolução completa da dor e eritema, com cicatrização adequada. Conclusão Apesar de rara, a tuberculose mamária deve ser considerada no diagnóstico de lesões inflamatórias persistentes, sobretudo em doentes provenientes de áreas endémicas sem resposta à antibioterapia. Mesmo sem confirmação microbiológica, a decisão terapêutica baseada nos achados histopatológicos e na rápida resposta clínica foi decisiva para o sucesso terapêutico. |
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20 | Ana Mª Martín Varillas | Martín Varillas | CANCRO | Hospital Universitario de Salamanca | AM Martín-Varillas, AG Salazar, EC Prieto, L Gil, E Curto, J Ramos | HIPERPLASIA DIFUSA IDIOPÁTICA DE CÉLULAS NEUROENDOCRINAS PULMONARES: A PROPÓSITO DE UN CASO | Caso clínico: Mujer de 71 años vista en consulta de Neumología por tos de 3 años de evolución. Antecedentes: Hipotiroidismo. No antecedentes de alergia o atopia. No hábitos tóxicos ni exposiciones de riesgo. No antecedentes familiares de neumopatía. Anamnesis: la paciente comentaba tos de larga evolución de predominio matutino y con esfuerzos, asociada a expectoración blanquecina. Refería disnea 1 de la escala de disnea modificada del Medical Research Council (mMRC). Exploración: murmullo vesicular disminuido de forma generalizada. Evolución: en la primera consulta se realizó espirometría con resultado de alteración ventilatoria obstructiva con prueba broncodilatadora negativa, fracción exhalado de óxido nítrico (FeNO) 25 ppb. Radiografía de tórax sin alteraciones significativas. En ese momento se propuso el diagnóstico de posible asma pautando tratamiento inhalador. En la siguiente revisión la paciente refirió mejoría inicial con el tratamiento, pero a los pocos meses comenzó de nuevo con tos y expectoración blanquecina diaria predominantemente nocturna, asociada a aumento de la disnea (2 mMRC). Se realiza nueva espirometría con resultado de alteración ventilatoria obstructiva con prueba broncodilatadora negativa, se continuó con el mismo diagnóstico y, ante la persistencia de síntomas, se solicitaron pruebas intraepidérmicas, FeNO y test de metacolina. Las pruebas intraepidérmicas a aeroalérgenos resultaron negativas, FeNO 23 pbb, pero el test de provocación bronquial con metacolina fue positivo compatible con hiperrespuesta bronquial marcada. Se continuó con el mismo tratamiento y se solicitó un TACAR torácico para estudio de otras patologías. El TACAR torácico se informó como compatible con hiperplasia difusa idiopática de células neuroendocrinas pulmonares con tumorlets y tumores carcinoides. Se comentó el caso en Comité Multidisciplinar de Cáncer de Pulmón, decidiéndose intervención quirúrgica con segmentectomia anatómica en lóbulo inferior izquierdo (segmento 6) y linfadenectomia sistemática. El resultado anatomopatológico fue de tumor carcinoide típico con focos de hiperplasia neuroendocrina sin evidencia de infiltración adenopática. La estadificación fue pT1aN0M0. Tras el diagnóstico definitivo la paciente está en seguimiento en consultas de Oncología sin precisar tratamiento actualmente. |
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21 | Rita | Freire da Silva | INTERVENÇÃO | ULS Santa Maria | R Freire-Silva; L Lopes-Mendes; C Durão; P Santos; J Eusébio | Acidente Vascular Cerebral criptogénico e a descoberta de uma malformação arteriovenosa apical | As
malformações arteriovenosas pulmonares (MAVPs) são raras na população geral,
sendo mais frequentes no sexo feminino e habitualmente localizadas nos lobos
inferiores. Podem causar hipoxemia, abcessos cerebrais e eventos embólicos
paradoxais, sendo frequentemente diagnosticadas durante a investigação de
acidente vascular cerebral (AVC) criptogénico. Homem de 87 anos, autónomo, ex-fumador (30 UMA), com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, dislipidemia e doença renal crónica. Em julho de 2024, recorreu ao Serviço de Urgência com quadro de ataxia e mioclonias de início agudo. Suspeitando-se de AVC, foi internado para estudo. A TC-CE inicial não revelou alterações agudas e posteriormente a RM encefálica evidenciou três áreas milimétricas de isquemia recente em territórios distais das artérias cerebrais médias. As lesões eram incompatíveis com o quadro clínico agudo que foi posteriormente atribuído a iatrogenia medicamentosa com base na história clínica (introdução recente de pregabalina). No entanto, foram identificadas sequelas de um AVC prévio desconhecido. Devido aos fatores de risco cardiovascular, iniciou-se estudo etiológico, incluindo doppler dos vasos cervicais, ecocardiograma transtorácico e holter, todos sem alterações relevantes. Na ausência de uma fonte embólica evidente, o caso foi classificado como AVC criptogénico. Em seguimento do estudo etiológico e devido à persistente hipoxemia ligeira (pO₂ 55 mmHg), foi realizada angio-TC torácica, que revelou uma MAV apical direita nutrida por três ramos arteriais. A malformação foi então considerada como a possível causa de embolização paradoxal e o paciente foi proposto para embolização. Em maio de 2025, foi realizada embolização endovascular eletiva por via femoral direita. Foram utilizados plugs e coils (Azur e POD), com oclusão eficaz do nido vascular, confirmada por angiografia de controle. Assim, este caso destaca a importância de considerar o estudo de MAV em pacientes com AVC criptogénico, embora seja uma condição rara. Além disso, trata-se de uma MAV com características pouco comuns, dado que se apresenta no sexo masculino, no ápice pulmonar e com grandes dimensões. |
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22 | Rita | Freire da Silva | CANCRO | ULS Santa Maria | R Freire-Silva, L Lopes-Mendes, C Durão, P Santos | Toxicidade Pulmonar do tratamento do Adenocarcinoma Pulmonar | Introdução: O adenocarcinoma do pulmão, o tipo de neoplasia pulmonar mais comum, pode ser tratado com uma combinação de várias modalidades de radioterapia e terapias-alvo. A radioterapia é frequentemente usada para reduzir tumores locais ou metastáticos, aliviando sintomas e controlando a progressão da doença. O osimertinibe, um inibidor de tirosina quinase de terceira geração, é eficaz em pacientes com mutações no gene EGFR, bloqueando a via de sinalização tumoral e inibindo o crescimento das células neoplásicas. A combinação dessas terapias visa aumentar a eficácia do tratamento, melhorando o controle da doença e a qualidade de vida do paciente. Descrição: Mulher de 78 anos, autónoma, com antecedentes pessoais relevantes de artrite reumatóide, cardiopatia isquémica e osteoporose, foi diagnosticada com adenocarcinoma do pulmão em estadio IV, com metastização óssea (2.º e 5.º arcos costais esquerdos) iniciando terapeutica com osimertinibe (TKI) e radioterapia dirigida às metástases. Aproximadamente dois meses após o início da radioterapia, apresentou dispneia progressiva de novo, associado a alterações imagiológicas, levantando suspeitas de pneumonia rádica e iniciado ciclo de corticosteroides, sem melhorias. Por ausência de melhoria clínica, a doente foi internada, com aumento das doses de corticosteroides e oxigenoterapia suplementar. Por fraca resposta clínica à terapêutica instituída, foi proposta uma nova hipótese diagnóstica: toxicidade do TKI, uma reação rara, sendo suspensa a terapêutica alvo. Com isso, observou-se uma melhoria clínica e imagiológica subsequente. Diante do quadro, foi sugerido o início de tratamento com infliximab, visando o controle da toxicidade induzida pelo osimertinibe e permitindo o progessivo desmame de altas doses de corticoide. Conclusão: Este caso ilustra duas reações adversas ao osimertinibe, destacando a importância de considerar toxicidade medicamentosa em pacientes com adenocarcinoma de pulmão em tratamento com terapias-alvo,em declínio clínico.. A abordagem terapêutica adaptada e a monitorização contínua foram fundamentais para garantir a melhor evolução do quadro clínico. |
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23 | Beatriz | Cunha | MICOBACTERIAS | FMUC | B Cunha, D Rodrigues | Síndrome de DRESS secundário a terapêutica tuberculostática - relato de caso | A
tuberculose é uma doença infeciosa que representa um problema de saúde
pública global, sendo a tuberculose pulmonar a apresentação mais comum desta entidade. O tratamento de primeira linha recomendado consiste na associação de quatro antibacilares - isoniazida,rifampicina , pirazinamida e etambutol durante dois meses, seguindo-se uma fase de manutenção com HR durante quatro meses. Apesar da elevada taxa de cura, este esquema terapêutico associa-se a uma grande ocorrência de efeitos secundários, com um amplo espectro de gravidade. A Síndrome de DRESS (Drug Reaction with Eosinophilia and Systemic Symptoms), surge como uma complicação rara, mas potencialmente fatal resultante da terapêutica antibacilar, que obriga à suspensão da mesma. Muitas vezes e em consequência, tem de ser implementado um esquema alternativo para tratamento da TB, utilizando fármacos de segunda linha. Apresenta-se a caracterização detalhada do caso clínico raro de um doente de 78 anos com tuberculose pulmonar, que desenvolveu síndrome de DRESS secundária ao tratamento antibacilar de primeira linha. Consequentemente o tratamento de primeira linha foi suspenso, foi instituída corticoterapia sistémica e, posteriormente, implementado esquema tuberculostático alternativo. Após estabilização clínica e investigação etiológica, procedeu-se à reintrodução gradual e faseada dos tuberculostáticos de primeira linha em função da probabilidade de reação imunomediada. O diagnóstico célere, o envolvimento multidisciplinar e o tratamento agressivo (suspensão do fármaco suspeito, anti-histamínico e corticoterapia) têm forte impacto prognóstico. Desta forma, dada a elevada taxa de mortalidade associada a esta patologia (pode chegar aos 20%) e por poder ser desencadeada por fármacos tão diversos e amplamente utilizados na prática clínica, o conhecimento sobre a Síndrome de DRESS deve fazer parte do reportório de todos médico |
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24 | Beatriz | Baptista | OUTRAS | ULS Santo António | B Baptista, B Ferraz, F Correia, HI Carvalho, MH Reis, N Faria | Múltiplos nódulos pulmonares: nem sempre metástases ou granulomas | Introdução A presença de múltiplos nódulos pulmonares em Tomografia Computadorizada (TC) torácica constitui um achado relativamente frequente e representa um desafio diagnóstico importante. As causas mais comuns incluem metástases pulmonares, geralmente de neoplasias extratorácicas, e doenças granulomatosas. Porém nem todos os casos seguem este padrão. Um diagnóstico etiológico rigoroso é determinante para prevenir erros diagnósticos e garantir uma abordagem apropriada. Caso clínico Mulher de 80 anos, não-fumadora, com obesidade, fibrilhação auricular e insuficiência cardíaca, enviada à consulta de Pneumologia por tosse seca com 6 meses de evolução, associada a pieira, com melhoria marcada após Symbicort. Realizou espirometria, sem alterações. Analiticamente, com 270 eosinófilos/uL, sem défice de a1-antitripsina, IgE 5KU/L e phadiatop negativo. Realizou TC torácica, tendo sido identificados 2 nódulos microlobulados no lobo superior esquerdo, sem calcificações, um no segmento ápico-posterior de 13 mm e outro no segmento superior da língula com 13 mm, e múltiplas nodularidades pulmonares nos segmentos basais, com discreto espessamento brônquico. Realizou PET-CT FDG, onde todos os nódulos apresentavam ténue captação do radiofármaco. Após repetição da TC torácica e discussão em grupo, verificou-se tratar-se de um caso sugestivo de DIPNECH. Durante o período de seguimento de um ano, a imagem manteve-se sobreponível e a doente apresentou melhoria clínica sob inaloterapia. Conclusões A DIPNECH corresponde a uma proliferação pré-maligna de células neuroendócrinas pulmonares. A forma mais comum de apresentação da doença consiste numa história prolongada de tosse, dispneia e sibilância, frequentemente diagnosticados erroneamente como asma. A TC torácica é o exame de imagem mais útil para sugerir o seu diagnóstico. No entanto, a confirmação é feita por biópsia. A DIPNECH é uma doença crónica lentamente progressiva com progressão tanto sintomática como do crescimento do tumor. Os análogos da somatostatina podem melhorar os sintomas respiratórios assim como a função pulmonar, e estabilizar o crescimento tumoral. Apesar de serem tipicamente benignos e indolentes, podem evoluir para tumores neuroendócrinos malignos, pelo que é recomendada vigilância imagiológica a cada 6 meses inicialmente, seguida de vigilância anual. |
Dia 26 Jun. 16.30 – SALA 1 | Ana Norte | Mariana Mendes |
25 | Beatriz | Baptista | OUTRAS | ULS Santo António | B Baptista, B Ferraz, F Correia, HI Carvalho, MH Reis, N Faria | Nem todas as estenoses subglóticas são iatrogénicas | Introdução As estenoses subglóticas adquiridas em doentes sem história de intubação prévia representam um desafio clínico. Com apresentação insidiosa, são frequentemente atribuídas a contextos pós-infecciosos ou trauma. Caso clínico Mulher de 53 anos, sem antecedentes relevantes, referida à consulta de Pneumologia por dispneia para esforços moderados (mMRC 2) e pieira com esforços mais intensos com mais de 10 anos de evolução, bem como estenose subglótica identificada recentemente por ORL. Sem queixas constitucionais, rinorreia ou tosse. O exame objetivo revelou discreto nariz em sela e ausência de alterações à auscultação. Gasimetria e saturação em ar ambiente normais. Tomografia Computadorizada (TC) tórax a revelar espessamento concêntrico da mucosa glótica e subglótica, ao nível de C7. Foi realizada broncoscopia flexível, objetivando-se estenose de cerca de 40% da via aérea. EFR mostrava padrão compatível com obstrução intratorácica. TC e Broncoscopia em 1 ano com estabilidade. Sem história de intubação ou trauma cervical, com anticorpos ANCA positivos. Foi feito o diagnóstico de Síndrome Wegener e a doente iniciou tratamento com corticóide sistémico e ciclofosfamida, seguida de manutenção com azatioprina. Conclusões A estenose subglótica em doentes sem antecedentes traumáticos deve levantar a suspeita de etiologias inflamatórias, incluindo vasculites sistémicas. O seu diagnóstico exige elevada suspeição clínica e uma abordagem multidisciplinar. O reconhecimento precoce permite intervenções dirigidas que evitam complicações e preservam a função respiratória. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
26 | Bárbara G. | de Freitas Ramos | OUTRAS | ULSAM | B Ramos, F Muñoz, ML Bernardes, A Vasconcelos | Diagnósticos raros, apresentações típicas: histórias escritas pela Radiologia | I:
Na prática clínica, doentes assintomáticos ou com sintomas respiratórios
crónicos representam desafios diagnósticos. Nestes contextos, a avaliação
imagiológica detalhada, em articulação com uma discussão multidisciplinar, é
crucial para a orientação diagnóstica e definição da estratégia
terapêutica. D: Apresentam-se 4 casos clínicos onde a radiologia torácica foi decisiva no diagnóstico de patologias raras. 1. Mulher de 71 anos, não fumadora (NF), referenciada por tosse crónica e infeções respiratórias de repetição. A TC torácica (T) revelou corpo estranho hiperdenso, parcialmente obstrutivo, no brônquio principal esquerdo, estendendo-se até ao óstio do brônquio lobar superior. Verificou-se hipovascularização do parênquima pulmonar esquerdo, sobretudo no lobo superior, compatível com vasoconstrição reflexa secundária à obstrução crónica. Submetida a broncoscopia rígida com remoção completa do corpo estranho, confirmando o diagnóstico de aspiração. 2. Mulher de 76 anos, NF, referenciada por insuficiência respiratória tipo 1. Antecedentes de carcinoma da mama tratado com mastectomia, radioterapia e hormonoterapia. A TC T identificou um nódulo hiperdenso de 6 mm na base pulmonar esquerda. Em reavaliação, observou-se migração do nódulo para a junção esofagogástrica, diagnóstico compatível com toracolitíase. 3. Homem de 51 anos, NF, assintomático, referenciado por alterações imagiológicas. Antecedentes de tuberculose pulmonar (TP) e de cardiomiopatia dilatada não isquémica. A TC T revela lesão difusa na gordura mediastinal anterior caracterizada por estruturas dilatadas e tortuosas e pequena calcificação sugerindo uma malformação de origem vascular, potencial etiologia subjacente à cardiomiopatia. 4. Homem de 53 anos, fumador (20UMA) e ex-toxicodependente, referenciado por alterações imagiológicas. Antecedentes de TP e endocardite com substituição de válvula tricúspide por prótese biológica aos 27 anos e aos 50 anos por prótese mecânica. A TC T demonstra obstrução abrupta proximal da artéria pulmonar esquerda, compatível com interrupção desta, provavelmente congénita. C: Estes casos reforçam o papel central da radiologia torácica no diagnóstico de entidades raras em Pneumologia e destacam a importância da colaboração estreita entre as especialidades envolvidas, numa abordagem diagnóstica eficaz e dirigida. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
27 | Beatriz | Dias | CANCRO | ULS Viseu | B Dias, AL Correia, T Belo, J Correia, AF Matos | Deficiência de SMARCA-4: Um Caso Clínico | Introdução:
O tumor indiferenciado torácico com deficiência da SMARCA4, foi incluído como
tumor sólido recentemente descrito na 5ª edição da Classificação de
Neoplasias Torácicas da OMS. O nome foi alterado para SMARCA4-UT na
classificação de 2021. É geneticamente definida por uma deficiência de
SMARCA4/BRG1, um membro do complexo de remodelação da cromatina BRAF. Descrição: Homem, 68 anos, ex-fumador 20UMA, com história de perda ponderal nos últimos meses de 6kg, sem outros sintomas associados, pelo que realizou TC toracoabdominopélvica com evidência de “No segmento apicoposterior do lobo superior esquerdo, adjacente e limitada pela cissura e com extensão até a região hilar, observa-se volumosa massa de contornos discretamente irregulares, com captação heterogénea do produto de contraste, com prováveis áreas necróticas, medindo 51x44mm, sugestiva de neoformação.” Seguidamente, realizou PET-TC FDG-F18 que evidencia massa hipermetabólica (SUVmáx 17.5) no LSE, justacisural e perihilar, com cerca de 5.5cm de maior eixo axial, sugestiva de neoplasia maligna de alto grau e área de hipercaptação de 18FDG (SUVmáx. 5.0) no hilo pulmonar esquerdo, sem evidentes planos de clivagem com a massa pulmonar peri-hilar descrita, suspeita de foco tumoral.” O estudo de função respiratória não apresentava alterações e pela suspeita de metastização ganglionar realizou EBUS com biópsia de adenopatias 11R “sem aspetos citológicos ou arquiteturais suspeitos de neoplasia de natureza epitelial metastática.” Realizou biópsia pulmonar transtorácica da massa com anatomia patológica a descrever “achados compatíveis com tumor indiferenciado torácico com deficiência da SMARCA4, PD-L1 60%, NGS Gene KRAS (Gly12Arg)”. Portanto, carcinoma de não pequenas células, com deficiência de SMARCA4, estadio IIB, T3N0M0. Foi pedida consulta de cirurgia torácica e foi submetido a lobectomia superior esquerda com linfadenectomia mediastínica por Video-Assisted Thoracic Surgery, pTNM T3N2M0 R0 (envolvimento do grupo V) e foi proposto para QT adjuvante. Conclusão: Este tipo de tumores tem sido descrito em adultos, média de idades 50-60 anos, associada a uma história de tabagismo, trata-se de uma neoplasia maligna de alto grau com uma morfologia indiferenciada ou rabdoide, que metastiza rapidamente. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
28 | Beatriz | Dias | INFEÇÃO | ULS Viseu | B Dias, AL Correia, T Belo, T Abrantes, AF Matos | Do Nódulo Incidental ao Aspergiloma: Uma Jornada Diagnóstica | Introdução:
A maioria dos nódulos de Aspergillus é diagnosticada através de biópsia ou
resseção cirúrgica efetuada por suspeita de malignidade. Descrição: Homem, 70 anos, ex-fumador 60UMA, com DPOC e polimialgia reumática sob corticoterapia, seguido em consulta de Pneumologia desde 2019 por alterações apicais e dois nódulos pulmonares incidentais em TC Tórax (10mm LSE e 11mm LIE, não captantes em PET-TC FDG-F18). Em 11/2020 desenvolve tosse matinal com expetoração hemoptoica, associada a dispneia e anorexia. TC Tórax de reavaliação a descrever “de novo”, em área cicatricial prévia, no LSE, cavitação de 23x13mm, com preenchimento muito sugestivo de aspergiloma, mantendo restantes alterações sobreponíveis. Realizou VBF que não apresentou alterações, LBA com linfocitose de 38% (CD4/CD8 0.34), micobacteriológico negativo, galactomanano negativo; IgG específica aspergillus e IgE total normais. Fez resseção em cunha da lesão cavitada em 09/2021 com histologia de “inflamação granulomatosa centrada no brônquio e em relação com agregados de fungos”, não tendo sido realizado cultural da peça; Houve melhoria clínica pós cirurgia. Em TC Tórax de controlo em 2022 surge novo nódulo no LSE de 5mm. Uma vez que o doente apresentava um diagnóstico recente de carcinoma espinocelular da língua (cirurgia e radioterapia adjuvante), optou-se por manter vigilância por TC aos 6M, onde se evidenciou crescimento do nódulo para 10mm. Realizou biópsia transtorácica (BTT) do nódulo sem evidência de malignidade e cultura com desenvolvimento de aspergillus spp, pelo que iniciou Itraconazol 200mg 2id. Em TC controlo 3M houve aumento dimensional e surgimento de nódulos pulmonares dispersos, pelo que realizou PET-TC FDG-F18 que mostrou “nódulos pulmonares bilaterais hipermetabólicos (SUVmáx 5.9)” e fez BTT a demonstrar “achados de carcinoma epidermoide invasor, PDL-1 positivo”. Em reunião de decisão terapêutica multidisciplinar do IPO Coimbra, foi considerada progressão da doença com metastização pulmonar e iniciou Pembrolizumab, contudo apresentou progressão em 09/2024 e iniciou QT com Paclitaxel com estabilidade da doença. Conclusões: Este caso descreve uma marcha diagnóstica e vigilância exaustiva e sistematizada, de um doente com nódulos pulmonares, inicialmente por Aspergillus e posteriormente de causa neoplásica. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
29 | Carlos Mendes | Araújo | CANCRO | ULS Almada Seixal - Hospital Garcia de Orta | CM Araújo, R Gomes, J Soares, MF Almeida, I Estalagem, S Quaresma, J Silva, M Lopes | Papilomatose endobrônquica com Adenocarcinoma do pulmão concomitante: desafio diagnóstico | Introdução A papilomatose respiratória recorrente (PRR) é uma patologia rara, caracterizada por lesões papilomatosas epiteliais benignas, com predilecção pela laringe e traqueia. O envolvimento brônquico é muito raro, podendo causar tosse seca, dispneia, obstrução e hemoptises. Está geralmente associada à infecção por HPV, sendo benigna mas potencialmente agressiva localmente. Embora incomum, a transformação maligna — ou coexistência com cancro do pulmão — ocorre em 1–5% dos casos, sobretudo com carcinoma pavimentocelular. A associação com adenocarcinoma está descrita apenas em casos isolados. Apresenta-se um caso raro de papilomatose endobrônquica associada a adenocarcinoma pulmonar. Caso clínico Doente do sexo feminino, 66 anos, ex-tabagista (56 UMA), com asma. Recorreu ao serviço de urgência por hemoptises, referindo também tosse seca e fadiga com vários meses de evolução. Foi internada para investigação. Realizou TC-Tórax que revelou massa subcarinal de 4 cm, a moldar a árvore brônquica direita, com redução do calibre do brônquio principal direito e do segmento inicial do intermédio. Foi submetida a broncofibroscopia que evidenciou lesão exofítica nos brônquios principal direito e intermédio, com redução acentuada do lúmen. As biópsias revelaram proliferação papilar com displasia ligeira, compatível com papiloma escamoso. Foi submetida a broncoscopia rígida com ressecção parcial da lesão por electrocoagulação. Do estudo adicional, a PET-CT revelou massa mediastínica hipermetabólica (SUV máx 39,6) com compressão brônquica. Realizou-se EBUS com biópsias transbrônquicas e criobiópsia, com diagnóstico de carcinoma indiferenciado de não pequenas células, expressão PD-L1 90%, consistente com adenocarcinoma do pulmão. Após discussão multidisciplinar, foi proposta para quimiorradioterapia concomitante. Contudo, evoluiu com pneumonia obstrutiva a condicionar insuficiência respiratória grave, acabando por falecer. Conclusão A papilomatose endobrônquica é uma entidade rara. A coexistência com cancro do pulmão deve ser considerada quando existe progressão rápida, captação intensa na PET ou resposta inflamatória marcada. A abordagem multidisciplinar, com repetição de biópsias e técnicas avançadas como EBUS ou criobiópsia, é essencial para diagnóstico precoce e definição do plano terapêutico. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
30 | Carlos Mendes | Araújo | PLEURA | ULS Almada-Seixal, Hospital Garcia de Orta | CM Araújo, R Gomes, J Soares, MF Almeida, I Estalagem, S Quaresma, J Silva, M Lopes | Pleurodese em ambulatório através de cateter pleural de longa duração: a propósito de dois casos clínicos | Introdução: O cateter pleural de longa duração (IPC) constitui uma abordagem eficaz e minimamente invasiva na gestão de derrames pleurais recorrentes, de etiologia maligna ou benigna. Através do mesmo, é possível a realização de drenagem pleural em regime de ambulatório até à realização de pleurodese química com talco, reduzindo a necessidade de internamentos repetidos, com impacto na qualidade de vida. Irão ser apresentados dois casos clínicos de derrame pleural recidivante, abordados com cateter pleural de longa duração e realização de pleurodese em ambulatório. Desenvolvimento: Caso 1: Doente do sexo feminino, 60 anos, nunca fumadora, com diagnóstico de adenocarcinoma do pulmão (Estádio IVB – T2b N2 M1c), com metastização pleural e óssea. Neste contexto, foi diagnosticado derrame pleural maligno à direita, com várias toracocenteses evacuadoras para alívio sintomático. Por documentação de pulmão expansível e possibilidade de gestão no domicílio, foi proposta a colocação de IPC e foram prestados ensinos à doente e ao cuidador para realização de drenagens diárias no domicílio. Manteve este regime durante 4 semanas, até manter drenagens pleurais inferiores a 50 mL. Foi realizada pleurodese com talco em regime de hospital de dia, com boa tolerância, após a qual foi removido o IPC. Após 9 meses, a doente mantém boa expansão pulmonar com um loca mínima de derrame, sem novos episódios de recidiva. Caso 2: Doente do sexo masculino, 70 anos, com diagnóstico de cirrose hepática alcoólica complicada por hidrotórax à direita, de difícil controlo. Submetido a múltiplas toracocenteses evacuadoras, para alívio sintomático. Neste sentido, optou-se pela colocação de IPC, mantendo seguimento diário em hospital de dia, durante 8 semanas, para drenagem pleural sistemática. Após este período, foi possível a realização de pleurodese com talco, sem evidência de recidiva do derrame. Como complicação associada ao IPC, a salientar, celulite do orifício de entrada do cateter, resolvida com antibioterapia dirigida. Conclusão: A utilização do IPC em regime de ambulatório demonstrou ser uma opção eficaz e minimamente invasiva em diferentes contextos de derrame pleural recidivante, permitindo controlo sintomático, realização de pleurodese e redução do número de procedimentos invasivos e internamentos. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
31 | Cláudia | Martinho | CANCRO | Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra | CA Martinho, M Afonso, V Almeida, A Cunha, J Couto | Tumor hepatoide no pulmão: relato de caso clínico | Introdução:
Os adenocarcinomas hepatoides (HACs) são neoplasias raras e agressivas, caracterizadas histologicamente por diferenciação hepática, apesar de sua localização extra-hepática. Com uma sobrevida mediana de apenas cinco meses, esses tumores podem surgir em diferentes órgãos, como o trato digestivo, os pulmões ou o útero. A escassez de casos descritos na literatura, aliada às manifestações clínicas e laboratoriais atípicas, impõe desafios diagnósticos significativos, ressaltando a importância da análise anatomopatológica e imunohistoquímica no diagnóstico. Neste contexto, relatamos um caso clínico de um doente com HAC pulmonar. Descrição: Doente do sexo masculino, 54 anos, com histórico de tabagismo ativo e diagnóstico de DPOC GOLD 2A, foi encaminhado à consulta de pneumologia para investigação de um nódulo pulmonar. A tomografia computadorizada revelou um nódulo espiculado de 1,9 cm no lobo superior direito, hipercaptante em PET-18FDG, sem que esse exame ou a ressonância magnética cranioencefálica identificassem outras alterações suspeitas. O doente foi submetido a biópsia transtorácica, que confirmou carcinoma de não pequenas células, sem expressão de TTF1, levantando a dúvida quanto à sua origem primária ou secundária. Deste modo, optou-se por realizar lobectomia superior direita associada a linfadenectomia mediastínica. A análise anatomopatológica revelou tratar-se de um adenocarcinoma hepatoide (HAC). O estudo imuno-histológico demonstrou positividade para o antígeno específico de hepatócitos (HepPar1) e citoqueratina 7 (CK7), com negatividade para alfafetoproteína (AFP). O estadio patológico foi definido como pT1bN0M0, descartando-se a presença de neoplasia hepática primária. Na reavaliação clínica três meses após a cirurgia, o paciente apresentava-se livre de sinais de doença, tanto clínica quanto imagiologicamente. Conclusão: A escassez de casos reportados e a ausência de estudos em larga escala dificultam a compreensão do HAC. A documentação contínua de casos clínicos, como este, e a realização de estudos observacionais são essenciais para aprimorar o diagnóstico e desenvolver tratamentos eficazes, visando melhorar a sobrevida desses doentes. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
32 | Catarina | Lourenço Rodrigues | CANCRO | Unidade de Saúde Local Cova da Beira - Serviço de Pneumologia | CL Rodrigues, M Baptista, J Bento, S Lopes, D Sousa, MS Valente | Rápido respondedor, longo respondedor: o tumor transformou-se em ar | Introdução:
O carcinoma epidermóide do pulmão é o segundo tipo mais frequente de
carcinoma de não pequenas células do pulmão. O fator de risco mais relevante
é o tabagismo. Devido ao diagnóstico em estadio avançado e à menor frequência
de alvos moleculares, o prognóstico é reservado. Caso Clínico: Homem, 76 anos, autónomo, com antecedentes de tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia e doença arterial periférica. Referenciado à Consulta de Pneumologia pelo Médico de Família por queixas de tosse produtiva de expetoração alaranjada, astenia e perda ponderal de 6 kg em 7 meses. A tomografia computorizada (TC) de tórax mostrava uma massa do lobo superior direito (LSD) de 14x10 cm com extensão mediastínica e pleural, envolvimento direto da artéria pulmonar lobar superior, veias pulmonares superiores e brônquio lobar superior ipsilaterais, e um nódulo satélite de 13 mm no mesmo lobo. O estadiamento com tomografia por emissão de positrões de corpo inteiro com 18-FDG e TC crânioencefálica com contraste revelou uma metástase osteolítica mandibular esquerda. Na vídeobroncofibroscopia, observou-se infiltração da mucosa com redução de calibre do brônquio do LSD, onde foram realizadas biópsias brônquicas e escovado. Obteve-se o diagnóstico de carcinoma epidermóide do pulmão, PD-L1 0%, com estadio TNM (8ª edição) cT4 N1 M1b – estadio IVA. Foi proposto para tratamento de 1ª linha com quimioterapia e imunoterapia, com 4 ciclos de Carboplatino e Pembrolizumab (3/3 semanas) e Nab-Paclitaxel (semanal), seguido de manutenção com Pembrolizumab. Na primeira avaliação, após 2 ciclos, a lesão neoplásica deu lugar a uma área de cavitação de paredes finas, com resposta parcial segundo os critérios RECIST (redução de 78%). Ao longo do seguimento, o doente manteve ótimo estado geral e critérios de doença estável, com perda progressiva de volume do LSD. Completou 35 ciclos de imunoterapia, estando em vigilância ativa desde há 7 meses. À data da última avaliação, com doença estável, prefazendo 3 anos de sobrevida livre de progressão. Conclusão: Apresentamos este caso pela resposta inicial rápida, apesar de doença avançada, com transformação imagiológica surpreendente. Destacamos a resposta sustentada à imunoterapia, com seguimento 3 anos após o diagnóstico, mantendo benefício clínico e estabilidade mesmo após término do tratamento. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
33 | Constança | Durão | MICOBACTERIAS | ULS Santa Maria | C Durão, L Lopes Mendes, P Santos, J Rodrigues Barbosa, J Costeira, P Pinto | Coexistência de Mycobacterium avium e carcinoma pleomórfico pulmonar: relato de um caso | As
micobactérias não tuberculosas (MNT), como o complexo Mycobacterium avium
(MAC), têm registado uma incidência crescente, sobretudo em indivíduos com
doença pulmonar prévia. Embora seja rara, a coexistência com patologia
oncológica pulmonar prévia pode atrasar o diagnóstico e comprometer o
prognóstico, pelo que uma abordagem multidisciplinar é essencial. Apresentamos o caso de um homem de 66 anos, natural do Brasil, fumador ativo com carga tabágica de 50 UMA. Recorreu ao serviço de urgência em março de 2024 por quadro com 3 semanas de evolução e de agravamento progressivo de tosse seca, cansaço para pequenos esforços e perda ponderal não quantificada. A TC torácica evidenciou consolidação retráctil 35x70mm no lobo superior direito, bronquiectasias/áreas de cavitação. Foi internado para realização de biópsia transtorácica (BATT) guiada por tomografia computadorizada, que revelou processo inflamatório necrosado com BAAR positivos, sem evidência de tecido neoplásico. Por suspeita de tuberculose pulmonar iniciou terapêutica com HRZE. Dado o agravamento clínico e isolamento de M. avium no LBA iniciou rifampicina 600mg, etambutol 1000mg e azitromicina 250mg. Ao 4.º mês de terapêutica dirigida, manteve agravamento clínico com perda ponderal involuntária e cansaço acentuado. A TC torácica de reavaliação demonstrou aumento da massa no lobo superior direito (70x67mm) com importante componente necrótico. Repetiu BATT compatível com carcinoma pleomórfico pulmonar. Os exames micobacteriológicos subsequentes foram negativos. O doente teve alta com seguimento em consulta de Pneumologia Oncológica e consulta de Micobactérias Não Tuberculosas (MNT). Após 7 meses de tratamento dirigido a MNT manteve evolução clínica desfavorável, com suspensão da terapêutica por ausência de benefício. Nunca teve performance status para iniciar tratamento dirigido à neoplasia, estando atualmente em seguimento nos Cuidados Paliativos. A coexistência de Mycobacterium avium e carcinoma pleomórfico pulmonar é rara, mas clinicamente relevante, com implicações prognósticas que exigem estratégias multidisciplinares precoces. Este caso destaca a importância de manter um elevado índice de suspeição clínica perante a ausência de melhoria sob terapêutica dirigida, realçando a complexidade diagnóstica e necessidade de vigilância e reavaliação constantes. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
34 | Daniela | Godinho | INTERSTÍCIO | Unidade Local de Saúde de Santa Maria | Godinho, Daniela G. (Portugal)1; Eusébio, João (Portugal)1; Paula, Fernanda (Portugal)1; Silva; Susana (Portugal)1 2; 1 - ULSSM; 2 - FMUL; | Imunodeficiência comum variável com doença pulmonar intersticial granulomatosa linfocítica e envolvimento neurológico: a propósito de um caso clínico | A
doença intersticial pulmonar granulomatosa linfocítica (GLILD) ocorre
sobretudo nos doentes com imunodeficiência comum variável (IDCV),
maioritariamente em jovens. Trata‐se da manifestação pulmonar de uma doença
multissistémica, frequentemente associada a citopenias autoimunes,
adenopatias, esplenomegalia e/ou doença granulomatosa extrapulmonar, afetando
na sua maioria gânglios linfáticos, baço, fígado, aparelho gastrointestinal
e, raramente, o sistema nervoso central (SNC). Apresentamos o caso clínico de uma doente de 28 anos com o diagnóstico de IDCV desde 2020, seguida em Imunoalergologia e referenciada à Pneumologia após infeção respiratória prolongada em 2019, com alterações imagiológicas a nível pulmonar com múltiplas formações nodulares bronquiolares e adenopatias. A investigação etiológica, com realização de broncofibrofléxivel, ecoendoscopia endobrônquica e tomografia por emissão de positrões, culminou com o diagnóstico de provável GLILD em contexto de doença granulomatosa multissistémica associada a IDCV em 2021, após realização de biópsia pulmonar cirúrgica com achados de inflamação crónica granulomatosa, com granulomas de células epitelioides não necrotizantes. Em Janeiro de 2022, a doente inicia queixas intermitentes de cefaleia, com agravamento em Março com características de alarme por causar despertar noturno, desequilíbrio da marcha e ataxia do membro superior direito, com lesão estrutural cerebelosa em exame de imagem, sendo internada na Neurologia para investigação do quadro. Após realização de ressonância magnética crâneoencefálica, assumiu-se uma meningocerebelite em provável contexto de doença granulomatosa, tendo realizado pulsoterapia com metilprednisolona durante 3 dias e iniciado imunoglobulina endovenosa, mantendo esquema de corticoterapia sistémica oral, com redução progressiva da lesão cerebelosa e suspensão da corticoterapia em Dezembro. Atualmente mantém administração de imunoglobulina subcutânea semanalmente, sem corticoterapia sistémica associada, por recusa da doente, mas mantendo estabilidade clínica e funcional. Embora raramente, a GLILD pode apresentar acometimento simultâneo do SNC na doença granulomatosa multissistémica associada a IDCV, o que deve estar presente na avaliação destes doentes pelas especialidades envolvidas, Pneumologia, Imunoalergologia e Neurologia. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
35 | Daniela | Godinho | INTERSTÍCIO | Unidade Local de Saúde de Santa Maria | Daniela G. Godinho (Portugal)1; Júlio, Inês (Portugal)1; Mendes, Ana Cristina (Portugal)1; Basto, Rita Pinto (Portugal)1; 1 - ULSSM; | Um caso de sarcoidose sistémica com apresentação ocular | O
envolvimento ocular por sarcoidose sistémica é comum e foi relatado em até
78% dos pacientes. No entanto, entre os casos de uveíte, a sarcoidose é
diagnosticada numa pequena percentagem dos pacientes, apenas 5% dos casos são
confirmados por biópsia. Apresentamos o caso de um doente de 34 anos que em 2021 inicia queixas de visão turva bilateralmente e cefaleia frontal. Após observação oftalmológica e realização de angiografia, que diagnosticou uveíte anterior e posterior, com análises sanguíneas com elevação da enzima conversora de angiotensina, foi solicitada tomografia computorizada (TC) de tórax por suspeita de sarcoidose com envolvimento ocular. A mesma apresentou múltiplas adenopatias nas cadeias ganglionares mediastínicas, infiltrados pulmonares micronodulares e milimétricos focos de consolidação dispersos, aspetos que favoreciam o diagnóstico de sarcoidose com envolvimento pulmonar e das cadeias ganglionares mediastino-hilares. Por agravamento do edema macular, iniciou corticoterapia tópica e sistémica com 60 miligramas (mg) de prednisolona, previamente à realização da TC, com melhoria clínica ocular e possibilidade de desmame da mesma até 15mg. Após evidência de envolvimento pulmonar efectuou, lavado broncoalveolar com linfocitose e relação CD4/CD8 de 6, e biópsia brônquica que evidenciou a presença de granulomas não necrotizantes, com a confirmação do diagnóstico de sarcoidose em estadio II. Iniciou terapêutica imunossupressora com metotrexato com tolerância até à dose de 12,5mg e redução consequente da corticoterapia para 5mg, mantendo melhoria clínica sustentada. Após um ano e meio de doença, em 2023, apresentou agravamento imagiológico reticulonodular, sobretudo nos lobos superiores, com leucopenia e linfopenia associadas, com necessidade de aumento da dose de metotrexato e prednisolona. Por ausência de melhoria radiológica aos 4 meses após ajuste de terapêutica, iniciou Infliximab, em Outubro de 2024, apresentando atualmente melhoria imagiológica significativa. O envolvimento ocular é uma manifestação importante e comum da sarcoidose, podendo constituir a manifestação inicial ou mesmo a única manifestação clínica. É por isso relevante protocolar uma avaliação sistemática da doença ocular na presença de sarcoidose. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
36 | Daniel | Lopes Francisco | CANCRO | ULS Viseu Dão-Lafões | DL Francisco, B Dias, A Correia, T Belo, M Conceição, A Reis. | Disfarçado de Abcesso Pulmonar: um Caso de Cancro do Pulmão. | Introdução:
As lesões pulmonares cavitadas podem resultar de múltiplas etiologias,
nomeadamente infeciosa, inflamatória ou neoplásica. Caso Clínico: Homem de 71 anos, ex-trabalhador na construção civil e ex-fumador (30 UMA), foi admitido no SU por quadro de astenia, perda ponderal (15 Kg), hipersudorese noturna, tosse produtiva mucopurulenta e ocasionalmente hemoptoica com evolução progressiva nos últimos 10 meses. Apresentava raio-X tórax com lesão arredondada e bem delimitada ao nível do campo pulmonar inferior direito com nível hidroaéreo. Ao exame objetivo encontrava-se hemodinamicamente estável, eupneico em ar ambiente, febril (38.1ºC), sem alterações na auscultação. Analiticamente com anemia, leucocitose e neutrofilia, e proteína C reativa elevada. Realizou TC-Tórax que demonstrou uma massa de 10cm no lobo superior direito com cavitação e extensão ao lobo médio. Iniciou antibioterapia empírica com ceftriaxone e clindamicina e foi admitido em internamento. Broncofibroscopia evidenciou lesão vascularizada à entrada do lobo médio e sinais infiltrativos de toda a mucosa do lobo médio, realizou biópsias que demonstraram displasia escamosa moderada. O aspirado brônquico isolou Acinetobacter baumanii e o lavado broncoalveolar mostrou aspetos citológicos suspeitos de malignidade. Por manter picos febris diários e tosse hemoptoica, escalou-se antibioterapia para meropenem, conforme TSA, e iniciou ácido aminocaproico. Realizou biópsia transtorácica da massa que foi compatível com carcinoma epidermoide invasor (PD-L1 90%). A PET-CT confirmou volumosa lesão tumoral maligna hipermetabólica direita (Q.SUVmax = 33.3), com envolvimento pleural, mediastínico e metastização ganglionar mediastino-hilar ipsilateral. TC-CE sem alterações. Apresentou resolução de tosse hemoptoica, mas manteve febre e parâmetros inflamatórios elevados apesar de antibioterapia dirigida prolongada, tendo alta com antipirético fixo. Foi referenciado para consulta de Oncologia Pneumológica e iniciou tratamento com Cemiplimab, apresentado resposta imagiológica, clínica e analítica favorável. Conclusões: Lesões malignas endobrônquicas podem condicionar o desenvolvimento de um abcesso pulmonar. Um elevado nível de suspeição, bem como o uso precoce de técnicas invasivas pneumológicas são fundamentais para um diagnóstico definitivo. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
37 | Daniel | Lopes Francisco | INTERSTÍCIO | ULS Viseu Dão-Lafões | DL Francisco, B Dias, A Correia, T Belo, C António, M Conceição, A Reis. | Um desafio no diagnóstico diferencial: Síndrome de Caplan e Tuberculose. | Introdução:
A Síndrome de Caplan apresenta-se em doentes com Artrite Reumatoide (AR)
associada a pneumoconioses, nomeadamente a Silicose. Caso Clínico: Homem de 75 anos, trabalhador da construção civil durante 56 anos sem uso de EPI e com AR controlada com leflunomida e prednisolona 5mg/dia. Referenciado por tosse seca noturna, pieira e dispneia para esforços com 9 meses de evolução e TC-Tórax a revelar micronódulos dispersos bilateralmente de predomínio nos lobos superiores. Provas funcionais respiratórias, estudo analítico e auto-imune extenso sem alterações. Aspirado brônquico e lavado broncoalveolar (LBA) apresentava celularidade 130/mm3 (Neutrofilos 20%, Macrofagos 62%, Linfocitos 15%) sem outros achados relevantes. Repetiu TC-tórax com contraste demonstrando o mesmo padrão micronodular difuso de predomínio nos lobos superiores, tendo sido realizado o diagnostico de Silicose. Iniciou tratamento com Budesonido/Formoterol e aumento de prednisolona para 20mg/dia, com melhoria sintomática e suspensão progressiva do corticoide oral ao fim de 5 meses. TC-Tórax de reavaliação após 3 e 7 meses demonstraram aumento de nodularidade, sobretudo nos lobos inferiores, e cavitação de vários nódulos previamente sólidos. Repetiu aspirado brônquico e LBA sem novas alterações citológicas ou culturais. Realizaram-se biopsias a 2 nódulos que revelaram áreas de tecido pulmonar substituído por fibrose densa, com elastose, associado a processo inflamatório crónico granulomatoso e necrotizante, sem sinais de malignidade e com pesquisa de BAAR negativa. Reavaliado 12 meses após suspensão de prednisolnona apresentava nova clinica de expectoração mucoide, astenia, sudorese noturna e perda ponderal de 4Kg com 2 meses de evolução. Iniciou tratamento antibacilar e repetiu pesquisa de BAAR em colheitas de expectoração que se mantiveram negativas, assumindo-se o diagnóstico de Tuberculose Pulmonar possível, dado as alterações imagiologicas, histologicas e clinicas. Iniciou esquema HRZE que cumpriu com tolerância, apresentando melhoria clínica e imagiológica. Encontra-se atualmente em 2ª fase do tatamento. Conclusões: Este caso realça a dificuldade do diagnóstico diferencial de patologias que podem apresentar sobreposição clínica, imagiológica e histológica, nomeadamente em doentes imunodeprimidos com AR, Silicose ou pneumoconiose. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
38 | Diana | Moreira Sousa | CANCRO | ULS Cova da Beira | D Moreira-Sousa, C Rodrigues, JM Bento, AS Lopes, M Baptista, MS Valente | Amivantamab e toxicidade cutânea exuberante, um desafio na oncologia personalizada | Introdução:
O tratamento do cancro do pulmão tem evoluído com o surgimento de
terapêuticas alvo modificadoras de prognóstico. Estes agentes apresentam
frequentemente perfis de toxicidade distintos da quimioterapia convencional,
representando novos desafios. Caso Clínico: Homem de 66 anos, autónomo e ex-fumador, com historial de patologia cardiovascular, hipocoagulado com varfarina. Diagnosticado com adenocarcinoma pulmonar estádio IVB em 2022, com expressão de PD-L1 de 40% e identificação de mutação inserção do exão 20 do EGFR. Após progressão sob primeira linha com dupleto de platino, iniciou amivantamab. Surgiram precocemente alguns dos efeitos adversos frequentes - exantema acneiforme, paroníquia e edema periférico - geridos com terapêutica médica. Aos três meses confirmou-se a resposta parcial da doença oncológica, mas apresentou agravamento das lesões acneiformes na face, couro cabeludo e tronco, e surgiram lesões ulceradas perineais indolores de novo, motivando a articulação com Dermatologia. Procedeu-se à biópsia das lesões ulceradas, com exclusão de etiologia infeciosa, assumindo-se como reação adversa. Instituída terapêutica antibiótica e corticosteroide tópicos, com melhoria transitória. Após um ano de tratamento, apesar de redução de dose do amivantamab, verificou-se um agravamento progressivo da toxicidade (grau 3), com extensão das lesões ulceradas perineais, evolução da dermatite pustulosa a nível axial e membros, edema exsudativo dos membros inferiores, e surgimento de úlceras linguais, com necessidade de internamento. Com o apoio de Dermatologia, intensificaram-se cuidados de penso e o tratamento tópico, e iniciou antibioterapia sistémica. Realizou nova biópsia das lesões perineais, que foi positiva para HSV-1, tendo iniciado valaciclovir. Ao longo do internamento, apresentou melhoria progressiva global das lesões, com cicatrização das úlceras perineais e linguais. Durante o tratamento, manteve resposta parcial da doença oncológica. Conclusão: Este caso evidencia os desafios no tratamento dos efeitos adversos de terapêuticas alvo, salientando a importância do equilíbrio entre a eficácia terapêutica e gestão de toxicidade. A simultaneidade da toxicidade cutânea grave ao amivantamab e outros diagnósticos diferenciais, exigiram uma abordagem multidisciplinar, garantindo uma gestão eficaz do caso. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
39 | Diogo | Mendonça | CANCRO | Unidade Local de Saúde da Guarda | D Mendonça, G Samouco, A Nunes, G Lopes, B Bem, M Tavares, É Almeida, L Ferreira | Hiperplasia Difusa Idiopática de Células Neuroendócrinas: Quando Dois Carcinoides Não Bastam | A
hiperplasia difusa idiopática de células neuroendócrinas do pulmão (DIPNECH)
é uma entidade que afeta predominantemente mulheres não fumadoras, a partir
da meia-idade, caracterizada pela proliferação de células neuroendócrinas nas
paredes brônquicas, sendo considerada uma lesão pré-invasiva para tumores
carcinoides. Os doentes podem ser assintomáticos ou apresentar sintomas
inespecíficos, como dispneia, tosse crónica ou pieira. Mulher, 72 anos, não fumadora, referenciada à consulta de Pneumologia Oncológica por nódulo pulmonar de 23 mm e dois esboços nodulares peri-centimétricos no LIE identificados em TC-AP. Apresentava cansaço fácil e tosse seca, sem outros sintomas. TC-tórax evidenciou múltiplos nódulos, sobretudo nos LIs, maiores no LIE (23mm) e LM (18mm). PET-CT F18-FDG revelou hipermetabolismo nas lesões nos LM e LIE, compatíveis com lesões neoplásicas malignas, sugestivas de tumores carcinoides; identificou ainda nódulos inespecíficos infracentimétricos, dispersos bilateralmente. BATT das duas lesões confirmou neoplasias neuroendócrinas de baixo grau, tipo tumor carcinoide (Ki-67 <5%, PD-L1 negativo) síncronas. RM-CE não evidenciou metástases endocranianas; PFR e ecocardiograma dentro da normalidade. Admitido o diagnóstico de DIPNECH e em reunião multidisciplinar foi proposta PET-CT 68Ga-DOTA-TOC, que confirmou hipercaptação nos tumores do LM e LIE, e identificou múltiplos nódulos menores, sem captação. A doente foi submetida a cirurgia torácica em dois tempos: resseção em cunha do tumor do LIE, seguida de lobectomia média e linfadenectomia mediastínica. A anatomia patológica confirmou carcinoides típicos e no restante parênquima pulmonar da peça de lobectomia evidenciou hiperplasia de células neuroendócrinas com características imunofenotípicas presentes nas neoplasias, e bronquiolite constritiva, achados compatíveis com DIPNECH. Doente mantem seguimento em consulta de Pneumologia Oncológica. Apesar de rara, a DIPNECH é frequentemente subdiagnosticada, podendo levar a atraso diagnóstico superior a 10 anos, sendo mais frequentemente identificada em peças pulmonares excisadas por tumores carcinoides. Os nódulos evoluem lentamente em número e dimensão, podendo evoluir para tumores neuroendócrinos malignos de baixo grau. Assim, é essencial vigilância clínica e imagiológica prolongada. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
40 | Emanuel David | Carção | PLEURA | ULS TMAD Vila Real | ED Carção, S Raimundo, JP Correia, B Conde | Endometriose torácica: uma surpresa em idade atípica | INTRODUÇÃO A endometriose torácica é uma entidade rara que afeta mulheres pré-menopausa e maioritariamente jovens. A doença pélvica está presente na maioria (50 a 84%) dos casos. Não está claro se fatores de risco clássicos para endometriose pélvica o são também para endometriose torácica. Este diagnóstico deve ser equacionado em casos de hemotórax ou pneumotórax catameniais, sobretudo em mulheres com manipulação uterina prévia; uma percentagem significativa de casos aparece sem relação com a menstruação e é diagnosticada em contexto de pneumotórax espontâneo recidivante. CASO CLÍNICO Apresenta-se o caso de uma mulher de 57 anos, não fumadora, com antecedentes de 2 polipectomias histeroscópicas por hemorragia uterina anómala. Recorre ao serviço de urgência em outubro de 2022 por toracalgia pleurítica esquerda com uma semana de evolução. Não estava menstruada. Ao exame objetivo, encontrava-se eupneica em ar ambiente e hemodinamicamente estável. Na telerradiografia de tórax, apresentava pneumotórax de grande volume à esquerda com atelectasia total do pulmão. Procedeu-se à colocação de dreno torácico e internamento; durante o mesmo, a doente apresentou fuga aérea prolongada, resolvida com aspirador de baixa pressão, mantendo fina lâmina de pneumotórax à data de alta. A doente foi referenciada à consulta de cirurgia torácica e manteve-se sob seguimento. Em TC torácica, em junho de 2024, verifica-se presença de lâmina de pneumotórax esquerdo e, em setembro de 2024, a doente realiza toracoscopia vídeo-assistida (VATS) uniportal esquerda, com ressecção atípica de ápex e língula, pleurodese mecânica e química com talco. No estudo histológico da peça cirúrgica, além de extensa fibrose e alterações reativas da pleura, fibrose e elastose do parênquima subpleural, observou-se positividade imuno-histoquímica para marcadores consistentes com o diagnóstico de endometriose pleural. Dado a doente estar provavelmente em pós-menopausa não iniciou supressão hormonal. CONCLUSÃO Pela baixa acuidade diagnóstica da radiografia de tórax e da TC no estudo dos tecidos moles, a endometriose torácica continua a ser um desafio diagnóstico, dependente de alta suspeição clínica, e que requer uma articulação multidisciplinar na abordagem terapêutica e na diminuição do risco de recidiva de novos eventos. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
41 | Fátima Manuela | Ferreira Barbosa | CANCRO | ULS Coimbra | F Barbosa, N Lopes; F Henriques; J Pereira; M Afonso; C Pissarro; D Madama; A Figueiredo; F Barata | “Adeus” Epidermoide, “Olá” SCLC: Um Caso Insólito de Dupla Neoplasia Pulmonar | A
remissão espontânea, definida pela regressão parcial ou completa de uma
neoplasia sem tratamento eficaz, é um fenómeno raro. Na literatura, há apenas
alguns relatos de regressão espontânea em cancro de pulmão não pequenas
células. Ainda mais invulgar é o aparecimento subsequente de um segundo tumor
primário. Este relato descreve uma paciente que, após regressão espontânea de
carcinoma epidermoide-CPE, desenvolveu um carcinoma de pequenas células-CPPC,
ilustrando os desafios e impacto psicológico desta marcha diagnóstica. Mulher de 58 anos, fumadora, com antecedentes de DPOC e artrite reumatoide sob infliximab. Uma TC torácica revelou um nódulo pulmonar suspeito de 19 mm no lobo médio. A PET/CT-FDG mostrou aumento da captação de FDG e adenopatias homolaterais, assim como alterações dispersas no parênquima sugestivas de alterações inflamatórias vs linfangite carcinomatosa. A biópsia transtorácica identificou um CEP. O estadiamento ganglionar por EBUS não evidenciou metástases ganglionares. De forma a esclarecer as dúvidas na PET/TC-FDG, repetiu-se e documentou-se redução do tamanho e metabolismo da lesão, compatíveis com regressão espontânea. Perante isto, manteve-se em vigilância ativa. Na TC torácica subsequente surgiu um novo nódulo no lobo superior direito, hipermetabólico e de crescimento rápido na PET/TC FDG. Devido à sua localização, realizou se EBUS radial, diagnosticando CPPC, confirmado em revisão histológica como tumor distinto do inicial. Procedeu se a lobectomia superior direita com linfadenectomia mediastínica, confirmando um CPPC, estadio IIIA e margens R1. A paciente iniciou quimioterapia e radioterapia adjuvantes. Ao longo de mais de 15 meses, a doente foi sujeita a múltiplos procedimentos invasivos e incertezas diagnósticas, desencadeado um quadro de ansiedade intensa e elevado desgaste emocional. Este caso de regressão espontânea de carcinoma epidermoide seguida de carcinoma de pequenas células sublinha que, mesmo fenómenos extraordinários, não dispensam vigilância rigorosa. A sequência diagnóstica e terapêutica prolongada, aliada ao elevado desgaste emocional, reforça a necessidade de equipas multidisciplinares que integrem suporte psicológico, garantindo uma abordagem holística ao doente oncológico. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
42 | Fátima Manuela | Ferreira Barbosa | INFEÇÃO | ULS Coimbra | F. Barbosa; A. Catarino; F. Gamboa | Actinomicose Pulmonar: Quando a Infeção Imita o Cancro | A
actinomicose pulmonar é uma infeção crónica rara causada por bacilos
gram-positivos anaeróbios do género Actinomyces, comensais da orofaringe,
trato gastrointestinal e geniturinário. A infeção geralmente resulta da
aspiração de conteúdo orofaríngeo e apresenta-se com sintomas e achados
radiológicos inespecíficos, podendo simular tuberculose, abcessos pulmonares
ou neoplasia. O diagnóstico é frequentemente complexo e requer elevado grau
de suspeição clínica. Apresentamos um caso de actinomicose pulmonar cuja
suspeita diagnóstica inicial foi de neoplasia do pulmão. Doente do sexo masculino, de 58 anos, com antecedentes de hipertensão arterial e diabetes tipo 2, ex-fumador, recorreu ao serviço de urgência por dor torácica esquerda de características pleuríticas, associada a tosse produtiva crónica e cansaço para médios esforços. Não apresentava alterações analíticas significativas, revelando a radiografia torácica uma opacidade no lobo superior esquerdo. A angio-TC torácica excluiu tromboembolia pulmonar mas identificou lesão subpleural com contornos irregulares, sugerindo neoplasia pulmonar. Foi internado para estudo, tendo realizado broncofibroscopia, cujos estudos microbiológicos, micobacteriológicos, citológicos e histológicos, foram negativos, e a PET/TC- FDG que reforçou a suspeita de neoplasia. Após a alta, manteve seguimento em ambulatório, tendo realizado biópsia transtorácica e EBUS que revelaram processo inflamatório crónico sem evidência de neoplasia. O diagnóstico foi finalmente confirmado através de uma nova biópsia transtorácica, que revelou tecido necrótico com abundantes bacilos compatíveis com Actinomyces spp no exame histológico, confirmando o diagnóstico de actinomicose pulmonar. Iniciou antibioterapia dirigida com amoxicilina, com evolução clínica e radiológica favorável ao longo de 6 meses. Este caso evidencia a dificuldade diagnóstica da actinomicose pulmonar, uma entidade rara cuja apresentação pode mimetizar neoplasia pulmonar, frequentemente conduzindo a investigação extensa e invasiva. O reconhecimento precoce e a consideração desta infeção no diagnóstico diferencial de massas pulmonares é essencial para evitar procedimentos desnecessários e iniciar terapêutica adequada. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
43 | Filipa | Menezes Freitas | CANCRO | Fundação Champalimaud | FM Freitas, P Garrido, L Carreiro, N Gil | Pneumatose intestinal após quimioterapia com etoposido - uma condição rara | A pneumatose intestinal é uma condição
rara, cuja patofisiologia permanece pouco conhecida. Algumas terapêuticas tem
sido associadas a esta patologia como metotrexato, paclitaxel, docetaxel,
etoposido endovenoso, inibidores do fator de crescimento endotelial vascular,
entre outros. As manifestações clínicas variam desde achados incidentais até
complicações potencialmente fatais, como isquemia intestinal. Salienta-se o caso de uma mulher de 67 anos, com antecedentes de enfarte agudo do miocárdio, hipertensão arterial, fumadora (CT 80UMA), que em janeiro de 2023 recorreu a uma consulta de pneumologia por queixas de tosse seca persistente com vários meses de evolução. Realizou exames complementares de diagnóstico que revelaram uma massa no LSE e cuja marcha diagnóstica revelou tratar-se de Carcinoma Pulmonar de Pequenas Células estádio IVB (T4N3M1c). Foi submetida a diferentes linhas de tratamento sistémico, bem como a tratamentos de radioterapia. Durante o retratamento com etoposido em 5ª linha de terapêutica realiza reavaliação imagiológica programada, sem sintomas relacionados, que revelou extensa infiltração enfisematosa mediastínica com extensão abdominal intraperitoneal e retroperitoneal. Após exclusão de outras possíveis causas para este achado e revisão da literatura, assumiu-se o tratamento com etoposido como causa mais provável para os achados. Visto que a doente encontrava-se estável e assintomática, optou-se por tratamento conservador apenas com vigilância, suspensão do tratamento com etoposido e após 3 semanas, em reavaliação imagiológica, verificou-se melhoria significativa com resolução da grande maioria das alterações. Com este caso pretende-se alertar para o facto de doentes a fazer quimioterapia poderem desenvolver pneumatose intestinal, apesar de se tratar de uma complicação rara descrita na literatura. A apresentação clinica deve ser cuidadosamente avaliada para se optar pela melhor abordagem terapêutica. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
44 | Filipe | Modesto | INTERSTÍCIO | Centro Hospitalar de Setúbal | F Modesto, CS Moura, S Guimarães, A Carvalho, A Alexandre, D Coelho, N Melo, HN Bastos, PC Mota, A Morais | Pneumonite de Hipersensibilidade com Apresentação Quística Pulmonar: relato de 2 casos | A
pneumonite de hipersensibilidade (PH) é uma doença intersticial caracterizada
por resposta imunológica exagerada a antigénios inalados. O diagnóstico é
complexo, podendo mimetizar outras doenças pulmonares intersticiais ou das
pequenas vias aéreas. A apresentação imagiológica exclusivamente por doença
quística pulmonar é rara. Caso 1: Homem, 67 anos, ex-fumador de 24 Unidades Maço Ano (UMA), com exposição a minas de quartzo e aviária e antecedentes de tuberculose tratada. Iniciou seguimento por dispneia de esforço (mMRC 1) e TC de Alta Resolução (TCAR) com quistos pulmonares bilaterais. Provas funcionais respiratórias apenas com diminuição moderada de difusão para o monóxido de carbono. Lavado broncoalveolar (LBA) com linfocitose intensa e criobiópsia pulmonar transbrônquica inconclusiva. A biópsia pulmonar cirúrgica (BPC) revelou infiltrado linfocitário, granulomas não necrotizantes peribronquiolares e lesões de silicoantracose. Assumiu-se o diagnóstico de pneumonite de hipersensibilidade não fibrótica em reunião multidisciplinar. Após evicção antigénica manteve vigilância, com estabilidade clínica, funcional e imagiológica. Caso 2: Homem, 59 anos, ex-fumador de 15 UMA, com exposição a cortiça e aviária, referenciado por dispneia mMRC 3-4, agravada no trabalho. TCAR com quistos pulmonares heterogéneos e sinais de air-trapping. Provas funcionais com síndrome ventilatório obstrutivo ligeiro. LBA com alveolite linfocítica. Biópsia transtorácica inconclusiva. A biópsia pulmonar cirúrgica revelou enfisema, inflamação linfocitária bronquiolocêntrica subpleural e septal, células gigantes multinucleadas e bronquiolite constritiva. Assumiu-se o diagnóstico de pneumonite de hipersensibilidade não fibrótica, em contexto de suberose e exposição aviária. O doente cessou as exposições e iniciou terapêutica inalatória com melhoria sintomática. Ambos os casos mantiveram vigilância com estabilidade clínica, funcional e imagiológica durante 4 e 13 anos, respetivamente, sem necessidade de iniciar terapêutica imunossupressora. A sua apresentação atípica pode levar a atraso ou subdiagnóstico, com impacto no tratamento e prognóstico. O caso ilustra a importância da abordagem multidisciplinar destes casos, incluindo a PH no diagnóstico diferencial de doenças pulmonares quísticas. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
45 | Francisca | Guimarães | INTERSTÍCIO | Hospital Vila Franca de Xira | F Guimarães, A Alexandre, D Coelho, P Mota H Novais e Bastos, N Melo, A Carvalho, O Sokhatska, M Beltrão, L Delgado, A Morais | Pneumonite de Hipersensibilidade secundária a mesalazina : a propósito de um caso clínico | Introdução A doença intersticial pulmonar (DIP) é uma complicação rara da terapêutica para a doença inflamatória intestinal, incluindo aminosalicilatos (mesalazina e sulfassalazina). A DIP secundária à mesalazina manifesta-se tipicamente por pneumonia eosinofílica, pneumonia organizativa ou pneumonia intersticial não específica. Descrição do Caso Clínico Caso clínico de um homem, 39 anos, não fumador, agricultor. Residente a cerca de 50 metros de viveiro com dezenas de aves, incluindo pombas, rolas e agapones, mas sem contacto direto com as mesmas. Diagnosticado com colite ulcerosa, para a qual iniciou mesalazina. Cerca de um mês depois foi avaliado no SU por dispneia. Analiticamente com eosinofilia (1030 células x 10⁹/L), PCR 53,4 mg/L, PCR SARS-CoV-2 positivo e radiografia torácica com padrão reticulonodular bilateral. Em consulta três meses depois referia dispneia (mMRC 1), tosse e pieira. Funcionalmente com obstrução grave (FEV1 36%) e com défice moderado da difusão (DLCO 42%). TC torácica a evidenciar exuberante padrão nodular centrilobular em vidro despolido bilateral. LBA com alveolite linfocítica (43%) e eosinofílica (32%) intensas. Por suspeita de pneumonite de hipersensibilidade (PH) não fibrótica secundária a mesalazina ou a aves suspendeu tratamento com mesalazina e iniciou corticoterapia sistémica. Após dois meses de tratamento apresentava melhoria clínica, funcional e imagiológica marcadas – assintomático, espirometria normal, DLCO 68%, TC torácica com padrão micronodular menos exuberante . Analiticamente com redução da eosinofilia para 80 células x 10⁹/L. Manteve-se assintomático ao longo do desmame de corticoterapia e iniciou infliximab para controlo da colite ulcerosa. Conclusões Este caso descreve uma apresentação pouco comum de toxicidade pulmonar por mesalazina. Embora a hipótese de PH secundária ao contacto (ainda que indireto) com aves não possa ser formalmente excluída, os autores acreditam que a eosinofilia periférica e no LBA, aliados à óbvia relação temporal com a introdução do fármaco, tornam esta a etiologia mais provável. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
46 | Gonçalo | Lopes | INFEÇÃO | ULS Guarda | G Lopes, A Nunes, B Bem, D Mendonça, G Samouco, M Reis, L Ferreira | Tuberculose extra-pulmonar: uma série de casos | Introdução Em 2023, Portugal notificou 1584 casos de tuberculose (TB), dos quais 463 (29,2 %) corresponderam a formas extrapulmonares resultantes de disseminação hematogénica e linfática dos bacilos. As formas mais comuns são ganglionar, pleural e osteoarticular. Descrição Apresentamos cinco casos de TB extrapulmonar seguidos na Consulta Respiratória na Comunidade (CRC) Guarda: pleural, ganglionar, peritoneal, intestinal e tiroideia. Caso1 Homem, 72 anos, com queixas de dispneia, raio-x tórax com derrame pleural direito, e PCR e baciloscopias postivas para Mycobacterium Tuberculosis (MT). Excluída TB pulmonar. Iniciou tratamento com HRZE, encontrando-se em fase de manutenção. Caso2 Homem, 78 anos, referenciado por astenia e adenopatias supraclaviculares, a maior com 50x27x15 mm. A biópsia excisional revelou linfadenite granulomatosa necrotizante. PCR negativa, baciloscopia negativas e culturas positivas. Excluída tuberculose pulmonar. Iniciou terapêutica com HRZE. Caso3 Mulher, 26 anos, Angolana, com dor abdominal, perda ponderal de 28 % e ascite com 3 meses de evolução. TC TAP com massa anexial direita e implantes peritoneais. A PCR do líquido ascítico foi positiva para MT, com resistência à rifampicina e resultado indeterminado para isoniazida. Excluída TB pulmonar. Iniciou tratamento de multirresistência com bedaquilino, levofloxacina, linezolide, cicloserina e clofazamina em articulação com CRC-A de Vila Nova de Gaia. Foi requisitada genotipagem e teste de suscetibilidade para antibacilares de segunda linha. Caso4 Homem, 42 anos, Timorense, com TB pulmonar cavitada em tratamento com HRZE. Por queixas de dor abdominal difusa mantida, refratária ao tratamento médico, realizou colonoscopia com biópsia de lesões ulceradas, com culturas positivas para MT. Caso5 Mulher, 66 anos, seguida em consulta de Endocrinologia por bócio multinodular. Por massa cervical dolorosa de novo, realizou punção aspirativa da tiróide que revelou material necrótico, com isolamento de MT. Excluída TB pulmonar. Realizou tratamento com HRZE, com melhoria clínica e imagiológica. Conclusão Estes casos realçam a importância de um elevado grau de suspeição clínica para TB extrapulmonar, especialmente em populações de risco. O reconhecimento precoce, a confirmação microbiológica e início de terapêutica atempados são fundamentais. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
47 | Guilherme | Santos Luís | INTERSTÍCIO | ULS da Região de Leiria | GS Luís, A Daniel | Síndrome de Erasmus: Sobreposição Rara entre Silicose e Esclerose Sistémica | Introdução: O síndrome de Erasmus é uma entidade rara que se caracteriza pela associação entre esclerose sistémica e exposição prévia à sílica. Foi descrito pela primeira vez em 1957, ao se observar maior incidência de esclerose sistémica em mineiros expostos à sílica. Estima-se que esta associação esteja presente em apenas 0.9% dos doentes com esclerose sistémica. Caso Clínico: Homem de 73 anos, reformado da construção civil e ex-fumador (13 UMA), foi referenciado à consulta de Reumatologia por suspeita de sarcoidose. Apresentava fenómeno de Raynaud bifásico desde os 40 anos, dispneia para médios esforços e tosse seca ocasional. Ao exame objetivo, notava-se espessamento cutâneo digital (Rodnan = 4) e telangiectasias faciais e fervores crepitantes bibasais discretos à auscultação. Analiticamente, apresentava ANA positivos com doseamento de anti-Scl-70 em alto título (388 UQ; N <20 UQ) e SACE ligeiramente aumentado (104,1 U/L; N <70 U/L). Hemograma, parâmetros inflamatórios e eletroforese de proteínas séricas sem alterações. A TC tórax de alta resolução revelava adenopatias mediastínicas e micronódulos com distribuição predominantemente nos lobos superiores. O lavado broncoalveolar (LBA) mostrou aumento de linfócitos T com CD4+/CD8+ <3.5; a biópsia brônquica (BB) não revelou granulomas, excluindo sarcoidose. A capilaroscopia evidenciou padrão esclerodérmico precoce. Estabeleceu-se o diagnóstico de esclerose sistémica com base na presença de fenómeno de Raynaud, espessamento digital, telangiectasias faciais, ANA positivos com anti-Scl-70 em alto título e padrão esclerodérmico precoce em capilaroscopia. O caso foi discutido em reunião multidisciplinar – o envolvimento pulmonar foi atribuído à silicose, sustentado pelo padrão radiológico e pela história profissional, não sendo compatível com o envolvimento pulmonar típico da esclerose sistémica. Iniciou terapêutica com hidroxicloroquina 400mg id, metotrexato 12,5mg/semana, ácido fólico 10mg/semana e prednisolona 5mg id, mantendo estabilidade clínica atual. Conclusão: Embora ambas as patologias compartilhem a inalação de sílica como fator de risco, a coexistência de esclerose sistémica com silicose é uma associação rara. Este caso clínico destaca a importância da abordagem multidisciplinar para a correta orientação diagnóstica e terapêutica destes doentes. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
48 | Helena Isabel | Carvalho | DPOC | Unidade Local de Saúde de Santo António | HI Carvalho, F Correia, M Sucena, I Rodrigues, J Gomes | Défice de alfa-1 antitripsia e vasculite c-ANCA: a propósito de um caso clínico | Introdução:
O défice de alfa-1 antitripsina (A1AT) é uma condição genética rara que afeta
predominantemente os pulmões e o fígado. Embora menos frequente, alguns
estudos referem uma possível associação entre o défice de A1AT e vasculite associada a anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (c-ANCA), sobretudo anti-proteinase 3 (PR3), particularmente na presença do alelo Z. Por outro lado, c-ANCA, sobretudo em padrão atípico, têm sido descritos noutras doenças respiratórias, como a fibrose quística, embora o seu significado patológico permaneça por esclarecer. Caso clínico: Mulher de 70 anos, com A1AT fenótipo ZZ, DPOC, bronquiectasias extensas com colonização crónica por Pseudomonas aeruginosa e história prévia de tuberculose pulmonar. Em junho de 2024 recorreu ao serviço de urgência por agravamento da dispneia habitual, aumento da produção de expetoração e febre. Foi internada por exacerbação infeciosa da patologia respiratória de base, tendo iniciado cefazolina/tazobactam com posterior switch para imipenem. Durante o internamento foram observadas máculas purpúricas nos membros inferiores, com vários anos de evolução e agravamento recente. A avaliação dermatológica foi sugestiva de vasculite cutânea, possivelmente associada ao défice de A1AT, exacerbada por infeção ou antibioterapia. O estudo imunológico revelou ANCA positivo (1/160) com padrão c-ANCA atípico, e PR3 e MPO negativos. As crioglobulinas eram negativas. Não havia parâmetros inflamatórios elevados, nem sinais de disfunção orgânica além da respiratória, nem manifestações sistémicas sugestivas de vasculite, como na granulomatose com poliangeíte. Conclusão: Trata-se de um caso raro de vasculite cutânea em doente com A1AT fenótipo ZZ, bronquiectasias e c-ANCA atípico positivo. A etiologia das bronquiectasias foi atribuída ao défice de A1AT, embora com extensão invulgar. A presença de c-ANCA atípico, abitualmente associada à fibrose quística, poderá sugerir um possível papel autoimune na formação de bronquiectasias em doentes sem esta patologia. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
49 | Inês | Torres | PLEURA | ULS São José | I Torres, J Freitas, A Pina, R Barreira, C Jardim, I Duarte, B Mendes, N Murinello, A Magalhães | Fibrinólise através de cateter de longa duração em derrame neoplásico infetado: A propósito de um caso clínico | Os
cateteres de longa duração (CLD) são utilizados na gestão de derrames
pleurais neoplásicos. Com a sua utilização mais frequente, e maior sobrevida
dos doentes oncológicos, surgem também relatos das complicações tardias desta
técnica. Entre estas destaca-se o empiema.
A fibrinólise intrapleural é utilizada na presença de infeção pleural
mulitloculada. A sua utilização em derrames neoplásicos através de CLD
encontra-se pouco descrita. Apresenta-se o caso de um homem, 50 anos, autónomo com antecedentes de adenocarcinoma do pulmão (PDL-1 1-5%), estadio IV por metastização pleural, pericárdica, óssea. Iniciou quimioterapia, contudo com progressão de doença, estando atualmente sob entrecitinib. Por derrame pleural maligno desde o diagnóstico, foi colocado CLD, com boa tolerância e gestão. Após 10 meses, iniciou quadro de dor torácica direita com 3 dias de evolução, com agravamento do cansaço e febre. Sem insuficiência respiratória. Analiticamente apresentava elevação dos parâmetros inflamatórios e imagiologicamente aumento do derrame pleural direito com hipercaptação pleural compatível com processo infecioso. O exame cultural do líquido pleural isolou Staphylococcus aureus meticilina sensível. Iniciou antibioterapia que manteve durante 21 dias. Os débitos de drenagem do CLD verificaram-se residuais e não apresentou melhoria do derrame após 1 semana de antibioterapia. Repetiu TC torácica com contraste que demonstrou derrame multiloculado. Optou-se pela realização de fibrinólise intrapleural com uroquinase e dornase alfa através do CLD. Não se verificaram complicações e houve resolução total do derrame permitindo remoção do CLD e alta. Os CLD são efetivamente uma opção na gestão sintomática dos doentes com derrame pleural noeplásico, contudo associam-se a um aumento do risco infecioso, nomeadamente a Staphilococos aureus. Não existe evidência de superioridade da cirurgia relativamente à fibrinólise nestes derrames. A maioria destes doentes têm um elevado risco cirúrgico pelo que este tipo de procedimento se torna uma opção e oferece melhoria na qualidade de vida. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
50 | Inês | Torres | INFEÇÃO | ULS São José | I Torres, J Freitas, A Pina, R Barreira, C Jardim, B Mendes, N Murinello, A Magalhães | Importância do diagnóstico diferencial nas bronquiectasias: a propósito de um caso clínico | As bronquiectasias resultam de inflamação crónica da via aérea, levando à dilatação irreversível e acumulação de muco, com repercussões na qualidade de vida. A identificação da etiologia é essencial para orientar o tratamento e evitar progressão. A aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) é uma causa rara de bronquiectasias, habitualmente associada a asma ou fibrose quística. Apresentamos o caso de um homem de 41 anos, natural da Índia, sem antecedentes relevantes, que recorre ao serviço de urgência por dor abdominal, obstipação, vómitos, tosse produtiva e perda ponderal. Sem insuficiência respiratória. Analiticamente apresentava leucocitose, eosinofilia (2000/μL) e PCR elevada. Serologias virais e pesquisa de parasitas nas fezes foram negativas. TAC toracoabdominopélvica revelou bronquiectasias preenchidas nos lobos superiores, adenopatias hilares mediastínicas e nodularidade de 5 cm no lobo inferior direito, com aspeto infecioso. IgE total significativamente elevada (15 000 KUI/L) e IgE específica para Aspergillus fumigatus positiva. Broncofibroscopia mostrou rolhões mucosos amarelados e o lavado broncoalveolar isolou uma Klebsiella pneumoniae. TAAN, culturas micobacteriológicas e micológicas foram negativas. Com base nos critérios clínicos, imagiológicos e laboratoriais, foi feito o diagnóstico de ABPA, contudo com sobreinfeção bacteriana de bronquiectasias. Iniciou-se assim antibioterapia dirigida e corticoterapia com melhoria clínica. Este caso representa uma apresentação não típica de ABPA, numa pessoa sem asma conhecida ou fibrose quística. A ABPA deve ser considerada no diagnóstico diferencial de bronquiectasias, mesmo em doentes não clássicos, pois o seu reconhecimento precoce permite abordagem terapêutica dirigida e melhor prognóstico. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
51 | Inês | Mendes Júlio | INTERSTÍCIO | Unidade Local de Santa Maria | IM Júlio, A Almendra, C Bárbara | Pneumonia Organizativa como Manifestação Pulmonar Atípica na Arterite de Células Gigantes: Um Caso Clínico | Introdução:
A arterite de células gigantes (ACG) é uma vasculite de grandes vasos,
classicamente associada a sintomas sistémicos, mas as manifestações
pulmonares são raras. A pneumonia organizativa (PO) é uma condição
inflamatória do parênquima pulmonar, que pode surgir em associação com
doenças autoimunes, incluindo vasculites. Caso Clínico: Mulher de 82 anos, autónoma, sem antecedentes pessoais relevantes. Em janeiro de 2024, iniciou quadro constitucional marcado por sudorese noturna, febre, perda ponderal, cefaleia, claudicação mandibular, toracalgia pleurítica, cansaço para médios esforços e tosse seca. Após estudo analítico alargado, com elevação de parâmetros inflamatórios e exclusão de causas infecciosas, realizou a 01/04/2024 ecodoppler temporal que evidenciou halos vasculares bilaterais em fase subaguda. O diagnóstico de ACG foi assumido com base em critérios clínicos, tendo-se prescindido de biópsia. Após o diagnóstico e por persistência de sintomas respiratórios, realizou TC torácica, que revelou densificação do retículo pulmonar periférico, com consolidações confluentes e áreas de morfologia nodular, sugestivas de PO. O lavado broncoalveolar foi negativo para etiologia infecciosa ou neoplásica. Iniciou de imediato terapêutica com Prednisolona 1mg/Kg/dia com posterior resolução total do quadro clínico e parcial das alterações imagiológicas - nova TC em agosto mostrou predomínio de alterações fibróticas intersticiais subpleurais bilaterais, associando-se um espessamento e densificação difusa do interstício. Por nova recidiva da doença, com envolvimento ocular (neuropatia ótica isquémica anterior), iniciou posteriormente tocilizumab a 26/08/2024, como terapêutica poupadora de corticoides. Atualmente mantém-se em remissão, após desmame total de corticoterapia, mantendo a ausência de queixas do foro respiratório e estabilidade das alterações imagiológicas. Conclusões: Este caso destaca uma forma rara de apresentação da arterite de células gigantes, com pneumonia organizativa associada, salientando a importância de considerar manifestações pulmonares atípicas em vasculites sistémicas. A resposta favorável à corticoterapia e o papel do tocilizumab na prevenção de recidivas reforçam a necessidade de uma abordagem multidisciplinar e individualizada, com vigilância clínica e imagiológica rigorosa. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
52 | Inês | Spencer | INTERVENÇÃO | Unidade Local de Saúde Santa Maria | I Spencer, D Godinho, T Abreu, L Mota, J Semedo | Tuberculose endobrônquica - revisão de 4 casos clínicos | Introdução:
A tuberculose endobrônquica (TEB) é uma manifestação da infeção por
Mycobacterium tuberculosis, com envolvimento direto da árvore
traqueobrônquica. Representa 6–54% dos casos de tuberculose pulmonar, embora
possa ser subdiagnosticada sem tomografia de alta resolução e broncoscopia. É
mais comum em mulheres adultas. Pode resultar de extensão de lesões
pulmonares, disseminação hematogénea, linfática ou inoculação direta. O
quadro clínico é inespecífico, com tosse produtiva, pieira e hemoptises,
podendo simular infeções comuns, doenças obstrutivas crónicas ou neoplasias.
A broncoscopia tem maior sensibilidade diagnóstica, permitindo visualização
direta e colheita para exames microbiológicos e histológicos. As formas
endoscópicas incluem variantes edematosa-hiperemiada, caseosa,
granular/nodular, tumoral, ulcerativa e fibroestenótica. O tratamento
baseia-se na terapêutica antibacilar, sendo o uso precoce de corticosteroides
controverso na prevenção de fibrose e estenose brônquica. As principais
complicações incluem pneumonia obstrutiva e estenose brônquica, podendo
surgir poucos meses após o início da infeção. Casos clínicos: Apresentam-se quatro casos de TEB, três em mulheres (75%), com idade mediana de 34 anos. Todos os doentes eram imunocompetentes e sem antecedentes relevantes; dois eram fumadores. Os sintomas mais comuns foram tosse e expectoração mucopurulenta; um doente apresentava apenas astenia e toracalgia. As videobroncofibroscopias revelaram necrose caseosa em três casos e necrose caseosa granular no outro. Os lavados broncoalveolares foram positivos para bacilos álcool-ácido resistentes, com PCR e culturas positivas para Mycobacterium tuberculosis complex sensível a fármacos de primeira linha, sem mutações nos genes rpoB, katG e inhA. As biópsias brônquicas, realizadas em dois doentes, mostraram granulomas sugestivos. Uma doente desenvolveu estenose brônquica grave com redução do volume pulmonar esquerdo, sendo indicada colocação de prótese endobrônquica. Conclusão: Estes casos representam a diversidade clínica da TEB e reforçam a importância da suspeita e diagnóstico precoce por broncoscopia, fundamental para iniciar tratamento precoce e prevenir sequelas irreversíveis. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
53 | João | Couto | OUTRAS | Unidade Local de Saúde de Coimbra - S. de Pneumologia | J Couto; A Dias; D Canhoto; Y Martins | Jogo da imitação: Amiloidose nodular pulmonar com hipercaptação em PET-CT | A
amiloidose nodular pulmonar associada a hipercaptação em tomografia de
emissão de positrões (PET-CT) é bastante rara, mimetizando frequentemente
doença neoplásica. A investigação destes diagnósticos diferenciais passa
invariavelmente pela biópsia das lesões nodulares. Apresentamos 3 casos
ilustrativos desta apresentação atípica e ilusória: Caso 1: Sexo feminino, 87 anos, antecedentes de MGUS, com nódulos localizados ao lobo inferior direito (28x13mm) e justa-hilar esquerdo (49x42mm) com sinais de calcificação, em tomografia torácica (TC-Tórax). Hipercaptação em PET-CT (SUVmax: 5,6 e 8,4). Após biópsia transtorácia (BTT) do nódulo justa-hilar esquerdo, avaliação histopatológica com birrefringência verde após coloração Vermelho do Congo, firmando diagnóstico de nódulo amiloide (AL). Optou-se por vigilância atendendo à fragilidade clínica. Caso 2: Sexo masculino, 79 anos, sem antecedentes de relevo. Seguido por nódulo do lobo superior esquerdo (32x25mm) irregular, heterogéneo e hipercaptante em PET-CT (SUVmax 6,5), sem outras lesões suspeitas. Realizou ressecção pulmonar atípica por cirurgia toracoscópica vídeo-assistida. Histopatologia confirmou nódulo pulmonar amilóide com coloração Vermelho do Congo positiva. Estudo complementares (autoimune, eletroforese/imunofixação, ressonância magnética (RM) cardíaca) sem alterações. Aguarda imunomarcação da proteína amiloide. Caso 3: Sexo feminino, 80 anos, antecedentes de asma alérgica. Seguimento por nódulo no lobo superior esquerdo com aumento dimensional de 53% (19mm para 29mm de maior eixo em 12 meses) em TC-Tórax comparativa. PET-CT com hipercaptação (SUVmax: 5,1), sem outras lesões. Após BTT, avaliação histopatológica com coloração vermelho de Congo positivo com firmando o diagnóstico de nódulo amiloide. Sem alterações na serologia infeciosa, eletroforese/imunofixação, encontrando-se a aguardar autoimunidade e RM-cardíaca. Os nódulos amiloides pulmonares são um diagnóstico diferencial raro de patologia nodular, sobretudo quando hipercaptantes em PET-CT. Devido ao seu mimetismo com malignidade, a biópsia é indispensável para diagnóstico definitivo e essencial para definir o plano terapêutico e prognóstico. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
54 | João | Marques Macedo | OUTRAS | ULS Entre Douro e Vouga | JM Macedo, ML Silva, AL Trigueira, C Cruz, FT Lopes, J Ferreira | Dispneia no Adulto por Anomalia Congénita: Um Diagnóstico Inesperado | Introdução: As anomalias pulmonares do desenvolvimento são raras e geralmente diagnosticadas na infância. A hipoplasia pulmonar unilateral, uma forma de anomalia pulmonar do desenvolvimento, é caracterizada por desenvolvimento incompleto do tecido pulmonar, ocorre em 1 a 2 em cada 10 000 nascimentos, sendo geralmente diagnosticada na infância, com elevada mortalidade perinatal nos casos mais graves, pelo que diagnósticos na vida adulta são incomuns. Caso Clínico: Sexo feminino, 19 anos, não fumadora, enviada à consulta de Pneumologia por alterações em TC Tórax, que realizou por dispneia para médios esforços e toracalgia indefinida à direita. A TC mostrou ausência do ramo direito da artéria pulmonar, rarefação da vasculatura em todo o pulmão direito, hipoplasia do pulmão direito, comparativamente ao contralateral, desvio direito do mediastino e pneumatocelos infra-centimétricos à direita, sem imagens prévias. Quando revistos os antecedentes pessoais e familiares, para além de diagnóstico associado de síndrome depressivo, identificamos descolamento prematuro da placenta e pneumonia adquirida na comunidade durante a gravidez e, na infância, seguimento prévio na consulta de cirurgia plástica por dismorfia dentofacial classe 3 com hipoplasia maxilar e prognatismo, tendo sido submetida a cirurgia neste contexto, e infeções respiratórias de repetição. Foi negado qualquer outra complicação ou diagnóstico prévio na gravidez ou na infância. Nega doenças de caráter heredofamiliar. Já em ambiente hospitalar, realizou ecocardiograma transtorácico e pletismografia, sem qualquer alteração de relevo. Conclusões: Trouxemos este caso, para sublinhar uma rara forma de dispneia no adulto. De acordo com a classificação proposta por Boyden, esta doente possui uma agenesia pulmonar tipo 3, e, após revisão da literatura, propusemos para vacinação, iniciamos broncodilatadores e referenciamos para reabilitação respiratória, dado que o clearance deficiente e ângulos anómalos da via aérea podem levar a acumulação de secreções displásticas e conduzir a infeções de repetição e degeneração cística. Mais ainda, propusemos um limiar mais baixo para início de antibioterapia. A discussão deste caso torna-se relevante, não só pela importância no seu reconhecimento, como também pela ausência de guidelines no adulto. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
55 | João Miguel | Santos Freitas | PLEURA | Hospital Santa Marta | J Freitas, A Monteiro, N Murinello, M Emiliano, A Miguel | Sarcoma de Kaposi e quilotórax: os desafios de uma associação improvável | INTRODUÇÃO O envolvimento extracutâneo no Sarcoma de Kaposi tornou-se raro após a introdução da terapêutica antirretroviral para o HIV. Quando presente, o atingimento pulmonar pode manifestar-se como derrame pleural, sendo o quilotórax uma forma muito rara. CASO CLÍNICO Homem de 60 anos, autónomo, ex-auxiliar de ação médica, ex-fumador, com antecedentes de DPOC GOLD E, aspergiloma cavitado no lobo inferior direito, adenocarcinoma pulmonar (estadio IA) submetido a lobectomia superior direita em 2011, infeção VIH-1 diagnosticada em 2009 sob TARV com bom controlo imunológico e virológico e sarcoma de Kaposi desde 2011. Após alguns meses de dor no pé esquerdo, acompanhada de edema e lesões cutâneas suspeitas de Kaposi, efetuou-se biópsia óssea e de tecidos moles que confirmaram esse diagnóstico. Em março de 2024, fez uma PET-CT que revelou uma lesão de novo no lobo superior direito suspeita de malignidade; derrame pleural bilateral estável e sem captação; e lesões nos dedos do pé esquerdo sugestivas de malignidade. Iniciou quimioterapia com doxorrubicina até agosto de 2024, com boa resposta clínica. Um mês após o término da QT apurou-se agravamento respiratório franco. Encontrava-se hipoxémico e com murmúrio vesicular globalmente diminuído na auscultação. Realizou RX e TC torácica que revelaram derrame pleural bilateral, mais acentuado e com agravamento à esquerda. Prosseguiu-se com a realização de uma toracocentese, drenando-se 1000cc de líquido turvo, com características de quilotórax e exames citológico e microbiológico negativos. Cumpriu 10 dias de dieta pobre em gorduras e octreotido, sem apresentar agravamento do derrame nas radiografias de controlo. Fez nova PET-CT que evidenciou estabilidade das alterações pulmonares previamente descritas e melhoria das lesões ósseas, mas com derrame pleural esquerdo persistente e de moderado volume. CONCLUSÃO Apenas 50% dos doentes com envolvimento pulmonar por Sarcoma de Kaposi desenvolvem derrame pleural, sendo o quilotórax extremamente raro. Neste caso, a raridade e o facto de ter surgido após boa resposta à quimioterapia tornaram o diagnóstico desafiante, levantando dúvidas quanto à sua verdadeira etiologia. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
56 | Joana | Santos Guerreiro | OUTRAS | Unidade Local de Saúde Lisboa Ocidental - Hospital Egas Moniz | JS Guerreiro, A Soveral, JM Correia | Sonhos em Fumaça: Como o Tabagismo Prejudica a Qualidade do sono | Introdução
e Objetivos: O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre o
tabagismo e a qualidade do sono, com especial atenção à apneia obstrutiva do
sono (AOS) e os benefícios da cessação tabágica. Metodologia: Através de pesquisa na base de dados SciELO, foram selecionados artigos dos últimos dez anos com as palavras-chave "smoking sleep quality," "sleep apnea tobacco," "nicotine sleep effects" e "smoking cessation sleep." Aplicaram-se critérios de exclusão para remover estudos que não abordassem diretamente a relação entre tabagismo e sono, resultando em 12 artigos selecionados entre 34 inicialmente identificados. Resultados: Oito estudos sugerem que o tabagismo afeta negativamente a qualidade do sono, enquanto quatro não observaram associação estatisticamente significativa. Os fumadores demonstraram maior latência para adormecer, despertares frequentes e menor eficiência do sono. A nicotina, devido ao seu efeito estimulante sobre o sistema nervoso central, inibe a progressão do sono para as fases mais profundas (NREM) e para o sono REM. A inflamação e o edema nas vias aéreas superiores, associados ao tabagismo crónico, contribuem para uma maior resistência respiratória, agravando a instabilidade durante o sono e elevando o risco de AOS. Conclusão: Os achados reforçam a evidência de que o tabagismo afeta adversamente a qualidade do sono, exacerbando a AOS e outros distúrbios respiratórios. As limitações dos estudos incluem variabilidade metodológica e falta de controle rigoroso de potenciais fatores de confusão. Contudo, as implicações clínicas são claras: integrar a cessação tabágica nos protocolos de tratamento dos distúrbios do sono pode oferecer benefícios substanciais para a saúde dos pacientes. É essencial que pesquisas futuras se concentrem em avaliar os efeitos de longo prazo da cessação tabágica e desenvolvam intervenções mais eficazes para fumadores com distúrbios do sono. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
57 | Lara | Mendes | OUTRAS | ULS Santa Maria | L Mendes; C Durão; P Santos; J Nascimento; P Pinto | Do pneumotórax espontâneo à resseção em cunha | Introdução:
A Linfagioleiomiomatose é uma doença rara, caracterizada pela proliferação
anómala de células musculares lisas nos pulmões. A presença de quistos
pulmonares bilaterais nos lobos inferiores são achados que aumentam a
suspensão clínica. Ainda assim, o seu diagnóstico é desafiante sendo que este
apenas é definitivo se confirmado histologicamente. O Pneumotórax espontâneo
pode ser manifestação inaugural de doença, principalmente em mulheres
jovens. Descrição: Mulher, 40 anos, autónoma, ex-fumadora de 15 UMA. Recorre ao serviço de urgência por dispneia e cansaço com 1 semana de evolução. À admissão encontrava-se eupneica, com murmúrio vesicular abolido no hemitórax direito. Analiticamente e gasometricamente sem alterações de relevo. Radiografia de tórax a demonstrar pneumotórax volumoso à direita. Colocada drenagem torácica, que decorreu sem intercorrências, verificando-se expansão parcial do pulmão direito. Realiza Tomografia Computorizada (TC) de tórax identificando-se atelectasia passiva dependente dos segmentos basais do lobo inferior direito, quistos pulmonares redondos justa centimétricos de parede fina dispersos pelo parênquima pulmonar bilateral, de forma difusa e pneumotórax direito de grande volume. Apesar de drenagem pleural funcionante, persistência de pneumotórax volumoso, sem expansibilidade pulmonar, em doente não tolerante a drenagem ativa. Após discussão multidisciplinar, proposta para ressecção em cunha do lobo superior direito e lobo médio que realizou sem intercorrências. Evolução clínica favorável após intervenção cirúrgica com referenciação a consulta de pneumologia para seguimento. O estudo anatomopatológico da peça cirúrgica confirmou o diagnóstico de Linfagioleiomiomatose. Realizada TC abdominal e pélvica com exclusão de afeção de outros órgãos. Conclusão: O pneumotórax espontâneo, na maioria das vezes, resolve com medidas conservadoras ou colocação de dreno pleural, no entanto, em algumas situações, como a observada neste caso clínico, a abordagem cirúrgica pode ser a única solução. Assim, a abordagem cirúrgica, neste caso, não se revelou apenas fundamental para a resolução do pneumotórax como também para o diagnóstico etiológico da patologia subjacente permitindo uma abordagem dirigida de forma precoce, evitando potenciais complicações e progressão da doença. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
58 | Laura | Lopes | INFEÇÃO | ULS Coimbra | L Lopes, G Morais, L Graça, R Lopes, S Lareiro, R Pancas | A pneumectomia no tratamento de hemoptise maciça - um caso clínico | INTRODUÇÃO:
O aspergiloma é uma das apresentações de doença pulmonar causada por
Aspergillus e surge habitualmente em doentes imunocompetentes com história de
doença pulmonar cavitária. A hemoptise é uma complicação grave e indicação
comum para cirurgia. CASO CLÍNICO: Homem, 65 anos, com história pessoal de tuberculose pulmonar extensa tratada há 4 anos, recorreu ao serviço de urgência por 2 episódios de hemoptises de moderado volume. À admissão estava hemodinamicamente estável, eupneico e com roncos no terço inferior do hemitórax esquerdo à auscultação pulmonar. Analiticamente apresentava anemia normocítica normocrómica e aumento de parâmetros inflamatórios. A angio-TC torácica evidenciou extensas alterações estruturais no pulmão esquerdo, com presença de áreas cavitadas contendo componente nodular, sendo a maior de 6 cm. Durante a permanência no SU apresentou agravamento do estado geral tendo sido admitido na sala de emergência em paragem cardiorespiratória, revertida em dois minutos. Observou-se abundante presença de sangue na cavidade oral, o que motivou a entubação orotraqueal para proteção da via aérea. A broncoscopia flexível não identificou focos de hemorragia ativa, mas a cultura do aspirado brônquico foi positiva para Aspergillus fumigatus. Durante o internamento na unidade de cuidados intensivos iniciou voriconazol em dose ajustada ao peso e ácido aminocapróico 2.5mg 8/8h endovenoso. Evoluiu com melhoria clínica, permitindo a suspensão do antifibrinolítico, extubação ao terceiro dia de internamento e posterior transferência para a enfermaria de Pneumologia. Ao D5, novo episódio de hemoptises maciças com hipotensão e dessaturação. Diante deste quadro, foi proposto para pneumectomia esquerda que contou com apoio da Pneumologia na entubação seletiva que permitiu a identificação endoscópica da hemorragia no lobo inferior esquerdo e o seu controlo. O procedimento e o período pós-operatório decorreram sem intercorrências. CONCLUSÃO: Este caso destaca aquela que é a complicação mais devastadora do aspergiloma - a hemoptise maciça - e a dificuldade no seu controlo, realçando a extrema relevância de uma abordagem multidisciplinar célere para mitigar a morbimortalidade associada. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
59 | Leonor | Roseta | MICOBACTERIAS | Unidade Local de Saúde de Gaia/Espinho | L Roseta, P Viegas, A Carvalho, I Ladeira, I Franco | Tuberculose primária da tiroide: um diagnóstico inesperado num bócio multinodular | Introdução:
A tuberculose primária da tiroide é uma entidade rara, sobretudo em regiões
não endémicas. O seu diagnóstico é desafiante e negligenciado, dada a
semelhança clínica e imagiológica com neoplasias, tiroidites e bócios, com ou
sem disfunção tiroideia. Caso clínico: Mulher de 76 anos, não fumadora, com antecedentes de adenocarcinoma gástrico (pT1bN0) submetida a gastrectomia parcial. Foi avaliada no serviço de urgência devido a hemoptises ligeiras, com dois dias de evolução. A avaliação analítica e radiográfica não evidenciou alterações. Na reavaliação em consulta aberta, encontrava-se assintomática, sem novos episódios. Negava sintomas constitucionais, respiratórios, cervicais ou de disfunção tiroideia, bem como história de viagens ou contacto com tuberculose. A tomografia computorizada torácica identificou um bócio tiroideu multinodular a condicionar compressão e desvio da traqueia. Ao exame objetivo, apresentava bócio mole e indolor e, analiticamente, função tiroideia e velocidade de sedimentação normais. O estudo ecográfico evidenciou, na hemitiroide direita, um conglomerado nodular de 5cm com macrocalcificações (TI-RADS3), e um outro de 2cm, predominantemente sólido, sem outras alterações (TI-RADS4). Não se observaram adenopatias suspeitas. Seguiu-se a realização de citologia aspirativa por agulha fina, sugestiva de tumor folicular, que motivou hemitiroidectomia direita com istmectomia. Surpreendentemente, a histologia da peça cirúrgica evidenciou granulomas com células gigantes multinucleadas e necrose focal. A PCR confirmou positividade para Mycobacterium tuberculosis complex e o teste molecular de resistências foi negativo para rifampicina (R) e inconclusivo para isoniazida (H), fluoroquinolonas e aminoglicosídeos. Foi posteriormente excluído envolvimento pulmonar com radiografia torácica, micobacteriológico da expetoração e lavado brônquico/broncoalveolar negativos, tendo iniciado terapêutica antibacilar com H, R, Pirazinamida e Etambutol (E), durante 2 meses, e encontrando-se em tratamento de manutenção com HRE, com boa tolerância. Conclusões: Este caso ilustra uma forma atípica de tuberculose extrapulmonar, diagnosticada de forma inesperada após cirurgia por suspeita de neoplasia folicular. Sublinha-se a importância de considerar etiologias infeciosas mesmo em apresentações tumorais. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
60 | Letícia | Balanco | OUTRAS | ULS Coimbra | L Balanco, C Cortesão | Oxigenoterapia nasal de alto fluxo em cuidados paliativos | Introdução: A oxigenoterapia nasal de alto fluxo (ONAF) é uma terapêutica de referência no tratamento sintomático da insuficiência respiratória (IR) que não responde a oxigenoterapia convencional. Além de reduzir a necessidade de intubação em doentes com IR grave, a ONAF constitui, a par com a VNI, o teto terapêutico de muitos doentes com critérios de DNR (“do not ressuscitate”, ordem de não reanimar). Aqui, é relatada a experiência de ONAF em contexto de cuidados paliativos num hospital central durante 18 meses. Metodologia: Este é um estudo restrospetivo longitudinal. Foram analisados todos os óbitos ocorridos na enfermaria de Pneumologia de um hospital central entre janeiro de 2023 e junho de 2024 (18 meses) e selecionados os doentes com critérios de “ordem de não reanimar” que utilizaram ONAF nos 20 dias que antecederam a morte. Foram avaliados dados demográficos, clínicos, analíticos e de tratamento dos doentes. Resultados: Foram incluídos no estudo 18 doentes, sendo 83,3% (n=15) do género masculino e a média de idades de 70,8 ± 12,8 anos. Dos doentes analisados, 44,4% (n=8) tinham neoplasia pulmonar e 38,9% (n=7) tinham patologia intersticial. Verificou-se que 88,9% (n=16) dos doentes tinham IR parcial e 38,9% (n=7) apresentavam agudização de IR crónica. Em 22,2% (n=4) a ONAF foi iniciada nos 4 dias que antecederam a morte. A maioria dos doentes necessitou de terapêutica opióide concomitante (88,9%, n=16) para gestão de dispneia e/ou dor. Conclusões: A ONAF é uma estratégia com grande utilidade em contexto paliativo em pneumologia, sendo principalmente utilizada em doentes com patologia oncológica e com patologia intersticial. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
61 | Luís | Santos Silva | INTERSTÍCIO | Pneumologia - ULS Entre Douro e Vouga | LFS Silva, JM Macedo, AL Trigueira, JC Coutinho, V Santos, J Ferreira | Um inimigo silencioso: um caso atípico de Fibrose Pulmonar Idiopática | Introdução:
A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma doença pulmonar crónica e
progressiva caraterizada pelo espessamento e fibrose do tecido pulmonar. Os
fatores de risco para o seu desenvolvimento incluem o tabagismo, antígenos
ambientais, infecções, aspiração crónica e fármacos. Os autores apresentam um caso clínico de isolamento de uma micobactéria atípica num doente com FPI. Caso clínico: Doente do sexo masculino, 80 anos, ex-fumador (30 UMA), referenciado à consulta de Pneumologia por dispneia para mínimos esforços, tosse seca diária e cansaço fácil, de longa data. Sem sintomas constitucionais. Sem intercorrências infeciosas. Sem exposição a aves, humidade ou biomassa. À auscultação pulmonar, eram audíveis crepitações nos dois terços inferiores de ambos os campos pulmonares. A Radiografia torácica revelava ligeira acentuação do retículo e a TC torácica descrevia reticulação subpleural com gradiente ápicobasal e bronquiectasias de tração, em relação com padrão de usual interstitial pneumonia (UIP). Do estudo realizado, salienta-se alteração ventilatória restritiva, no estudo funcional respiratório. Broncofibroscopia sem alterações endoscópicas, com lavado broncoalveolar com alveolite neutrofílica (N 26.6%), citologia negativa para células malignas, exame bacteriológico negativo; no entanto, o exame micobacteriológico identificou a presença de micobactéria não tuberculosa – mycobacterium intracellulare. Tendo em conta, homem ex-fumador, TC com padrão UIP, LBA com alveolite neutrofílica e isolamento de MAC foi assumido em reunião multidisciplinar o diagnóstico de FPI e infeção por MAC, tendo iniciado terapêutica antifibrótica e dirigida à infeção por MAC. Discussão: Infeções secundárias, como a de mycobacterium intracellulare, podem complicar o curso clínico e o prognóstico da FPI. Consequentemente, é necessário um aumento da vigilância clínica, um diagnóstico oportuno e a realização de terapêutica dirigida para melhorar o prognóstico nesta população de doentes. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
62 | Manuel | d'Almeida | INTERSTÍCIO | Unidade Local de Saúde do Médio Tejo | M d'Almeida, S Ferreira, MP Valério, J Duarte, O Santos | Provas funcionais respiratórias em doentes com CPFE. O normal e a DLCO. | Introdução Combined Pulmonary Fibrosis and Emphysema (CPFE) é uma síndrome caracterizada por dispneia de esforço em fumadores, particularmente homens, em que se identifica fibrose pulmonar de predomínio inferior e enfisema de predomínio superior. As alterações contribuem para a redução acentuada da capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLCO). A existência de um componente restritivo e obstrutivo em simultâneo é refletido na normalização de vários parâmetros funcionais. Casos Clínicos Caso 1: Homem, 70 anos, ex-fumador 30 UMA, maquinista reformado, iniciou seguimento na consulta de Pneumologia por suspeita de SAOS que foi confirmado com polissonografia nível I. Todavia, manifestava cansaço fácil após pequenos esforços que motivaram estudo adicional. A espirometria e a pletismografia eram normais. Contudo, apresentava uma diminuição severa da DLCO (37% do previsto). A TC Tórax mostrou enfisema exuberante centrolobular e parasseptal, fibrose subpleural nos segmentos inferiores dos lobos superiores, lobo médio, língula e lobos inferiores. Após três anos, a espirometria e a pletismografia mantêm-se dentro da normalidade, e a DLCO é 35% do previsto. Verificaram-se outros critérios de progressão e foi iniciado nintedanib. Caso 2: Homem, 83 anos, ex-fumador 40 UMA, pintor reformado, iniciou seguimento na consulta de Doenças do Interstício após internamento por exacerbação de doença pulmonar intersticial fibrótica. A TC Tórax revelou extensas alterações de enfisema centrolobular e parasseptal e áreas de densificação estriada e padrão em favo de mel nas bases. As provas funcionais respiratórias realizadas à data de alta foram compatíveis com obstrução ligeira, com FEV1 126%, FVC 149% e TLC 100% do previsto. À semelhança do caso 1, apresentava uma diminuição severa da DLCO (23% do previsto). Conclusão Os casos apresentados ilustram o perfil funcional descrito na CPFE, com alteração significativa da DLCO e preservação relativa dos volumes e débitos pulmonares. A DLCO destaca-se como um bom indicador na avaliação funcional, enquanto a espirometria e a pletismografia não parecem refletir a gravidade da doença. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
63 | Maria Olívia | Aureliano Ramos | OUTRAS | Hospital da Luz Lisboa | MO Ramos, AM Gerardo; CB Forte, J Montês, VS Martins, ST Furtado | Síndrome da Platipneia-Ortodeoxia: quando o shunt é a causa da hipoxémia | Introdução:
A síndrome da platipneia-ortodeoxia (SPO) é uma entidade clínica rara,
caracterizada por dispneia e dessaturação arterial na mudança da posição
supina para ortostática, como consequência de um shunt intracardíaco ou
intrapulmonar. O foramen ovale patente (FOP) é o defeito anatómico mais
frequente desta síndrome e, quando associada uma alteração funcional que
altera o gradiente de pressão, associa-se a um shunt direito-esquerdo
hemodinamicamente significativo durante a verticalização do doente. Embora
pouco descrita na literatura, a cirurgia abdominal é uma das potenciais
causas que pode precipitar ou agravar a SPO. Caso Clínico: Mulher, 51 anos, não fumadora, com antecedentes de diabetes mellitus, internada por quadro de dispneia progressiva aos esforços (mMRC 4) com duas semanas de evolução após adrenalectomia laparoscópica esquerda por síndrome de Cushing secundária a adenoma suprarrenal. Apresentava polipneia em repouso, cianose periférica e SpO2 de 89% em ar ambiente na posição supina, agravada para SpO2< 80% em ortostatismo. Gasimetria arterial demonstrou insuficiência respiratória parcial (pO2 49 mmHg). Exames laboratoriais excluíram infeção ativa e descompensação cardíaca. Angiotomografia de tórax não evidenciou tromboembolismo pulmonar ou outras alterações pleuropulmonares. Perante a hipoxémia refratária, realizou ecocardiograma transtorácico (ETT) e transesofágico identificando-se FOP com aneurisma do septo interauricular e shunt direito-esquerdo significativo, confirmado após manobra de Valsalva com soro agitado. Assumido diagnóstico de SPO secundária ao FOP e agravada por aumento da pressão intra-abdominal em contexto cirúrgico. Teve alta com oxigenoterapia em repouso e deambulação e, posteriormente, realizou encerramento percutâneo do FOP, com resolução dos sintomas e da hipoxémia. Em reavaliação em consulta, apresentava SpO2 de 95% em ortostatismo, boa tolerância ao esforço e ausência de shunt residual no ETT. Discussão: Perante um quadro de hipoxemia refratária, agravada em ortostatismo e sem evidência de patologia pulmonar, deve-se considerar o shunt direito-esquerdo na investigação de diagnósticos diferenciais. O FOP é uma causa potencialmente tratável e sua correção pode melhorar a qualidade de vida do doente e prevenir complicações da hipoxémia crónica. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
64 | Clara | Maricoto Monteiro | MICOBACTERIAS | ULS Coimbra | CM Monteiro, J Cemlyn-Jones | Doentes com Síndrome de Lady Windermere: Quem São e Como Identificá-las? | Introdução- A Síndrome de Lady Windermere é uma entidade rara, que se caracteriza pela infeção crónica do lobo médio e/ou língula por micobactérias não tuberculosas, especificamente do complexo Mycobacterium avium, com o surgimento de bronquiectasias e de um padrão micronodular em exames de imagem. Descrição- Objetivos: O objetivo deste estudo foi descrever o perfil clínico de doentes com esta síndrome e comparar os achados com a literatura existente. Métodos: Realizou-se um estudo observacional retrospetivo com a identificação dos doentes seguidos por Síndrome de Lady Windermere, durante o ano de 2024, na Consulta de Bronquiectasias da ULS Coimbra. Obtiveram-se dados sociodemográficos, da sintomatologia e do exame objetivo, achados imagiológicos, terapêutica efetuada e comorbilidades. Resultados: Foram identificadas 3 doentes do sexo feminino, com idades entre os 63 e os 85 anos. Uma doente apresentava bronquiolite folicular, nenhuma apresentava imunodeficiência, todas iniciaram sintomas após a menopausa. Uma doente tinha escoliose, nenhuma apresentava Pectus excavatum ou prolapso da válvula mitral. Um terço relatava anorexia e sudorese noturna, todas apresentavam astenia e expectoração diárias. Nenhuma reportava supressão voluntária da tosse. Duas doentes tinham IMC baixo (<18,5 Kg/m2). Todas apresentavam bronquiectasias no lobo médio e micronodulação centrilobular com morfologia em tree-in-bud. O esquema terapêutico utilizado foi um macrólido (azitromicina ou claritromicina), rifampicina e etambutol, durante 12 meses, com melhoria clínica. A reabilitação respiratória, não demonstrou benefício. Duas doentes tinham aspergilose pulmonar, uma estava colonizada com Pseudomonas aeruginosa. Conclusões- Tal como na literatura, as doentes eram do sexo feminino, imunocompetentes, com início da doença após a menopausa, com IMC baixo e expectoração diária. Não se identificaram doentes com Pectus excavatum ou prolapso da válvula mitral, que são comorbilidades frequentes, nem relatos de supressão voluntária da tosse, implicada na fisiopatologia. O tratamento combinado por 12 meses, permitiu ausência de isolamentos posteriores e melhoria clínica. Dado o caracter inespecífico da sintomatologia e evolução insidiosa, torna-se fulcral o conhecimento desta doença, para identificação do padrão clínico e radiológico típicos. | dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
65 | Clara | Maricoto Monteiro | OUTRAS | ULS Coimbra | CM Monteiro, SB Teixeira, T Alfaro, J Cemlyn-Jones, P Lopes, S Freitas | Proteinose Alveolar: A Complexidade Diagnóstica de uma Doença Rara | Introdução: A proteinose alveolar pulmonar (PAP) é uma entidade rara caracterizada pela acumulação de lipoproteínas e disfunção macrofágica a nível alveolar. O diagnóstico baseia-se em achados clínicos e imagiológicos, podendo cursar com achados típicos no lavado broncoalveolar (LBA). Pode ter etiologia primária, associada a alteração na sinalização do fator estimulante de colónias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), ou secundária, nomeadamente a infeções, como Pneumocystis jirovecii ou SARS-CoV-2. Caso clínico: Homem de 51 anos, ex-fumador (10 UMA), com exposição profissional a poeiras de madeira e antecedente de pneumonia por SARS-CoV-2 no ano anterior. Recorreu à consulta de Pneumologia por dispneia (mMRC 2) e tosse produtiva com um ano de evolução. A TCAR torácica evidenciou opacidades em “vidro despolido” com espessamento septal e padrão em "crazy paving". O LBA revelou aspeto leitoso, aumento da celularidade com predomínio linfocitário (75%), um oocisto de P. jirovecii e citologia compatível com pneumonia por este agente. Foi também confirmado DNA de P. jirovecii no aspirado brônquico. Apresentava estudo autoimune negativo, com exclusão de infeção por VIH e LDH sérica elevada (320 U/L). Após tratamento com trimetoprim-sulfametoxazol, manteve sintomas e hipoxémia (pO2 60,3 mmHg). Um novo LBA mostrou predomínio de macrófagos (51%) e linfócitos (42%), sem evidência de P. jirovecii ou de material proteináceo pela coloração com ácido periódico de Schiff (PAS). A biópsia transbrônquica foi inconclusiva, mas biópsias pulmonares cirúrgicas confirmaram PAP, com material hialino PAS positivo nos espaços alveolares. Provas funcionais revelaram diminuição moderada da DLCO (60%, Z-score -2,91). Foi submetido a lavagem pulmonar total (LPT) do pulmão direito, com melhoria clínica e radiológica. Está proposto para LPT do pulmão contralateral e aguarda doseamento dos anticorpos anti-GM-CSF. Conclusões: A etiologia da PAP permanece indefinida. O doseamento dos anticorpos anti-GM-CSF é fundamental para esclarecer a possibilidade de uma forma autoimune, a mais prevalente. Considera-se também a hipótese de PAP secundária associada a infeção prévia por P. jirovecii ou SARS-CoV-2. Destaca-se a importância da abordagem multidisciplinar e da LPT em casos selecionados. | dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
66 | Margarida Isabel | Pereira | CANCRO | ULS Amadora Sintra | MI Pereira, JL Rosa, AD Mendes, S Braga | Um tumor raro com mau prognóstico: mesotelioma pleural maligno | Introdução: O mesotelioma pleural maligno (MPM) é um tumor raro e agressivo. Tem como principal fator de risco a exposição a asbestos. É tipicamente diagnosticado em homens depois dos 50 anos, apresentando mau prognóstico. Caso clínico: Sexo masculino, 70 anos, fumador (50 UMA), com DPOC e doença ulcerosa péptica, ECOG PS 1, recorreu ao SU por quadro com duas semanas de dispneia, toracalgia pleurítica esquerda, tosse produtiva (expetoração mucosa), anorexia, perda ponderal não quantificada e pico febril isolado. Negava exposição ocupacional relevante, mas referia possível exposição a asbestos na infância. Apresentava-se taquipneico e hipoxémico em ar ambiente. A radiografia de tórax mostrava uma hipotransparência heterogénea na região hilar esquerda e derrame pleural esquerdo. Analiticamente, apresentava leucocitose com neutrofilia e PCR 24mg/dL. Realizou TC de tórax que documentou: à esquerda, massa necrosada no lobo inferior (origem pulmonar vs pleural?), derrame pleural, espessamento pleural com nodularidades; adenomegálias hilares esquerdas e mediastínicas; adenomegálias necrosadas retrocural e cardiofrénica esquerdas e do tronco celíaco; massa na glândula supra-renal direita e nódulo na esquerda. A biópsia pulmonar foi compatível com mesotelioma sarcomatóide. Dado manter hipoxémia em agravamento, foi excluído TEP e, por suspeita de infeção respiratória concomitante, cumpriu antibioterapia empírica sem melhoria. O doente evoluiu desfavoravelmente com necessidade de oxigenoterapia de alto fluxo. Ao 22º dia de internamento, por episódio de hematemese, realizou endoscopia digestiva alta com identificação de lesão vegetante friável no corpo gástrico, cuja biópsia foi compatível com mesotelioma. A fragilidade clínica do doente e o agravamento rápido da doença não permitiu o início de terapêutica sistémica, tendo-se privilegiado best supportive care. O doente faleceu em poucos dias. Conclusão: O MPM é um tumor raro e agressivo, em que a inespecificidade da clínica pode condicionar atrasos no diagnóstico e início de terapêutica. Este caso destaca-se pela raridade da metastização gástrica e diferenciação sarcomatóide. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
67 | Maria Inês | Fonseca | PLEURA | ULS Região de Aveiro | MI Fonseca, V Fernandes, C Costa, B Rodrigues, AR Prata, A Andrade, L Andrade | Dispneia e derrame pleural na gravidez: Infeção ou algo mais? | A
abordagem de sintomas respiratórios e sistémicos e o respetivo diagnóstico
diferencial constituem um desafio, sobretudo durante a gravidez, uma vez que
algumas manifestações podem ser atribuídas a alterações fisiológicas da
gestação. Contudo, a persistência dos sintomas deve motivar uma investigação
aprofundada. Mulher de 46 anos, grávida de 15 semanas, com antecedentes pessoais de tabagismo (CT: 28 UMA), rinite alérgica e síndrome do intestino irritável. Da medicação habitual salienta-se toma de AAS, durante 19 dias. Recorreu ao serviço de urgência por artralgias, temperatura máxima 38ºC, sudorese, náuseas, vómitos, dispneia para pequenos esforços e dor torácica tipo pleurítica à direita, com 3 semanas de evolução. Analiticamente, apresentava leucocitose (21,7x10E9), neutrofilia (10,4x10E9), eosinofilia marcada (8,1x10E9) e PCR de 4,80mg/dL. Na radiografia torácica, era visível hipotransparência homogénea no terço inferior do campo pulmonar direito com concavidade superior, sugestiva de derrame pleural. Por persistência dos sintomas, recorreu novamente ao hospital. Verificou-se edema articular da mão direita, agravamento da leucocitose por eosinofilia marcada (9.1x10E9), e aumento do derrame pleural. Foi realizada toracocentese com saída de líquido pleural citrino turvo, exsudativo: pH 7,31, glicose 3mg/dL, lactato desidrogenase 6835,2U/L, 78% de eosinófilo e fator reumatóide (FR) 123U/mL. Cultura negativa e não se observaram células neoplásicas. Na análise sérica o FR era de 438U/mL e o anticorpo anti-peptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP) de 8,6UI/mL. A broncofibroscopia não revelou alterações endobrônquicas. Contudo, foi isolada Klebsiella pneumoniae, tendo cumprido 7 dias de ceftriaxona, segundo antibiograma. Após discussão multidisciplinar, com base nas manifestações articulares (artralgias inflamatórias e edema) e serologia positiva, foi feito o diagnóstico de artrite reumatóide (AR) inaugural com envolvimento pleural. O envolvimento pleural é uma manifestação extra-articular conhecida da AR, ocorrendo numa percentagem variável entre 5% e 10%. Este caso ilustra a importância de um estudo aprofundado na presença de alterações analíticas significativas associadas a sintomas sistémicos persistentes, no contexto particular da gravidez. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
68 | Mariana | Lagarto | OUTRAS | ULS Coimbra | M Lagarto, T Pais, E Paiva, C Rodrigues | Síndrome Hepatopulmonar: reversão da hipoxemia grave com transplante hepático | A
síndrome hepatopulmonar (SHP) é uma complicação da doença hepática crónica,
caracterizada por hipoxemia arterial devido a dilatações vasculares
intrapulmonares. Afeta até 25% dos doentes com hepatopatia avançada e tem um
prognóstico reservado. Está associada a fatores vasoativos como aumento do
óxido nítrico e endotelina-1. Os sintomas incluem cianose, hipocratismo
digital, telangiectasias, platipneia e ortodeoxia. O diagnóstico faz-se por
ecocardiograma com contraste ou cintigrafia pulmonar com macroagregados de
albumina marcada com tecnécio-99m. O único tratamento curativo é o
transplante hepático, sendo a oxigenoterapia e o controlo da doença
essenciais no alívio sintomático. - Doente do sexo masculino, 53 anos, com diagnóstico de cirrose hepática alcoólica (Child-Pugh B e MELD 17) complicada com hipertensão portal e episódios de hemorragia digestiva alta, tendo sido submetido a colocação de uma derivação portossistémica intra-hepática transjugular. Internado por clínica de platipneia, ortodeoxia, dispneia e cianose periférica, com insuficiência respiratória do tipo 1 de agravamento progressivo tendo alta com oxigenoterapia de longa duração (5L/min, 24h/dia). A investigação revelou poliglobulia secundária à hipoxemia, redução da DLCO e índice de shunt 26% na cintigrafia de perfusão pulmonar. O ecocardiograma com contraste confirmou SHP, evidenciando com visualização de microbolhas no ventrículo esquerdo após cinco ciclos cardíacos e pressão sistólica na artéria pulmonar de 38 mmHg. A TC torácica corroborou aumento do calibre da artéria pulmonar. Foi submetido a transplante hepático, tendo iniciado ONAF contínua no pós-operatório, devido à hipoxemia grave. O internamento decorreu sem intercorrências de relevo. Na reavaliação em consulta, seis meses após o transplante, não se observaram alterações clínicas, analíticas ou radiográficas. Ecocardiograma e TC torácica normais, sem sinais de shunt ou hipertensão pulmonar. O doente refere melhoria significativa da qualidade de vida, sem necessidade de oxigenoterapia. - O presente caso ilustra uma complicação pulmonar grave da doença hepática crónica, a síndrome hepatopulmonar, na qual a oxigenoterapia pode proporcionar alívio sintomático e retardar a progressão da doença, sendo o transplante hepático a única abordagem com potencial curativo. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
69 | Mariana | Lagarto | OUTRAS | ULS Coimbra | M Lagarto, J Couto, E Paiva, T Pais, C Rodrigues | Traqueobroncomalácia como causa rara de dispneia refratária num adulto com doença pulmonar obstrutiva crónica | A
traqueobroncomalácia (TBM) é uma alteração estrutural da parede
traqueobrônquica que resulta em colapso excessivo da via aérea, especialmente
em expiração. Frequentemente subdiagnosticada, pode simular ou coexistir com
a DPOC. Manifesta-se por dispneia desproporcional à função ventilatória,
tosse crónica, pieira, broncorreia e infeções respiratórias de repetição. O
diagnóstico baseia-se na broncofibroscopia ou TC dinâmica torácica, com
índice de colapsibilidade da via aérea superior a 50%. O tratamento depende
da gravidade, podendo incluir medidas conservadoras, ventilação com CPAP,
intervenções endoscópicas ou cirúrgicas nos casos mais graves. - Homem de 69 anos, ex-fumador, com antecedentes de DPOC GOLD2B, SAOS grave sob CPAP, fibrilhação auricular, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade. Referenciado à consulta hospitalar por dispneia (mMRC 2) refratária à terapêutica otimizada com broncodilatadores de longa duração. Referia também broncorreia crónica e episódios de aspiração alimentar, sobretudo com alimentos sólidos. Teve dois internamentos no último ano por pneumonias de aspiração com insuficiência respiratória tipo 1, necessitando de vários ciclos de antibioterapia e oxigenoterapia. A broncofibroscopia revelou colapso significativo da traqueia e brônquios principais na expiração, sugerindo TBM, confirmada por TC torácica dinâmica com índice de colapsibilidade superior a 60%. O lavado broncoalveolar evidenciou flora bacteriana diversificada. A videofluoroscopia da deglutição foi normal. A função respiratória mostrou síndrome ventilatória obstrutiva moderada sem reversibilidade. A endoscopia digestiva alta revelou lesão subepitelial esofágica, com encaminhamento para Gastrenterologia. Optou-se por terapêutica conservadora: fracionamento das refeições, alimentação triturada, hidratação reforçada, acetilcisteína, controlo de infeções, elevação da cabeceira e CPAP noturno, com melhoria sintomática significativa e ausência de novos episódios de aspiração. - Este caso destaca a TBM como causa rara e subdiagnosticada de dispneia refratária em doentes com DPOC, especialmente quando associada a infeções respiratórias de repetição e aspiração. A suspeita clínica, seguida de confirmação por TC dinâmica e broncofibroscopia, é essencial para o tratamento e prognóstico. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
70 | Maria Jesus | Corbi Cobo-Losey | INTERSTÍCIO | Hospital Universitario de Salamanca | MJ Corbi Cobo-Losey, AG Salazar Palacios, AM Martin Varillas, EC Prieto Maillo, S Rodriguez Tardon, P Torres Piñero, A Gonzalez Rosa, MJ Mora Simon | Enfermedad anti-membrana basal glomerular atípica | Varón
de 39 años bombero forestal, IPA 20. Sin antecedentes personales. Como
antecedente familiar, la madre padece síndrome antisintetasa y
polimiositis. Ingresa en noviembre 2024 por fiebre de 38°C, síntomas catarrales, y hemoptisis leve, sin insuficiencia respiratoria ni repercusión hemodinámica. A la exploración física sin alteraciones cutáneas ni vasculares, no ruidos sobreañadidos en la auscultación. En la radiografía de tórax muestra imágenes compatibles con hemorragia alveolar por lo que se solicita un TC de tórax donde se describen opacidades multifocales en vidrio deslustrado con patrón en árbol en brote distribuidas en ambos campos pulmonares sin condensaciones definidas, confirmando el diagnóstico de hemorragia alveolar. Se realiza broncoscopia donde no se observan signos de sangrado activo con mucosa bronquial preservada. Se realiza lavado broncoalveolar y aspirado bronquial. La microbiología es negativa y la anatomía patológica muestra hemosiderófagos con escasas células epiteliales escamosas y ciliadas sin atipia. Durante su estancia, no realiza nuevos episodios de hemoptisis, pero desarrolla una hematuria asintomática autolimitada, sin deterioro de la función renal y escasa proteinuria. Se realiza panel de autoinmunidad incluyendo; inmunoglobulinas, proteinograma y anticuerpos anti-celulares, anti-fosfolípido, anti-péptido cíclico citrulinado, y anti-vasculitis/glomerulonefritis, siendo negativos. La ecografía del aparato urinario no evidencia alteraciones estructurales y la citología de orina es negativa. Dada estabilidad clínica se da de alta y se sigue el estudio de forma ambulatoria. En consulta externa refiere episodios de micro hematuria autolimitados, se presenta caso en comité multidisciplinar y se decide realizar biopsia renal. En dicha biopsia se observan cambios compatibles con glomerulopatía anti-membrana basal glomerular que además se ve reforzado por la inmunofluorescencia, mostrando depósitos lineales de IgG capilar global y difuso. Advierten que no posee signos de actividad ni otros cambios asociados al síndrome Goodpasture. Debido a estos hallazgos se inicia tratamiento corticoideo en pauta descendente. Posterior a esto el paciente se encuentra asintomático, sin nuevos episodios de hematuria ni hemoptisis. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
71 | Mariana | Antunes | CANCRO | ULSLO | AM Antunes; R Flores; A Soveral; M Seixas; G Lérias; I Madruga | Um padrão atípico, uma doença comum | Introdução:
O Carcinoma de Não Pequenas Células subdivide-se em carcinoma de grandes
células, espinhocelular e adenocarcinoma, o mais comum. Radiologicamente
podem-se manifestar de uma forma muito heterogénea. Apresentamos um caso de
uma alteração do estado de consciência, com uma alteração imagiológica
atípica e pouco comum. Caso Clínico: Homem de 74 anos, trabalhador da construção civil, ex fumador (30 UMAs), abstinente há trinta anos, com antecedentes pessoais de dislipidemia, hipertrofia benigna da próstata e esteatose hepática ligeira. Recorreu ao serviço de urgência por alteração do estado de consciência com um mês de evolução, caracterizado por discurso confuso e alterações mnésicas, de agravamento progressivo, notada por terceiros, sem limitação funcional, com agravamento na semana prévia. Associadamente, perda de peso não intencional (5 kg num mês, 7%) e queixas de toracalgia à direita, intermitente, de intensidade ligeira, autolimitada, sem trauma associado. Analiticamente, sem alterações de relevo. Tomografia computadorizada (TC) cranioencefálica com múltiplas hipodensidades, a maior, cortico-subcortical esquerda. Radiografia torácica com opacidades dispersas em padrão miliar e TC torácica com evidência de incontáveis formações nodulares, adenopatias mediastínicas e hilares direitas, bem como lesões osteolíticas e osteoblásticas da grelha costal. Em internamento, realizou broncofibroscopia com sinais inflamatórios inespecíficos, com lavado broncoalveolar sugestivo de células neoplásicas (“algumas células com anisonucleose; citologia positiva”). Complementou o estudo com TC toracoabdominopélvico com múltiplas lesões focais ósseas, tendo sido submetido a biópsia óssea que confirmou metástase óssea de adenocarcinoma compatível com primário do pulmão, positivo para PD-L1 e com mutação L858R no exão 21 do gene EGFR. Foi proposto para tratamento com inibidores da tirosina cinase EGFR (osimertinib 80mg/dia) e realizou radioterapia cerebral (10 sessões). Conclusão: Apesar do padrão miliar ser uma manifestação rara do carcinoma pulmonar primário, este deve ser sempre considerado uma vez que o atraso no diagnóstico pode ter impacto deletério no prognóstico. O diagnóstico diferencial assenta numa história clínica pormenorizada, nomeadamente com contexto epidemiológico, social e comportamentos de risco. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
72 | Margarida | Martins Guerreiro | CANCRO | ULSLO - Hospital Egas Moniz | MM Guerreiro, C Cristóvão, JM Correia | Simulando aspergiloma: uma apresentação atípica de linfoma pulmonar | Introdução: Massas cavitadas com conteúdo intracavitário são frequentemente atribuídas a aspergilomas, sobretudo em doentes com antecedentes de tuberculose. Contudo, outras etiologias, incluindo neoplasias, devem ser consideradas, especialmente quando a evolução clínica é atípica ou os estudos microbiológicos são negativos. O linfoma pulmonar primário é raro e pode mimetizar infeções fúngicas crónicas, dificultando o diagnóstico precoce. Caso Clínico: Homem de 59 anos, ex-fumador, com tuberculose pulmonar tratada na juventude, realizou TC torácica que identificou cavitação no lobo superior direito com massa interna sugestiva de aspergiloma. Referia tosse seca, hemoptises ocasionais e emagrecimento de 5 kg nos últimos três meses. Não apresentava febre ou suores noturnos. Analiticamente, verificou-se anemia leve e aumento discreto dos marcadores inflamatórios. A serologia para Aspergillus fumigatus mostrou IgG positiva com títulos baixos. A TC Tórax confirmou lesão cavitada com conteúdo denso e o PET revelou captação moderada, sem outras localizações suspeitas. O estudo microbiológico do lavado broncoalveolar foi negativo para agentes infecciosos e células malignas. Perante a persistência clínica e ausência de confirmação laboratorial, realizou-se lobectomia por risco de hemoptise. O exame histopatológico revelou proliferação difusa de células linfóides grandes, com expressão de CD20 e Ki-67 elevado, compatível com linfoma B de grandes células. Não foram encontradas estruturas fúngicas. O doente foi encaminhado para hematoncologia e iniciou tratamento com boa resposta. Conclusão: Este caso destaca a importância de manter uma abordagem diagnóstica abrangente perante lesões cavitadas com imagem típica de aspergiloma. Em contextos sugestivos mas sem confirmação microbiológica, deve-se considerar biópsia ou excisão, uma vez que neoplasias como o linfoma podem simular infeções crónicas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
73 | Nuno | Lopes | CANCRO | ULS Algarve | N Lopes, J Pereira, M Afonso, A Figueiredo | A propósito de um caso de Adenocarcinoma mucinoso com padrão de crescimento lepídico | O
Adenocarcinoma mucinoso com padrão de crescimento lepídico (CBA) é um tipo
raro de adenocarcinoma pulmonar caracterizado pela produção abundante de
mucina e um padrão lipídico de crescimento, preservando a arquitetura
pulmonar. A melhor abordagem terapêutica deste tipo de tumores não está bem estabelecida e pode incluir cirurgia e tratamentos sistémicos. Ao contrário de outros tumores de não pequenas células do pulmão, estão menos associados a disseminação linfática ou metastática. Este caso demonstra a orientação terapêutica de uma jovem com um CBA invasivo. Mulher de 41 anos, antecedentes de pneumonia em 2018 tratada em ambulatório. Por manter tosse produtiva, realizou TC Torácica que revelou extensa área consolidativa heterogénea no LSE e lesões nodulares do LSE e LIE. Realizou biópsia transtorácica a 23/01/23: CBA PD-L1 negativo, Ki67<30%, NGS negativo. Estadiado como T4N0M0 (IIIa). Iniciou Carboplatino, Pemetrexed e Pembrolizumab. Após o 4º ciclo manteve tratamento com pemetrexed e Pembrolizumab até 11/01/2024, altura em que se admitiu progressão da doença por aumento da lesão principal e aumento da dimensão e número de lesões homolaterais, estadio T4N0M0. Iniciou 2ª linha com Docetaxel de 04/04/2024 a 19/06/2024.BTT para repetição de NGS voltou a ser negativo. PET FDG a 25/06/2024 com progressão de todas as lesões e micro-nódulo no segmento anterior do LSD com aumento dimensional relativamente a estudos prévios. Admitiu-se progressão da doença, agora estadio IVa (T4N0M1a). Optou-se por iniciar novamente quimioterapia com Carboplatina e etoposido com início a 09/10/2024 com efeitos adversos, sobretudo supressão medular. Dado tratar-se de uma jovem com doença essencialmente localizada ao campo pulmonar esquerdo, apenas com um micronódulo contralateral com discreta captação, discutiu-se a possibilidade de cirurgia com RT da lesão contralateral. Pneumectomia a 22/11, sem intercorrências. TC Torácica a 16/01/2025 com o aparecimento de dois nódulos no segmento anterior do lobo superior direito, suspeitos de traduzir lesões secundárias. Submetida a SBRT desses nódulos com início a 17/02/2025. Atualmente, clinicamente bem com estabilidade das lesões em TC de 14/05/2025. Este caso com evolução atípica destaca as diferentes abordagens terapêuticas que podem ser usadas neste tipo de tumores |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
74 | Natalina Nunes | Varandas | INTERSTÍCIO | ULS São João - Porto | NN Varandas, IV Bessa, A Lima, N Melo, MT Boncoraglio, FV Machado, PC Mota | Doença pulmonar intersticial na miopatia inflamatória: relevância dos autoanticorpos no diagnóstico e caracterização da doença | Introdução:
As miopatias inflamatórias (MI) constituem um grupo heterogéneo de doenças
autoimunes que afetam primariamente o músculo com possibilidade de
envolvimento de múltiplos órgãos. A doença pulmonar intersticial (DPI) é uma
manifestação extramuscular frequente e potencialmente grave. A detecção de
autoanticorpos específicos de miosite ou associados a miosite, presentes em
mais de 80% dos doentes, constituem uma ferramenta de diagnóstico e
estratificação da DPI nas MI, mesmo na ausência de doença muscular
evidente. Caso Clínico: Descreve-se o caso de uma mulher, 68 anos, ex-trabalhadora na confeção têxtil, seguida em Pneumologia por DPI em estudo. Não apresentava sinais e sintomas de doença autoimune e patologia muscular. Do estudo efetuado a destacar: TC de alta resolução com padrão de NSIP-like, lavado broncoalveolar com neutrofilia e eosinofilia, provas de função respiratória compatíveis com síndrome ventilatório restritivo ligeiro e DLCO diminuída, autoimunidade com título de ANAs ligeiramente elevado e fator reumatóide positivo. Fez criobiópsia com achados compatíveis com pneumonia intersticial fibrosante, mantendo vigilância (diagnóstico provisório de pneumonia intersticial com características auto-imunes). Posteriormente, foi iniciado estudo para avaliar a possibilidade de doença imunomediada a integrar a patologia pulmonar pelo que foi expandido o estudo imunológico com painel de miosites, onde se documentou positividade para anti-SRP, anti-Ro52, anti-Mi-2β. Analiticamente com elevação significativa da aldolase. Fez RMN corporal a mostrar edema difuso das massas musculares do membro inferior esquerdo, sem significativa atrofia ou infiltração adiposa, em provável relação com miopatia inflamatória. Decidida a realização de biópsia muscular que mostrou alterações compatíveis com miopatia inflamatória necrotizante. Deste modo, foi assumido diagnóstico de DPI fibrosante associada a doença do tecido conjuntivo. Conclusão: O caso ilustra que é crucial o conhecimento do perfil serológico pormenorizado da MI em doentes com DPI de causa não esclarecida. Atualmente, é amplamente reconhecido que os autoanticorpos circulantes podem auxiliar no diagnóstico e caracterização da DPI e a sua integração com a clínica e achados imagiológicos constitui uma ferramenta crucial na orientação clínica. |
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75 | Natalina Nunes | Varandas | CANCRO | ULS São João - POrto | NN Varandas, AT Alexandre, J Pinto, A Araújo, AR Santos, FV Machado, C Sousa | Pneumonite induzida por osimertinib: reação adversa rara mas potencialmente grave | Introdução:
Os avanços moleculares no cancro do pulmão de não pequenas células permitiram
a incorporação de terapêuticas alvo no tratamento, nomeadamente os inibidores
de tirosina-quinase (TKIs) do receptor de fator de crescimento epidérmico
(EGFR), como uma estratégia eficaz. O osimertinib tem eficácia superior
quando comparado com outros TKIs, apresentando, de forma geral, um perfil de
segurança favorável. Entre 1 a 4% dos casos pode surgir pneumonite induzida
pelo fármaco, cuja patogénese permanece incerta e o diagnóstico representa um
desafio dada a inespecificidade dos sintomas. Caso clínico: Relata-se o caso de um homem, 69 anos, com adenocarcinoma pulmonar estádio IVb, (PD-L1 de 30-40%, NGS mutação c.2573T>G p.(Leu858Arg), no exão 21 do gene EGFR), tratado em 1ª linha com osimertinib em associação a quimioterapia (dupleto de platina com pemetrexedo). Foi internado por suspeita de pneumonia adquirida na comunidade com insuficiência respiratória hipoxémica. Ao 4º dia de internamento, verificou-se agravamento clínico com acidemia respiratória e necessidade de admissão no serviço de medicina intensiva (SMI) para instituição de VNI. Na avaliação imagiológica, observaram-se opacidades em vidro despolido pelo que foi colocada a hipótese de pneumonite associada à terapêutica anti-neoplásica. O fármaco foi suspenso e iniciou-se corticoterapia em alta dose. Durante o tempo de permanência no SMI, diagnosticado tromboembolismo pulmonar de novo e insuficiência cardíaca descompensada. Observou-se melhoria das trocas gasosas, da dinâmica respiratória e das alterações imagiológicas em vidro despolido em ambos os pulmões. Foi assumida pneumonite associada ao osimertinib. À data da alta, queixas de dispneia em esforço, sob corticoterapia em desmame e prescrição de O2 de deambulação. A melhoria clínica permitiu a restituição de quimioterapia com pemetrexedo, que mantém até ao momento. Conclusão: Este caso ilustra a complexidade diagnóstica da pneumonite induzida por terapêuticas alvo, sobretudo perante a presença de manifestações clínicas e radiológicas inespecíficas. Sublinha ainda a importância da identificação precoce da toxicidade pulmonar induzida por TKIs, suspensão precoce do fármaco e o início atempado de corticoterapia, medidas estas essenciais para evitar desfechos desfavoráveis. |
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76 | João Nuno | Mascarenhas | CANCRO | Hospital Nossa Senhora do Rosário, Barreiro | JN Mascarenhas, A Ribeiro, JT Felgueiras, J Diogo, H Marques, C Alves, MJ Simões | Vigilância ou biópsia? - série de casos de nódulo pulmonar | Introdução:
Os nódulos pulmonares constituem uma entidade cada vez mais prevalente e mais
precocemente detectada, dado o crescente acesso à tomografia computorizada
(TC). O diagnóstico diferencial é extenso e a abordagem nem sempre é linear.
Nos doentes com fatores de risco para neoplasia, esta é tendencialmente mais
agressiva, sendo, no entanto, essencial considerar o risco de cada
intervenção diagnóstica. Casos Clínicos: Caso 1: Homem de 69 anos, ex-fumador (50 UMA), é observado em consulta de Pneumologia 2 meses após ida ao Serviço de Urgência por quadro de dispneia e hemoptises, onde foi realizada TC Tóracica (TC-T), que revelou nódulo espiculado com 14mm no lobo inferior esquerdo. Dado os antecedentes do doente e aspeto imagiológico do nódulo, foi pedida broncoscopia com navegação electromagnética para avaliação histológica. Neste contexto, realizou broncofibroscopia virtual duas semanas depois, na qual já não era visualizado o nódulo na localização em causa. Manteve vigilância, com novas TC realizadas aos 6 e 12 meses, sem alterações de novo. Caso 2: Mulher de 63 anos, ex-fumadora (30 UMA), seguida em consulta de Pneumologia por DPOC, com enfisema grave e necessidade de oxigenoterapia de deambulação. Realizou TC Tórax em contexto de vigilância de micronódulo pulmonar sólido de 8mm, no lobo inferior direito (LID). O micronódulo encontrava-se estável aos 6 meses. No entanto, verificou-se lesão de novo com 25mm e de contornos irregulares no LID. Dado presença de enfisema grave e insuficiência respiratória, optou-se por avaliação com PET-TC previamente a quaisquer exames invasivos. Esta foi realizada um mês depois, revelando redução das dimensões da lesão, que apresentava SUVmáx=1,4. Realizou TC-T de reavaliação 3 meses depois, que mostrou resolução quase completa da lesão nodular do LID. Conclusão: Estes casos evidenciam as dificuldades associadas à abordagem dos nódulos pulmonares, já que os doentes com elevado risco de neoplasia são frequentemente aqueles que simultaneamente apresentam maior risco de iatrogenia. É importante manter sempre em mente as outras etiologias de nódulos pulmonares, nomeadamente infeciosas, e ponderar a reavaliação imagiológica precoce nos doentes com risco/benefício desfavorável à realização de exames invasivos. |
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77 | Patrícia | Romão | SONO E VENTILAÇÃO | Hospital Vila Franca de Xira | ULS Estuário do Tejo | P Romão, C Couto, S Alves, J Borges, M Drummond | Síndrome de Joubert: o desafio do sono numa doença rara | Introdução: A Síndrome de Joubert é uma doença genética rara do neurodesenvolvimento, associada a malformações do tronco cerebral e vermis cerebeloso. A apresentação clínica é heterogénea, podendo incluir distúrbio respiratório central, nomeadamente apneia do sono, cuja abordagem terapêutica permanece pouco definida devido à raridade da condição. Caso Clínico: Sexo masculino, com diagnóstico clínico de Síndrome de Joubert aos 31 anos – hipoplasia renal esquerda, sinal do “dente molar” em RM encefálica, episódios de apneia/taquipneia, estrabismo, dismorfismo facial e história familiar positiva (irmã com o mesmo diagnóstico; pais consanguíneos). Outros antecedentes relevantes: asma, cifoescoliose com pectus carinatum, atraso cognitivo, baixa estatura e macroglossia. Encaminhado para consulta de Pneumologia em 2009 por episódios de apneia do sono testemunhados pelos pais. A primeira polissonografia tipo III (2014) revelou apneia do sono grave (IAH 46/h), sem monitorização do esforço respiratório por ausência de bandas de esforço/indutância, impedindo a diferenciação entre eventos obstrutivos e centrais. Dada a presença de padrão respiratório irregular semelhante em vigília (taquipneia e/ou apneia episódica), ausência de hipersonolência e CO₂ transcutâneo normal, optou-se por vigilância clínica anual. Em 2018, a repetição da polissonografia demonstrou manutenção da apneia do sono grave (IAH 43,8/h), com predomínio de eventos centrais (72,6%), hipoxemia ligeira (T90 4,6%) e elevação do CO₂ transcutâneo diurno para 43 mmHg, já com sintomatologia compatível. Iniciou-se ventilação não invasiva em modo binível nocturno, com resolução dos eventos respiratórios, melhoria clínica e correção da hipercapnia. Conclusões: Este caso ilustra a relevância do seguimento prolongado em doenças genéticas raras com manifestações respiratórias centrais. A evolução do quadro reforça a necessidade de reavaliação clínica e polissonográfica periódica e demonstra a eficácia da ventilação não invasiva na apneia central do sono, mesmo em contextos de disfunção neurológica estrutural. |
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78 | Patrícia | Santos | INTERSTÍCIO | Unidade Local de Saúde de Santa Maria - Hospital de Santa Maria | PG Santos¹, P Esteves¹, RP Câmara¹, C Durão¹, L Mendes¹, P Pinto¹ | Letrozol e o pulmão: quando o tratamento se torna complicação | Introdução:
Letrozol é um inibidor da aromatase usado no tratamento do cancro da mama
positivo para recetores hormonais em mulheres pós-menopáusicas. A toxicidade
pulmonar a letrozol é rara, exigindo um diagnóstico diferencial adequado.
Caso clínico: Mulher, 76 anos, ex-fumadora (50 UMA) com DPOC GOLD 2E e adenocarcinoma da mama metastizado, submetida a cirurgia e quimioterapia em 2017 com recidiva ganglionar e pulmonar em 2022. Sob letrozol há 4 meses. No mês prévio à admissão desenvolveu tosse produtiva (expetoração mucosa), dispneia e cansaço, sem febre. Iniciou empiricamente amoxicilina-ácido clavulânico e levofloxacina. Por agravamento clínico, passados 5 dias, realizou TC torácica que mostrou extensas áreas em vidro despolido bilaterais, espessamento septal e consolidações periféricas e peribroncovasculares. Foi internada admitindo-se pneumonia atípica e medicada com piperacilina-tazobactam, azitromicina, cotrimoxazol e corticoterapia. Exames microbiológicos e serológicos negativos. Teve alta após 16 dias, em desmame de corticoterapia (prednisolona 10 mg), com oxigénio suplementar (2L/min). Re-internada 2 dias depois por agravamento da dispneia e hipoxemia. A angio-TC torácica revelou agravamento imagiológico com padrão “crazy paving”, sugestivo de pneumonia organizativa induzida por fármacos. Realizou broncofibroscopia, LBA com predomínio de células mononucleadas (macrófagos 53%), microbiologia, pesquisa de Galactomanan e exame citológico do LBA negativas. Suspendeu-se o letrozol sendo substituído por fulvestrant e iniciou-se metilprednisolona 80 mg/dia, sem antibioterapia. Verificou-se melhoria clínica progressiva, sendo possível posterior transferência para unidade de reabilitação respiratória. Conclusão: A toxicidade pulmonar a fármacos deve ser considerada perante sintomas respiratórios persistentes, ausência de agente infecioso identificado e de resposta a antibioterapia. A pneumonia organizativa por letrozol é uma manifestação rara, potencialmente grave de toxicidade pulmonar. A identificação precoce, baseada na correlação de dados clínicos, imagiológicos e histológicos, se disponíveis, é essencial para orientação e prevenção de complicações. A suspensão do fármaco e a corticoterapia podem levar à resolução, salientando a importância da vigilância ativa em doentes sob letrozol. |
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79 | Paula | Teixeira Pinto | CANCRO | Serviço de Pneumologia - ULS Algarve, Unidade de Faro | PT Pinto, D Neves, U Brito | Uma localização rara de metástase de Adenocarcinoma do Pulmão | Introdução:
As metástases tiroideias com origem no adenocarcinoma do pulmão são
extremamente raras, com uma incidência de 0.1%. Caso Clínico: Mulher de 76 anos, não fumadora, doméstica. Antecedentes de neoplasia da mama esquerda em 1995 e da mama direita em 2005, submetida a quimioterapia e radioterapia. Em Dezembro de 2018 apresentava tosse seca persistente com 6 meses de evolução. Por elevação do CEA (7.6 ng/ml), realizou TC toracoabdominal, que revelou uma massa paramediastínica (40x40x30 mm) infra-hilar direita, um nódulo sólido de 5 mm no mesmo lobo e bócio nodular direito. Realizou biópsia por broncofibroscopia cujo exame histológico revelou um adenocarcinoma do pulmão, PDL1 20%. Foi submetida a lobectomia inferior direita na qual se observou invasão da pleura pelo adenocarcinoma a 1 mm do coto brônquico, estadiado como cT2bN0. Realizou quimioterapia adjuvante com carboplatina e pemetrexede, seguida de radioterapia que foi interrompida por esofagite rádica grave, tendo ficado com ligeira disfagia permanente. Após 5 anos de follow-up sem recidiva, foi detetado um foco hipermetabólico no polo superior direito da tiroide numa PET TC 18F-FDG. A biópsia aspirativa do nódulo foi inconclusiva. Realizou tiroidectomia total e a histologia da peça operatória revelou nódulo no lobo direito correspondente a neoplasia de padrão papilar e glandular com morfologia sugestiva de metástase de adenocarcinoma com expressão de CK7 e TTFI, negativa para CK20, GATA3 e sinaptofisina. O estudo imunohistoquímico adicional revelou PAX8 negativo, favorecendo o diagnóstico de metástase de adenocarcinoma do pulmão, estadio pT1a(m). Após a identificação da mutação do gene EGFR no exão 19, iniciou Osimertinib com boa tolerância e sem evidência de recidiva há 10 meses. Conclusões: As metástases da tiroide com origem no adenocarcinoma do pulmão podem surgir meses ou anos após o seu diagnóstico. As semelhanças microscópicas e imunohistoquímicas com o carcinoma papilar da tiroide podem dificultar a sua distinção. |
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80 | Pedro | Catarino Varandas | MICOBACTERIAS | Unidade Local de Saúde de Santa Maria | PC Varandas, R Oliveira, D Organista | Uma hemiparésia com atingimento pulmonar | Introdução:
A tuberculose disseminada define-se pelo atingimento de 2 ou mais órgãos não
contíguos, correspondendo a uma forma de doença relativamente rara e que
atinge principalmente crianças ou imunocomprometidos. Caso Clínico: Mulher de 67 anos, natural da Guiné-Bissau, a residir em Portugal há cerca de 30 anos, sem antecedentes de relevo, que recorre ao Serviço de Urgência (SU) por quadro com meses de evolução de lombalgia com irradiação para os membros inferiores, associada a diminuição de força muscular no hemicorpo esquerdo, maioritariamente a nível do membro inferior esquerdo. Agravamento significativo do quadro nas 24h que precedem a ida ao SU com incapacidade para a marcha. À observação, com hemiparésia esquerda de predomínio crural, para além de acessos de tosse seca desvalorizados pela doente. Quando questionada, refere queixas arrastadas de tosse, perda ponderal não quantificada, febre vespertina e hipersudorese noturna. Analiticamente com elevação de LDH e PCR, com PCR VIH negativo. Telerradiografia de tórax com hipotransparência no lobo superior esquerdo. Posteriormente, realizou tomografia computorizada (TC) de tórax que identificou: opacidades micronodulares com áreas de confluência e consolidação multifocais com disseminação endobrônquica, além de esboço de cavitação no lobo superior esquerdo. Foi ainda submetida a estudo com TC de neuro-eixo complementada com ressonância magnética que deteta disseminação granulomatosa a nível encefálico, lesão expansiva na região fronto-parietal direita e espondilodiscite em L3-L4. Por elevada suspeita de tuberculose, a doente foi submetida a exame micobacteriológico de expectoração, com exame direto positivo, iniciando terapêutica antibacilar com isoniazida, rifampicina, pirazinamida e etambutol, com suplementação com piridoxina e internamento posterior. Conclusão: Este caso demonstra a importância de considerar a tuberculose como uma doença sistémica, com variadas apresentações extrapulmonares, e cujo diagnóstico nem sempre é linear, exigindo um elevado nível de suspeição de modo a permitir diagnóstico precoce e início de tratamento dirigido. |
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81 | Pedro | Almeida | PLEURA | Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro | PV Almeida, A Andrade, B Rodrigues, G Teixeira, L Andrade | Pleurodese com Sangue Autólogo: entre evidência e pragmatismo | Introdução:
A pleurodese com sangue autólogo tem sido descrita como uma opção terapêutica segura e eficaz para fuga aérea persistente. No entanto, a sua aplicação clínica permanece limitada pela ausência de orientações formais para o procedimento. Apresentaremos dois casos clínicos distintos nos quais esta técnica foi utilizada com sucesso. Descrição: Caso 1: Mulher de 57 anos recorre ao serviço de urgência (SU) por dispneia e dor torácica pleurítica. Tem antecedentes de carcinoma da mama tratado com cirurgia, quimioterapia e radioterapia sete anos antes da admissão. A radiografia e Tomografia Computorizada (TC) torácicas evidenciaram um derrame pleural direito extenso. Foi decidida colocação de dreno torácico, após a qual se verificou fuga aérea persistente. A TC de reavaliação mostrou pneumotórax e densificações parenquimatosas suspeitas de lesões secundárias. Optou-se por realizar pleurodese com sangue autólogo (cerca de 150 mL), com resolução completa da fuga aérea. A doente teve alta sem outras intercorrências. Caso 2: Mulher de 79 ano, com antecedentes de pneumonite de hipersensibilidade fibrótica, recorre ao SU por dispneia. Foi identificado pneumotórax esquerdo na radiografia torácica, tendo sido colocado um dreno torácico, com fuga aérea persistente após colocação. Inviabilizada a abordagem cirúrgica, realizaram-se duas tentativas de pleurodese com sangue (com 50 mL e 60 mL), sem sucesso. Uma terceira tentativa, com 120 mL, resultou em resolução completa da fuga aérea. A doente teve alta com resolução do pneumotórax. Conclusão: A pleurodese com sangue autólogo revela-se uma estratégia eficaz e com um perfil de segurança favorável no tratamento da fuga aérea persistente, sobretudo em doentes não elegíveis para intervenção cirúrgica. Deve ser considerada precocemente no algoritmo terapêutico, e não apenas como medida de último recurso. São necessárias recomendações formais quanto à sua aplicação ideal. |
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82 | Pedro | Almeida | TÉCNICAS | Unidade Local de Saúde da Região de Aveiro | PV Almeida, DC Oliveira, A Andrade, V Fernandes, B Rodrigues | Um dreno "intrabolhoso" - um caso clínico | Introdução:
As áreas de enfisema bolhoso apresentam um risco de infeção com formação de material purulento, um diagnóstico que se pode tornar desafiante pelas dificuldades de acesso e controlo de foco infeccioso. A colocação de um dreno guiada por Tomografia Computorizada (TC) ou ecografia surge como uma estratégia terapêutica promissora para o manejo destas complicações. Descrição: Um doente do sexo masculino, de 63 anos, dá entrada no Serviço de Urgência (SU) com quadro de dispneia e febre com 1 dia de evolução. O doente tem antecedentes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica de predomínio enfisematoso, já proposto para bulectomia direita, com contraindicação cirúrgica por estenose aórtica severa (a aguardar substituição de válvula). Os exames laboratoriais realizados no SU revelaram aumento de parâmetros inflamatórios (leucocitose com neutrofilia, Proteína-C-Reativa 4.43 mg/dL) com insuficiência respiratória do tipo 1. Realizou TC torácica para esclarecimento do quadro, que revelou preenchimento de regiões bolhosas à direita, a condicionar atelectasia do parênquima adjacente. O doente iniciou antibioterapia com Meropenem por história de infeção prévia e foi internado para continuação de cuidados. Por manutenção de febre, foi decidida a colocação de um dreno tipo Rocket para evacuação do conteúdo purulento da bolha, com auxílio do ecógrafo. O dreno exteriorizou-se acidentalmente passado dois dias, tendo-se colocado novo dreno, desta vez do tipo Pigtail. Não foram identificados microrganismos nas pesquisas microbiológicas do líquido pleural. A TC tórax de reavaliação evidenciava redução volumétrica da coleção. O doente fez lavagens pelo dreno diariamente e cumpriu 21 dias de Meropenem, tendo apresentado boa evolução clínica, analítica e radiológica. O dreno foi removido e o doente teve alta para o domicílio. Conclusões: A colocação de drenos intraparenquimatosos é uma opção terapêutica com pouca evidência científica. Este caso clínico pretende demonstrar que a utilização de drenos "intrabolhosos" em casos específicos poderá ser uma opção segura e eficaz. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
83 | Ana Rita | Fernandes | CANCRO | Unidade Local de Saúde Algarve, Hospital de Faro | A Fernandes, C Guerreiro, I Ruivo, U Brito | Doença neoplásica, mas será do pulmão? | Introdução A pneumonia extensa, desencadeia um estudo alargado, permitindo não raramente, o diagnóstico de entidades mais complexas e particulares. Descrição de Caso Clínico Mulher de 59 anos, não fumadora, sem antecedentes relevantes. Recorre ao SU a 10/06/2024 por febre, tosse seca, toracalgia pleurítica na face anterior do hemotórax direito, anorexia a astenia com 24h. Ao exame objetivo Ttimp 38ºC, polipneia e auscultação pulmonar com murmúrio vesicular diminuído na base esquerda com broncofonia. GSA pO2 58,6 mmHg. Analiticamente leucócitos 16900 com neutrofilia, PCR 283mg/dL, VIH negativo. Radiografia torácica hipotransparências na metade inferior campo pulmonar esquerdo e base campo pulmonar direito. Teste COVID-19 positivo. Foi internada na Pneumologia por Pneumonia Adquirida na Comunidade, Infeção COVID-19 e Insuficiência Respiratória Parcial, tendo iniciado ceftriaxona e azitromicina e dexametasona. Do estudo inicial hemoculturas positivas para MRSA que implicaram alteração de antibioterapia para linezolide e metronidazol (14 dias) e protocolo de descontaminação. Evolução clínica e laboratorial favorável, contudo identificado pico monoclonal IgG/lambda e sem melhoria imagiológica. TC torácica (18/06/2024) revelou consolidações com broncograma aéreo no lobo inferior esquerdo (LIE) e segmento anterior do lobo inferior direito (LID) [com áreas líquidas intrínsecas]. Realizou broncoscopia a (25/06/2024) que mostrou edema da mucosa na entrada da divisão superior e na entrada do segmento apical do brônquio lobar inferior esquerdo, cujas biopsias revelaram neoplasia maligna pouco diferenciada (CD45+, TTF1-, p40-, CD56-). PET-TC (12/07/2024) hipercaptação anómala em condensações do LIE (SUV 7,5) e do LID (SUV 12,3). Teve alta ao 35º dia de internamento, medicada com naproxeno fixo por manutenção de hipertermia. Efetuou biópsia transtorácica em ambulatório que revelou infiltração por celularidade B (CD45+, CD20+), sugerindo doença linfoproliferativa. Conclusões Em quadros clínicos semelhantes à pneumonia, a sua evolução determina a decisão de prosseguir com a investigação, especificamente se a “pneumonia” se apresenta de forma arrastada. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
84 | Ana Rita | Fernandes | CANCRO | Unidade Local de Saúde Algarve, Hospital de Faro | A Fernandes, C Guerreiro, U Brito | Síndrome Paraneoplásica – Um indício de desenvolvimento de doença | Introdução A síndrome paraneoplásica pode apresentar-se através de alterações neurológicas e constituir a primeira manifestação de uma neoplasia pulmonar. Descrição de Caso Clínico Mulher de 63 anos, ex-fumadora há 10 anos (30 UMA), múltiplos antecedentes neoplásicos, nomeadamente, carcinoma endometrióide do ovário em 2008 (submetida a cirurgia e QT), carcinoma epidermóide do pulmão [Pancoast à esquerda] em 2013 (estadio IIB, efetuou RT+QT neoadjuvante cisplatino+etopósido, cirurgia e QT adjuvante cisplatino+vinorrelbina), adenocarcinoma do pulmão direito em 2021 (estadio IA/II [pT1b], submetida a segmentectomia do LSE, QT adjuvante carboplatino+pemetrexed). Em 2021 quadro de perda de sensibilidade no pé direito com evolução bilateral na semana seguinte, parestesias com progressão ascendente até à cintura pélvica, sem alteração de esfíncteres. Foi internada na Neurologia, ao exame físico apresentava hipostesia álgica até ao joelho, marcha atáxica, Romberg+ e arreflexia miotática. Eletromiografia revelou polineuropatia sensitiva axonal distal, simétrica, de tipo dependente do comprimento, moderada-grave. Serologias infeciosas, anticorpos antineunonais e estudo de autoimunidade negativos. TC e RM neuro-eixo sem alterações. Tendo sido diagnosticada polineuropatia secundária a QT. Em 2023 é reavaliada em Consulta de Neurologia, e no estudo do LCR é identificado aumento de IgG intratecal e anticorpos antineuronais CV2 fortemente positivos, favorecendo o diagnóstico de síndrome paraneoplásica. Concomitantemente surge novo carcinoma epidermóide da nasofaringe (estadio II, realizou RT+QT com cisplatino). Não obstante do tratamento em curso iniciou também imunoglobulina endovenosa, com discreta melhoria. Contudo, houve resolução neoplásica, mas manutenção da síndrome paraneoplásica. Em 2024 em Consulta de Pneumologia Oncológica, TC-Tórax identificou aumento de adenopatia hilar direita (16->24mm), PET-TC confirmou lesão única, tendo sido abordada por EBUS, que veio a revelar carcinoma pulmonar de pequenas células (TxN2M0), de momento, sob RT+QT (Carboplatino+Etopósido). Conclusões A síndrome paraneoplásica é frequentemente associada à neoplasia pulmonar, particularmente, ao carcinoma pulmonar de pequenas células, podendo surgir cerca 2 anos antes do diagnóstico. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
85 | Sara | Ferreira | ASMA | ULS Médio Tejo | SP Ferreira, E Almeida, JM Silva | Consequências da corticoterapia sistémica crónica - a propósito de um caso clínico | Introdução A disponibilização dos corticosteroides sistémicos veio proporcionar um tratamento eficaz no controlo sintomático e exacerbações da asma. Contudo, a sua utilização generalizada rapidamente levou ao reconhecimento de que, a longo prazo, estão associados a eventos adversos significativos. Apesar da introdução de estratégias de tratamento atualizadas e da terapêutica biológica na asma, estudos revelam que a corticoterapia sistémica continua a ser utilizada frequente e excessivamente. Caso Clínico Homem, 44 anos, mecânico. Antecedentes de asma, medicado com budesonida 400mg+formoterol 12µg, aminofilina 225mg e deflazacort 15mg há vários anos. Internado no serviço de Pneumologia por pneumonia adquirida na comunidade e insuficiência respiratória parcial. À data de alta, foi otimizado tratamento, com início de terapêutica inalatória tripla e antagonista dos recetores dos leucotrienos, sendo referenciado para a consulta de asma grave. Realizou provas de função respiratória (FEV1 28%, FeNO 33ppb) e estudo analítico (eosinofilia de 410/µL, IgE total 67kUIgE/L e Phadiatop negativo). Mediante a apresentação de uma asma eosinofílica não alérgica grave, foi proposto para terapêutica biológica com anti-interleucina 5 (mepolizumab). Após iniciar biológico, o doente referiu melhoria clínica significativa, com diminuição do número de exacerbações. Iniciou-se tentativa de redução de corticoide oral, não sendo possível suspender por apresentar insuficiência da suprarrenal (cortisol indoseável <0.8µg/dL), consequência do tratamento prolongado com corticoterapia. De facto, o doente apresentava sinais compatíveis com efeitos secundários associados aos corticoides, nomeadamente hiperpigmentação da pele e fragilidade capilar. Além disso, foram solicitados exames complementares de diagnóstico para avaliar outros possíveis efeitos secundários, tendo o estudo osteodensitométrico revelado osteoporose com elevado risco de fratura. Conclusões Os autores apresentam este caso com o intuito de alertar para os efeitos secundários associados à corticoterapia de longa duração. Efetivamente, trata-se de um doente jovem, que apresenta consequências graves, como é o caso da osteoporose e da insuficiência da suprarrenal. Atualmente, dispomos de várias opções de terapia biológica, que devem ser consideradas e iniciadas de forma atempada. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
86 | Sara | Costa | PLEURA | Unidade Local de Saúde de Matosinhos | S Costa, M Abreu, R Pereira, MJ Moura, J Lourenço, AL Costa, H Pereira, D Reis, J Amado | Derrame pleural - dois desfechos inesperados | Introdução:
A análise do líquido pleural (LP) é um pilar no diagnóstico das doenças
pleurais, contudo existem situações em que as suas características não são
sugestivas do diagnóstico final. Caso1:Homem, 86 anos, internado por sépsis secundária a pneumonia e derrame pleural (DP) esquerdo. O LP era exsudativo, com predomínio de polimorfonucleares (PMN), sem isolamentos microbiológicos e citologia negativa. Assumido DP parapneumónico com resolução após antibioterapia empírica. Três meses depois, novo internamento por recidiva do DP esquerdo; o LP manteve as características prévias. Prosseguiu-se estudo com tomografia computorizada que revelou densificações suprajacentes à hemicúpula diafragmática esquerda. A biópsia transtorácica mostrou pleurite fibrosante crónica. Dada a indefinição diagnóstica, realizou toracoscopia médica que evidenciou pleura diafragmática irregular e espessamento difuso da pleura costal com lesões nodulares milimétricas, irregulares e duras, compatíveis com mesotelioma maligno epitelióide. Iniciou tratamento com nivolumab/ipilimumab. Caso2:Homem, 76 anos, antecedentes de carcinoma epidermoide do pulmão, sob durvalumab de consolidação. Durante o seguimento, identificado DP direito recidivante com LP com critérios de exsudado, predomínio de mononucleares, citologia negativa e sem isolamentos microbiológicos. Optou-se por vigilância clínica, verificando-se melhoria do DP. Dois anos depois apresentou quadro de dispneia, tosse mucopurulenta, febre, PCR elevada e radiografia torácica com hipotransparência sugestiva de DP loculado à direita. O LP apresentava pH 7.05 e glicose 37mg/dL, sendo assumido DP complicado, colocado dreno torácico e iniciada de antibioterapia empírica. O LP tinha características de exsudado, predomínio de PMN, ADA 62U/L, exame direto micobacteriológico positivo e PCR Mycobacterium tuberculosis complex positiva. Foi isolada Moraxella catarrhalis na expectoração. Assim, diagnosticada tuberculose pleural com infeção bacteriana concomitante, iniciados antibacilares e mantida antibioterapia, com evolução favorável. Conclusão: Estes casos ilustram a complexidade do diagnóstico diferencial do DP, especialmente quando os dados do LP não apontam diretamente para a etiologia. A monitorização, evolução clínica e o alargamento do estudo foram cruciais para o diagnóstico definitivo. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
87 | Sofia | Botelho Teixeira | INFEÇÃO | ULS COIMBRA | S Botelho Teixeira, J Oliveira Pereira | Actinomicose pulmonar: um desafio diagnóstico | Introdução
A actinomicose pulmonar é uma infeção rara e constitui um desafio diagnóstico, dada a mimetização de outras patologias infeciosas e neoplásicas, e a difícil identificação cultural deste género de bactérias anaeróbias de crescimento lento. Caso clínico Sexo feminino, 51 anos, ex-fumadora, com antecedentes de asma e neoplasia da mama, referenciada ao serviço de urgência (SU) por TC-torácica revelando massa do lobo superior do pulmão direito (LSD) sugestiva de malignidade. Apresentava quadro de sudorese noturna profusa, febrícula vespertina, perda ponderal, astenia e dispneia com um mês de evolução. Ao exame objetivo não apresentava alterações de relevo e o estudo analítico realizado no SU demonstrou-se normal. Após referenciação a consulta, realizou PET-CT que confirmou a presença de massa espiculada justa pleural do LSD com 30x37 mm e de uma adenopatia broncohilar direita, ambas hipermetabólicas e suspeitas de etiologia maligna, bem como de uma lesão lítica da omoplata com discreta captação de 18F-FDG. Realizou videobroncofibroscopia (VBF), biópsia transtorácica (BTT), biópsia óssea e citologia aspirativa por ecoendoscopia brônquica (EBUS), sem identificação de células neoplásicas ou microorganismos nas amostras. Após discussão multidisciplinar, repetiu PET, BTT e biópsia óssea, que revelaram, respetivamente, redução dimensional e metabólica da lesão pulmonar e histologias compatíveis com pneumonia organizativa e um provável endocondroma/condrossarcoma da omoplata. A repetição de VBF revelou aspirado brônquico com flora microbiana abundante e características citológicas sugestivas de infeção por Actinomyces. Apurou-se a história de granuloma dentário, procedendo-se à extração da peça dentária em causa. A doente iniciou antibioterapia com amoxicilina e ácido clavulânico, que cumpriu durante 4 meses, com resolução dos sintomas e melhoria imagiológica. Conclusões A actinomicose pulmonar permanece um desafio diagnóstico pela inespecificidade da apresentação clinico-imagiológica e a baixa sensibilidade do estudo microbiológico. O tratamento prolongado com antibioterapia, tipicamente penincilina ou betalactâmico, por semanas a meses após a resolução dos sintomas é essencial para a resolução do quadro e prevenção de recidivas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
88 | Sofia | Botelho Teixeira | OUTRAS | ULS COIMBRA | S Botelho Teixeira, J Oliveira Pereira | Agenesia unilateral da artéria pulmonar | Introdução
A agenesia unilateral da artéria pulmonar (AUAP) é uma malformação rara, podendo associar-se a malformações cardíacas, nomeadamente arco aórtico direito (AAD). A idade ao diagnóstico é bimodal, ocorrendo na infância ou em idade adulta, e a apresentação clínica variada, desde assintomática até hemoptise massiva. Caso clínico Sexo masculino, 21 anos, sem antecedentes pessoais ou familiares de relevo, recorreu ao serviço de urgência (SU) por tosse de início súbito, epistáxis anterior e hemoptises de volume aproximado a 200 mL (1 copo). Apresentava hábitos alcoólicos compatíveis com binge drinking e era consumidor de cigarro eletrónico há 2 meses. À auscultação apresentava fervores no hemitórax esquerdo e sibilos bilaterais. No SU realizou angioTC-torácica. que revelou AUAP, AAD, redução do volume do pulmão esquerdo, desvio do mediastino ipsilateral e pulmão direito vicariante. Por ecocardiograma confirmou-se AAD e redução do fluxo venoso pulmonar à esquerda. Analiticamente não apresentava alterações de relevo. Durante o internamento apresentou vários episódios de hemoptise de volume moderado. Realizou videobroncofibroscopia (VBF), interrompida por hemorragia ativa grave proveniente da árvore brônquica esquerda, optando-se pela realização de arteriografia brônquica terapêutica, com embolização da artéria brônquica esquerda e objetivação de anastomose desta com ramos da artéria pulmonar. Nos dois dias seguintes, apresentou vários episódios de hemoptise de moderado e grande volume, tendo realizado nova arteriografia brônquica que mostrou dilatação marcada das artérias intercostais posteriores esquerdas e da artéria brônquica esquerda, tendo-se procedido à sua embolização. Por hemoptises refratárias a esta terapêutica, após discussão com equipa cirúrgica, foi submetido a pneumectomia esquerda sem intercorrências. Conclusões A hemoptise grave é uma complicação tardia da AUAP, associada predominantemente ao desenvolvimento de circulação colateral extensa. O tratamento cirúrgico é geralmente considerado após falência da terapêutica médica e minimamente invasiva/endovascular. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
89 | Sofia | Quaresma | TÉCNICAS | Hospital Garcia de Orta | S Quaresma, C Araújo, I Estalagem, M Almeida, R Gomes, I Oliveira, J Soares, M Lopes | Prótese Traqueobrônquica em “J” Autoexpansível em Obstrução Maligna das Vias Aéreas Centrais | A
obstrução maligna das vias aéreas centrais é uma complicação frequente em
neoplasias pulmonares avançadas, com elevada morbilidade e mortalidade. A
intervenção broncoscópica, incluindo colocação de próteses traqueobrônquicas
autoexpansíveis, é uma estratégia eficaz na restauração da permeabilidade de
vias aéreas, alívio sintomático e melhoria da qualidade de vida. Um homem de 59 anos, fumador (45 UMA), com história conhecida de DPOC e carcinoma pleomórfico do pulmão direito estádio III, PDL1 70%, sem alterações moleculares, com envolvimento de todos os lobos do hemitórax direito e oclusão completa do brônquio principal direito (BPD). Doente foi internado por empiema loculado à direita tendo realizado drenagem pleural e antibioterapia dirigida por isolamento de Streptococcus anginosus e Pseudomonas aeruginosa. Durante o internamento, previamente a iniciar imunoterapia com pembrolizumab, por queixas subjetivas de corpo estranho traqueal, realizou-se broncofibroscopia (BFO) que evidenciou tumor endobrônquico com obstrução significativa da traqueia e brônquio principal esquerdo (BPE), além da oclusão completa do BPD já conhecida. Foi realizada broncoscopia rígida com debulking tumoral e eletrocoagulação, permitindo restabelecer a patência da traqueia e do BPE. Contudo, por recidiva precoce das queixas e surgimento de estridor em menos de uma semana foi novamente submetido a BFO com remoção de pedículo tumoral traqueobrônquico. Posto isto, decidiu-se por broncoscopia rígida para colocação urgente de prótese em "J" metálica autoexpansível de nitinol revestida (Leufen®), com ramo traqueal de 40mm/18mm e ramo brônquico esquerdo de 40mm/14mm, garantindo a estabilidade e patência da traqueia e do BPE. Nove dias depois, o doente desenvolveu quadro de obstrução funcional da prótese por impactação de secreções purulentas espessas, resolvida com aspiração broncoscópica. Iniciou nebulização com soro fisiológico e acetilcisteína, sem recorrência. Este caso ilustra a complexidade da gestão de obstruções traqueobrônquicas extensas por carcinoma pulmonar localmente avançado onde a utilização de prótese em "J" permitiu uma abordagem eficaz e segura, restaurando a permeabilidade das vias aéreas e permitindo continuidade terapêutica. O acompanhamento precoce pós-prótese é essencial para prevenir complicações obstrutivas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
90 | Sofia | Quaresma | OUTRAS | Hospital Garcia de Orta | S Quaresma, C Araújo, I Estalagem, M Almeida, I Oliveira, M Lopes | Um caso raro de heMMoptises | As
hemoptises representam uma manifestação clínica potencialmente grave,
habitualmente associada a etiologias respiratórias como infeções,
bronquiectasias, tromboembolismo pulmonar ou neoplasias do trato
respiratório. No entanto, em casos mais raros, pode ser a manifestação
inicial de doenças sistémicas ou hematológicas. Um homem de 53 anos, fumador, sem antecedentes relevantes, inicia sensação de farfalheira seguida de hemoptises em moderada quantidade, hemodinamicamente estável, apirético e com SpO₂>95% em ar ambiente. Á admissão, apresentava anemia (Hb 10,5 g/dL) e a TAC torácica revelou infiltrados peribroncovasculares/centrilobulares multifocais e densificações peribroncovasculares em vidro despolido no segmento ápico-posterior do lobo superior esquerdo, na região lingular, pirâmide basal esquerda, lobo médio e ténue densificação no segmento laterobasal do lobo inferior direito, compatíveis com preenchimento endoluminal das vias aéreas distais, não se excluindo focos de hemorragia alveolar. A investigação etiológica para causas infecciosas, cardíacas e autoimunes foi negativa. A broncofibroscopia evidenciou hemorragia ativa proveniente da língula e a citologia do aspirado brônquico e do lavado broncoalveolar foi negativa para malignidade e para microorganismos patogénicos. No entanto, a eletroforese de proteínas e a imunofixação sérica revelaram um pico monoclonal IgG lambda, sugerindo Mieloma Múltiplo (MM), confirmado por mielograma e biópsia óssea. Após a realização do estudo medular, iniciou corticoterapia com dexametasona. As perdas hemáticas persistiram até ao dia seguinte, com hemoglobina mínima de 7,7 g/dL. 3 dias depois teve alta, tendo sido submetido a embolização arterial brônquica em ambulatório, sem recorrência de hemoptises. Hemoptises como manifestação inicial de MM é rara. Mecanismos possíveis incluem hemorragia alveolar difusa associada a síndrome de hiperviscosidade ou infiltração pulmonar por células plasmáticas. Este caso destaca a importância de uma abordagem diagnóstica abrangente perante hemoptises inexplicadas, considerando etiologias hematológicas, para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
91 | Sara | Rodríguez Tardón | CANCRO | Complejo Asistencial Universitario de Salamanca | S Rodríguez Tardón, AG Salazar Palacios, EC Prieto Maillo, AM Martín Varillas, MJ Corbí Cobo-Losey, A González Rosa, P Torres Piñero, JM González Ruiz | LAS APARIENCIAS ENGAÑAN, NO TODA MASA PULMONAR ES TUMORAL: EL TEXTILOMA | Introducción.
Se presenta el caso de un varón de 54 años, fumador (índice paquetes/año 35),
con antecedente de neumotórax espontáneos de repetición por lo que fue
intervenido quirúrgicamente hace más de 30 años. Caso clínico. El paciente acudió a Urgencias por cuadro de tos con expectoración purulenta de dos días de evolución, manteniendo buenas saturaciones basales. En la exploración física destacó disminución de murmullo vesicular en hemitórax derecho. En radiografía de tórax se objetivó masa en lóbulo pulmonar superior izquierdo (LSI) y signos de hiperinsuflación de pulmón derecho, y se remitió a consultas de Vía Clínica de Cáncer de Pulmón con diagnóstico de masa pulmonar a estudio. En consulta, el paciente niega clínica constitucional o a otros niveles. Se solicita tomografía computarizada de tórax donde aparece lesión quística de 11 centímetros en LSI, con componente de partes blandas calcificadas y plegadas en su interior, y áreas de enfisema paraseptal y bulla gigante en hemitórax derecho que provoca atelectasia del pulmón adyacente y desplazamiento mediastínico. Así, se emite el diagnóstico de textiloma en LSI y enfisema pulmonar con bulla gigante en hemitórax derecho. En pruebas de función respiratoria (PFR) se objetiva patrón no obstructivo grave, con capacidad vital forzada (FVC) del 46%, y capacidad de difusión de monóxido de carbono (DLCO) disminuida (59%). Se remite el caso a comité de tumores donde se decide realización de segmentectomía atípica de la bulla de mayor tamaño y pleurodesis mecánica por VATS por Cirugía Torácica, sin intervención sobre el textiloma. En radiografía de tórax postoperatoria se evidencia desaparición de signos de hiperinsuflación en hemitórax derecho. En seguimiento posterior en consultas, en PFR se obtuvo una FVC del 87%, manteniendo DLCO disminuida, y a día de hoy estas permanecen estables. El textiloma también permanece estable y el paciente asintomático sin tratamiento ni complicaciones. Conclusión. El textiloma es una lesión que puede producirse por el olvido de material quirúrgico en el interior del cuerpo. En nuestro caso, el paciente acude con sospecha de una masa pulmonar que resulta no ser maligna. En lugar de la resección de la misma, se opta por una cirugía de reducción de volumen del pulmón contralateral, con mejoría funcional posterior. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
92 | Teresa | Belo | PLEURA | CHTV | T Belo, C António, J Correia, A Correia, B Dias , A Reis | Quilotoráx após linfoma: Quando a suspeita não se confirma | Introdução:
O quilotoráx deve-se a uma acumulação de linfa no espaço pleural, geralmente provocada por lesão/obstrução do ducto torácico. As principais etiologias a considerar são: traumática, iatrogénica (após procedimentos), infecciosa e neoplásica Caso Clínico Descrevemos o caso de uma jovem do sexo feminino de 25 anos, com antecedentes de linfoma de Hodgkin mediastínico estadio IV-A (diagnóstico em 2021, e em remissão completa após quimioterapia desde 2022), em vigilancia, medicada cronicamente com contraceptivo oral, que se apresentou no SU por dispneia de agravamento progressivo com 1 semana de evolução. À observação apresentava murmúrio vesicular abolido no hemitorax esquerdo. Analiticamente destacava-se PCR 8.45, DD 3098, sem outras alterações. O RXT mostrava hipotransparencia de todo o campo pulmonar esquerdo. Foi submetida a toracocentese diagnóstica e evacuadora, constatando-se macrsocopicamente conteudo leitoso (tendo sido drenados aproximadamente 2L). A análise do liquido pleural apresentava predominio de mononucleares, pesquisa de quilomicrones positiva e triglicerideos de 1113. A citologia foi negativa para células neoplásicas. Fez TC toráx que mostrava uma massa mediastinica (dimensões 60 mmx 40 mm) em crescimento com calcificações no seu interior, mas metabolicamente pouco ativa em PET (SUV máx 4.3). Foi submetida a biópsia cirurgica da respetiva massa e talcagem da cavidade pleural. A biópsia cirurgica foi negativa para envolvimento por linfoma. A doente mantém-se atualmente em seguimento sem recidiva de quilotorax nem evidencia de recidiva de doença por linfoma. Conclusão Está descrita a ocorrência de massas inflamatórias após tratamento de uma doença linfoproliferativa, salientando que tal achado não implica necessariamente a recidiva. Pretendemos com este exemplo reforçar a importância de uma avaliação cuidadosa e dos possiveis diagnósticos diferenciais, lembrando que, por vezes, a suspeita mais provável não se confirma — traduzindo um desfecho mais favorável. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
93 | Teresa | Machado | SONO E VENTILAÇÃO | Unidade Local de Saúde Gaia e Espinho | T Machado; N Fernandes; A Fonseca; M Sá Marques; S Ferreira; R Marçôa; I Franco; R Monteiro; I Sanches; C Nogueira; D Machado; D Ferreira | Apneia Obstrutiva do Sono e Movimentos Periódicos dos Membros: um desafio clínico | Introdução:
A apneia obstrutiva do sono (SAOS) é uma condição prevalente, associada a
múltiplas comorbilidades, cuja gestão e monitorização contínuas representam
um desafio clínico. Descrição: Doente masculino, 48 anos, antecedentes de hipertensão arterial e excesso ponderal (IMC de 27.4 kg/m²), foi referenciado à consulta de Apneia do Sono por roncopatia, apneias presenciadas durante o sono e hipersonolência diurna (escala de sonolência de Epworth de 13). Realizou polissonografia nível III, inconclusiva por falhas nos registos, pelo que se avançou para polissonografia nível I. Esta confirmou SAOS grave (índice de apneia-hipopneia de 43.7/h) e revelou movimentos periódicos dos membros (PLMS) com índice de 55.6/h (com microdespertares 3.2/h; sem microdespertares 52.3/h). Iniciou auto-CPAP (pressão entre 6–12 cmH₂O) com máscara nasal. Verificou-se adesão intermédia (~62%), sem benefício sintomático evidente, com queixas de desconforto com a interface, sintomas nasais e episódios de remoção inadvertida da interface durante a noite. A pressão foi reduzida, a interface alterada para máscara facial, iniciou corticosteroide nasal e realizou TC dos seios perinasais, que revelou hipertrofia inflamatória das mucosas. Apesar das intervenções, a adesão agravou-se (~3%) e a hipersonolência diurna persistiu. O tratamento com auto-CPAP foi suspenso. O doente foi avaliado em Estomatologia para possível adaptação de dispositivo de avanço mandibular (DAM), que foi contraindicada pelo risco de perda de peças dentárias. Foi também avaliado por Otorrinolaringologia, sem indicação cirúrgica. Após revisão do caso, iniciou tratamento com gabapentina com aumento gradual da dose, devido ao elevado índice de PLMS. O doente tem cumprido a medicação e relata uma perceção de sono mais tranquilo, com melhoria na adesão ao auto-CPAP e redução das queixas de hipersonolência diurna. Conclusão: Este caso clínico evidencia que os PLMS sintomáticos podem comprometer a adesão à terapêutica ventilatória, sendo que o seu tratamento adequado pode contribuir para a melhoria dessa adesão. Reforça ainda a importância de uma abordagem multidisciplinar na gestão da síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS) com comorbilidades associadas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
94 | Tiago | Frias Pais | OUTRAS | ULS de Coimbra | TF Pais, M Lagarto, E Paiva, C António, T Alfaro | Granulomas, parasitas e bactérias: as 3 faces de uma batalha imunológica | Introdução:
A sarcoidose é uma doença granulomatosa multissistémica, com distribuição
global. As manifestações clínicas resultam da acumulação de granulomas não
necrotizantes, com aparecimento de sintomas ou achados incidentais, podendo
evoluir para fibrose, principalmente pulmonar. A abordagem terapêutica
baseada na corticoterapia tem sido a principal arma terapêutica usada para
controlo progressivo desta patologia e estabilização sintomática, mas os
imunossupressores têm sido cada vez mais usados. Caso clínico: Homem de 78 anos com diagnóstico de sarcoidose pulmonar estadio IV há 10 anos sob terapêutica com deflazacorte e metotrexato que apresentou disfonia, disfagia para líquidos e sólidos e sensação de corpo estranho com cerca de 5 anos de evolução. Foi observado por ORL e identificada uma lesão suspeita na epiglote, pelo que foi internado eletivamente para realização de biópsia dirigida em 2021. O estudo revelou pesquisa de DNA de Leishmania positivo, com o diagnóstico de Leishmaniose da corda vocal direita e epiglote. Dois meses depois, foi internado eletivamente para início de terapêutica com anfotericina B lipossómica e, durante esse internamento, foram realizadas biópsias incisionais de lesões cutâneas do membro superior direito, cujo exame histológico e cultura da amostra revelaram Botriomicose a Staphylococcus aureus. Iniciou tratamento com flucloxacilina oral, mas por agravamento das lesões com aumento dos sinais inflamatórios, foi necessário novo internamento para terapêutica endovenosa. Após estabilização clínica, foi decidida suspensão de metotrexato, mantendo corticoterapia oral. Apesar dessa medida, apresentou recidiva de Leishmaniose laríngea três anos depois, com necessidade de terapêutica de manutenção mensal com Anfotericina B. Mantem seguimento multidisciplinar em consultas de Pneumologia, ORL, Dermatologia e Infeciologia. Conclusão: Apesar do recurso crescente a imunosupressores no tratamento da sarcoidose, com bom controlo da inflamação e progressão da doença é fundamental manter a vigilância e suspeita clínica para o aparecimento de infeções oportunistas tendo em conta o grau de imunossupressão condicionado por estas terapêuticas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
95 | Tiago | Frias Pais | MICOBACTERIAS | ULS de Coimbra | TF Pais, J Couto, M Lagarto, E Paiva, T Alfaro | Tuberculose pulmonar: diagnóstico definitivo de uma lesão neoformativa “suspeita” | Introdução:
A tuberculose (TB) afeta milhões de pessoas a nível mundial, sendo a
principal causa de morte infeciosa. É de primordial importância o diagnóstico
precoce da doença para início célere do tratamento e redução da transmissão
na comunidade e da morbimortalidade associadas. Caso clínico: Homem de 68 anos com antecedentes pessoais de pneumonia necrotizante à direita e derrame pleural parapneumónico em 2014 e gastrectomia por neoplasia gástrica em 2001, que foi encaminhado à consulta de Pneumologia Geral por clínica prolongada de tosse seca, anorexia e astenia. A TC-Tórax revelou opacidade no lobo superior direito (LSD), já presente em 2014 mas com aumento dimensional, podendo traduzir patologia neoformativa intraparenquimatosa. Face à suspeita de tumor da cicatriz, foi pedida PET-18-FDG com identificação de densificação espiculada hipermetabólica no LSD com características de malignidade. Uma biópsia transtorácica (BTT) da lesão apresentava características de pleura hialinizada e fibroelastose, sem representação neoplásica. Posteriormente, face ao estudo analítico IGRA+, repetiu a BTT, novamente sem identificação de neoplasia ou microorganismos e exame cultural sem bacilos ácido-álcool resistentes (BAAR). Doente com agravamento clínico progressivo, com desenvolvimento de tosse produtiva mucopurulenta, dispneia para pequenos esforços e hipersudorese noturna. Mais tarde, o estudo bacteriológico de expetoração revelou-se novamente sem BAAR mas a pesquisa PCR de Mycobacterium turberculosis complex foi positiva. Contactado o CDP, foi dada indicação para realizar nova pesquisa invasiva por videobroncofibroscopia (VBF), tendo o aspirado brônquico sido finalmente positivo (>10/campo) para M. tuberculosis complex. Iniciou esquema anti-tuberculose com Isoniazida, Rifampicina, Pirazinamida e Etambutol, com boa evolução clínica e imagiológica. Conclusão: A clínica e resultados imagiológicos da tuberculose podem mimetizar outras patologias, nomeadamente neoplasias ou outras doenças infeciosas. É necessário manter um alto nível de suspeição, mesmo na ausência de diagnóstico numa primeira abordagem, pois detetar e tratar precocemente a TB pode minimizar a cadeia de transmissão e salvar vidas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
96 | Tiago Jorge | Antunes de Sá | CANCRO | ULS Gaia-Espinho | Sá T., Fernandes N., Machado T., Coutinho D., Silva E. | Efeitos adversos imunomediados secundários ao Nivolumab com atingimento multiorgânico do trato gastro-intestinal | Introdução A imunoterapia, nomeadamente os inibidores de “checkpoint” (IC) como o nivolumab, têm sido cada vez mais usada no tratamento da neoplasia do pulmão. Apesar da sua eficácia, os IC estão associados a vários efeitos adversos imunomediados (EAI), com potencial de atingir qualquer órgão com níveis diferentes de gravidade. Descrição Individuo de 72 anos do sexo masculino com diagnóstico de carcinoma de células escamosas estadio IIIA em 2023, com progressão de doença após 2 ciclos quimioterapia e radioterapia prévia, encontrando-se sob esquema de 2º linha de tratamento com nivolumab, desde Fevereiro de 2024. Em Setembro de 2024, o doente apresentou-se no serviço de urgência com queixas de anorexia, perda ponderal de 3kg em 2 meses e dejeções diarreicas sem sangue ou muco. Constatou-se elevação das enzimas hepáticas com padrão colestático (aspartato transaminase [AST] 116 U/L, alanina transaminase [ALT] 111 U/L, fosfatase alcalina [FA] 1402 U/L, gama glutamil-transferase [GGT] 1866 U/L, bilirrubina total 1.3 mg/dL), elevação de INR de 2.02, associado a dilatação da via biliar comum e vias biliares intra-hepáticas com espessamento difuso e realce das suas paredes, edema periportal e ascite de pequeno volume, em TC abdominal. Do estudo etiológico da diarreia, realizaram-se coproculturas, como também testes por PCR para deteção de vírus (incluindo citomegalovírus) e pesquisa de toxinas de Clostridium difficile, todos com resultado negativo. A colonoscopia não revelou lesões macroscópicas e a endoscopia digestiva alta com biópsias gástricas mostrou gastrite linfocítica com apoptose das criptas, sugestiva de gastrite imune-mediada secundária ao nivolumab. Mediante a suspeita de efeitos adversos secundários ao nivolumab, este foi suspenso e iniciada prednisolona 40mg/dia e ácido ursodesoxicólico, com melhoria dos sintomas e alterações analíticas supracitadas. Assim, segundo os Critérios Comuns de Terminologia para Efeitos Adversos constatou-se atingimento multiorgânico com colangite imuno-mediada de grau 3, acompanhada de hepatite, colite e gastrite de grau 1. Conclusão O atingimento multiorgânico por EAIs é raro, como também a colangite induzida por IC. A ocorrência de EAIs pode ser grave e condicionar a utilização dos IC, pelo que o seu reconhecimento precoce e tratamento são essenciais. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
97 | Tiago Jorge | Antunes de Sá | PLEURA | ULS Gaia-Espinho | Sá T., Machado T., Fernandes N., Mesquita P., Alves C., Ribeiro C., Shiang T.,Vanzeller M., Conde S., Silva E. | Fistula esófago-pleural espontânea - uma entidade rara | Introdução A fístula esófago-pleural é uma entidade incomum, habitualmente de etiologia neoplásica ou infeciosa, podendo raramente ocorrer espontaneamente. Descrição Sexo feminino, 89 anos, apresentou-se ao serviço de urgência com quadro subagudo de astenia, anorexia, tosse produtiva e agravamento do grau de dependência. Do estudo complementar constatou-se aumento dos parâmetros inflamatórios e hidropneumotórax de grande volume à direita com trajeto associado para o esófago torácico distal na tomografia computorizada (TC) torácica. Neste contexto realizou-se endoscopia digestiva alta que confirmou a presença de fístula esofágica, sem evidência de neoplasia associada, procedendo-se à colocação de prótese metálica. Foi também realizada toracocentese diagnostica, com documentação de empiema, tendo-se colocado dreno torácico pigtail e iniciada piperacilina-tazobactan empiricamente. Inicialmente verificou-se isolamento de Candida albicans sensível ao fluconazol, pelo que este foi iniciado. Não se verificaram outros isolamentos, como também achados sugestivos de malignidade no líquido pleural. Foi documentada fuga peri-prótese em TC com contraste oral, motivando colocação de 2º prótese. Constatou-se melhoria progressiva do empiema e ausência de fuga esofágica, permitindo a remoção do dreno torácico e conclusão do esquema de antibioterapia. Apesar da evolução positiva descrita, verificou-se recorrência do derrame pleural direito e de fuga peri-prótese, pelo que se procedeu a nova colocação de dreno torácico, com constatação de novo empiema, com isolamento de Candida albicans e de Campylobacter Curvus sensível à ciprofloxacina, motivando reinício de antibioterapia dirigida. Face à recorrência da fístula peri-prótese, realizou-se remoção das próteses previamente colocadas, com posterior colocação de nova prótese esofágica em 2º tempo. Com as medidas descritas e antibioterapia dirigida, verificou-se melhoria progressiva, com resolução da infeção pleural e da fístula esófago-pleural. Conclusão Este caso reflete uma etiologia rara de fistula esófago-pleural, com isolamento microbiológico raro e demonstra a complexidade e necessidade de gestão multidisciplinar destes casos. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
98 | Valeria | Maione | ASMA | ULS Santa Maria | V Maione, H Cabrita, C Lopes, A Mendes, P Pinto | Asthma Controlled, Psoriasis Unleashed: A Tale of Two Cytokine Pathways | Introduction:
Dupilumab, an IL-4Rα antagonist, is effective for severe type 2 asthma but
may rarely induce paradoxical immune reactions such as psoriasis exacerbation
and inflammatory arthritis. Management of these complications remains
challenging. We report a case of paradoxical psoriasis worsening and new
inflammatory arthralgia following dupilumab initiation, with clinical
improvement after switching to tezepelumab. Clinical Case: A 55-year-old woman with a history of allergic eosinophilic asthma, atopic dermatitis, gastroesophageal reflux disease, and psoriasis presented with poorly controlled asthma despite treatment with Enerzair Breezhaler®, desloratadine, montelukast, pantoprazole, and topical psoriasis therapies. Diagnosed with severe type 2 asthma, she started dupilumab in November. Within two months, she developed progressive worsening of psoriatic plaques and inflammatory arthralgia involving knees, elbows, and ankles. She also reported intermittent temporal headaches. Rheumatology assessment excluded giant cell arteritis. Laboratory evaluation suggested a seronegative inflammatory arthropathy. Given the temporal relationship and symptom profile, dupilumab was discontinued, and treatment with tezepelumab was initiated. Following the switch, the patient experienced improvement in both cutaneous and joint symptoms, with better asthma control. Conclusion: This case illustrates the potential for paradoxical psoriasis exacerbation and inflammatory arthralgia in patients treated with dupilumab for severe asthma, particularly those with pre-existing psoriatic disease. Switching to tezepelumab may offer a therapeutic alternative that mitigates these immune-mediated adverse effects while maintaining asthma control. Multidisciplinary evaluation is essential for optimal management of such complex cases. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 2 | Marcos Oliveira | Cristina Costa |
99 | Ana Gabriela | Salazar Palacios | OUTRAS | Hospital de Salamanca | AG Salazar, AM Martin, EC Prieto, T Clavero, J Moreiras, A Sánchez, E Curto, S Cadenas | CARACTERÍSTICAS DIFERENCIALES EN LA EVALUACIÓN DEL RIESGO EN PACIENTES CON HIPERTENSIÓN ARTERIAL PULMONAR ASOCIADA A ENFERMEDAD DEL COLÁGENO | Introducción: Los pacientes con hipertensión arterial pulmonar (HAP) asociada a enfermedades del tejido conectivo (HAP-ETC) tienen peor pronóstico que otros subtipos del grupo 1. El objetivo de este estudio fue analizar las diferencias en la estratificación del riesgo entre los pacientes con HAP-ETC y el resto (HAP no ETC) al diagnóstico y durante el seguimiento. Materiales y Métodos: Estudio retrospectivo con reclutamiento consecutivo de pacientes con HAP, confirmado mediante cateterismo cardíaco derecho, desde enero de 2012 a diciembre de 2017. Los pacientes con diagnóstico previo de esclerosis sistémica y formas relacionadas fueron sometidos a cribado de HAP. Para la evaluación del riesgo se empleó el modelo de 3 estratos (guías ESC/ERS 2015). Resultados Se incluyeron 55 pacientes con HAP: 62% mujeres; edad media 59± 16 años; 23 tenían HAP-ETC (9 esclerosis sistémica limitada, 6 esclerosis sistémica difusa, 4 lupus eritematoso sistémico, 1 artritis reumatoide, 1 enfermedad mixta del tejido conectivo,1 síndrome antisintetasa y 1 síndrome de Sjögren). En la evaluación basal (tabla 1), solo se encontraron diferencias significativas en el tiempo hasta el diagnóstico (HAP-ETC 8,39 meses ± 8,36; HAP no ETC 17,16 meses ± 16,47; p = 0,024) y la DLCO (HAP-ETC 48,2% ± 18,48; HAP no ETC 60,07% ± 17,77; p = 0,011). Los cambios de nivel de riesgo detectados durante el seguimiento se muestran en el Gráfico 1. Durante el seguimiento fallecieron 8 pacientes, (21.7% HAP-ETC y 9.4% HAP no ETC), 4 por enfermedad pulmonar intersticial difusa concomitante y 2 por HAP avanzada. CONCLUSIONES • En esta serie, los pacientes con HAP-ETC se diagnostican más precozmente fruto del cribado sistemático y presentan una peor capacidad de difusión. • La presencia de enfermedad pulmonar concomitante puede haber contribuido a una mayor mortalidad en el grupo de HAP-ETC. • La mayoría de los pacientes con HAP-ETC en situación basal de riesgo intermedio mejoran o mantienen su situación, lo que puede atribuirse a una intervención terapeútica más precoz fruto del cribado. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
100 | Ana Gabriela | Salazar Palacios | SONO E VENTILAÇÃO | Hospital Universitario de Salamanca | AG Salazar, S Rodríguez, EC Prieto, AM Martín, T Oria, MR Bartol, A Sánchez, E Curto, S Jodra | TRASLADO INTRAHOSPITALARIO DE PACIENTES CON ASISTENCIA RESPIRATORIA | Introducción El transporte intrahospitalario (TIH) de pacientes con soporte respiratorio (SR) continuo, puede ser necesario para pruebas diagnósticas o intervenciones, e implica riesgos de complicaciones o deterioro clínico, lo que puede prolongar la estancia hospitalaria. Los eventos adversos (EA) más comunes son el aumento del trabajo respiratorio y la inestabilidad hemodinámica. Para prevenirlos, se requiere una planificación adecuada, monitorización continua, equipamiento necesario y personal capacitado. Objetivo: Analizar los TIH de los pacientes con SR, los motivos más frecuentes y la incidencia de EA durante los mismos. Metodología Análisis descriptivo retrospectivo de los pacientes de la Unidad de Ventilación del Hospital Universitario de Salamanca que han precisado TIH con SR entre octubre de 2024 y marzo de 2025. Resultados Se realizaron 36 TIH en 24 pacientes diferentes: 18 pacientes (75%) precisaron un solo desplazamiento y 6 pacientes (25%) dos o más. Las patologías de base más frecuentes de los 36 TIH fueron: neuromuscular (n=12, 33.3%), oncohematológica (n=10, 27.7%), infecciosa (n=5, 13.8%) y agudización de EPOC (n=4, 11.1%). El origen más habitual fue el Servicio de Neumología (n=22, 61%) seguido por Hematología (n=10, 27%). Los destinos y motivos de TIH se exponen en la Tabla 1. En todos los TIH el SR fue el mismo que ya recibía el paciente. El más frecuentemente empleado fue la oxigenoterapia de alto flujo (n=21, 58.3%), siendo preciso en todos estos casos cambiar el equipo por uno con batería disponible. El segundo más utilizado fue la ventilación no invasiva (n= 9, 25%) y en último lugar la ventilación por traqueostomía (n=6, 16.6%). Hubo 7 EA totales entre todos los TIH (19,4%). La desaturación grave se produjo en 6 pacientes (85,7%) que se resolvió con ajuste de parámetros del dispositivo, y en algunos casos con acciones adicionales, como cambiar el tipo de SR. Además, en uno de los TIH (14,3%) se dio un caso de taquicardia. La información acerca de los EA se resume en la Tabla 2. En ningún caso fue preciso suspender el procedimiento a realizar. Todos los TIH contaron con la presencia de un médico de la Unidad de Ventilación. Conclusiones El TIH del paciente con SR es habitual en esta Unidad de Ventilación y supone un consumo importante de tiempo y recursos materiales y humanos. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
101 | Andreia | Andrade | DPOC | ULS Região de Aveiro | A Andrade, PV Almeida, AR Pereira, V Fernandes | Caracterização do FEV₁Q na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica | Introdução:
O FEV₁Q é um índice espirométrico obtido pela razão do FEV₁ pelo valor
estandardizado dependente do sexo correspondente ao primeiro percentil da
distribuição do FEV₁ em doentes com doença respiratória crónica. O FEV₁Q parece ser superior que o FEV₁ e FVC em prever o declínio da função pulmonar, mortalidade e exacerbações, principalmente em doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). Valores próximos de 1 apresentam maior risco de mortalidade. Objetivo: Caracterizar o FEV₁Q de uma amostra de doentes com DPOC; avaliar a relação entre FEV₁Q e o risco de exacerbações. Métodos: Análise retrospetiva de parâmetros demográficos e função respiratória de 39 doentes com DPOC seguidos em consulta de Pneumologia de um hospital distrital. Foram incluídos doentes com DPOC de etiologia ambiental (FEV₁/FVC pós broncodilatação < 0.7). Foram contabilizadas as exacerbações ocorridas nos 24 meses subsequentes às provas de função respiratória. Resultados: A idade média foi 69.5 anos (± 10), com predomínio do sexo masculino (n=33, 84.6%). Relativamente aos hábitos tabágicos, 41% dos doentes mantinha hábitos tabágicos e 46.2% eram ex-fumadores. A maioria dos doentes apresentava gravidade de obstrução GOLD 2 (n=24, 61.5%), seguindo-se GOLD 3 (n=10, 25.6%), GOLD 1 (n=4, 10.3%) e GOLD 4 (n=1, 2.6%). O FEV₁Q médio foi 3.3 (mínimo 1.48; máximo 7.14). Verificou-se um FEV₁Q médio inferior nos doentes com exacerbações (2.8 vs. 3.6 nos doentes não exacerbadores; p=0.024). O mesmo se verificou nas exacerbações com necessidade de hospitalização (FEV₁Q médio de 2.5 nos doentes com hospitalização por exacerbação de DPOC vs. 3.6 nos não hospitalizados - sem exacerbações ou com exacerbação sem necessidade de hospitalização; p=0.006). O tempo médio de seguimento em meses foi semelhante (23 vs. 22.9 nos doentes não exacerbadores; p=0.95), 7 doentes (18%) não completaram 24 meses de seguimento. Conclusão: Verificou-se que valores mais baixos de FEV₁Q estão associados a maior risco de exacerbações, tal como já descrito na literatura. Apresentam-se como principais limitações a amostra reduzida e o tempo variável de seguimento. No entanto, o FEV₁Q parece ser uma ferramenta útil na estratificação de risco e decisão terapêutica, permitindo medidas terapêuticas mais robustas e seguimento mais rigoroso em doentes selecionados. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
102 | Andressa | Lira Whitehurst | INTERSTÍCIO | Hospital d eSanta Marta | A Lira, F Guimarães, M Lúcio, F Modesto, N Melo, P Mota, H Novais-Bastos, A Terras, D. Coelho, S Guimarães, C Souto-Moura, A carvalho, A Morais | Pneumonia Lipóide: A experiência de um centro | A
pneumonia lipóide é uma entidade rara, definida pela acumulação de lípidos
nos espaços alveolares. Pode ser classificada como: exógena, por inalação ou
aspiração de substâncias lipídicas; ou endógena, por acúmulo de lipídios
produzidos localmente, geralmente associado a obstrução brônquica, neoplasias
pulmonares ou doenças pulmonares crónicas. A apresentação clínica é inespecífica, variando com a etiologia, o tipo e a quantidade de lípido, a extensão do envolvimento pulmonar e a presença de infeção secundária. Casos assintomáticos não são incomuns, sendo o diagnóstico, por vezes, incidental, através do estudo histopatológico de peças cirúrgicas ressecadas por outras indicações. Neste estudo, foram analisadas todas as biópsias pulmonares com diagnóstico histológico de pneumonia lipóide, registadas na base de dados do centro hospitalar entre 1997 e 2024. Identificaram-se 10 biópsias correspondentes a 8 doentes (3 homens e 5 mulheres), com idades entre 19 e 75 anos. Cinco apresentavam sintomatologia respiratória (dispneia e tosse seca), associada a alterações imagiológicas sugestivas: áreas de consolidação, opacidades em vidro despolido de distribuição difusa ou multilobar, por vezes com atenuação de gordura, e espessamento septal. Nestes casos, a biópsia foi realizada no contexto de investigação de doença pulmonar difusa. Dois casos foram diagnosticados incidentalmente em peças cirúrgicas ressecadas por neoplasia pulmonar (forma endógena pós-obstrutiva). Um doente apresentava pneumonia lipóide endógena associada a doença genética de depósito (Doença de Niemann-Pick). Em três casos foi identificada uma etiologia exógena, relacionada com exposição a substâncias oleosas ou refluxo gastroesofágico crónico. Em dois destes, o LBA revelou conteúdo lipídico abundante. Conclusão: O diagnóstico de pneumonia lipóide requer elevado grau de suspeição clínica, bem como a identificação de fatores predisponentes e alterações imagiológicas. A confirmação diagnóstica depende do exame histológico. A distinção entre formas endógena e exógena tem implicações etiopatogénicas e terapêuticas. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
103 | Sofia | R. Lopes | SONO E VENTILAÇÃO | ULS Cova da Beira | S Lopes; M van Zeller ; H Silva; M Fonseca; R Ribeiro; D Ferrão; M Capelas; L Silva; M Drummond | Insights into OSA Diagnosis and Treatment Decision Making in a hypertension population | BACKGROUND:
OSA is an independent risk factor for cardiovascular disease and a recognized
cause of hypertension, in a dose–response fashion. Current hypertension
guidelines suggest that OSA should be considered in the diagnosis work up of
difficult to control hypertension. OBJECTIVES: To characterize patients with hypertension referred to sleep clinics and to analyse the relation between symptoms, cardiovascular risk, polysomnographic variables and treatment decision. METHODS: Patients followed in an hypertension clinic and to sleep clinics, between January 2022 and June 2023, were retrospectively analysed. Clinical and polysomnographic data were revised from medical records. OSA typical presentation was defined as having: snoring and witnessed apneas with an Epworth score of ≥ 11; cardiovascular risk was calculated using the SCORE2 algorithm. Decision to initiate treatment and treatment options were collected. Data was conducted in SPSS Statistics version 29. RESULTS: Seventy-six hypertensive patients were analysed (53.9% female) with a mean age of 55.8 years and mean BMI of 30.8 kg/m2 (53.9% obese; 30.8% overweight). The most frequent symptoms were snoring (92.1%), morning headache (43.4%) and nocturia (34.2%). Overall, 14.5% of patients had typical presentation and 2.6% were asymptomatic. The three most frequent comorbidities were dyslipidaemia (59.2%), diabetes (25%) and respiratory diseases (15.8%). OSA was diagnosed in 80.3%, 44.8% moderate to severe grade. Median ODI was 14.0/h and mean T90 was 1.3%. A T90 0.50% and an ODI 5.5/h predicted OSA diagnosis. Patients with obesity presented lowest oxygen saturation and highest T90 and ODI. Treatment was initiated in 57.8% patients, 46% with PAP and 11.8% with positional therapy. 51.3% of patients had a high to very high cardiovascular risk, using the SCORE2 algorithm. This variable, as well as typical presentation, did not have an impact on the treatment decision, but the IAH index did. CONCLUSION: Almost all hypertension patients referred for sleep clinics were diagnosed and treated for OSA. The most common symptoms were snoring, morning headaches and nocturia. In this population of hypertensive patients, the respective cardiovascular risk or any other comorbidity did not impact the decision to treat. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
104 | Dina Isabel | Campos | INFEÇÃO | Unidade Local de Saúde de Braga | DI Campos, L Lobo, MJ Barbosa, CF Marques | Doença invasiva pneumocócica: notificação e vacinação num concelho do norte de Portugal | Introdução:
A doença invasiva pneumocócica (DIP) é uma entidade grave, de notificação
obrigatória, que apresenta elevadas taxas de mortalidade e custos associados
ao seu tratamento. Afeta sobretudo crianças e indivíduos com mais de 65 anos
e/ou com condições de risco para a doença. A vacinação afigura-se como a
principal estratégia de prevenção. Objetivos: Descrição de casos notificados de DIP em adultos residentes num concelho do norte de Portugal e avaliação da respetiva cobertura vacinal antipneumocócica. Métodos: Estudo retrospetivo das notificações do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica entre 2022 e 2024. Análise descritiva, com base no inquérito epidemiológico (IE) e avaliação da cobertura vacinal de acordo com as recomendações atuais. Resultados: Foram notificados 38 casos de DIP (8 em 2022 e 2023 e 22 em 2024). 57,9% tinham idade ≥65 anos e 94,7% necessitaram de internamento. No total, 25 casos (65,8%) apresentavam pelo menos uma condição de risco para a doença. Relativamente ao estado vacinal, 11 casos (28,9%) tinham registo de uma ou mais doses de vacina antipneumocócica e pelo menos 7 (63,6%) apresentavam esquema vacinal incompleto, de acordo com os registos do IE. Destaca-se que 4 dos 6 indivíduos elegíveis para vacinação gratuita não tinham registo de qualquer inoculação. Conclusões: O aumento substancial dos casos notificados de DIP no ano de 2024 pode estar parcialmente associado à atual monitorização das bacteriemias pelo hospital de referência, sugerindo uma provável subnotificação da doença e da sua magnitude. A análise descritiva vai de encontro ao descrito na literatura, evidenciando maior incidência nos idosos, associação a condições de risco e necessidade de internamento. Apesar da ampla evidência relativamente às recomendações e eficácia da vacinação, a cobertura vacinal antipneumocócica permanece baixa. Salientam-se como limitações do estudo o tamanho amostral reduzido bem como um viés de informação, já que o uso estrito da informação dos IE terá, provavelmente, implicações na qualidade e completude da informação obtida. Este estudo sublinha a importância da DIP e de um sistema de vigilância epidemiológico robusto. Evidencia também a relevância da promoção de estratégias de adesão à vacinação, especialmente nos grupos de risco, de forma a mitigar o impacto da doença. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
105 | Élin | Almeida | REABILITAÇÃO | Unidade Local de Saúde da Guarda | E Almeida, F Fernandes, M Tavares, B Bem, JM Silva, L Ferreira | Fall risk in chronic respiratory patients: implications for pre-rehabilitation screening | Background:
Chronic respiratory patients (CRP) often exhibit deconditioning and muscle
weakness, leading to balance, coordination, and mobility limitations that
increase fall risk. Falls are common and have a serious impact, making it
essential to identify individuals at risk. Functional mobility and fall risk
can be efficiently assessed using the validated Timed Up and Go (TUG) test; a
TUG time >13.5 seconds is commonly used to define high fall risk. Methods: We conducted a retrospective cohort study of adult CRP assessed before starting an outpatient pulmonary rehabilitation program. The aim was to evaluate balance and explore clinical and functional differences between patients with and without high fall risk. Data were extracted from medical records and included demographic and clinical variables, as well as functional assessments: exercise capacity via six-minute walk distance (6MWD), respiratory symptoms via the St. George’s Respiratory Questionnaire (SGRQ), and anxiety and depression symptoms via the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS). Balance was assessed using the TUG test, with high fall risk defined as TUG >13.5 seconds. Patients were categorized by fall risk status. Descriptive and inferential statistics were applied to compare groups comparisons and to identify predictors of TUG time. Significance was set at p<0.05. Results: Fifty patients were enrolled (38 male, mean age 69.7 ± 9.1 years); 70% had COPD. Mean TUG time was 10.2 ± 4.6 seconds, and 36% (n=18) had high fall risk. At-risk patients were older (72.7 vs. 68.1 years, p=0.04) and had lower 6MWD (309m vs. 420m, p=0.004). No differences were found for sex, long-term oxygen therapy (LTOT), SGRQ, or HADS scores. Regression analysis identified 6MWD as the only significant predictor of TUG time (B = –0.023, p < 0.001). The model was significant (F=3.27, p = 0.005) and explained 42.4% of the variance in TUG. Other variables were not significant predictors. Conclusion: In this cohort, over one-third of CRP had high fall risk. Lower exercise capacity was the only independent predictor of impaired mobility, highlighting the importance of maintaining physical performance to reduce fall risk, thus supporting the integration of balance assessments into pre-rehabilitation program evaluations. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
106 | Élin | Almeida | REABILITAÇÃO | Unidade Local de Saúde da Guarda | E Almeida, F. Fernandes, M Tavares, G. Lopes, JM Silva, L Ferreira | Functional gains after pulmonary rehabilitation in chronic respiratory disease | Background:
Chronic respiratory diseases such as COPD and interstitial lung disease (ILD)
are associated with reduced exercise tolerance, impaired mobility, and
decreased quality of life. Pulmonary rehabilitation (PR) is an intervention
that improves functional status and symptoms, yet practical tools remain
essential to assess its effectiveness on everyday functional tasks. Simple
field-tests like the 1-minute Sit-to-Stand (STS) and Timed Up and Go (TUG)
offer practical measures of lower-limb strength and mobility, but their
responsiveness to PR in mixed respiratory populations warrants further
investigation. The present study aimed to evaluate changes in functional
mobility, measured by the 1-minute STS and TUG tests, before and after a
12-week hospital-based outpatient PR program in patients with chronic
respiratory disease. Methods: We conducted a retrospective analysis of adult patients with chronic respiratory disease referred to a 12-week PR program. Functional mobility was assessed before and after the program using the 1-minute STS and TUG tests. Wilcoxon signed-rank tests were used for paired comparisons. Statistical significance was set at p<0.05. Results: Fifty patients completed the program (38 male, mean age 69.7 ± 9.1 years) Diagnoses included COPD (70%) and ILD (30%, mainly silicosis). Sit-to-Stand performance improved by a median of 2 repetitions (IQR 1–3, Z = 4.84, p < .001, r = 0.69); while below the minimal clinically important difference threshold of 3, this change was clinically meaningful in a substantial proportion of patients. TUG time reduced by a median of 1.39 seconds (IQR -4.40 to -0.34, Z = –5.40, p < .001, r=0.76), exceeding the minimal clinically important difference. Both results indicate large, clinically relevant functional gains. Conclusion: Pulmonary rehabilitation led to statistically and clinically meaningful improvements in functional capacity among patients with chronic respiratory disease. Improvements in mobility and lower-limb strength were evident through changes in simple field tests such as the 1-minute STS and TUG, highlighting their utility in assessing rehabilitation outcomes in routine clinical practice. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
107 | Francisco | Henriques | SONO E VENTILAÇÃO | ULS Região de Leiria | F Henriques, JJ Ribeiro, C Costa, C Santos, AR Martins, AC Gameiro, S. Silva | Do AI Chatbots have a readable speech on Narcolepsy questions? | Introduction Narcolepsy is characterized by excessive daytime sleepiness, frequent uncontrollable sleep attacks, sleep fragmentation and can be associated with cataplexy, sleep paralysis, and hypnagogic hallucinations. This pathology is poorly recognized by the general population. The integration of large language models in sleep medicine may improve patient access to information. Objective Evaluate readability of answers given by ChatGPT, Gemini and Perplexity on narcolepsy-related questions. Methods The authors elaborated 28 questions about narcolepsy and presented them to ChatGPT, Gemini and Perplexity. Six validated readability measures were used: Gunning Fog Index (GFI), Coleman-Liau Index (CLI), Flesch-Kincaid Grade Level (FKGL), Automated Readability Index (ARI), SMOG Index, and Flesch Reading Ease (FRE). Results Significant differences were found in the GFI and SMOG scores between ChatGPT and Perplexity (GFI: 15.46, SD 1.90, vs 17.83, SD 3.62, p=0.003; SMOG: 14.07, SD 1.29, vs 15.29, IQR 4.00; p=0.027), as well as between Gemini and Perplexity (GFI: 14.91, SD 1.87, vs 17.83, SD 3.62, p<0.001; SMOG: 13.79, SD 1.30, vs 15.29, IQR 4.00, p=0.003), with Perplexity's content requiring a more advanced reading level. For FKGL and ARI, there was a significative difference between Gemini and Perplexity (FKGL: 11.89, SD 1.73, vs 14.44, IQR 4.85, p=0.002; ARI: 11.80, SD 2.23, vs 13.39, IQR 6.85, p=0.011), with the text of Perplexity requiring a higher reading level. In contrast, no statistically significant differences were observed between the chatbots for the CLI (p = 0.094). Based on FRE, the texts produced by the chatbots were generally categorized as difficult to very difficult to read. There were significative differences between ChatGPT and Perplexity (32.65, SD 8.08, vs 24.72, SD 12.42, p=0.010), and Gemini and Perplexity (35.48, SD 8.41, vs, 24.72, SD 12.42, p<0.001), with Perplexity showing lower readability. Conclusion Based on GFI, CLI, FKGL, ARI, and SMOG, all chatbots required an advanced reading level (ranging from high school to college) to understand the response texts, with Perplexity showing lower readability in five metrics. A limitation was identified regarding text accessibility, as the readability of the responses did not align with the recommended standards for health information. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
108 | Marta | Monteiro de Castro | SONO E VENTILAÇÃO | ULSGE | MM Castro, D Ferreira; F Nascimento; A Barroso; D Ferreira; A Fonseca, I Sanches | Qualidade do Sono em Doentes com Cancro do Pulmão: Aplicação do Índice de Pittsburgh | Introdução:
A má qualidade de sono é altamente prevalente entre os doentes com cancro do
pulmão. O Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI) é um instrumento
validado e amplamente utilizado para avaliar subjetivamente a qualidade do
sono, permitindo identificar padrões de perturbação e orientar intervenções
clínicas. Objetivo: Avaliar a qualidade do sono numa amostra de doentes com cancro do pulmão e identificar fatores associados a pior qualidade de sono. Métodos: Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, doentes seguidos em consulta de Pneumologia Oncológica foram convidados a preencher o PSQI. Considerou-se baixa qualidade de sono uma pontuação >5. Os dados clínicos foram recolhidos posteriormente. A associação entre variáveis categóricas e a pontuação média do PSQI foi analisada com o teste t de Student (p<0,05). Resultados: A amostra incluiu 84 doentes, maioritariamente do sexo masculino (70,2%), com idade média de 67,5 anos (±10,39). A maioria dos doentes era ex-fumadora (72,6%) e apresentava um ECOG <2 (92,9%). O adenocarcinoma foi o subtipo mais frequente (70,2%), seguido do CPNPC não diferenciado (8,3%). Mais de metade apresentava doença avançada (53,6%). Quanto ao tratamento, 66,7% estavam sob terapêutica ativa, 23,8% em vigilância, 8,3% aguardavam início de tratamento e 1,2% recebiam cuidados de suporte. As terapêuticas mais utilizadas foram quimioterapia (20,2%), imunoterapia (17,9%), TKI (10,9%) e quimioterapia + imunoterapia (10,9%). Cerca de 9,5% tinham diagnóstico de patologia do sono e 32,1% estavam sob medicação hipnótica. Verificou-se que 72,6% apresentavam má qualidade de sono, destacando-se os componentes “distúrbios do sono” e “latência do sono” como os mais afetados. A pontuação média do PSQI foi de 7,88. Não se observaram associações significativas entre a qualidade do sono e sexo, idade (<65 vs. ≥65 anos), ECOG (<2 vs. ≥2), extensão da doença (avançada vs. não avançada), tratamento ativo ou diagnóstico prévio de patologia do sono. Os doentes sob medicação hipnótica apresentaram qualidade de sono significativamente inferior. Conclusão: A má qualidade do sono é altamente prevalente nesta população. Destaca-se a importância da avaliação sistemática da qualidade do sono e da revisão regular das estratégias terapêuticas, sobretudo em doentes sob hipnóticos. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
109 | Raquel | Armindo | INTERSTÍCIO | ULS E TEJO | R Armindo, T Freitas, P Ferreira, F Regateiro, A Todo Bom, E Faria | Doença intersticial pulmonar na Imunodeficiência comum variável | Introdução:
A imunodeficiência comum variável (IDCV) é a forma mais prevalente de
imunodeficiência primária de anticorpos. A percentagem de doentes com IDCV
que apresentam Doença Pulmonar Intersticial (DPI) ronda os 10 a 20%. A mais
frequente é a Doença pulmonar intersticial
granulomatosa linfocítica (GLILD), seguida de outras, como a Pneumonia
organizativa (OP). Descrição: Caracterização dos doentes com IDCV e suspeita/diagnóstico de DPI observados regularmente no Serviço de Imunoalergologia da Unidade Local de Saúde Coimbra. Estudo retrospectivo do registo clínico, radiológico e imunológico dos doentes com IDCV e DPI. Dos 37 doentes com IDCV, 6 doentes (16%), foram identificados com possível quadro de DPI (4 doentes com GLILD e 2 com OP), tendo 3 deles diagnóstico efetivo (2 com GLILD e 1 com OP). A idade de diagnóstico variou dos 6 meses até aos 73 anos (média 31 anos) e 4 são mulheres. À data do diagnóstico 4 doentes apresentavam fenótipo linfoproliferativo, dois bronquiectasias, três citopenias e dois com infeção por H. pylori e/ou Campylobacter. As provas de função respiratória apresentavam-se maioritariamente normais, mas com a capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO) diminuída, média 62%. Um doente com OP realizou tratamento com corticoterapia e imunossupressão, 2 doentes efetuaram ciclo de corticoterapia, encontrando-se estáveis e sem recorrência da DPI. Dois encontram-se ainda em estudo. Conclusões: Destaca-se a importância do diagnóstico precoce de IDCV pelo seu envolvimento multissistémico, particularmente o envolvimento pulmonar pela sua elevada prevalência. É também relevante sublinhar a importância da monitorização de DPI, através do controlo periódico de DLCO e tomografia computorizada torácica nos doentes com o diagnóstico de IDCV. Foi identificada uma percentagem de doentes com doença pulmonar condizente com a literatura atual. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
110 | Raquel | Armindo | SONO E VENTILAÇÃO | ULS COIMBRA | R Armindo, N Lopes, T Costa | Sarcoidose Pulmonar e Apneia do Sono: Impacto da Terapêutica com Pressão Positiva | Introdução:
A sarcoidose é uma doença inflamatória crónica, caracterizada pela formação
de granulomas não caseosos, que afeta predominantemente o parênquima pulmonar. O envolvimento pulmonar continua a ser a principal causa de morbilidade a longo prazo. Nos últimos anos, tem-se reconhecido a elevada prevalência de Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) nestes doentes, o que levanta questões sobre a abordagem respiratória integrada. Objetivo: Analisar a influência da terapia da pressão positiva na evolução da função pulmonar nos doentes com sarcoidose, acompanhados num Centro de Medicina do Sono e em Consulta de Doença do Interstício num período de tempo de 12 meses (ano de 2024). Métodos: Estudo retrospectivo por análise dos processos dos doentes com diagnósticos concomitantes de sarcoidose e SAOS, a cumprir terapia de pressão positiva com adesão acima de 4 horas/noite e, pelo menos 6 meses de terapia. Foram analisadas as espirometrias (nomeadamente através do FEV1) realizadas antes da instituição de terapia de pressão positiva e as últimas espirometrias disponíveis no follow-up. Resultados: Foram analisados os dados de 32 doentes, com média etária de 58 anos e predomínio do sexo masculino (n=55%). Os doentes apresentavam maioritariamente sarcoidose em estádio II (41%) e todos se encontravam a cumprir terapia de pressão positiva dentro dos critérios estabelecidos. A gravidade da SAOS variou entre ligeira (34%), moderada (28%) e grave (38%), com um índice de Apneia-Hipopneia (IAH) médio de 23,4 eventos/hora. A análise dos valores de FEV1 antes e apa implementação da terapêutica (média de 6 meses, até 1 ano) revelou uma diferença estatisticamente significativa (p=0,0096), com valores médios de 2,66 L e 2,52 L, respetivamente. A estratificação por estádio de sarcoidose e gravidade da SAOS não revelou diferenças funcionais. Conclusões: Globalmente verificou-se um agravamento da função pulmonar. Embora os valores revelem uma diminuição, é importante considerar que se trata de medições realizadas em contexto clínico variável, não tendo sido avaliada sintomatologia ou intercorrências. Mais estudos são necessários para clarificar o impacto desta intervenção. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
111 | Patrícia | Carreira | INTERSTÍCIO | ULS Matosinhos | PV Carreira, MJ Pacheco | Desafiar os Limites: Pirfenidona na Fibrose Pulmonar Idiopática com Função Conservada | Introdução
A Pirfenidona está aprovada para tratamento da FPI com FVC [50%,80%[. O Formulário Nacional do Medicamento indica a suspensão aquando do declínio da FVC ≥10% em 12 meses. Contudo, há vantagem do tratamento de doentes com FVC≥80% e, mesmo após declínio ≥ 10%, a manutenção conduz a menor risco de queda da FVC. Pretende-se perceber se os doentes da nossa instituição, com função pulmonar conservada e sob Pirfenidona, tiveram eficácia terapêutica e os motivos da sua interrupção. Descrição Fez-se uma análise observacional retrospetiva aos doentes com FPI e FVC ≥80% sob Pirfenidona, de 2017 até abril de 2025, recorrendo ao SGICM e SClinico. Foram recolhidos idade, sexo, data de início e fim do tratamento, FVC, efeitos adversos e parâmetros relacionados com lesão hepática (LH), ALT, AST e BT. Foram incluídos 16 doentes, com média de 76 anos, 13 deles do sexo Masculino. Da amostra, onze mantiveram o tratamento. Os principais efeitos adversos foram anorexia 26,7%(n=4), náuseas 26,7%(n=4), tonturas 20%(n=3), fotossensibilidade 20%(n=3), perda ponderal 13,3%(n=2), diarreia 13,3%(n=2) e astenia 13,3%(n=2). Houve declínio da FVC em 12 meses em 53,33% dos doentes (n=8), nos restantes o tratamento foi inferior a um ano. Foi considerada resposta favorável aquando de declínio da FVC inferior a 10%, estabilização ou melhoria funcional. Os efeitos adversos foram o motivo de descontinuação terapêutica e a incidência inferior à descrita no RCM, com exceção da fotossensibilidade. Durante este período, houve dois casos de elevação das enzimas hepáticas, sem LH. Dos doentes, 75%(n=6) tiveram eficácia terapêutica no primeiro ano e no balanço total da função respiratória 50%(n=4) registou um declínio ≥10% da FVC. Constatamos que 62.5%(n=5) tiveram nalgum momento queda FVC ≥10% e no ano subsequente apresentaram melhoria da função respiratória ou declínio ligeiro. Os resultados corroboram os de Albera et al e Nathan et al, sugerindo benefício em doentes com FVC ≥80% e vantagem na sua continuação após declínio ≥10%. Conclusão A monitorização e gestão dos efeitos adversos é crucial para evitar eventuais suspensões terapêuticas. Nos doentes da nossa instituição com FVC ≥80%, a maioria beneficiou da Pirfenidona, mesmo após declínio funcional ≥10%. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
112 | Pedro | Fernandes | ASMA | ULS Viseu Dão Lafões | P Fernandes, R Ferro, M Dias, JP Silva, A Reis | Resultados do mundo real com mepolizumab na asma eosinofílica grave | Introdução:
A asma eosinofílica grave (AEG) é caracterizada por um fenómeno inflamatório
eosinofílico persistente, com exacerbações frequentes e compromisso da
qualidade de vida, apesar de terapêutica otimizada com corticóides inalados
e/ou sistémicos. O mepolizumab, anticorpo monoclonal humanizado dirigido à
interleucina-5, tem demonstrado benefício clínico significativo em ensaios
clínicos. Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança do mepolizumab em doentes com AEG em contexto clínico real. Métodos: Estudo de coorte retrospetivo e observacional, incluindo 45 doentes com AEG tratados com mepolizumab (100 mg SC a cada 4 semanas), dos quais 41 completaram 12 meses de seguimento. Foram recolhidos dados clínicos, funcionais e laboratoriais (taxa anual de exacerbações, FEV1, scores ACT e CARAT e contagem de eosinófilos). Resultados: Observou-se uma redução significativa de 81% na taxa anual de exacerbações (2,68 vs. 0,51; p<0,001), um aumento médio de 21,6% no VEF1 (1,71 L para 2,08 L; p<0,001) e uma melhoria do ACT de 11,9 para 21,3 (p<0,001), com 73,2% dos doentes a atingirem controlo adequado da asma (ACT ≥20). O score CARAT total aumentou de 10,6 para 20,5, refletindo melhoria sintomática na asma e rinite. A eosinofilia periférica foi reduzida em 64% (526 vs. 189 células/µL; p<0,001). O fármaco revelou-se seguro e bem tolerado, com uma única descontinuação por cefaleia ligeira. Conclusões: Em contexto de prática clínica, o mepolizumab demonstrou eficácia significativa na redução de exacerbações, melhoria da função respiratória e controlo sintomático, com perfil de segurança favorável. Estes dados reforçam o seu papel na abordagem terapêutica da AEG. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
113 | Estela Cristina | Prieto Maillo | OUTRAS | Hospital Universitario de Salamanca | EC Prieto, AM Martin, AG Salazar, E Curto, A Sanchez, J Ramos, MA Hernández, J García, MJ Corbi, S Rodríguez, P Torres, A González, R Cordovilla | Utilidad de la oscilometría en la valoración pulmonar de pacientes con esclerosis lateral amiotrófica y correlación con otras pruebas de función pulmonar | Introducción La debilidad muscular respiratoria de los pacientes con esclerosis lateral amiotrófica (ELA) da lugar morbimortalidad respiratoria y dificulta la realización de pruebas de función pulmonar (PFP), especialmente la espirometría forzada. La oscilometría de impulsos (IOS), por la escasa colaboración que requiere y su realización a volumen corriente podría ser una alternativa válida para la evaluación de la función pulmonar en ELA. El objetivo de este estudio es demostrar la utilidad de IOS en ELA mediante la evaluación de la correlación entre la oscilometría y otras PFP. Material y métodos: Estudio observacional transversal en el que se realizó espirometría, gasometría arterial y oscilometría en visita única pacientes con ELA. Se recogieron datos clínicos y necesidad de terapias respiratorias domiciliarias. La oscilometría se realizó mediante dispositivo Jaeger-Carefusion modelo MasterScreen Diff RT y los datos se analizaron mediante SPSS versión 30. Resultados: Se analizaron 15 pacientes cuyos datos clínico-funcionales pueden verse en la tabla 1. Se analizó la correlación entre espirometría, gasometría arterial e IOS, observándose significación estadística en los valores que se muestran en la tabla 2. No se encontraron diferencias estadísticamente significativas entre los pacientes que recibían CPAP o VNI y los que no, ni tampoco entre los pacientes con IOS normal (valores dentro de los límites de normalidad) y patológica. Conclusiones: Es técnicamente factible realizar oscilometría en pacientes con ELA y es posible detectar correlaciones significativas con otras mediciones de función pulmonar, aunque son necesarios más estudios para comprender su utilidad e interpretación. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 3 | Vânia Fernandes | João Silva |
114 | Raquel | Borrego | DPOC | ULS Lisboa Ocidental | R Borrego, I Santos, J Balaia, I Mogárrio, Z Cruz, A Inácio, C Moita, P Calvinho | Riscos e Benefícios da Cirurgia de Redução de Volume Pulmonar | Introdução
O enfisema, pela destruição da arquitetura alveolar, condiciona dificuldade nas trocas gasosas, hiperinsuflação e limitação ao fluxo de ar. Nos doentes com enfisema grave e sem controlo adequado da sua doença mesmo após terapêutica médica otimizada, a cirurgia de redução de volume pulmonar (LVRS) pode ter um papel importante. Objetivo Este trabalho tem como objetivo analisar as cirurgias de redução de volume pulmonar tendo em conta as complicações e benefícios clínicos no período pós-operatório. Métodos Estudo observacional retrospetivo recorrendo à consulta dos processos clínicos dos doentes submetidos a LVRS entre 01/01/2020 a 30/04/2025. Resultados A amostra estudada é composta por quatro doentes, com um total de sete cirurgias, isto porque três doentes foram submetidos a duas intervenções cirúrgicas em internamentos diferentes e o outro doente aguarda nova cirurgia. Dos quatro doentes, dois eram mulheres e apresentavam idade média de 59,6 anos. Todas as cirurgias realizadas foram por VATS. No período pós-operatório dois doentes apresentaram complicações infeciosas, um com infeção respiratória nosocomial e outro com empiema. A demora média de internamento foi 9,6 dias com uma média de 6,7 dias de dreno torácico. De salientar que um doente manteve fuga aérea durante mais de 6 dias (24 dias). Dos doentes em que foi possível comparar as provas de função respiratória estas reforçam o benefício desta intervenção com redução da hiperinsuflação pulmonar. Para além dos parâmetros analisados foi possível perceber que todos os doentes após a abordagem cirúrgica referiram melhoria sintomática da dispneia. A avaliação destes doentes é sempre feita em equipa multidisciplinar, existindo uma relação de proximidade entre a Pneumologia e a Cirurgia Torácica. Conclusões Na amostra estudada percebemos que embora três doentes tenham tido complicações no período pós-operatório, todos os doentes apresentaram benefício sintomático com melhoria da tolerância ao esforço, melhoria da dispneia com consequente melhoria na qualidade de vida. |
Dia 26 Jun. 16.30 – SALA 1 | Ana Norte | Mariana Mendes |
115 | Helena Isabel | Carvalho | OUTRAS | Unidade Local de Saúde de Santo António | HI Carvalho, I Rodrigues, F Correia, AM Alves | Swyer-James-MacLeod Syndrome in Adults: A Retrospective Case Series | Introduction:
Swyer-James syndrome, or Swyer-James-MacLeod syndrome, is a rare pulmonary
condition characterized by unilateral functional hypoplasia of the pulmonary
vasculature and emphysema, with or without associated bronchiectasis. On
computed tomography (CT), it typically presents as a hyperlucent appearance
of one lung or lobe. It is considered a postinfectious complication of
bronchiolitis obliterans in childhood. Aim: To describe the characteristics of adult patients diagnosed with this rare syndrome, focusing on lobe distribution and presence of bronchiectasis. Methods: Retrospective analysis of all adults who underwent a chest CT at a tertiary hospital in Portugal (January 2020-December 2024) and whose radiology reports included the terms “Swyer-James” or “Swyer-James-MacLeod.” Only patients with these terms were included. Results: Seventeen adults (9 men, 8 women; mean age 64.7) were identified. In three cases, more than one lobe was affected. The left lower lobe was most frequently involved (n=6), followed by the right and left upper lobes (n=4 each), and the middle and right lower lobes (n=3 each). Although the left lower lobe is frequently reported as the most affected site, this was not statistically significant in our sample (p=0.83). Bronchiectasis was present in 14 patients. Three had tuberculosis (TB), one had primary ciliary dyskinesia, four had asthma, one had COPD, and four were current or former smokers. Twelve had no recent microbiological data, two had negative cultures, and one patient had chronic colonization by Pseudomonas aeruginosa, along with isolated infections caused by Klebsiella pneumoniae and Staphylococcus aureus. The patient with ciliary dyskinesia had sputum cultures showing Haemophilus influenzae type II or Moraxella catarrhalis. Apart from patients with TB or ciliary dyskinesia, no data were available regarding childhood infections. Ten patients reported respiratory symptoms and were followed in Pulmonology (n=8) or Internal Medicine (n=2). In the remaining cases, findings were incidental on imaging. Conclusion: Swyer-James-MacLeod syndrome remains an important differential diagnosis in cases of unilateral lung hyperlucency. Recognizing its imaging features and frequent association with bronchiectasis is essential for accurate diagnosis and management. |
Dia 26 Jun. 16.30 – SALA 2 | María Bartol Sanchez | Joana Duarte |
116 | João | Marques Macedo | INTERSTÍCIO | ULS Entre Douro e Vouga | JM Macedo, LF Silva, AL Trigueira, JC Costa, FT Lopes, J Ferreira | Desafios na Fibrose Pulmonar Progressiva: Questionando Decisões Terapêuticas | Introdução: Com o ímpeto do conhecimento sobre doenças pulmonares fibrosantes, cresce complexidade. Sobre terapêutica, estudos como o INBUILD demonstraram eficácia de Nintedanib na fibrose pulmonar progressiva (FPP). Objetivos: Caracterizar uma coorte de doentes com FPP, sob Nintedanib de um hospital distrital. Métodos: Incluiu-se todos os doentes seguidos na consulta de doenças do interstício do nosso hospital, sob Nintedanib, 22 cumpriam critérios para FPP. Todos foram caracterizados pelos registos clínicos. Resultados: A idade mediana foi 65,7 anos, dos quais 59,1% eram homens. Os diagnósticos compreenderam 59,1% (n=13) com pneumonite de hipersensibilidade, 27,3% (n=6) doença pulmonar intersticial associada a doença do tecido conjuntivo, 9,1% (n=2) fibrose pulmonar inclassificável e 4,5% (n=1) sarcoidose. Mais ainda, 9,1% faziam terapêutica concomitante com Azatioprina, 36,4% Micofenolato mofetil (MMF) (todos simultaneamente sob corticoterapia), 4.5% costicosteróides, e 4.5% Leflunomida e Rituximab. 45,5% fazia unicamente Nintedanib. 9 doentes (40,9%) reportaram efeitos adversos, sendo os gastrointestinais mais frequentes (6 vezes), seguidos de perda de peso (3 vezes) e 1 reporte de toxicidade hepática. Observamos ainda 5 interrupções: uma por má adesão, uma por toxicidade hepática, duas por efeitos gastrointestinais intoleráveis, um dos quais sob MMF simultaneamente, e as restantes por perda de peso significativo, também neste grupo um sob MMF. O tempo médio de sobrevida após início de antifibrótico foi de 26,5 meses (IC 95%: 19,9–33,1, análise de sobrevivência de Kaplan-Meier). Mais ainda, não só se observou uma associação estatisticamente significativa entre morte e menor DLCO (em percentagem do previsto) à data de início de antifibrótico (p=0,007), como também significância estatística borderline (p=0,066) entre óbito e doses médias superiores de corticoterapia sistémica. Conclusões: Podemos então inferir que a maioria destes doentes, num setting de vida real, estão sob antifibrótico e outros fármacos simultaneamente, sem significativos efeitos secundários ou interrupções. Pela associação entre óbito e menor DLCO e doses superiores de corticoterapia, queremos sublinhar, não só a nossa experiência, questionando decisões terapêuticas, como também a oportunidade de intervenção precoce nestes doentes. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
117 | Leonor | Roseta | PLEURA | Unidade Local de Saúde de Gaia/Espinho | L Roseta, P Viegas, J Miranda, S Conde, AC Ferreira, E Silva, T Shiang, M Vanzeller, C Ribeiro | Fibrinólise intrapleural vs VATS no tratamento do derrame pleural parapneumonónico complicado/empiema | Introdução:
O derrame pleural parapneumónico (DPP) complicado e o empiema representam
formas avançadas de infeção pleural, que frequentemente exigem intervenções
para além da antibioterapia e drenagem pleural. Entre as opções disponíveis,
destacam-se a fibrinólise intrapleural (FI) e a cirurgia toracoscópica
assistida por vídeo (VATS) para desbridamento e/ou descorticação pleural.
Este estudo teve como objetivo comparar os resultados clínicos das duas
abordagens. Métodos: Análise retrospetiva de doentes internados entre abril de 2016 e abril de 2025 com diagnóstico de DPP complicado ou empiema, que apresentaram resposta inadequada à antibioterapia e drenagem pleural. Foram recolhidos dados demográficos, clínicos, laboratoriais e referentes aos desfechos clínicos. Procedeu-se à comparação dos doentes tratados com FI e submetidos a VATS. Resultados: Foram incluídos 27 doentes tratados com FI e 39 submetidos a VATS. A maioria era do sexo masculino (n=53; 80,3%), com uma idade média significativamente superior no grupo FI (61,7 vs 52,1 anos; p=0,016). Não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos quanto às características do derrame pleural, score RAPID ou presença de isolamentos microbiológicos. O tempo de antibioterapia prévia ao procedimento foi significativamente superior no grupo VATS (14 vs 10 dias; p=0,009). A duração do internamento e da drenagem pós-procedimento não diferiu significativamente entre os grupos. O mesmo se verificou para a ocorrência de efeitos adversos (n=12 FI vs n=16 VATS; p=0,782) e para a taxa de reintervenção, definida como necessidade de novo dreno torácico ou VATS (n=5 FI vs n=3 VATS; p=0,256). Registaram-se 4 reinternamentos/episódios de observação no serviço de urgência após VATS e 1 caso de mortalidade intra-hospitalar no grupo FI, associado a uma infeção nosocomial. Os resultados encontram-se sumarizados na Tabela 1. Conclusão: FI e VATS apresentaram resultados clínicos semelhantes no tratamento do DPP complicado ou empiema, sem diferenças estatisticamente significativas em termos de complicações, duração de internamento ou necessidade de reintervenção. A decisão entre as opções terapêuticas deve ser individualizada. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
118 | Luís | Santos Silva | INFEÇÃO | Pneumologia - ULS Entre Douro e Vouga | LFS Silva, AL Trigueira, JM Macedo, ML Silva, L Mendez, V Santos, J Ferreira | Além das exacerbações: experiência na gestão de doentes com Bronquiectasias | Introdução As bronquiectasias (BQ) representam uma doença respiratória crónica caracterizada por uma síndrome clínica de tosse, expetoração e consequentes infeções respiratórias, frequentemente associadas a recurso ao serviço de urgência (SU) e necessidade de internamento. Este estudo pretendeu avaliar a abordagem terapêutica e a gestão de doentes com BQ. Métodos Foi analisado retrospetivamente doentes com diagnóstico de BQ, entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025. Foram recolhidos dados clínicos e demográficos de doentes com indicação para início de antibioterapia inalada. Foram comparados os seguintes parâmetros, antes e após introdução terapêutica: número de internamentos, episódios de SU e isolamentos microbiológicos. No subgrupo de doentes submetidos ao dispositivo SimeoxÒ, foi realizado estudo funcional respiratório antes e 15 dias após o mesmo e foi avaliado o volume de secreções. Resultados Foram incluídos 14 doentes, com idade média de 67 anos, 57,1% (n=8) do sexo feminino, todos com isolamento de Pseudomonas aeruginosa, em exame bacteriológico de expetoração. 50% cumpria critérios de infeção crónica por Pseudomonas aeruginosa. Após 6 meses de terapêutica, verificou-se uma redução, estatisticamente significativa, do número de idas ao SU (p= 0,021) e de internamentos (p= 0,008), além de ausência de isolamentos microbiológicos em novo exame bacteriológico de expetoração. No subgrupo que utilizou o dispositivo SimeoxÒ, (n=8), demonstrou-se diminuição objetiva do volume de secreções e melhoria dos parâmetros funcionais respiratórios, embora este sem significância estatística. Conclusão A gestão de doentes com BQ continua a representar um importante desafio clínico. A introdução de antibioterapia inalada demonstrou um impacto positivo na redução de recurso ao SU e internamentos hospitalares. Para além disso, a implementação do SimeoxÒ, revelou uma diminuição no volume de secreções e uma tendência na melhoria de parâmetros funcionais respiratórios, ainda que sem significância estatística, sugerindo o seu potencial benefício adicional. Estes resultados reforçam a complexidade patológica e a necessidade de cuidados individualizados prestados neste grupo de doentes. |
dia 26 Jun. 16.30 – SALA 3 | Cláudia Santos | Ana Craveiro |
119 | Nuno | Lopes | SONO E VENTILAÇÃO | ULS Algarve | N Lopes, R Armindo, T Costa | Utilização do STOP BANG em doentes com patologia do interstício | A
apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma das comorbilidades mais frequentes em
indivíduos com doenças pulmonares intersticiais (DPI), e pode estar associada
a redução da qualidade de vida e pior prognóstico. A AOS pode estar
subdiagnosticada em doentes com DPI devido à apresentação atípica dos
sintomas e à menor eficácia dos scores mais utilizados. Este trabalho pretende avaliar a sensibilidade do STOP BANG na avaliação do risco de AOS em doentes com DPI e a sua correlação com os valores de IAH. Foram selecionados doentes que eram seguidos em consultas de patologia do sono e do interstício na ULS Coimbra no último ano. Foi também selecionada uma amostra de individuos sem DPI com idade, sexo e indíce de apneia hipopneia (IAH) semelhantes. Para cada doente foram registados o IAH e a pontuação do STOP BANG. A análise estatística foi realizada com o Wilcoxon Ranked Sum Test para comparação dos valores de STOP BANG entre os 2 grupos e com o teste de correlação de Pearson para avaliar a sua correlação com o IAH. Foram incluidos 32 doentes com DPI e AOS e 32 apenas com AOS. As patologias dos doentes com DPI eram sarcoidose (15), pneumonite de hiperssensibilidade (5), RB-ILD (4), fibrose pulmonar idiopática (2), granulomatose com poliangeite (1), silicose (1). Quatro doentes têm a patologia intersticial em estudo. Dos doentes com AOS e DPI, 21.9% apresentava um STOP BANG menor ou igual a 2. Nos doentes com DPI e AOS moderada ou grave, 20,8% apresentava um STOP BANG igual ou inferior a 2, sendo que 29,2% tinham uma pontuação entre 3 e 4 e 50% superior a 4. Dos doentes sem DPI, 3,1% apresentava apresentava um STOP BANG menor ou igual a 2. Nenhum doente sem DPI com AOS moderada ou grave apresentava um STOP BANG igual ou inferior a 2, sendo que 14,2% tinham uma pontuação entre 3 e 4 e 85,8% superior a 4. O IAH apresentou uma correlação significativa com o STOP BANG no grupo dos doentes sem DPI (r=0.52 e p=0.001935) mas não nos doentes com DPI (r=0.31 e p=0.0877). A média do STOP BANG nos doentes sem DPI foi superior à dos doentes com DPI (p = 0.0009019) Devido à clinica mais atípica, o STOP BANG tem menor sensibilidade na deteção de AOS e menor correlação com o IAH nos indivíduos com DPI. Devem, por isso, ser utilizadas outras ferramentas no cálculo do risco de AOS nestes doentes |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |
120 | Paula | Teixeira Pinto | INTERSTÍCIO | Unidade Local de Saúde do Algarve - Unidade de Faro | PT Pinto, MN Pereira, C Guerreiro, V Areias, A Martins | Rituximab no tratamento das Doenças Intersticiais Pulmonares associadas a Conectivites – Série de Casos | Introdução
e objetivos: Pretendemos avaliar a eficácia e o perfil de segurança do
Rituximab em doentes com conectivites com envolvimento pulmonar
intersticial. Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu doentes tratados com Rituximab (RTX) por doença intersticial pulmonar (DPI) associada a conectivites entre janeiro de 2014 e dezembro de 2024, no Hospital de Faro. Utilizou-se o programa Microsoft Excel versão 365 para a análise estatística. Resultados: Avaliaram-se 8 doentes, 62.5% do sexo feminino, com uma idade média de 63.5 ± 96 anos. A doença do tecido conjuntivo de base mais comum foi a artrite reumatoide (n=4; 50%), seguida da esclerose sistémica (n=3; 37.5%), observando-se 1 caso de doença mista do tecido conjuntivo. Na TC inicial, observou-se o padrão pneumonia intersticial não específica (n=4; 50%), pneumonia intersticial usual (n=2; 25%) e 2 casos inespecíficos de vidro despolido. Os doentes realizaram uma mediana de 3 ciclos de RTX (mínimo 1 e máximo de 12). Previamente, os tratamentos realizados consistiram na azatioprina (n=4; 50%), micofenolato mofetil (n=4; 50), metotrexato (n=2; 25%) e ciclofosfamida (n=2; 25%). Durante o tratamento com RTX, 1 doente manteve a leflonomida e 1 a azatioprina, encontrando-se todos a realizar concomitantemente prednisolona. Como intercorrências, durante o tratamento com RTX observou-se 1 caso de pneumonia e 1 caso de neutropenia tardia, sem exacerbações da doença pulmonar intersticial identificadas. Um doente suspendeu o RTX por diagnóstico de carcinoma epidermoide do pulmão e outro por declínio do estado geral. Relativamente à dispneia, verificou-se uma melhoria média de 0.63 na escala mMRC após o tratamento com RTX. A função pulmonar manteve-se estável na maioria dos doentes (n=5; 62.5%), observando-se melhoria no estudo funcional respiratório dum doente e agravamento num caso. Verificou-se uma mortalidade de 12.5%, correspondendo a 1 caso de pneumonia após 3 meses do diagnóstico da DPI. Conclusões: Apesar da dimensão reduzida da amostra, os dados sugerem que o Rituximab é eficaz na DPI associada a conectivites, com ligeira melhoria da dispneia e estabilidade da função pulmonar, associado a um bom perfil de segurança. São necessários estudos adicionais para sustentar estas observações. |
dia 27 Jun. 08.30 – SALA 1 | Diogo Canhoto | Mariana Conceição |